quarta-feira, novembro 30, 2011

“Orgulhe-se”

Tenho visto uns cartazes a exortar que me orgulhe por o fado ser património da humanidade. Alguns até têm o Figo, sei lá eu porquê. Acho bem que o fado seja património de todos, mas não vejo porque me hei-de orgulhar, visto não ter contribuído nada para isso. O pouco fado que canto é no duche e, felizmente, nenhum representante da UNESCO teve o azar de me ouvir. Eu sei que estamos em crise, que anda tudo deprimido e que é um passatempo nacional sentir orgulho pelos feitos alheios. De futebolistas, fadistas, f-istas em geral. Mas esse orgulho sabe-me a falso. Prefiro tentar fazer eu coisas de que me possa orgulhar. Mesmo sendo mais modestas, ao menos o orgulho é autêntico.

Mas o pior deste “património da humanidade” é não ser nada disso. A ideia é boa, tomar «medidas que visem assegurar a viabilidade do património cultural imaterial, incluindo a identificação, documentação, pesquisa, preservação, protecção, promoção, valorização, transmissão, essencialmente através da educação formal e não formal, bem como a revitalização dos diferentes aspectos desse património»(1). Mas a prática dá-lhe um tiro. Em Setembro, a UE prolongou de 50 para 75 anos o monopólio sobre gravações musicais. A AFP aplaudiu porque, entre outros, os discos que a Amália Rodrigues gravou há cinquenta anos «estavam em risco de cair no domínio público»(2). Este “património da humanidade” continua a ser propriedade privada de alguns.

Bom era que declarassem toda a cultura património da humanidade. Que é o que devia ser. Mas a sério. Deixarem o agricultor plantar, o programador programar, o compositor compor e qualquer um partilhar os frutos da criatividade humana sem proibições legais só para proteger monopólios. No fundo, declarar de uma vez por todas que a cultura é mais importante como património de todos do que como fonte de lucro pelo licenciamento da cópia. Mas isso suspeito que terá de ser pela tecnologia e pela desobediência civil, porque para ser pela via legal era preciso democracia primeiro.

1- Comissão Nacional da UNESCO, Portugal, Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial
2- AFP, Notícias

11 comentários:

  1. Um verdadeiro ataque à liberdade de expressão em nome de uma suposta defesa dos direitos de autor:

    http://www.youtube.com/watch?v=sE5WlyQRvaM&feature=youtu.be

    Democracia?

    ResponderEliminar
  2. orgulho geralmnte tem de ser pelos feitos colectivos

    porque o indivíduo dura pouco e a obra não perdura

    é esse sentir gregário e nacional-fadisteiro que é o cimento que une uma sociedade (composta de inúmeros krippahls)

    MONEY TALKS MONEY LAUGHS MONEY CRIES
    Every successful governement is of necessity of a Ponzi scheme.

    the jap and occidental HAVE acceptED enormous loans that can never be repaid

    THE PONZI SCHEME ONLY WORKS WITH UNLIMITED SUPPLIES OF FUEL AND AMMUNITION

    (é a demografia, etc)

    and then suddenly,there were formely poor people in country clubs….

    e o esquema manteve-se principalmente por manter os preços das matérias primas controladas e produzir os bens a baixos preços removendo a indústria pesada e depois a restante da proximidade dos country clubs

    resumindo é uma história velha de 40 anos

    e inda num percebi sés bom bioquímico ....mas safores e quiseres ir prá Bayer dar no duro por 3850 eurros por meis
    (dantes eram 7000 marcos....coisas debidas ó excesso de doutorrês

    mas cum phD em informata mata mata ganhas aí uns 4000 eurros a trabalhares nos computes do Amorrim ou só Na Galp de Sines
    ou no intermarchê em Alcanhões

    o problemma é que daqui a dois anos arranjam outrro pó lugar

    Um dos Francius que tava cá a ganhari 6000 ao mês desde 2004
    (foi metido na rua em 2007 com 30 mil de indemenidades)
    é esse o problema dos emprregus no setôr privée

    Agora atacar a cola social que nos mantem la gregaridade

    orgulhamo-nos por vasco da gama ter arrouchado nos lombos da marinharia e dos hindús para nos apimentar a bida

    Orgulhamo-nos por sermos o colectivo pátria do fado

    se não nos orgulhássemos pelas cadeiras que arderam aos benfiquistas ou dos roubos que fizemos aos franciús da Auchan

    que raio de nação eramos nós ahn?

    secalhar querias que fossemos haitianos ou líbios tribalistas e sem fados tristonhos e imperiais....

    ResponderEliminar
  3. João Vasco,

    O nosso secretário de estado da cultura tb está a trabalhar numa proposta de lei anti-pirataria. Vamos ver o q sai dali. Se essa coisa passar nos EUA, aposto q vai servir de modelo para nós e muitos outros países.

    ResponderEliminar
  4. Nelson Cruz disse...

    João Vasco,

    O nosso secretário de estado da cultura tb está a trabalhar numa proposta de lei anti-pirataria.
    As regulações não funcionam e aumentam o gasto de recursos, desde a lei seca, quanto mais não seja em fiscalização-repressão.
    E foram as regulações dos bancos impostas nos EUA que deram a origem aos fundos de investimento essas bancas sombra.

    Além de que as regulações são feitas por políticos ou advogados con sultores como Soares et ses amis que:

    a) não antevêem as necessidades futuras do mercado assim como ninguém consegue antever se o eurro fica ou se vai;

    b.b) são tendenciosas para as empresas já instaladas, impedindo novas empresas de se juntarem e efectivamente criando monopólios como o windows da microsoft e aquelas distribuidoras (com patrocínio de figuras gradas- pais e mães da nação);


    c.c,b) são ou têm tendência para criarem nichos de corrupção...

    hoy inté puz pontua a acção...que querem o desemprego e o eurro deprimem-me...amanhã vou fazer um spreee de compras dizem que anima

    infelizmente engorda

    ResponderEliminar
  5. Agora vai começar a luta para ver o que é ou não fado, porque dos fadistas conceituados há muitas misturas e estilos, depois há os híbridos e ainda há aqueles que cantam fado nas tascas dos bairros lisboetas.

    Os puristas agora tem utilidade publica (ou pensam que tem) de andar a "fiscalizar" o que é fado e o que não é, vai ser lindo, vai!

    ResponderEliminar
  6. @João Vasco

    Eu por mim vou parar de debater copyright. Tenho a minha opinião mas prefiro engoli-la a ser confundido com estes energúmenos.

    De todas as maneiras toda a música que eu oiço é feita de forma amadora e/ou com crowdfunding (a maior parte do metal mais underground é assim) e não consta que haja muitos escritores de qualidade a passar fome...

    Hoje vou ligar a betoneira e puxar toda a internet!

    ResponderEliminar
  7. Wyrm disse...

    @João Vasco

    Eu por mim vou parar de debater copyright. Tenho a minha opinião mas prefiro engoli-la a ser confundido com estes energúmenos.

    ó filha alguém te con funde?
    Hoje vou ligar a betoneira e puxar toda a internet! Pirata de merde
    (debes ser Ami de Soares)

    e não consta que haja muitos escritores de qualidade a passar fome...
    e até com falta de qualidade porque pelas horas que passas na intertreta debes tar gorduchinha ó filha

    ResponderEliminar
  8. Fado é uma cantiga adoptada pelos beirões que desceram à capital a ver se passavam menos fome

    Acho qué essa a definição da wikipedia
    O copyright do livro científico não impede a fotocópia que foi fatal para muitos autores fora dos circuitos universitários

    E diga-se a bem da inverdade
    Que um gaijo gastar 2 anos a escrever um livro sobre nanocondutores que só 300 pessoas vão comprar e 2 ou 3 mil fotocopiar é.....

    ResponderEliminar
  9. Wyrm,

    «Eu por mim vou parar de debater copyright. Tenho a minha opinião mas prefiro engoli-la a ser confundido com estes energúmenos.»

    Não faças isso... pelo menos espera pelo próximo post :)

    ResponderEliminar
  10. Nelson,

    Estou com esperança que o SOPA não dê em nada. Caso contrário, é preciso ver que a tecnologia, à partida, tem uma grande vantagem sobre a lei. Uma coisa é legalizar o bloqueio de sites, outra bem diferente é conseguir implementar isso. Julgo que o único resultado dessa legislação seria aumentar várias ordens de grandeza o uso de TOR e proxies por VPN.

    ResponderEliminar
  11. "Deixarem o agricultor plantar, o programador programar, o compositor compor e qualquer um partilhar os frutos da criatividade humana sem proibições legais só para proteger monopólios."

    Há muito defendo que o acesso livre à cultura fará parte da história do direito natural do FUTURO. antes mesmo da comida, o que é triset.

    ResponderEliminar

Se quiser filtrar algum ou alguns comentadores consulte este post.