segunda-feira, julho 11, 2011

Treta da semana (passada): o rating.

A Moody's baixou o rating da dívida pública portuguesa e da dívida que a CGD, o BES, o BCP e o Banif querem emitir com garantia estatal (1), o que deve aumentar as taxas de juros. A indignação patriótica de muitos portugueses é compreensível mas, parece-me, equivocada. Concordo que estas agências de notação são uma treta. Dizem que a dívida pública dos EUA é segura apesar do défice enorme e classificaram de excelente investimento os montes de lixo do crédito à habitação. Enquanto emitirem opiniões sem responsabilidade legal, em vez de relatarem factos e se responsabilizarem pelo seu rigor, estas agências nunca serão um medidor fiável do risco de investimento. No entanto, a conclusão de que é arriscado investir na dívida portuguesa não me parece nem polémica nem merecedora da reacção que teve.

Talvez uma fonte de confusão seja a taxa de juro, porque a que conhecemos melhor costuma ser-nos imposta pelos bancos. Se aumentam os juros, pagamos mais pela casa. E fazer isso a Portugal, que já se vê aflito para pagar o que deve, seria uma maldade. Mas, no contexto da emissão de dívida do Estado – ou esta dos bancos – a taxa de juro é uma coisa diferente. Vamos supor que o Estado quer vender mil milhões de euros de dívida a um ano. Se a melhor oferta for de novecentos milhões, o Estado pagará mil milhões daqui a um ano pelos novecentos milhões que recebe agora, e a taxa de juro será os cerca de onze porcento de diferença. Ou seja, a taxa de juro resulta apenas do preço pelo qual querem comprar a dívida do Estado.

E mesmo que esta classificação negativa influencie os compradores será apenas por afirmar o óbvio. O Estado português já pediu oitenta mil milhões de euros para pagar dívidas que, de outra forma, teria de renegociar. Nos próximos anos vai ter de devolver esses oitenta mil milhões e mais vinte e cinco mil milhões de juros. Se tiver de continuar a pedir empréstimos para pagar dívidas, eventualmente a música pára e alguém fica sem cadeira. Eu ficaria indignado é se a Moody's desse uma nota alta à dívida portuguesa. Por exemplo, se classificasse como segura a emissão de dívida da CGD, do BES, BCP e Banif por causa da garantia do Estado. A garantia do Estado quer dizer que, se os bancos não pagarem, a dívida fica para os contribuintes. Dar uma boa classificação a isto era tomar-nos por otários, atestando-nos dispostos a pagar, calados, todas dívidas que eles contraiam.

Eu não sei se a classificação que deram está correcta. Mas, mais B ou menos B, parece-me bem. Por um lado, porque é uma admissão explícita do problema fundamental: este endividamento não se resolve contraindo novos empréstimos. E, por outro lado, porque sugere que a Moody's suspeita algo que eu apenas espero ser verdade. Que se torne mais difícil convencer a maioria a pagar as negociatas de alguns políticos e banqueiros. Mas, para que assim seja, é preciso que em vez de se insurgirem por o rating ser baixo percebam quem é que serviria de garantia para ele subir.

1- João Pedro Santos, Moody's baixa rating de Portugal e Sol, Moody's baixa rating da dívida com garantia estatal de quatro bancos portugueses

18 comentários:

  1. 1º se o Banco Central Europeu considera essa dívida como fiável

    e uma instituição externa à europa

    diz que o dito BCE tem 70 mil milhões de junk-bonds

    que ultrapassam em 7 vezes o capital próprio do banco

    é o mesmo que dizer que o BCE é um super BPN

    percebido?

    nã? patientia

    ResponderEliminar
  2. é uma menorização do BCE

    é como se bocê dissesse que a reserva federal tivesse posto 14 biliões
    ou triliões consoante a escala de títulos

    que daqui a uns anos valerão menos 10% ou 20% do que valem hoje em zlotys ou em rands ou em coroas suecas ou em chinocas

    logo foi feinho

    e o presi da repúblic fez um bom trabalho como político

    péssimo como ecu nomiste mas óptimo como presidente

    dar confiança que é o que garante uma moeda seja em letras ou en títulos

    se amanhã os credores do estado japonês ou italiano
    que são maioritariamente nacionais pois aforram mais de 10% do PIB

    fizessem como os gregos e pusessem o dinheiro a mexer

    não havia economia que aguentasse

    ainda não? tá bem fica prá septimana

    ResponderEliminar
  3. Baia Blanca tinha uma universidade com muitos profs

    incluso de informatica Buenos Aires idem

    após o incumprimento começaram a rumar a parages mais frescas

    alguns ainda andam por cá, já havia uns quantos desde os anos 80

    resumindo sem contrair dívida não se pagam dívidas

    e os 40 mil profs nas univ's a 1600 milhões de euros de salários

    e os 100 mil do restante ensino a 2.500 milhões por ano

    passam meses sem receber

    como se fossem operários de uma fabriqueta sem crédito bancário do Vale do Ave..

    eu quando tinha uns x anos tentei explicar isto a um gajo que hoje é director de uma escoleca lá para a cova da lã e a um reitorzeco do mesmo jaez

    tamém nã perceberam

    a fé nas crenças kripo-económicas é muita

    fazer o quê né?

    ResponderEliminar
  4. há um tipo com 59 anos que aparece na TV a dizer que não está a receber a pensão a que tem direito descontou uns tustes durante 40 anos

    e julga que terá direito a receber durante 20 anos aquilo que não descontou em 40

    é que sai mais do que entra...e com este pessoal parasita que não quer trabalhar em armazéns em Odivelas e vai chular a segurança social

    que deveria ser só para os mais necessitados

    e não para krippahis que desde os 28 ou 30 até aos 60
    descontando digamos 8000 por ano durante 30 anos apenas descontam 240 mil euros mesmo que se conseguissem juros compostos de 2%
    durante esses anos (1+0,02) elevado a 30 uns =80 e pozinhos %

    com uma reforma de 30mil por ano
    em 15 anos de reforma tira tanto como pôs

    só que geralmente em média dura 19 depois dos 60
    e se for mulher 24
    e são estes de maiores rendimentos que geralmente vivem mais

    como o Artur Agostinho o Manel da Oliveira

    enquanto o Ti Manel do Capote com pensão de pastor de 180 euros
    quina-se aos 75 ó menos

    ainda não?

    bolas cê é o pior heleno qu'eu já tive
    e até não é dos mais belhotes já os tive com o dobro da idade...
    e percebiam melhor ou pelo menos fingiam...

    ResponderEliminar
  5. http://clima-virtual-vs-real.blogspot.com/

    isto é que é treta? só a Unive do Algarve ou a de Évora importavam treta desta

    ou a da Covilhã e a UTAD e mais uns quantos institutos
    A Nova não precisa de importá-los já os tem de produção nacional
    de sementes importadas mas dá na mesma

    ResponderEliminar
  6. Ludwig,

    Por um lado, porque é uma admissão explícita do problema fundamental: este endividamento não se resolve contraindo novos empréstimos.

    Não sendo um economista, estou tentado a concordar com isso: dívida não se revolve com mais dívida. Mas como assumidamente sou um novato nestas coisas, tenho curiosidade em qual será a tua opinião sobre isto:

    http://krugman.blogs.nytimes.com/2011/06/08/reposted-sam-janet-and-debt/

    The bottom line, then, is that the plausible-sounding argument that debt can’t cure debt is just wrong. On the contrary, it can – and the alternative is a prolonged period of economic weakness that actually makes the debt problem harder to resolve.

    ResponderEliminar
  7. Gauthma,

    O Krugman tem razão, mas está a falar de uma coisa diferente. Um problema grande em Portugal é a dívida privada. Esta poderia ser aliviada contraindo dívida pública. O Estado pedia dinheiro emprestado, investia na economia e em prestações sociais, e esse dinheiro tornaria mais fácil aos privados pagar as suas dívidas (habitação, empresas, etc).

    Mas não é isso que o Estado está a fazer. A dívida privada está por conta própria. À parte da capitalização dos bancos, os cidadãos e empresas privadas vão se ver ainda mais aflitos para pagar as dívidas por causa da recessão e da redução do investimento público. E o Estado está a endividar-se para pagar as suas próprias dívidas. Isso, claramente, não funciona...

    ResponderEliminar
  8. Ou seja, o Estado está a seguir o que diz Krugman, mas só em relação à banca (e não em relação ao resto da assaz grande dívida privada). Onde é que eu já vi este filme...

    ResponderEliminar
  9. E o Estado está a endividar-se para pagar as suas próprias dívidas....

    é? e o estado é uma entidade abstracta e imaterial

    e os privados não se alavancaram na banca para os consumos

    e a fórmula é empresas famílias etc... etc isso de privados versus púbis

    só funciona nos numerus clausus
    e que tal uma pós graduação em economia aí no quartel de cavalaria que a nova ocupou?
    fica bem no curricula
    tenho um coleguinha engenhêro de treta que tem um bolsillo de 60 mil
    para pós grad nos states e sabática lá no institut

    resumindo terminologia económica confusa

    ResponderEliminar
  10. A garantia do Estado quer dizer que, se os bancos não pagarem, a dívida fica para os contribuintes.

    Quer?

    A garantia do estado garante-lhe o financiamento a partir dos bancos

    Os euro bonds não são cheques em branco se um estado se endivida além das suas possibilidades quem os refinancia?

    um boche qualquer compra um Mercedes e sou yo que tenho de ficar como fiador da dívida (os gastos gerais do estado aumentaram 3 % e uns
    pozinhos em 2010

    os professores universitários na Alemanha tiveram desde 1996 aumentos quase desprezíveis
    engenheiros químicos etc

    Em Portugal em 1996 sector público 2oo contos média 176 contos para uma minoria 2011 krippahl 3000 e digamos média 2500 euros

    500 contos para 200 em 15 anos

    a taxa de aumento médio é?

    ainda não?

    ResponderEliminar
  11. Era uma vez um pais em que a câmara, autarquia, autonomia, lander ou o que quer que seja gastava mais do que ganhava. As famílias - gays, monoparentais, da opus dei e outras - gastavam mais do que ganhavam.

    O governo, federal ou único, gastava mais do que ganhava.

    Eram todos felizes e compravam cortinas amarelas para a cozinha porque podiam. Daquelas bonitas com espigas de milho.

    Os bancos eram probos. Emprestavam o que podiam porque tinham créditos . segurissimos - sobre as probes famílias que compravam cortinas amarelas.

    Como já não havia padrão ouro, coisa jurássica, disse-se que os papeis que dizem valer x valiam porque as cortinas amarelas e com espigas de milho eram belas e por tanto....

    O Reagan e a Tatcher pensaram e disseram - tal Durruti - que o mal disto era o estado. Anarquistas somos todos !

    Menos estado melhor estado!

    Desregulamente-se!

    Viva o anarquismo !

    E vai daí esta merda fodeu-se toda!

    Agora descobriu-se que se calhar se a autonomia, a câmara, o país, a região, o instituto ou o banco recebem menos do que pagam estão fodidos.

    O Sousa, prudentemente, pensa que se há algo que possa vir a valer são os metais.

    Ouro e prata. Dollares, Euros, Yenes e mesmo o inócuo Franco Suiço puta que os pariu.

    É fazer as contas e pensar no que vale e não vale.

    Daqui a uns meses, não agora, penso em vender algum ouro e prata.

    Na verdadeira alta.

    As notas de 500 euros e 100 dollares serão boas para acender o fogão de sala....

    Sousa dixit....


    E ainda vão ver o imobiliário que tenho - que agora não vale nada - a valorizar, as antiguidades e os metais.

    Quanto à guita estamos falados....

    a ver vamos como diria o ceguinho....

    A ver se daqui a seis meses vale mais :

    Um Paula Rego, 12 quilos de ouro, tres toneladas de prata, um saco (grande) de notas 500 euros, dois sacos de dollares.. um porta moedas de moeda chinesa...

    ResponderEliminar
  12. Isto é muito engraçado:

    Os bancos são sólidos porque tem créditos das casa que não valem nada e dos países que não podem pagar. Então a gente confia nos bancos e paises porque...

    Como diria um amigo meu....ouro quanto possas, prata a seguir .....

    Alguma arte e é isso.

    Daqui a dois anos estou vendedor de ouro....a que preço ?

    ResponderEliminar
  13. Seja ouro como o que comprava um ovo no Alaska em 2 gramas

    ou uma moeda de 20 dólares in gold por um bife com batatas no gold rush
    in califórnia, nesta altura há muita gente a fundir tungsténio e a metê-lo no....

    He proposes a bill that will verify whether the gold is there. His worries are based on internet rumors that were actually being resent by many powerful people in the financial world - so it wasn't just about some fringe homeless hacks. A few years ago, it was found out in Hong Kong that some of the gold bars were actually tungsten (wolfram) steel bars coated by gold.

    These fake golden bars were produced during the Clinton years, about 15 years ago

    a procura ahora é maior e a densidade é a mesma

    ResponderEliminar
  14. dantes vendia-se ouro com wolfrámiu em arrecadas na feira da ladra

    agora vendem-se imitações do banco de hong kong aos suiços

    e até há kruger rands com 70 a 80% de volfrâmio

    tive um conhecido que foi embarretado por um romeno ou moldavo com 200 gramas em fios

    e é ourives apesar de ter a loja fechada e sem nada na montra...

    daqui a dois anos compro-lhe o tungsténio

    as guerras devem estarem alta em 2013

    é um ano que dá azar

    ResponderEliminar
  15. MOP

    " Como pode a ciência estudar sequer sem pressupôr a "inteligibilidade" do que pode estudar?"

    Tornando bastante implausivel que a coerencia e consistencia sejam apenas ilusão e nada masis que ilusão.

    Por outro lado é algo que se negares ficas sem poder dizer nada. Por isso é um pau de dois bicos que elimina qualquer argumento teu também.

    Mesmo que digas que é deus que te dá a inteligencia isso é algo que nao podes saber se não tiveres inteligencia.

    Por isso tens tambem de assumoir à partida que a tens.

    É igual para cada lado da discussão.

    A questão é que depois a ciencia monta um sistema consistente, elegante e coerente, enquanto que a teologia tem de encher o sistema de aximoas para chegar à conclusão de que parte.

    ResponderEliminar
  16. Claro que podes dizer que o meu comentário é invalidado pelos erros ortograficos. Mas infelizmente isso é uma questão que pode ser corrigida de acordo com o critério ortografico de cada um. A outra questão não se resolve assim tão facilmente.

    Uma rocha, por não ser inteligente, nunca poderá presumir que deus dá a racionalidade.

    Tu por outro lado podes fazê-lo se não puseres a tua racionalidade ao nivel da pedra. Se o fizeres, tens um problema tão grande como eu.

    No entanto se tal for um facto, isso implicaria que tudo, mas mesmo tudo, é uma ilusão. E isso é algo que não faz sentido, que não permite nada de nada e que devia estar fora de qualquer discussão racional.

    Onde os intervenientes assumem que existe alguma coisa que se pode saber mesmo sem saber tudo, para saude de ambos os raciocinios.

    ResponderEliminar
  17. MOP (cont)

    Mesmo se puseres à partida como axioma que deus existe, em nada podes concluir daí que ele te dá a racionalidade. Podia deus não o querer e nao deves dizer tu o que deus pode e não pode.

    Tens logicamente de assumir para além que deus existe que deus quer dar-te racionalidade. E ainda tens de assumir como pressuposto, que não segue de nenhuma das permissas anteriores que deus te quis colocar num universo onde é possivel dar uso a essa racionaldade (ainda que de modo limitado como sabemos).

    Na realidade, acabas por ter de assumir muito mais pressupostos que um ateu.

    ResponderEliminar
  18. MOP (cont)

    aliás repara que mesmo te aparecesse face a face e dissesse "eu sou deus e a tua racionalidade fui eu que ta dei" tu nunca poderias concluir sobre a eventual verdade de tal afirmação sem pressupor a tua racionalidade antes de mais nada. E não depois.

    ResponderEliminar

Se quiser filtrar algum ou alguns comentadores consulte este post.