Treta da semana: «Mentes fechadas».
A homeopatia não funciona. Esta é uma conclusão bem fundamentada quer pela teoria quer pelos muitos testes já feitos. A homeopatia assume que o remédio para uma maleita é uma solução diluída de algo que cause os mesmos sintomas, o que não faz sentido. É como dar um chá de barrote a quem partiu uma perna. E a diluição pode ser tanta que não sobre qualquer átomo do princípio activo porque, alegam, a água guarda a memória dos remédios enquanto, convenientemente, se esquece dos dejectos que por ela já passaram. Os testes também são claros. Se a um grupo de doentes dermos medicamentos homeopáticos e o outro dermos algo parecido sem homeopatia, desde que não saibam qual é qual vão relatar melhorias idênticas (1).
Infelizmente, muitos meios de comunicação social dão uma ideia diferente. A RTP 1 dedicou há dias mais de meia hora a fazer publicidade ao homeopata Nuno Oliveira, não criticando sequer afirmações como «não há necessidade [de uma criança] estar a iniciar um tratamento da medicina convencional, um antibiótico, por exemplo, numa infecção, quando nós podemos tratá-lo de uma forma totalmente inócua e extremamente eficaz», nem questionou a sua prática de pediatria homeopática quando só tem um curso de homeopatia (2). Isto é um perigo. É possível que uma infecção passe sozinha – nesses casos a homeopatia “funciona” – mas também é possível que perder dias a experimentar tretas tenha consequências graves para a criança. Adiar o tratamento de uma infecção perigosa não tem nada de inócuo.
Mas o ponto principal deste post é a justificação dessas alegações, e não tanto o problema de saúde pública que estas coisas criam. Em resposta a um artigo na Visão, que criticou a homeopatia, o Nuno Oliveira alega que os cientistas é que têm a mente fechada e dá exemplos de três erros comuns nas tretologias: «Estudo Homeopatia quase compulsivamente há muitos anos»; «os critérios de evidência aos quais a Homeopatia tem sido submetida, estão totalmente errados. A Homeopatia tem as suas regras específicas»; e «não podemos querer ter resultados homeopáticos, quando os medicamentos são utilizados segundo a visão da medicina convencional.»
O primeiro problema é “estudar” a hipótese em vez de confrontar várias alternativas com os dados. É verdade que na escola nos dão as hipóteses e teorias pré-fabricadas, mas não é assim que elas são geradas. As terapias surgem quando a medicina estuda as doenças, tenta perceber os mecanismos que as causam e selecciona, testando, as formas mais eficazes de as tratar. Isto é o que a ciência faz. Estuda o fenómeno, reúne dados e usa essa informação para seleccionar as hipóteses mais correctas. As tretologias fazem o contrário. Partem de umas crenças que não questionam, seja as “leis” da homeopatia, o credo ou os efeitos astrológicos dos planetas, e depois inventam histórias para enfiar isso em todo o lado, interpretando os dados a gosto.
O segundo problema é invocar excepções arbitrárias. A propósito da religião, o Carlos Soares comentou que «É abusivo reduzir conhecimento a ciência»(4). Mas é precisamente o contrário. Os defensores de disparates sem fundamento é que tentam reduzir a ciência àquilo que não os incomode. Quem crê num deus diz que a ciência não se pronuncia acerca do seu deus, ainda que não se oponha à refutação científica dos deuses dos outros. Quem crê na vidência, tarot ou astrologia, idem. E a homeopatia faz o mesmo. Testar medicamentos em ensaios clínicos controlados, estatisticamente significativos e com dupla ocultação é excelente. Para os outros. Seria excelente também para a homeopatia se ela funcionasse, e nenhum religioso, astrólogo ou cartomante rejeitaria provas conclusivas de ter razão. Se as houvesse. Mas como não há, todos dizem alto lá, aqui a ciência não entra.
Finalmente, o tal pensamento positivo. É preciso ter a visão certa para testar a homeopatia, crer para compreender a religião, aceitar a existência do Serviço Magnético para receber a sabedoria do Kyron e assim por diante. Só que não é interpretando dados ambíguos de acordo com premissas falsas que se corrige o erro inicial. É por isso que a ciência formula testes objectivos, cujos resultados sejam claros independentemente daquilo que se deseja. É por isso que, quando quero saber se emagreci ou engordei, não me guio pelo espelho nem pela minha avó (que diz sempre que estou mais magro). Guio-me pelos buracos do cinto e pela balança, menos influenciáveis por factores subjectivos. Só assim se distingue entre conhecimento e erro, entre realidade e wishful thinking.
A ciência inclui todos os métodos, truques, procedimentos e técnicas que maximizam a probabilidade de seleccionar hipóteses verdadeiras. Mesmo que tenham de ser adaptados aos detalhes de cada problema, guiam-se sempre pelo princípio de que nos podemos enganar, procurando resultados claros que determinem, sem ambiguidade, quais das nossas hipóteses estão mais de acordo com a realidade. Quem é redutor, e tem mente fechada, é quem invoca excepções para proteger deste escrutínio as suas hipóteses favoritas. O Nuno Oliveira escreve que «Se queremos verdadeiramente evoluir no conhecimento, temos que estar abertos, temos que questionar, pela positiva e não pelo derrotismo.» Não. Temos é de questionar com objectividade. Temos de obter dados que indiquem o caminho correcto mesmo que isso frustre as nossas expectativas. Isso de “questionar pela positiva” não é conhecimento. É ilusão.
1- Ben Goldacre no Guardian, 16-9-2007, A kind of magic?
2- A.P. Homeopatia no YouTube, Homeopatia na RTP 1 - parte 1/4
3- Nuno Oliveira, 18-2-2011, Mentes Fechadas
4- Comentário em A diferença, ilustrada.
Ludwig,
ResponderEliminar«Mas como não há, todos dizem alto lá, aqui a ciência não
entra.»
A ciência não precisa de ser convidada, nem fica à espera, para entrar onde pode. E é sempre a primeira convidada a entrar seja onde for. Quem é que não gosta que a ciência responda às perguntas, quaisquer que elas sejam? O problema é quando a ciência não responde. Responde o Ludwig?
«É por isso que a ciência formula testes objectivos, cujos resultados sejam claros independentemente daquilo que se deseja.»
Não é por isso, é porque a ciência não tem outro remédio senão ser ciência.
«Temos é de questionar com objectividade. Temos de obter dados que indiquem o caminho correcto mesmo que isso frustre as nossas expectativas.»
Essa do caminho correcto dá que pensar. A religião é isso mesmo: procurar o caminho correcto, mesmo que isso frustre as nossas expectativas. O Ludwig já reparou?
Ludwig,
ResponderEliminarainda a propósito de questionar pela positiva e não pelo derrotismo, é claro que cada um questiona como lhe aprouver e não vejo mal nisso em termos de busca de conhecimento se este ficar prejudicado ou condicionado pelo ânimo e pela atitude. Mas considero diferente e susceptível de conduzir a resultados diferentes, por exemplo, adoptar sistematicamente um pensamento crítico de pendor demolidor ou adoptar um pensamento construtivo, não necessariamente crítico.
A treta do pensamento crítico e do espírito crítico também tem os seus pontos fracos e, nos tempos que correm, já há muita gente que troca o fervor crítico e demolidor pela entusiasmo construtivo da serena e inofensiva ponderação.
Onde se lê:
ResponderEliminar«em termos de busca de conhecimento se este ficar prejudicado ou condicionado pelo ânimo e pela atitude.»,
leia-se:
«em termos de busca de conhecimento se este não ficar prejudicado ou condicionado pelo ânimo e pela atitude.».
Carlos,
ResponderEliminarO problema não é quando a ciência não responde. Aí estão todos bem, porque podem inventar as respostas que quiserem. Historicamente, as religiões e superstições prosperaram sempre na ignorância, porque quando não se sabe a resposta é mais fácil enfiar barretes.
O problema surge quando a ciência aponta para a resposta contrária. Aí é que têm de inventar que a pergunta é outra. Por exemplo, enquanto a ciência não tinha esclarecido nada acerca da origem das espécies, todos os cristãos eram criacionistas e levavam o genesis à letra. Foi quando a ciência mostrou que aquilo era treta que se puseram a reinterpretar e a dizer que é metafórico, impossível de testar, etc.
«é porque a ciência não tem outro remédio senão ser ciência.»
Não é nada disso. A ciência não é uma religião, onde se pode ter os preceitos e regras que se quiser. A ciência é uma ferramenta. Serve para esclarecer, responder, gerar conhecimento. Como tal, tem de ser o que quer que sirva para esse fim.
«A religião é isso mesmo: procurar o caminho correcto, mesmo que isso frustre as nossas expectativas. O Ludwig já reparou?»
Não, porque, se fosse, então teria de rejeitar qualquer dogma, infalibilidade, e essas tretas da fé.
Ludwig,
ResponderEliminar«as religiões e superstições prosperaram sempre na ignorância»
Estava à espera de quê? Não é o que se passa sempre com todo o tipo de conhecimento, incluindo o científico e o pseudo-científico?
«todos os cristãos eram criacionistas e levavam o genesis à letra.»
Ai sim? Como é que sabe, nomeadamente, que levavam o genesis à letra?
E o que é isso de levar à letra? Já experimentou levar alguma coisa à letra?
«Foi quando a ciência mostrou que aquilo era treta que se puseram a reinterpretar e a dizer que é metafórico, impossível de testar, etc.»
A ciência não mostrou que aquilo era treta. A ciência ensaiou hipóteses de que as coisas terão tido desenvolvimentos no tempo e no espaço em termos e condições que o Genesis não refere, nem pretendia referir, mas não é por isso que perderam o sentido e o valor que sempre tiveram e pretenderam ter.
Quanto aos dogmas, Ludwig, a sua força vem-lhes justamente do facto de serem dogmas. Um dogma não o seria se fosse posto em causa com sucesso.
Foi muito refrescante ler este post no final de uma semana em que tive de aturar muita treta à custa de um conhecido que trata as dores com Reiki e de outro caramelo que fura o chão à procura de água que diz ter encontrado com auxílio de uma varinha.
ResponderEliminarÉ muita treta para aturar numa semana...
uma palavra: mitridização
ResponderEliminaralgumas formulações homeopáticas funcionam e outras não
fórmulas pré e pós homeopáticas com características similares
foram utilizadas com sucesso
um tipo é sacudido por um quiroprata e passa a andar melhor
haverá muito efeito placebo em todas essas práticas
mas há também pincípios que funcionaram durante séculos
a homeopatia tem antecedentes históricos não é uma sistematização de regras que surge do vazio
homeoquê?bitcoinquêaopoderondequando?umapalavraparati:nãonãonão!havefun!
ResponderEliminarTenho a impressão do que o que o Ludwig critica neste post é a ciência.
ResponderEliminarDe facto, quando critica a homeopatia diz que esta "não funciona".
A religião contudo não visa responder a "como funciona" mas ao "funciona para quê".
É por isso que criticar a homeopatia é o mesmo que criticar todas as versões da ciência que foram num determinado momento a melhor forma de explicar a realidade. E umas vezes aparentemente funcionavam e noutras não. A ciência baseia-se sempre em teorias que pretendem explicar a realidade embora na sua essência ela seja sempre falsa na medida em que é válida apenas até aparecer uma explicação melhor.
Curiosamente, é isto que o Ludwig critica aos cristãos que passaram de uma visão literalista da Bíblia para uma outra visão. Aparentemente só os "cientistas" têm direito a isso. De facto, quando os religiosos pretendem dar explicações sobre a realidade estão a falar como "cientistas" pois a religião visa compreender o "para quê" e não o "como" (embora não deixe de ser caricato que quem descobriu que o universo estava em expansão foi um padre católico belga, Lemaître, que quando expôs a sua teoria, que depois veio a ser confirmada pela observação científica, os ateus "cientistas" da altura tenham dito que se tratava de uma grosseira treta pseudo-científica que era na realidade um dogma cristão mal disfarçado apresentado por um padre católico armado em astrónomo).
As tretas vêm de todos os lados...
- Sentes-te bem?
ResponderEliminar- Não. Sinto-me homeopaticamente bem!
- É melhor irmos ao hospital.
- Não.
- Não?
- Quer dizer, sim, mas um sim C30.
http://www.youtube.com/watch?v=86CSgwLAbes&feature=player_embedded
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEsta parte é ainda mais interessante.
ResponderEliminarPara quem, por deconhecimento ou por preconceito, ainda duvida que a homeopatia funciona:
http://www.youtube.com/watch?v=PGOr_1paAgM&feature=player_detailpage
A propósito da "abertura" defendida pelo homeopata Nuno Oliveira:
ResponderEliminarO Carl Sagan escreveu algures que é bom ter a mente aberta, mas não tanto que o cérebro caia pela abertura.
Pedro Nunes,
ResponderEliminarSe uma experiência parecia indicar que concentrações homeopáticas tinham efeito e cinquenta anos depois ainda é essa experiência que têm de apontar, não havendo nada reprodutível já estabelecido que suporte a hipótese, então é de rejeitá-la. Contraste isso com a experiência de Young. No início do século XIX andava tudo convencido que a luz era formada por pequenas partículas, desde que Isaac Newton o tinha proposto. Mas Young fez uma experiência em que se podia observar os padrões de interferência da luz, mostrando que era uma onda. E toda a gente podia reproduzir a experiência e ter o mesmo resultado, o que mudou radicalmente o que a física pensava acerca da luz.
Com a homeopatia não temos nada disso. E se ao fim de tantos anos e de tantas tentativas ainda só há coisas vagas, antigas e questionáveis, é muito provável que seja treta.
Carlos,
ResponderEliminar«Estava à espera de quê? Não é o que se passa sempre com todo o tipo de conhecimento, incluindo o científico e o pseudo-científico?»
Com o científico, não. A ciência, principalmente enquanto método de questionar dogmas com objectividade, testar hipóteses e esclarecer questões, nunca prosperou com a ignorância. Pelo contrário. Quem tira proveito da ignorância sempre usou o poder que tinha para reprimir a ciência, e ainda hoje o fazem em muitos países.
«Quanto aos dogmas, Ludwig, a sua força vem-lhes justamente do facto de serem dogmas. Um dogma não o seria se fosse posto em causa com sucesso.»
Isto é válido para todas as religiões ou só para a sua?
Caro Ludwig:
ResponderEliminarNa verdade, é hoje um facto assente que a luz afinal também é formada por partículas,ou não? A ciência da luz não parou no Young, ao contrário daquilo que parece querer dar a entender.
Quanto à homeopatia, há muitos estudos bastante conclusivos dos efeitos das substâncias homeopáticas. Se lhe enviei os videos do Beneth foi precisamente porque o homem apresenta referências para muitos desses estudos, alguns até muito recentes. Lamentavelmente, tudo tem sido feito para esconder a existência desses estudos. Veja os videos e confirme o que lhe digo antes de fazer mais afirmações sem fundamento sobre uma coisa sobre a qual me parece não saber mais do que aquilo que se diz numa conversa de café (quem diz café diz o bar duma universidade)
Cumprimentos
Ludwig,
ResponderEliminar«A ciência, principalmente enquanto método de questionar dogmas com objectividade, testar hipóteses e esclarecer questões, nunca prosperou com a ignorância. Pelo contrário. Quem tira proveito da ignorância»
Prosperar na ignorância não é propriamente prosperar com a ignorância ou tirar proveito da ignorância. Não disse nem quis dizer isso, embora pudesse sem fugir muito à verdade.
Quanto à objectividade é sabido como ela é uma aspiração inatingível, pelo menos por enquanto.
Já sobre hipóteses e testar hipóteses, de que o Ludwig tanto gosta de falar, toda a gente sabe isso, mas também sabemos de imensas hipóteses que não é possível testar.
Quando falei em dogmas não estava a pensar na minha religião, estava a pensar simplesmente em dogmas, da minha, da sua e da religião dos outros. Embora cada um possa ter os seus e aceitar ou não os dos outros e poder até haver incompatibilidade entre eles.
Temos de obter dados que indiquem o caminho correcto mesmo que isso frustre as nossas expectativas....só há um caminho correcto
ResponderEliminarassim diz Krippahl
Todos os outros caminhos são ilusões da heresia
Avé Krippahl o Dominus da via única
Segundo os membros e membras e hembras do fanum de K.
ResponderEliminard) A simplicidade não é defeito. É uma virtude. Se dois caminhos fazem as mesmas coisas com a mesma qualidade, o mais simples é o melhor porque tem menos o que é desnecessário.
não perceberam? paciência......eu tamém não
O Ludwig ainda quer acreditar que a ciência corrobora o seu ateísmo.
ResponderEliminarMas nunca conseguiu fornecer um processo físico e aleatótório que crie códigos a partir de sequências de símbolos e os use para codificar instruções operacionais que permitam criar alguma coisa e muito menos um ser vivo extremamente complexo...
Além disso, só conseguiu demonstrar que as gaivotas "evoluem" para gaivotas, pelicanos para pelicanos e lagartos para lagartos...
...o que não é propriamente o argumento mais convincente para refutar a afirmação bíblica de que os seres vivos se reproduzem de acordo com o seu género...
Em todos os casos em que o Ludwig nos confrontou com argumentos pretensamente científicos, facilmente se demonstrou que os argumentos a favor da evolução estavam errados, e os argumentos cientificamente correctos confirmavam a Bíblia!
Se o Ludwig acredita assim tanto que a ciência demonstra a evolução, porque deixou há muito de apresentar "provas" da evolução?
Quem tem acompanhado a discussão sabe bem o que é que nós fizemos a essas supostas "provas"...
Pedro Nunes,
ResponderEliminarO meu ponto era que, com resultados claros e fiáveis, os cientistas mudam rapidamente de ideias, por muito radical que tenha de ser a mudança. Por exemplo, no caso da luz – e do resto – a mudança foi que são partículas e ondas ao mesmo tempo, e aquilo que era uma distinção fundamental da física afinal não fazia sentido.
«Se lhe enviei os videos do Beneth foi precisamente porque o homem apresenta referências para muitos desses estudos»
A mim pareceu-me bastante teatral. Como estou habituado a lidar com artigos científicos, e prefiro olhar para a evidência na fonte e não por relatos em terceira mão, preferia que me enviasse as referências aos artigos.
Por exemplo, uma experiência que demonstre a validade da homeopatia e que seja reprodutível, que tenha resultados consistentes e que tenha sido confirmada independentemente. Isso seria convincente. Mas um artigo com 50 anos a relatar resultados promissores que entretanto não se conseguiram reproduzir de forma consistente não é nada convincente, porque disso há aos montes...
«Veja os videos e confirme o que lhe digo antes de fazer mais afirmações sem fundamento sobre uma coisa sobre a qual me parece não saber mais do que aquilo que se diz numa conversa de café»
A “coisa” que se discute aqui é a química e a bioquímica. Disso até percebo um pouco. Infelizmente, há esta confusão de que o perito não é quem percebe os problemas e como se testa diferentes alternativas, mas sim quem leu muito e discursa fluentemente sobre uma das hipóteses, mesmo que nunca a tenha testado. Antes de aceitar um perito em fantasmologia, quero estabelecer primeiro que há fantasma. E antes de aceitar a autoridade de um homeopata, quero que se estabeleça primeiro sem ambiguidade que a homeopatia se refere a mais do que uma fantasia do Hahnemann.
Carlos,
ResponderEliminar«Quanto à objectividade é sabido como ela é uma aspiração inatingível, pelo menos por enquanto.»
É um bom tema para um post, mas deixo aqui uma dica. Se assumirmos que só há duas categorias, a do 100% objectivo e a do resto, então é certo que vai calhar tudo no resto, ou pelo menos tudo o que importar minimamente. Mas o erro está nessa divisão absurda. É como desistir da medicina porque nunca se consegue ter toda a gente 100% saudável. Se considerarmos que há uma diferença entre inventar uma resposta sem se saber nada do que se diz ou procurar uma resposta mais correcta confrontando alternativas com os dados, então mesmo que a objectividade total seja inatingível é um bom alvo para tentar aproximar.
«Quando falei em dogmas não estava a pensar na minha religião, estava a pensar simplesmente em dogmas, da minha, da sua e da religião dos outros. Embora cada um possa ter os seus e aceitar ou não os dos outros e poder até haver incompatibilidade entre eles.»
Então a sua força vêm apenas de mecanismos sociais e psicológicos e não de qualquer capacidade de se aproximarem da realidade. Nesse caso, concordo que têm força, mas proponho que deviam ter menos (tal como as superstições e preconceitos em geral, que vão ficando não por serem correctos mas por serem socialmente ou psicologicamente apelativos).
Ludwig,
ResponderEliminar«Então a sua força vêm apenas de mecanismos sociais e psicológicos e não de qualquer capacidade de se aproximarem da realidade.»
Não. O que eu disse foi: «a sua força vem-lhes justamente do facto de serem dogmas. Um dogma não o seria se fosse posto em causa com sucesso.»
O camarada Jairo está com problemas em comentar neste blogue, e como tal requisitou que a resposta a este texto fosse colocada aqui.
ResponderEliminarO Combate de Ludwig Krippahl!
Mats,
ResponderEliminarJá colocaste esse comentário no texto certo. Neste acho que não faz sentido...
Carlos,
ResponderEliminarOs dogmas do Islão em países como o Irão são difíceis de pôr em causa porque quem o fizer vai preso. No entanto, é errado ver esta dificuldade como indicando algum mérito do dogma.
Também é difícil "pôr em causa" a existência de mafaguinhos. Nunca vi quem demonstrasse que os mafaguinhos não existem. Mais uma vez, isto não indica qualquer mérito da hipótese.
Ludwig,
ResponderEliminar«Também é difícil "pôr em causa" a existência de mafaguinhos.»
É por estas e por outras que ter a noção do ridículo é tão importante. Se o Ludwig encontrar uma única pessoa que afirma a existência de magafinhos ou de mafaguinhos avise o pessoal que isso deve ser uma coisa suficientemente interessante para nos ocuparmos dela.
Carlos,
ResponderEliminar« Se o Ludwig encontrar uma única pessoa que afirma a existência de magafinhos »
E isso é relevante porquê? O número de pessoas que acredita numa proposição determina de alguma forma a verdade da proposição?
Note que se estamos a discutir como determinar a verdade de proposições e concordamos que, por si só, o número de crentes não é relevante, essa sua objecção não faz sentido.
«Se o Ludwig encontrar uma única pessoa que afirma a existência de magafinhos»
ResponderEliminarOs mafaguinhos existem sim senhor.
Ludwig,
ResponderEliminar«E isso é relevante porquê? O número de pessoas que acredita numa proposição determina de alguma forma a verdade da proposição?»
Mas a questão obviamente não é essa.
A questão é que não encontra e nunca encontrou uma única pessoa. Lance a ideia, só para experimentar.
Depois, se por acaso encontrasse, trataríamos de ver, por exemplo, se essa pessoa tinha acabado de sair de um manicómio ou se se estava a candidatar a algum exame de sanidade mental, ou a algum lugar na extinta banda das charangas e dos metais.
O Carlos não compreende, do ponto de vista analítico, lógico, qual é a ideia de um contra-exemplo?
ResponderEliminarNão sabe o que é a redução ao absurdo?
Em termos lógicos é comum refutar uma proposição demonstrando que uma das suas implicações é absurda.
Alegar, em defesa da proposição original, que a implicação exempleficada é absurda é não compreender o argumento. Pois precidamente por ser absurda a implicação é que o argumento deve ser persuasivo.
A proposição segundo a qual o ser difícil ou impossível «por em causa» algo é boa razão para não rejeitar esse algo é uma proposição errada. Para o demonstrar, Ludwig expõe uma implicação dessa proposição: se é difícil ou impossível «por em causa» mafaguinhos, então temos boas razões para não rejeitar mafaguinhos. Naturalmente Ludwig não propõe esta conclusão, apenas faz notar que a sua classificação como sendo absurda nos leva necessariamente a rejeitar a premissa inicial.
Nesse sentido, a forma do Carlos refutar o argumento do Ludwig seria a oposta, seria alegar que a crença em Mafaguinhos não é disparatada ou absurda. Só essa posição lhe permitira continuar a defender a premissa refutada.
Refutar o argumento do Ludwig alegando que os Mafaguinhos são absurdos é tentar refutar o argumento confirmando-o, sem se aperceber.
Isto não tem nada a ver com religião, é lógica pura.
Se dissessem ao Ludwig há umas dezenas de anos que existem umas coisas chamadas quanta que ainda nunca ninguém viu nem provou ou se lhe dissessem que era provavel que o universo seja feito de cordas de energia o que diria ele?
ResponderEliminartretas
eu digo que há fortes proabilidades de Deus existir e d'Ele ser amor
se o Ludwig me disser o que são Mafaguinhos talvez possamos discuti-los
se me disser que o Pai Natal criou o universo com um determinado objectivo também podemos discutir essa possibilidade
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ResponderEliminar«Se dissessem ao Ludwig há umas dezenas de anos que existem umas coisas chamadas quanta que ainda nunca ninguém viu nem provou ou se lhe dissessem que era provavel que o universo seja feito de cordas de energia o que diria ele?»
ResponderEliminarHá umas boas dezenas de anos a maior parte das coisas que poderiam ter dito ao Ludig sobre o universo estariam erradas (suponha que em vez de cordas tinham dito balões, cilindros rígidos, cones maleáveis, etc..).
Se o critério é só acreditar naquelas para as quais existem boas razões, fundamentadas na análise críticas das observações e confronto desinteressado de hipóteses alternativas - esse critério poderia ter levado o Ludwig a rejeitar os quanta há muitos atrás, mas também permitiria rejeitar uma infinidade de disparates*, pelo que esse critério seria certamente melhor que qualquer outro, tanto há décadas ou séculos atrás, como daqui a várias décadas ou séculos.
Se queremos aproximar-nos da verdade, não há melhor caminho.
*não impedindo que, anos depois, com a investigação e o aparecimento de evidências fortes, o Ludwig tenha passado a aceitar os quanta.
Por oposição, acreditar nos quanta sem ser pelo critério descrito, impede a rejeição desta crença se no futuro as evidêmcias mostrarem que uma hipótese diferente explica melhor a realidade.
Este critério motiva a investigação e busca do conhecimento, porque estas actividades não são fúteis - elas determinam as crenças sobre a realidade.
Quando é que se pode acreditar em algo? O que são "evidências fortes"? O avanço científico só é possível a partir de "evidências fortes"?
ResponderEliminarO acreditar no "como" é da mesma natureza do acreditar no "para quê"?
Carlos, e sofrologista,
ResponderEliminarPensem assim. Alguém alega algo como "os mafaguinhos existem" ou "o universo é composto de cordas que vibram em 11 dimensões mas são tão pequenas que não as podemos ver", "deus existe e é amor", "há tigres invisíveis na casa de banho", "o mundo vai acabar em 2012", etc.
A questão que se põe não é quantas pessoas acreditam mas sim como é que vocês formam uma opinião acerca disto. Ou seja, qual é o melhor método para formar opiniões acerca dos factos.
E o melhor não quer dizer que seja infalível. Quer apenas dizer que é menos falível do que as alternativas.
A minha opinião é que vocês dedicam muito tempo a apontar coisas como "se o Ludwig não soubesse nada de física teria uma ideia mais incorrecta do que se soubesse tanto quanto sabem os físicos modernos", ou "é impossível ser absolutamente 100,00000% objectivo", que são trivialmente verdade, e esquecem-se de procurar uma abordagem consistente que vos permita minimizar esses problemas.
Se eu não soubesse física não formaria a ideia correcta acerca da mecânica quântica, porque não tinha os dados necessários. Mesmo com os dados que tenho, a minha ideia é algo vaga, confusa e provavelmente menos correcta do que poderia ser. Se considerarmos que o sofrologista sabe menos de Deus do que eu sei de mecânica quântica, se formos consistentes daremos muito pouco crédito à sua afirmação de que «há fortes proabilidades de Deus existir e d'Ele ser amor».
Ludwig,
ResponderEliminar«A questão que se põe não é quantas pessoas acreditam mas sim como é que vocês formam uma opinião acerca disto.»
É óbvio que a questão não é quantas pessoas acreditam. Mas também não é como formam uma opinião acerca dos mafaguinhos. Pelo menos eu não vou precisar de recorrer à lógica pura, nem à religião, nem a coisa nenhuma para formar uma opinião.
Pois é mais do tipo geração expontânea que surge naquele lugar tão sórdido mas tão comum ao mais típico dos mortais...
ResponderEliminar«eu não vou precisar de recorrer à lógica pura (..) para formar uma opinião.»
ResponderEliminarPois claro que não!
Olhe com atenção para a tomada na parede mais próxima, faça silêncio e aproxime-se (se for preciso ajoelhar, ajoelhe). Muitas vezes os mafaguinhos deixam-se observar a observar-nos do outro lado... É o meu passatempo favorito aos domingos de manhã.
Ludwig
ResponderEliminarDizes que "Se considerarmos que o sofrologista sabe menos de Deus do que eu sei de mecânica quântica" é uma proposição possível mas indemonstrável.
Em contrapartida, se eu disser que tentar responder às questões que coloquei pode fazer avançar-nos no conhecimento é uma proposição que tem o mérito de ser verdadeira (de um ponto de vista meramente lógico nos modos como se encontra expressa).
Mats disse...
ResponderEliminarO camarada Jairo está com problemas ....meu deus o jairo é um dos raros comunistas católicos que comem criancinhas?
o que atrapalhou a perfeição do cccp
Barba Rija disse...
Pois é mais do tipo geração expontânea ex pontânea'
espontâneo expontaneous é inglês
largue a net que atrofia a barba
largue a net pla salvação das crias barbarijannnas
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaro Ludwig:
ResponderEliminarNão tenho muita disponibilidade para continuar esta conversa, que até poderia ser interessante, no entanto atrevo-me a deixar-lhe aqui mais dois links para algumas informações que acho relevantes, veiculadas pelo já indicado John Benneth, que além de ser um homeopata distinto tem sido sobretudo um empenhado defensor desta nobre causa da medicina que a homeopatia tem sido desde sempre.
Uma lista de artigos científicos(peer-reviewed) que suportam a realidade da terapeuticas homeopáticas:
http://johnbenneth.wordpress.com/about/
Um video onde se descreve uma famosa experiência através da qual Charles Darwin verificou a eficácia dos homeopáticos e que pode ser replicada pelo Ludwig, se assim o desejar, em sua própria casa. Assim, nãoprecisa ficar à espera que os laboratórios repliquem os restantes estudos, pois poderá fazê-lo pessoalmente no conforto do seu próprio lar.
http://www.youtube.com/watch?v=Fj82FReWmF0&feature=related
Com os meus melhores cumprimentos
Journal of Alternative and Complementary Medicine
ResponderEliminarSim... acredito que este tipo de jornais estão cheios de extraordinárias evidências...
Ó Barba Rija
ResponderEliminarVocê está a comentar o quê? Não se percebe muito bem o que é que está a querer dizer. Concorda ou discorda?
Sem pretender ofender, está mesmo a pensar nalguma coisa ou escreve só por reflexo?
Barba Rija disse...
ResponderEliminarJornal do Crime
Sim... acredito que este tipo de jornais estão cheios de extraordinárias evidências...
Pedro Nunes disse...
Ó Barba Rija curiosamente esteve para ir para o Pedro Nunes
mas os arquitectos já nã dão inducação bisual
ahora só desinducam
O Pedro Álvares Cabral tamém já nã é o que era
já nã é o que era
ResponderEliminar07/07/11 21:2
Ainda andam nisto?
Pedro, o jornal não tem qualquer credibilidade.
ResponderEliminara dor fisica aguda e diminuida com placebos em 70% dos casos... homeopatia funciona d mesmo modo q Mesmer e o magnetismo... o grande poder d sugestao... ´´e verdadeiro e a ciencia fala dele, as subculturas e subcomercios aproveitam-se.. principalmente o ocidente a retirar d contexto outros contextos e a espeta-los n geraçao prozac q tem males d alma (uma mas T. Moore, espiritual e nao religiosa, chamar-lhe-ia consciencia e o ultrapassar a escravatura bio e depois social...)...
ResponderEliminardivagaçoes... sem paciencia p entrar neste debate sem mais d que opinioes pessoais onde ai sim a utilizaçao errada d ciencia (q nunca e verdade absoluta mas um caminho p a verdade d realidade)leva a q todas as opinioes estejam fundamentadas n artigo x do doutorzinho y...
mas n minimo pensar cm Comte na evoluçao d pensamento... animista, then teologico, then cientifico...
Homeopatia funciona :)
ResponderEliminarQuem tem mente fechada é que não experimenta outros caminhos para além da medicina convencional que nem sempre funciona.
Eu tinha mente fechada, mas felizmente tirei as palas e fui por outro caminho, a Homeopatia.
Posso falar o k eu acho? Quem diz mal da homeopatia, se for médico parou no tempo ou papou os livros e deixou de evoluir. Se for doente ou foi ao médico errado ou tomou mal os medicamentos (existem regras) ou está a falar sem conhecer. Dou um exemplo que funciona sempre, tomar euphrasia para a conjuntivite em qualquer idade. Debaixo da língua 10 minutos antes de comer ou uma hora depois de comer. E foi!...acabaram as faltas ao trabalho porque o infantário não quer lá crianças com conjuntivite? O médico que explique se é água com açúcar ou se é uma crença religiosa num bebé de dois anos por exemplo.
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