segunda-feira, agosto 25, 2014

A refutação.

É estranho tanta gente alegar que a ciência não pode refutar a hipótese de Deus existir. Durante séculos, a ciência desbastou esse Deus que inundava o mundo inteiro e transformava rios em sangue até já só restar um apanhado homeopático de suposições metafísicas. Comparando o que sobra com o que era, este deus foi mais refutado do que qualquer astrologia, bruxaria ou alquimia. Por isso, tem-me intrigado que tanta gente inteligente defenda algo tão absurdo. Há dias, o Domingos Faria deu-me uma dica importante para identificar o problema. O Domingos explicou-me que a ciência não pode refutar a hipótese de Deus existir porque não se pode criar um argumento dedutivamente válido que conclua “Deus não existe” a partir da premissa de que “X é uma teoria científica verdadeira”, qualquer que seja a teoria X. É uma justificação excelente porque mostra claramente onde o Domingos se está a enganar.

Primeiro, vamos identificar uma condição necessária para aplicar a regra do Domingos. Um argumento é dedutivamente válido se a verdade das premissas garante a verdade da conclusão. Por exemplo, “é impossível que um polícia seja desonesto e o Sousa é polícia; portanto, o Sousa só pode ser honesto”. Este argumento pode não ser sólido mas é válido porque, se o Sousa não for honesto, então uma das premissas tem de ser falsa. E o argumento continua válido mesmo que exista um deus omnipotente capaz de tornar o Sousa num polícia desonesto. Se esse deus existir, então a primeira premissa será falsa, porque será possível um polícia ser desonesto, mas o argumento continuará válido porque a verdade das premissas continuaria a garantir a verdade da conclusão.

Acontece o mesmo com a teoria da relatividade e os tomates. A teoria da relatividade diz que é impossível transportar um tomate da Terra até Marte em menos de três minutos. Assim, é válido este argumento: “A teoria da relatividade é verdadeira; portanto, é impossível existir um ser capaz de levar um tomate da Terra até Marte em menos de três minutos”. Se o Deus do Domingos é omnipotente, então existe um argumento válido que parte de uma teoria científica e conclui que esse deus não existe. Tal como no exemplo anterior, o argumento pode não ser sólido. Mas, se existir um Deus capaz do milagre do tomate, então a teoria da relatividade é falsa. Na verdade, todas as teorias científicas modernas serão falsas se existir um Deus capaz de fazer milagres. Nem precisa de os fazer, baste ser possível que os faça.

Mas vamos assumir que o Deus do Domingos não tem a capacidade de fazer nada que uma teoria científica diga ser impossível e que, por isso, não há argumentos dedutivamente válidos que permitam refutar a tese teísta partindo de uma teoria científica. É de notar, no entanto, que este deus é muito diferente do Deus que os teístas propõem, sendo mais impotente do que omnipotente. Mas ignoremos esse detalhe e avencemos para o problema seguinte.

A validade dedutiva de um argumento é útil apenas quando as proposições em causa cobrem todas as possibilidades. Na prática, é difícil que isto aconteça, podendo-se invocar hipóteses auxiliares que tornam o argumento inválido. Por exemplo, em 1903 Blondot afirmou ter descoberto uma nova radiação, os raios N, que não se conseguia fotografar mas que vários físicos franceses alegavam ser visível usando os prismas adequados. No entanto, a maioria dos investigadores não conseguia observar a alegada radiação e, durante uma demonstração, Robert Wood retirou disfarçadamente o prisma do aparelho mas nenhum dos peritos franceses notou. Todos continuaram a dizer que viam os raios N. Nessa altura, não havia qualquer teoria científica de onde se pudesse formar um argumento dedutivamente válido que refutasse a existência dos raios N. Era possível invocar hipóteses adicionais explicando quaisquer resultados e Blondot continuou a insistir que os raios N eram verdadeiros. Mas a comunidade científica teve razão em descartar esta hipótese porque era mais plausível tratar-se de um problema cognitivo de alguns investigadores do que existir mesmo uma radiação tão misteriosa e mal comportada.

Em geral, a refutação científica de uma hipótese não resulta de um argumento dedutivamente válido. Isso só é possível em casos extremos, como o da hipótese de existir um ser omnipotente, que é inconsistente com tudo o que a ciência diz ser impossível. Mais comum é a verdade das premissas não poder garantir absolutamente a verdade da conclusão por se estar a lidar com informação incompleta. No entanto, pode haver uma hipótese alternativa com mais fundamento. Por exemplo, não se pode refutar dedutivamente a existência do Homem Aranha a partir de qualquer teoria científica. Há sempre margem para bloquear a conclusão com hipóteses auxiliares. No entanto, e infelizmente, esta hipótese pode ser descartada pela ciência porque a hipótese mais plausível é a do Homem Aranha ser um personagem fictício. Se o Homem Aranha fosse real já teria protestado contra a injustiça absurda de o deixarem fora dos filmes dos Vingadores só porque a Sony tem os direitos exclusivos da adaptação cinematográfica.

Em suma, a tese do Domingos só se aplica a um deus que não possa fazer nada contrário às teorias científicas porque a mera possibilidade de o fazer já é inconsistente com o que a ciência diz ser impossível. Além disso, o Domingos presume que a ciência só refuta hipóteses por argumentos dedutivamente válidos, o que é falso. A ciência refuta hipóteses, principalmente, encontrando alternativas mais fundamentadas. Foi assim que se descartou o calórico, o flogisto, a alquimia e tantas outras hipóteses que deram lugar a alternativas melhores. E é também assim que a ciência descarta a hipótese de Deus existir em favor da alternativa mais plausível de que este é apenas mais um dos muitos deuses que a nossa espécie tem inventado.

1- Wikipedia, N ray.

16 comentários:

  1. «E é também assim que a ciência descarta a hipótese de Deus existir em favor da alternativa mais plausível de que este é apenas mais um dos muitos deuses que a nossa espécie tem inventado.»

    O Ludwig podia ser mais directo e concreto, se dissesse logo se e quando alguma ciência, ou alguma pessoa, pôs a hipótese de o Homem aranha existir e que ciência estuda ou estudou a hipótese de Deus existir e como é que a descartou.
    Até um certo momento, consegue ser um agradável exercício de retórica, depois, como é previsível neste tipo de textos do Ludwig, enxerta uma ou duas frases feitas (as do costume).

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  2. Ludwig, deixando de lado a parte retórica do teu texto, pode-se formular o teu argumento do seguinte modo:

    (1) A teoria da relatividade é verdadeira.
    (2) Se a teoria da relatividade é verdadeira, então é impossível existir um ser capaz de levar um tomate da Terra até Marte em menos de três minutos.
    (3) Portanto, é impossível existir um ser capaz de levar um tomate da Terra até Marte em menos de três minutos. [modus ponens, de 1 e 2]
    (4) Mas se Deus é omnipotente, então é possível existir um ser capaz de levar um tomate da Terra até Marte em menos de três minutos.
    (5) Logo, Deus não é omnipotente. [modus tollens, de 3 e 4]

    Este teu argumento tem vários problemas:
    Primeiro, a conclusão não é a de que "Deus não existe", mas sim de que "Deus não é omnipotente". E, além disso, o Deus teísta pode existir e não ser omnipotente, como parece plausivelmente defender o filósofo católico Peter Geach, entre outros. Assim, mesmo que esteja tudo OK com o argumento, ele não mostra aquilo que pretendes, nomeadamente que Deus (teísta) não existe.

    Segundo, queres defender que a ciência sozinha, enquanto tal, pode mostrar que Deus não existe. Todavia, este argumento que apresentas não faz nada disso. A ciência sozinha, enquanto tal, encontra-se na premissa (1). A premissa (2) já não é clara se está a referir-se apenas à ciência enquanto tal ou se mais apropriadamente a add-ons metafísicos (por exemplo, a impossibilidade referida nessa premissa é a impossibilidade lógica ou metafísica ou nómica? E que tipo de ser é que se está a referir nessa premissa? Será que se está a referir a qualquer tipo de ser, mesmo àqueles que possivelmente não estão submetidos ao universo espacio-temporal nem às suas leis, ou antes apenas àqueles que estão no espaço-tempo, estando dentro do universo e sendo governados pelas suas leis?). Mas para se chegar à conclusão não foram suficientes as premissas (1) e (2). Para isso, foi preciso inserir no argumento premissas apropriadamente filosóficas ou metafísicas, e não relativas a teorias científicas, como é o caso de (4). Ou seja, para chegar à conclusão (5) é necessário acrescentar outras premissas que não são empíricas mas são fundamentalmente a priori. É por isso que defendo que a ciência enquanto tal não prova nem desaprova a existência de Deus. Portanto, continuas a insistir no mesmo erro quando dizes que a ciência sozinha prova a inexistência de Deus. Nem mesmo os ateístas fundamentalistas, como Dennett (pelo menos nos últimos textos), chegam a defender tal tese radical.

    Terceiro, o argumento à primeira vista parece válido, mas se olharmos melhor para ele vemos que é inválido, pois comete a falácia da ambiguidade nos passos (3) e (4). Primeiro porque a possibilidade advogada em (3) parece ser nómica, mas a possibilidade sustentada em (4) pode ser ou lógica ou metafísica. Ora, se tal ocorrer, então não se pode concluir por modus tollens a conclusão (5) uma vez que ambas as premissas da inferência estão a referir-se a diferentes noções de modalidade. Segundo porque o ser que a premissa (3) se está a referir parece claramente um ser que está submetido às leis da física e ao âmbito do universo espacio-temporal; todavia, o ser referido na premissa premissa (4) não está limitado de forma alguma a tais constrangimentos. E se é isso o que sucede com o argumento, então essa inferência é inválida.

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    1. "E, além disso, o Deus teísta pode existir e não ser omnipotente"

      Este é o problema do Deus Teísta. É tudo e não é nada, conforme der mais jeito a cada momento. Ou seja, primeiro identificam-no como omni-tudo, hoje se calhar já não é omnipotente, pode ser que amanhã já o volte a ser. É o ser mais amorfo que se conhece. Se eu tivesse de venerar alguem, escolheria algo que ao menos soubesse o que era.

      Adiante:
      "Será que se está a referir a qualquer tipo de ser, mesmo àqueles que possivelmente não estão submetidos ao universo espacio-temporal nem às suas leis"

      Até podemos imaginar que há seres (quantos são 1, 2, 1000000?) que estão fora do nosso tempo espaço e, como tal, não estão restritos às suas Leis. Mas isso é um Deus ou entidade mirone, que meramente observa, e que nem interage connosco. Como é que se pode saber o que quer que seja deste deus? não pode, é tudo expeculação totalmente infudada.

      A partir do momento em que esse deus interagir com o nosso tempo espaço, passa a estar dentro dele e sujeito às suas Leis. Da mesma mameira, que o dono de um aquário esta fora do "tempo espaço" do peixe, enquanto se limita a olhar lá para dentro, assim que mete a mão lá dentro passa a estar sujeito às mesmas leis (p.e. flutuação). Mesmo não metendo a mão lá dentro, pondo o aquário ao lume, a água, o peixe, as pedras, etc, continuam sujeitas às regras daquele "tempo espaço".

      Pela lógica do Domingos, o Deus teísta pode ser o que eu quiser, quando quiser, apenas porque quero.

      Parece-me muito perto de um personagem imaginário, mas isso sou eu.

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    2. «Este é o problema do Deus Teísta. É tudo e não é nada, conforme der mais jeito a cada momento. Ou seja, primeiro identificam-no como omni-tudo, hoje se calhar já não é omnipotente, pode ser que amanhã já o volte a ser. É o ser mais amorfo que se conhece.» - tem piada, o físico Sean Carrol chamou a atenção para o mesmo durante o debate com o Craig (é o problema do costume de fugir com o rabo à seringa): https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=07QUPuZg05I

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    3. A resposta é simples. A omnipotência de Deus significa que Ele não está sujeito às leis da física que Ele próprio criou...

      ...de resto, nós ainda não compreendemos todas as leis da física...

      Os físicos e os astrofísicos mostram-se cada vez maisconfundidos com as propriedades do Universo que escapam aos seus modelos...

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  3. Quarto, tudo o que eu disse agora e em comentários anteriores não se aplica apenas ao raciocínio dedutivo, mas também ao raciocínio indutivo. Ou seja, podes sustentar como única premissa "a teoria científica X é verdadeira", mas só a partir dessa premissa não podes concluir que "o Deus teísta provavelmente não existe, ao contrário do que sucede caso tivermos como premissa "todos os corvos que vi até hoje são negros" e como conclusão "provavelmente o próximo corvo que vir será negro". Nem da premissa "a teoria científica X é verdadeira" se chega à conclusão de que "a hipótese mais plausível é a de que Deus teísta é um personagem fictício".

    É verdade que uma teoria científica (em conjunção com reflexão filosófica) pode de certa forma eliminar um deus tapa-buracos, um deus que apenas serve para explicar fenómenos físicos/biológicos que ainda permanecem por descobrir ou explicar [tal como pretendem os teóricos do "intelligent design" quando alegam que só Deus poderia explicar a complexidade irredutível de certos sistemas biológicos, como o caso do "flagelo" defendido pelo bioquímico Michael Behe]. Ora, quando a ciência consegue descobrir e explicar o fenómeno em questão, então descarta-se a hipótese desse deus tapa-buracos. Mas por que razão pensar que o deus tapa-buracos é o Deus teísta? A este propósito considero a argumentação do biólogo Kenneth Miller bastante procedente e muito mais razoável do que a de Dawkins/Dennett e companhia ou da ladainha que costumas apresentar.

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  4. «Se o Homem Aranha fosse real já teria protestado contra a injustiça absurda de o deixarem fora dos filmes dos Vingadores só porque a Sony tem os direitos exclusivos da adaptação cinematográfica.» LOL!

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  5. Fisica semântica
    Na verdade, não sei não ?... O que há de mais subversivo nesta espécie de simulacro que se auto-proclama de "ser humano", é a sua espantosa e despudorada habilidade para promulgar a sua própria existência. E a sua arrogância vai tão longe quanto o facto de inventar uma realidade que ele sente que o cerca e nela perceber padrões e regularidades que, afinal, são padrões e regularidades de coisa nenhuma. Enfim, de inventar uma memória cujo único fito é o de apenas autenticá-lo, de construir um eu para que o plano seja perfeito. Ou seja, esta máquina virtual, que julga produzir e instaurar sentido, ancorada, como se percebe, numa narrativa de devir imaginário, acaba depois por rematar todo este rocambolesco cambalacho ontológico com uma projecção final ,da ordem do sagrado e por isso transcendental, para sua eterna glória e salvação.

    Não estou a perceber rigorosamente nada? É urgente situar a questão: existo ou não existo? E a realidade, o que é a realidade ? Também ela existe ou é apenas um simulacro, tal como eu ?
    Bom, com efeito, a realidade é afinal esta , e apenas esta, a que está bem aqui , mesmo à nossa frente, nua e crua, preto no branco. Bastará apenas abrir os olhos e acordar. Com a breca!, basta de simulações e manipulações . Será que não conseguimos enxergar que estamos a ser dominados e alienados por uma crença ridícula ? Diz quem sabe que a fé , essa venda magnífica e a mais inteligente criação do imaginário humano, um opiáceo muito forte que visa aplacar o horror que irrompe das nossas entranhas, não passa de pura abjecção mental. Por consequência, acreditar em fantasmagorias poderá não ser o melhor caminho para a salvação. Acreditar que a realidade não passa de um sonho e que a materialidade do mundo é uma insidiosa abstracção, é cometer uma deplorável imprevidência - atira tu a cabeça com força contra uma parede e verás quão delicada é a óbvia realidade. A dor será enorme e a tua singela cabeça não ficará, com certeza, em muito bom estado.
    Mas , atenção!, a dor só existe para que a ilusão se torne mais credível e melhor sucedida nos seus truques.
    Em que ficamos, então?

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  6. A BÍBLIA É UM LIVRO SOBRE O MUNDO REAL: DEVEMOS LEVÁ-LO A SÉRIO!

    A Bíblia distingue-se de todos os demais livros religiosos porque foi escrito por 40 homens ao longo de pelo menos 1500 anos, mostrando uma unidade assinalável quando fala sobre os mais variados temas.

    Ela pretende ser a revelação de Deus, embora seja fácil para qualquer um avançar com essa pretensão. No entanto, a Bíblia distingue-se por ser amplamente corroborada pelos factos realmente observados.

    A Bíblia ensina que Deus, e não uma partícula infinitesimal ou um hipotético vácuo, criou o Universo de forma racional com uma estrutura racional, ao mesmo tempo que criou o homem com capacidade racional para compreender pelo menos parte do Universo.

    Isso explica a inteligibilidade do Universo e a inteligência humana. Isso explica, ao mesmo tempo, a falência dos modelos cosmológicos naturalistas, como o “steady state”, do Big Bang ou do Multiverso, que procuram explicar o Universo sem Deus.

    A Bíblia ensina que a vida teve uma origem superinteligente, o que é corroborado pela sua dependência de múltiplos códigos genéticos e epigenéticos com quantidades inabarcáveis de informação codificada.

    Ao mesmo tempo, isso explica a falência da sopa pré-biótica, do barro, do gelo, das fontes hidrotermais, do mundo-RNA, da panspermia e dos demais modelos naturalistas que tentam explicar a origem da vida.

    A Bíblia ensina sobre a corrupção que se abateu sobre a natureza por causa do pecado, o que é corroborado pela existência de mutações, doenças e morte. A literatura médica está cheia de referências às mutações e elas em nada corroboram a teoria da evolução.

    Pelo contrário, existem mais de 3000 mutações conhecidas responsáveis por mais de 900 doenças conhecidas, muitas delas de tipo cancerígeno. Por cada mutação benéfica existe 1 milhão de mutações deletérias.

    A Bíblia fala de um dilúvio global recente, o que é corroborado pelo facto de 2/3 da Terra estarem cobertos de água e o 1/3 restante ser constituído por rochas sedimentares de dimensão intercontinental alojando triliões de fósseis de seres vivos plenamente funcionais e facilmente identificáveis com os géneros e as espécies atualmente existentes.

    Nalguns casos encontramos ossos não fossilizados, tecidos moles, proteínas e DNA de dinossauros.

    A Bíblia fala de um Deus eterno, omnipresente, racional e moral que criou o homem à sua imagem e semelhança, como ser racional e moral, o que explica a existência de valores morais objetivos intemporais universais e a existência de um dever de racionalidade.

    Também explica a causa da dignidade da pessoa humana e da existência de direitos humanos que todos os Estados devem respeitar e proteger.

    A Bíblia ensina que Deus se escolheu o povo de Israel para ser uma luz para as nações e preparar a vinda do Messias, o salvador. Ele fez um pacto com Abraão, Isaque, Jacó e David, que selou na cidade de Jerusalém.

    A relevância desta cidade até aos dias de hoje só corrobora a relevância histórica e a atualidade dos eventos narrados na Bíblia.

    A Bíblia fala da justiça de Deus, que inevitavelmente castiga o pecado humano. Mas também fala da misericórdia de Deus que, tendo incarnado em Jesus Cristo, levou sobre si esse castigo para nos perdoar e nos dar uma vida eterna com Ele. Jesus foi a pessoa mais influente na história da humanidade.

    A sua ressurreição é a garantia da possibilidade de vida eterna com Deus.

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  7. O EX-DECANO DO ATEÍSMO CONCLUI: DEUS EXISTE E ISSO É IRREFUTÁVEL!

    Nas últimas seis décadas, Antony Flew foi o expoente máximo do humanismo naturalista ateu.

    Durante a sua vida de estudante e professor de filosofia, Antony Flew privou com alguns dos mais célebres filósofos, cientistas e intelectuais (v.g. Ludwig Wittgenstein, Bertrand Russell, C. S. Lewis) ateus e cristãos, em diálogo com os quais desenvolveu os seus argumentos ateístas.

    Ao longo de cerca de seis décadas defendeu ferozmente o ateísmo em livros, artigos, palestras e debates em todo o mundo. Ele conhecia os argumentos de ateístas tão diversos como David Hume ou Bertrand Russell, argumentos esses que desenvolveu, aprofundou e sofisticou.

    Em 2007, porém, algo aconteceu. Antony Flew, que teve sempre o mérito de manter uma mente aberta e seguir a evidência onde ela conduzisse, tornou-se teísta.

    O que é interessante, considerando que se estava perante um defensor empedernido do ateísmo.

    Como ele próprio diz, a sua mudança não se ficou a dever a uma experiência religiosa de qualquer tipo, antes foi um evento exclusivamente racional.

    Antony Flew explica, no seu recente livro “There is a God” (existe um Deus, livro traduzido em português), as razões que o fizeram reconsiderar a sua posição.

    Sem quaisquer desenvolvimentos, podemos sintetizá-las em alguns pontos:

    1) a existência de leis naturais no Universo corrobora uma criação racional;

    2) a sintonia do Universo para a vida corrobora uma criação racional;

    3) a estrutura racional e matemática do Universo corrobora uma criação racional;

    4) a existência de informação semântica codificada nos genomas corrobora uma criação racional.

    Com base nestes argumentos, e principalmente no último, Antony Flew considera agora não apenas que a posição teísta é verdadeira, mas que ela é científica e racionalmente irrefutável.

    Embora Antony Flew não se tenha convertido a Jesus Cristo, ele confessa que se há alguma religião digna de consideração séria, é o Cristianismo, com a “figura carismática” de Jesus Cristo e o “superintelecto Apóstolo Paulo”, para usar as suas próprias expressões.

    Se Antony Flew ousasse considerar seriamente a mensagem cristã, iria ver que ela tem muito a dizer sobre astronomia, astrofísica, biologia, genética, geologia, paleontologia, etc., e que em todas essas disciplinas abundam evidências que a corroboram.

    Será que precisaria de mais seis décadas para chegar a essa conclusão?


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  8. Ludwig,

    Eu vejo este (não) problema de forma muito simples. É como se costuma ensinar às crianças com as contas: não se pode misturar alhos e bugalhos.
    Neste caso, não se pode misturar ciência e fé, ou seja religião sobre qualquer forma ou aspecto. O motivo é também simples: as regras para a ciência não se podem aplicar à fé; da mesma forma as regras da fé não se podem aplicar à ciência.
    Deste pressuposto, é fácil perceber as conclusões erróneas como "Na verdade, todas as teorias científicas modernas serão falsas se existir um Deus capaz de fazer milagres. Nem precisa de os fazer, baste ser possível que os faça."

    Como é que se prova que um ou vários deuses são omnipotentes? ou que o não são? simplesmente se acredita ou não!

    Todos os argumentos utilizados, desde o famoso dilema de Eutífron partem do principio que existe uma lógica associada à fé, e se assim é, essa lógica pode ser atacada pois é assim que a ciência funciona, ou seja todos os seus argumentos (da ciência) podem ser falsificados.
    No caso da fé esta lógica de argumentos falsificáveis não pode ser usada. Basta por exemplo usar argumentos muito simples como "O meu Deus é omnipotente" ou "Deus é inefável", ou simplesmente para terminar, "Eu acredito e pronto!"

    Assim, eu sou dos que considera esta uma não questão, no sentido em que a ciência e a fé não se misturam.
    Sinceramente, parece-me que existem questões me aborrecem bastante mais. Por exemplo a história da taxa e desde já convido todo o pessoal a assinar a petição on-line Petição Impedir a Taxação da Sociedade da Informação e outras parvoíces que os nossos políticos andam a fazer e só têm um resultado: o Zé paga!

    P.S.: Parece que o "criacionista" está de volta. Que saudades dos intermináveis e repetitivos posts...

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  9. Domingos,

    O meu argumento principal não é esse. É o de que a tua justificação para afirmar que a ciência não pode refutar um deus teísta não serve porque presume que a refutação científica é exclusivamente por meio de argumentos dedutivos válidos e essa premissa é falsa. A refutação científica normalmente ocorre pela comparação de hipóteses alternativas.

    Quanto às tuas objecções:

    « a conclusão não é a de que "Deus não existe", mas sim de que "Deus não é omnipotente”»

    Exactamente o que eu escrevi no quarto parágrafo do meu post.

    «Segundo, queres defender que a ciência sozinha, enquanto tal, pode mostrar que Deus não existe.»

    Não. Eu quero defender que a ciência, com os dados que temos, mostra que não existem deuses, incluindo “Deus” sob qualquer das suas definições comuns. Eu não quero dizer que o faz “sozinha, enquanto tal” porque isso leva-nos a uma discussão pouco interessante acerca de fronteiras arbitrárias. Por exemplo, podíamos argumentar que escrever um artigo científico não é ciência sozinha, enquanto tal, porque inclui também aspectos literários na composição do texto e estéticos na composição das páginas. Também podemos argumentar que a ciência não pode, sozinha e enquanto tal, refutar a astrologia porque a astrologia tem aspectos místicos, filosóficos e religiosos que não são científicos. Mas daqui não segue que não se possa usar a ciência para escrever artigos ou concluir que a astrologia é treta, e é isso que me parece mais relevante no que toca à questão de Deus também.

    «Primeiro porque a possibilidade advogada em (3) parece ser nómica, mas a possibilidade sustentada em (4) pode ser ou lógica ou metafísica.»

    No meu argumento, é nomica também. É logicamente possível eu pegar neste tomate e levá-lo para Marte em menos de 3 minutos porque isso, por si só, não implica qualquer contradição lógica. Também é metafísicamente possível eu fazê-lo porque a restrição não deriva de alguma propriedade essencial minha ou do tomate mas apenas da forma como a natureza funciona (assumindo que há diferença entre possibilidade metafísica e lógica, o que me parece duvidoso visto serem ambas meramente hipotéticas e arbitrárias). No entanto, se a teoria da relatividade for verdadeira, então é fisicamente impossível para mim levar o tomate até Marte em menos de três minutos. Se a teoria da relatividade for verdadeira, então Deus está exactamente nas mesmas circunstâncias que eu porque, se não estiver, então a teoria é falsa.

    (continua)

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  10. «Segundo porque o ser que a premissa (3) se está a referir parece claramente um ser que está submetido às leis da física e ao âmbito do universo espacio-temporal»

    Não. O meu argumento não presume nada acerca de Deus. O meu argumento é acerca da teoria da relatividade: se Deus pode levar o tomate até Marte em menos de três minutos, então a teoria da relatividade é falsa. Já agora, se houver algum ser que não está sujeito às leis da física como as julgamos conhecer, então as leis da física como as julgamos conhecer são todas falsas. É assim que temos descoberto os erros até agora, encontrando algo que não está sujeito ao que julgávamos ser uma lei universal. Nota que as teorias científicas não vêm com a ressalva “ se Deus quiser.”

    «Quarto, tudo o que eu disse agora e em comentários anteriores não se aplica apenas ao raciocínio dedutivo, mas também ao raciocínio indutivo»

    Tu mencionaste um argumento válido. Esse termo usa-se só nos dedutivos (os indutivos podem ser fortes ou fracos). Mais importante ainda, o mecanismo principal do raciocínio científico não é dedutivo nem indutivo mas abductivo, de inferência à melhor explicação.

    «É verdade que uma teoria científica (em conjunção com reflexão filosófica)»

    Toda a reflexão científica é filosófica. É sistemática, objectiva e motivada pela amor à sabedoria. A ciência até se chamou filosofia natural durante a maior parte da sua existência e o meu doutoramento em bioquímica estrutural, nos países de língua inglesa, ainda se designa "philosophiae doctor". Parte do problema aqui parece ser essa tentativa de excluir a reflexão filosófica da ciência, como se só se pudesse fazer ciência com o cérebro desligado e se deixasse de a fazer assim que se começava a pensar no que se tinha feito...

    «Mas por que razão pensar que o deus tapa-buracos é o Deus teísta?»

    Uma boa razão para isso é que é precisamente esse o deus da vasta maioria dos teístas. Portanto, quando lidamos com teístas de verdade, é útil ter isso em conta em vez de ficar apenas pelas abstracções de alguns filósofos que nada têm que ver com as crenças de milhares de milhões de pessoas. Como o impacto desses milhares de milhões de pessoas na sociedade é muito mais importante do que o daquela minoria de filósofos que tenta conciliar Deus com a ciência, há também uma boa razão pragmática para dar primazia a esse deus tapa-buracos.

    Mas mesmo que o deus que tu propões não seja tapa-buracos e não faça absolutamente nada, para que possa ficar escondido e longe de qualquer contrariedade empírica, resta o problema de que a melhor explicação é ainda que essa hipótese é uma mera especulação humana que não corresponde à realidade. É isso que a ciência faz. A observação é a de que alguns filósofos propõem um deus abstracto, ausente, impotente e invisível. Como se explica isso? Simples. É mais uma de muitas invenções dos filósofos. É como eu postular que, neste momento, um monstro extra-dimensional está prestes a abrir um portal atrás de ti para te apanhar e comer. A preocupação que tu tens que isto seja verdade, apesar de nenhuma teoria científica ou filosófica te permitir refutá-lo, é semelhante à confiança que merece a hipótese desse tal deus teísta existir.

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  11. António,

    «não se pode misturar ciência e fé»

    Concordo. Se bem que essa seja outra discussão com aqueles que defendem que ciência e fé se complementam, são ambas fontes de conhecimento, etc.

    Mas aqui não se trata de misturar as duas. Trata-se de apurar a verdade de proposições como “existe um ser inteligente, com vontade e consciência, que criou todo o universo de propósito”. Se isso é verdade ou não não é uma questão de fé. A fé é uma mera disposição para aceitar algo como verdadeiro mas nada nos diz acerca desse algo ser ou não verdade.

    «Como é que se prova que um ou vários deuses são omnipotentes? ou que o não são? simplesmente se acredita ou não!»

    Há duas opções. Podes escolher acreditar. Ou podes escolher avaliar as várias hipóteses a ver se há razões para concluir que uma é verdadeira e as outras são falsas. A ciência é o melhor método para conseguir este último objectivo, e quando se aplica esse método a estas questões a única hipótese que sobressai como mais plausível é a de que os deuses são uma fantasia humana. Isto não tem nada que ver com o acreditar. Também podes acreditar que a Lua é feita de queijo, se quiseres...

    Já agora, essa petição sobre o PL 118 está ultrapassada. O projecto do PSD é significativamente diferente.

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  12. Ludwig,

    Do facto de hoje, aparentemente, não ser possível levar um tomate até Marte em menos de três minutos não decorre que nunca será possível. Mesmo que isso implique que a Teoria da Relatividade seja falsa, ou incompleta, o que não seria inédito em Ciência. Existirá sempre uma margem de incompletude do conhecimento humano face ao funcionamento da natureza, os chamados buracos, mas não acho que Deus os tenha de tapar necessariamente.

    Costumo ver esse problema doutra forma. Se seria possível Deus anular a física e interferir directamente na realidade, contrariando as leis que Ele próprio dispôs? Sim. Mas porque o faria? Porque nós achamos que deveria interferir? Por hipótese, Deus em teoria poderia contradizer-se e dizimar a humanidade com um sopro, mas de novo, porque o faria? É impossível Deus ser “mau” a esse ponto e, ao mesmo tempo, não lhe retirar omnipotência. Nesse sentido, qual a relevância de falar até da possibilidade de Deus fazer milagres? Por que os faria?

    É possível a um professor entrar numa sala de aula e, simplesmente porque lhe apetece e está aborrecido, leccionar matérias que não são verdade? É. Por que razão se contradiria a si próprio? É possível a um pai que ame o seu filho mais do que a própria vida, pegar numa faca e matá-lo porque está aborrecido? É. Mas porque o faria? Em algum destes exemplos a leccionação ou a parentalidade saem beliscadas por ser possível aos respectivos autores uma acção radicalmente antagónica?


    Se é possível entrever alguma desta expectativa quanto à ordem e ao sentido das coisas com exemplos tão mundanos, quanto mais se se colocar a fasquia ao nível de um ser omnipotente.

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