O sexo, por suposto.
O Alfredo Dinis defendeu que «uma educação sexual que se centre em tornar acessível aos jovens os anticonceptivos e as técnicas do seu uso não passa de uma caricatura da educação sexual e, em última instância, do amor.»(1) Interpretando à letra, concordo. Os jovens devem aprender técnicas de contracepção nas aulas, quanto mais não seja para corrigir o que aprendem uns com os outros, e devem ter acesso a contraceptivos antes de iniciar a sua vida sexual. Além de educação, é também um problema de saúde pública. Mas concordo que a educação sexual e do amor não se deve centrar no preservativo. No entanto, essas partes aprendem-se pelo exemplo e não por livros e professores. É com a família que as crianças devem aprender a amar, pelo que o currículo escolar pode focar os outros detalhes.
Mas como o Alfredo me critica por interpretar os textos à letra, suspeito que a posição da Igreja seja mais forte do que apenas esse “não centrar”. Quando as religiões se preocupam com a educação das crianças, raramente é por acharem que falta alguma coisa. Normalmente é por as crianças aprenderem demais. A teoria da evolução, a existência de outras religiões ou os preservativos, por exemplo. Mas deixo esta questão em aberto.
O que me interessa aqui é a ética do sexo que o Alfredo propõe. Começa por apontar que «Para algumas pessoas, o princípio geral supremo é o da liberdade pessoal – supostamente oposto ao da obediência a mandamentos divinos ou outros», o que confunde dois contextos diferentes. Não é oposto à liberdade pessoal que o Alfredo opte por seguir mandamentos. Isso até é um exercício da sua liberdade pessoal. Mas haveria conflito se alguém obrigasse o Alfredo a seguir mandamentos. Em comportamentos e disposições que não se imponham aos outros – o que Robert Kane chama “esfera moral” – qualquer conjunto de valores é igualmente legítimo. Só quando saímos desse contexto, para impor regras a todos, é que a liberdade pessoal se torna importante para minimizar a distância a esse ideal, normalmente impossível, de cada um agir como entender sem prejudicar os outros. Esta distinção, importante em todos os problemas éticos, é especialmente relevante com o sexo. Era útil que o Alfredo distinguisse entre os princípios que aplica à sua vida sexual e os princípios que quer aplicar à vida sexual dos outros.
Sem fazer essa distinção, o Alfredo defende que «O problema é que ao ‘alugar’ uma prostituta, eu estou objectivamente a banalizar um género de relação interpessoal que é dos mais profundos.[...] As relações sexuais são um género muito especial de relações porque inclui um nível de complexidade e de intimidade que não se encontra noutras relações.». Na minha experiência, o sexo pode ser parte de uma relação profunda, uma parte divertida e gratificante, mas é uma parte pequena quando comparado com tudo o que torna a relação profunda, íntima e complexa. Tanto pode ser um fim de semana romântico como uma rapidinha antes dos miúdos chegarem da escola, ou o que calhar. Por isso, parece-me errado equacionar o sexo com a relação íntima e profunda, que é muito mais do que essa pequena parte. Mas o importante é reconhecer que, numa questão pessoal como esta, é legítimo haver divergências sem que uma opinião seja objectivamente mais correcta. A “banalização objectiva” será, no máximo, um problema para o Alfredo e para quem pensar como ele. Para muitos outros, o que se passar entre o Alfredo e a hipotética prostituta, se de mútuo acordo, é um assunto entre os dois.
Acrescenta o Alfredo que «A Igreja Católica baseia-se no princípio da totalidade ou do bem total do ser humano para discernir o valor humanizador das relações interpessoais concretas». O que não diz nada, porque a questão é se coisas como proibir a prostituição e não ensinar contracepção servem o bem total do ser humano. Parece-me que, se é o bem total que queremos, a repressão e a ignorância são má ideia.
Outra alegação dúbia é que «As relações sexuais são expressão de um amor amadurecido entre dois seres humanos, um homem e uma mulher,. Por conseguinte, se não se pode brincar ao amor, também deve ser verdade que não se pode brincar às relações sexuais.» Eu comecei a namorar aos dezassete com a pessoa que ainda me atura aos trinta e nove, e os meus dados sugerem que o Alfredo está enganado. O amor demora tempo a amadurecer. O que parecia amor nos primeiros anos percebe-se, em retrospectiva, que era a brincar. Mas brincar é fundamental para aprender. Quem não brincar ao amor e ao sexo não consegue amadurecer nestes aspectos da sua vida, ficando preso a noções confusas, abstractas e distantes do que estas coisas são. Ou devem ser.
Por exemplo, « A Igreja Católica tem uma concepção da relação sexual entre dois seres humanos que supõe que o sentido dessa relação é o de realizar uma união de complementaridade total entre eles. […] A Igreja Católica parte ainda do pressuposto que esta complementaridade total leva à união profunda dos esposos e à procriação como fruto dessa união.» Pressupor é um bom ponto de partida desde que, depois, se ponha à prova os pressupostos na disposição sincera de os substituir se estiverem errados. Porque supor, por si só, não é saber. Mas esta perícia instantânea, mesmo que ilusória, é útil para as religiões. Com meia dúzia de suposições infundadas, os sacerdotes são peritos em tudo. Sabem o que acontece depois de morrermos, sabem quem criou o universo, que deuses existem, o que querem de nós e como falar com eles. E sabem até o que devemos fazer na cama, com quem, e para que fins. Tudo isto só de supor.
1- Alfredo Dinis, Sexo e religião
Parece que A. Dinis está preocupado com uma educação sexual que se centre apenas nas técnicas contraceptivas. Concordo! Diria que é uma condição necessária para a educação sexual, mas não uma condição suficiente. Pois, para além das técnicas contraceptivas também se pode educar para o amor, respeito, generosidade, para não haver violência no namoro, etc.
ResponderEliminarMas, há um problema no texto do Dinis. Pois, para o ele parece que as técnicas contraceptivas nem sequer são uma condição necessária para a educação sexual, devendo até ser rejeitadas como aliás defende a Igreja, por exemplo na Humanae Vitae. Porém, esta atitude de rejeição completa dos contraceptivos tem consequências problemáticas (como o Ludwig já apontou).
De qualquer forma parece que a igreja católica continua com um discurso negativo e absurdo em relação à sexualidade:
- Diz que não discrimina os homossexuais, mas depois não os deixa ser felizes ao impedir que eles pratiquem sexo.
- Diz que só com o matrimónio é que é licito ter relações sexuais, pois só a partir daquele momento é que começamos a amar totalmente a outra pessoa. Parece um momento mágico... Antes 5 minutos não amava completamente a pessoa, e por isso não podia fazer sexo. Depois passados 5 minutos já posso fazer sexo, pois amo completamente a pessoa por dizer "sim" frente ao padre. Caricato, não?
- Defende uma proibição irracional dos métodos artificiais de contracepção, mas também não será antinatural explorar os ciclos inférteis da mulher?
Em suma, a igreja condena as relações sexuais homossexuais, as relações sexuais pré-matrimoniais, as relações sexuais que tenham métodos contraceptivos, entre outros... E depois ainda vem dizer que quer o bem da pessoa humana? Parece que quer mais a infelicidade!
Já agora, convido a visualizar mais tretas:
http://www.youtube.com/watch?v=J8mr8S7lHaU
http://www.youtube.com/watch?v=npf_XaUL6u0
http://www.youtube.com/watch?v=SECrlfX8JHA
http://www.youtube.com/watch?v=upsZh9Ndb-I
" E sabem até o que devemos fazer na cama, com quem, e para que fins. Tudo isto só de supor."
ResponderEliminarEstiveste bem. Bem demais, talvez.
Agora que ja está despachada a versão "vanila", será que podes enviar-me por mail a versão integral?
Caro Ludwig,
ResponderEliminar"Em comportamentos e disposições que não se imponham aos outros – o que Robert Kane chama “esfera moral” – qualquer conjunto de valores é igualmente legítimo."
"A “banalização objectiva” será, no máximo, um problema para o Alfredo e para quem pensar como ele. Para muitos outros, o que se passar entre o Alfredo e a hipotética prostituta, se de mútuo acordo, é um assunto entre os dois.”
Estas afirmações baseiam-se mais em suposições do que em factos. Por alguma razão a legislação dos Estados impõe condicionalismos também na esfera moral em geral e sexual em particular. Não vale tudo.
Por outro lado, tenho dificuldade em acreditar que te é indiferente que em países como a Holanda seja legítimo que as prostitutas sejam expostas em montras como qualquer objecto para poderem ser escolhidas pelos clientes. Basear uma apreciação ética apenas no facto de que ‘ninguém se queixa’ parece-me muito pobre. A legislação dos Governo svai muito além deste nível muito elementar da moral. E não só a legislação dos Governos, também as concepções e práticas dos povos.
Saudações,
Alfredo
O sexo por correspondência?
ResponderEliminarO sexo por mail e por blogue?
e o qué que o sexo tem a ver com o amor?
especialmente in adolescentes
e ensinar ou mesmo sensibilizar para o uso de contraceptivos não implica o seu uso
e mesmo o uso não previne doenças
muitas adolescentes e mais velhinhas continuam a contrair doenças
porque se generalizou a pílula como método contraceptivo
e a tv a internet e etc banalizam o prazer como objecto de consumo
logo clamídia gonorreia antibio-resistente etc...
ou herpes e verrugas genitais porque...enfim ficamos por aqui
Alfredo,
ResponderEliminarSem me querer meter, estás a confirmar o que o Ludwig escreveu. O teu horror à exposição em montras das prostitutas holandesas teria até razão de ser se de facto arrastassem as desgraçadas para lá, como pareces querer dar a entender. Sabes, espero, que elas não são desgraçadas, e estão lá de livre vontade, no exercício da profissão que escolheram, e à qual ninguém as obriga. Desagrada-te? Só tens de evitar, o que não é difícil. Podes mesmo passar uma temporada em Amsterdão sem frequentar esse distrito. O que não podes, o que não tens o direito de fazer, é opinar sobre as opções de vida dos outros, quando essas opções exorbitam a esfera dos teus direitos.
Aproveito para mencionar que As relações sexuais são expressão de um amor amadurecido entre dois seres humanos, um homem e uma mulher é o que os americanos chamam Pulling a fast one. O Ludwig não abordou essa preciosa distinção no post, mas também não era possível falar de tudo...
Alfredo,
ResponderEliminar«Estas afirmações baseiam-se mais em suposições do que em factos.»
Nem por isso. Todos os dados de que disponho sugerem que as pessoas não encaram a sexualidade todas da mesma maneira. Por exemplo, entre nós os dois há uma grande diferença (eu, para celibatário, não dava...)
«Por alguma razão a legislação dos Estados impõe condicionalismos também na esfera moral em geral e sexual em particular.»
Claro que há razões para isso. A invasão da vida privada – o que muitas vezes invade a esfera moral – é uma peça fundamental no controlo das pessoas. É uma marca característica de qualquer sistema totalitarista e, por isso, faz parte de todas as religiões. Qualquer país que tenha ainda influências religiosas na sua legislação tem leis que invadem a esfera moral. Por alguma razão um muçulmano que rejeite a sua religião no Irão é condenado à morte. Mas essa razão não tem nada que ver com a ética ou com o “bem total do ser humano”. Tem que ver com o exercício de poder sobre as pessoas. As regras que ditam que se pode ter sexo com este mas não com aquele surgem precisamente dessas mesmas razões. Não são razões éticas, mas políticas, no sentido lato.
«tenho dificuldade em acreditar que te é indiferente que em países como a Holanda seja legítimo que as prostitutas sejam expostas em montras como qualquer objecto para poderem ser escolhidas pelos clientes.»
Se alguém fosse exposto em montras, eu seria contra, porque expor alguém em montras seria uma violação da sua liberdade pessoal. Mas se alguém escolhe expor-se numa montra, não é assunto que me diga respeito. Posso não ficar indiferente. Posso achar mal, posso achar bem, posso gostar ou não gostar. Mas a minha ética não assenta nos meus gostos pessoais ou da minha “intuição” (pelo que também rejeito a “lei natural” como fundamento para a moral). O que me parece importante é reconhecer que os gostos são diferentes e tentar aproximar, tanto quanto for possível, esse estado ideal onde todos podem viver de acordo com as suas preferências. A ética servirá para impedir que nos afastemos desse ideal, por exemplo, condenando quem queira ditar a vida sexual alheia.
«tenho dificuldade em acreditar que te é indiferente que em países como a Holanda seja legítimo que as prostitutas sejam expostas em montras como qualquer objecto para poderem ser escolhidas pelos clientes.»
ResponderEliminarCaro Dinis,
Diz que as prostitutas são um objecto qualquer.
Talvez até concorde com a ética deontológica kantiana e diga que é sempre errado tratar alguém como um mero meio, isto é, que é sempre errado instrumentalizar ou objectualizar as pessoas, usando-as como simples meios para os nossos fins. Certo?
Mas, será que as prostitutas são um mero meio ou serão objectos???
Vamos imaginar que alguém pega numa pistola e me obriga a dar-lhe dinheiro. Neste caso eu sou tratado como um mero objecto ou meio, pois o ladrão obrigou-me a fazer o que eu não queria, ou seja, violou a minha autonomia. No entanto, se o ladrão apenas me pedisse educadamente que precisaria de dinheiro, então eu podia dar-lhe ou não esse dinheiro; assim, não havia a violação da minha autonomia.
Do mesmo modo, quando alguém aponta uma arma a uma mulher obrigando-a a prostituir-se, então está-se a tratar essa mulher como um mero meio, um simples objecto, obrigando-a a fazer aquilo que ela não quer, e portanto violando-a na sua autonomia. Porém, se essa mulher livremente escolhesse prostituir-se, então não seria um mero meio ou objecto, pois ninguém lhe estaria a violar a sua autonomia ou a obrigá-la a fazer aquilo que ela não quer.
Outro exemplo:
Quando o Dinis vai ao restaurante está a tratar o cozinheiro como um meio para obter a refeição, mas se o cozinheiro estiver lá porque essa é a sua vontade, então isso nada tem de errado, pois não o estamos a tratar como um simples meio, estamos a respeitar a sua autonomia.
Do mesmo modo, se o Dinis for a uma prostituta está a tratar a prostituta como um meio para obter prazer, mas se a prostituta estiver lá porque essa é a sua vontade, então isso nada tem de errado, pois não a estamos a tratar como um simples meio, estamos a respeitar a sua autonomia.
Certo?
**off topic**
ResponderEliminarA moral religiosa sobre sexualidade fez-me recordar Angelo Balducci, que me fez recordar escutas telefónicas legais, que me fizeram recordar escutas telefónicas ilegais, que me fizeram recordar esta notícia que li há pouco semelhante a várias que têm surgido ultimamente.
Daí a minha pergunta para o Ludwig e tecnossauros em geral. Já confirmei e é verdade que basta procurar na net para encontrar oferta de equipamentos (ditos) capazes de interceptar chamadas gsm ou 3G, mas alguém sabe fazer uma estimativa técnica das capacidades destas coisas? Será que qualquer palerma endinheirado pode comprar um e usá-lo ad libitum?
Não é que eu tenha grandes segredos mas conheço alguns palermas endinheirados e isto anda a irritar-me uma beca.
Ou seja. Se alguém conhecer um artigo mais recente do que este
ResponderEliminarUlrike Meyer and Susanne Wetzel: A Man-in-the-Middle Attack on UMTS. ACM workshop on Wireless security, 2004 (em http://www.cs.stevens.edu/~swetzel/publications/mim.pdf)
ponha o braço no ar, se faz favor.
Bruce,
ResponderEliminarInterceptar GSM parece ser fácil. O G3 é mais complicado por causa da encriptação mais forte, mas há sempre buracos como este
Mas o problema fundamental é que, por lei, as operadoras são obrigadas a ter sistemas que permitam a intercepção legal das conversas. E se permite a intercepção legal, permite a outra. Os sistemas são feitos de raiz deliberadamente para não serem seguros (e.g. como aconteceu na grécia).
Se queres comunicação com segurança, manda emails encriptados.
Caríssimos,
ResponderEliminarA posição de quem reduz tudo às intenções subjectivas das pessoas ignora os séculos de progresso na área dos direitos humanos que se baseia em valores objectivos. A abolição da escravatura, da pena de morte, etc., não é compatível com situações em que duas pessoas se ponham de acordo para que uma seja o senhor e outra o escravo; ou em que duas pessoas se ponham de acordo em que uma flagele a outra até à morte. Os exemplos poderiam multiplicar-se. Há normas objectivas em todas as áreas, por muito horror que isso cause nas pessoas que pensam que a norma ética fundamental para uma sociedade feliz é simplesmente a seguinte: “nós dois pomo-nos de acordo para fazermos um ao outro o que quisermos, desde que consideremos que seja o que for que fizermos é bom para ambos”. A vida humana, seja na sua dimensão individual seja na sua dimensão social é bem complexa, como complexos são os problemas que emergem nestes dois níveis. Como já afirmei noutras ocasiões, suspeito sempre que há qualquer coisa de errado quando se propõem soluções simples para problemas complexos.
Saudações,
Alfredo Dinis
Ludwig,
ResponderEliminarEu uso o GPG há bastante tempo mas nem são muitas as vezes em que faço questão na privacidade total. Até costumo reduzir a rede para GSM para prolongar o tempo de chamadas sem carregador... O que me prende mais neste caso dos telemóveis é a alegação frequente de que são escutáveis por “qualquer pessoa” sem que as operadoras se pronunciem claramente sobre o assunto e sem que os jornais se disponham a entrevistar fontes mais habilitadas do que - com o devido respeito - detectives particulares.
Penso que faz muita diferença saberes que podes ser escutado por ordem judicial ou por mera curiosidade de alguém nas operadoras que não te conhece de lado nenhum (a quem dás de bom grado o desconto de um atraso mental) ou por alguém que vive no teu perímetro pessoal, que te conhece perfeitamente e pode capitalizar as tuas conversas telefónicas num arco-íris de interferências com a tua vida.
Por isso gostava de apurar se essas maquinetas que se vendem na net são mesmo funcionais ou não passam de quackery tecnológico para tirar proveito de mitos urbanos que os jornais alimentam sem aprofundar. É que faz muita diferença...
Nota: essa da Vodafone está engraçada...
De qualquer modo este parece-me ser um tema de maior importância para o Vaticano... nem está assim muito off topic :)
ResponderEliminar«A abolição da escravatura, da pena de morte, etc., não é compatível com situações em que duas pessoas se ponham de acordo para que uma seja o senhor e outra o escravo»
ResponderEliminarAlfredo Dinis,
Sugiro-lhe uma distinção ao invocar a relação de escravatura na prostituição. Uma coisa é a atitude (que podemos individualmente considerar degradante, concordo) de ganhar dinheiro vendendo actividade sexual. Outra coisa é a atitude animal do cliente para quem sexo e violência são uma e a mesma coisa. E não querendo levantar falsos testemunhos se calhar até são estes que aparecem mais na igreja...
Alfredo Dinis
ResponderEliminar"... A abolição da escravatura, da pena de morte, etc., não é compatível com situações em que duas pessoas se ponham de acordo para que uma seja o senhor e outra o escravo; ou em que duas pessoas se ponham de acordo em que uma flagele a outra até à morte"
Uma não decorre da outra:
No primeiro caso porque a escravatura é uma condição imposta sobre outro pelo o uso da força, logo não existe acordo entre as partes.
O segundo caso configura um distúrbio psicologico incompatível com qualquer noção de moral (seja ela subjectiva ou objectiva) uma vez que é posta em causa a integridade física de um sujeito.
O Alfredo poderia invocar infinitos cenários hipotéticos mas suspeito que todos eles esbarrariam numa das duas objecções acima.
Efectivamente uma norma objectiva, sem ter em conta as relações binárias que se estabelecem entre os individuos, seria muito mais simples e de fácil aplicação. Mas como o Alfredo diz e eu concordo: "há qualquer coisa de errado quando se propõem soluções simples para problemas complexos"
Alfredo,
ResponderEliminarO que eu percebo dessa expressão “valores objectivos” é que, sendo "objectivo" referente a algo que é de um objecto, tu estás a falar de valores que são atributos de objectos. Mas só sujeitos podem ter valores, por isso parece-me que os valores têm necessariamente de ser subjectivos. A massa, a carga, a velocidade ou a densidade podem ser objectivos porque podem ser dos objectos. Mas o desejo, a imaginação, o amor e os valores, parece-me, terão de ser de sujeitos, a menos que o sujeito seja o objecto em consideração (e.g. para o Tio Patinhas, o dinheiro é o maior valor). Portanto tenho de te pedir para me explicares o que queres dizer com “valores objectivos”.
«A abolição da escravatura, da pena de morte, etc., não é compatível com situações em que duas pessoas se ponham de acordo para que uma seja o senhor e outra o escravo»
O que caracteriza a escravatura, e a distingue de outras formas de servir alguém (servir os filhos, por exemplo, um trabalho permanente e não remunerado), é ser um trabalho forçado. Não se pode ser um escravo voluntariamente porque não se pode ser forçado voluntariamente.
«ou em que duas pessoas se ponham de acordo em que uma flagele a outra até à morte.»
Se uma pessoa pede para ser flagelada até à morte, a probabilidade de não estar no seu pleno juízo e a gravidade e irreversibilidade das consequências justificam que, por prudência, não se aceite esse pedido como um exercício legítimo da sua liberdade. No entanto, se uma pessoa com uma doença terminal, sem possibilidade de cura e em sofrimento pede para que a matem de forma rápida e indolor, nesse caso penso que é de respeitar a sua vontade.
«Como já afirmei noutras ocasiões, suspeito sempre que há qualquer coisa de errado quando se propõem soluções simples para problemas complexos.»
Eu também. Mas suspeito igualmente de soluções complexas. É que a suspeita não se justifica pela simplicidade da solução mas porque, à partida, é prudente suspeitar de qualquer solução até que haja indícios de que resolve o problema sem criar outros mais graves. E a tua solução, de usarmos “valores objectivos”, merece ainda mais suspeita porque não me parece fazer sentido nenhum. Eu posso justificar porque é que a escravatura deve ser proibida, porque é que não se deve flagelar alguém até à morte só porque a pessoa diz que quer e porque é que a eutanásia, em alguns casos, deve ser permitida recorrendo apenas aos valores das pessoas – dos sujeitos – sem ter de admitir que há valores objectivos.
Ludwig, por falar em «soluções complexas». Numa espécie de investigação sem paralelo, o jornal Expresso dava em 2009 a seguinte recomendação aos leitores:
ResponderEliminar«Quando adquirir um telemóvel, avalie se vale a pena investir num grande número de funcionalidades. É que quanto mais rudimentar for, menor a probabilidade de ser vigiado»
Ora isto é muito estranho à luz das recomendações de 2011. Em 2009 já a grande maioria dos telefones comercializados traziam UMTS pré-definido, mas a notícia apontava para uma maior segurança na aquisição de equipamento “rudimentar”, leia-se GSM, para evitar a instalação de software malicioso...
Sinto-me uma galinha tonta. De um lado, nitrofuranos. Do outro, dioxinas. Olha, estou que não posso.
Não se pode ser escravo voluntariamente?
ResponderEliminarHá 2000 anos podia-se e agora não?
Escravos por dívidas que aceitavam a escravatura para retirar a família da miséria e da fome
Servos da gleba que davam direitos de vida e morte ao suserano
em troca de protecção militar
Perdurou até aos tempos dos coronéis do café
na realidade ainda os há
A escravatura sexual ou económica garante alguns direitos aos que nada têm
direito de ser alimentado enquanto for útil
«Não se pode ser escravo voluntariamente?
ResponderEliminarHá 2000 anos podia-se e agora não?»
AH AH AH AH AH AH!
este gajo às vezes tem muita gracinha :)
Bruce,
ResponderEliminarTanto quanto sei, no caso do gsm é fácil (está aqui a receita). O 3G é mais tramado para obter a chave. Mas penso que com os contactos certos na operadora será fácil.
Sim... é toda a “segunda geração” a engolir em seco.
ResponderEliminarQuanto ao tráfego UMTS continua a parecer-me que têm mesmo que ser as operadoras a esclarecer-nos.
Pró Sousa da Ponte...além do ouro
ResponderEliminarainda há o concentrado de cobre
Dr. Michael Berry, (whose Ph.D. is in quantitative analysis and investment finance from Arizona State University) said, "I think we're in the third inning of a very long commodity supercycle in the world. Copper rightly will take its place in that cycle. ... Some of the discovery progress in Arizona and Nevada now is going to become increasingly sought after by large and small companies. I think there's going to be a premium on what's happening in the U.S., Canada and, to a lesser extent, Mexico
esqueceram-se de Portugal
deve ser porque se fecharam mais minas de cobre
abra uma qu'eu dou apoio técnico
Bruce Lóse disse...
ResponderEliminarseu Bruce (Batman era Bruce quê?)
há uns tempos havia romenas a pedir no metro...
foram trazidas para cá ninguém lhes deu a mão (nem obviamente $ tinham pouca prática na pedincha)
hoje estão distribuidas voluntariamente pelas estradas nacionais
é o mesmo do tal profe da Nova que tem uma ideia
aparentemente libertadora pela acção
da inducação sexual
desconhecimento das realidades
aposto qua filha dele apanha uma doença benérea antes das minhas
(aposta ganha de antemão, oviamente)
Ludwig,
ResponderEliminaras doutrinas cristãs demarcam-se claramente da ética e da moral e dos ordenamentos jurídicos, em todas as matérias e não apenas sobre a sexualidade. Para compreender o cristianismo e a igreja é preciso, pelo menos, tentar compreender o que é o pecado, a culpa, o arrependimento, o propósito de emenda, o perdão... A ética e os ordenamentos jurídicos bastam-se com o problema das consequências sociais dos comportamentos. Esta vertente, porém, pode nem estar no cerne da questão cristã da responsabilidade, da culpa, do pecado e da censurabilidade. Aliás, as consequências sociais dos comportamentos dos indivíduos só terão, aqui, relevância se e na medida em que o tiverem na esfera da consciência e da responsabilidade e da culpa e do pecado, do indivíduo. Em geral e abstracto, dir-se-ia que a igreja e os cristãos, em perfeita coerência com a sua doutrina, nunca poderiam condenar ninguém, por não terem acesso à instância da consciência de ninguém, ou talvez apenas nos casos de confissão válida. Mas isto não significa que não condenem actos e comportamentos pelo mal que objectivamente implicam para o próprio e para os outros. Como não significa que não tenham princípios de conduta(não confundir com padrões de comportamento, nem com critérios de conduta). Estes princípios não são princípios de conduta moral baseados no interesse social, de saúde, político, cultural,que estão na base dos preceitos morais e jurídicos. Diria que não são instrumentais relativamente a uma das finalidades tão caras, por exemplo, às leis e à moral. Diria até que não são princípios normativos. A força desses princípios está no apelo à capacidade de autenticidade e de confronto de si próprio e do que agrada ou desagrada, não ao Governo, não ao Partido, não ao Clube..., mas a Deus. Não cabe à Igreja, por exemplo, declarar que a gula é uma virtude, ou que a luxúria agrada a Deus. Há poderes que a Igreja não tem. A liberdade da Igreja afirma-se, não no poder de condenar e de punir, mas no exercício do amor e do perdão. Parece-me não fazer grande sentido a Igreja "permitir" ou "legalizar" tipos de comportamento, em concreto, sexuais ou outros, quando isso contraria aqueles princípios. O mesmo não diria se considerasse as questões num plano estritamente moral ou jurídico.
psiu...
ResponderEliminarhttp://9gag.com/gag/176373/
Caro Ludwig,
ResponderEliminarOs valores objectivos distinguem-se dos subjectivos porque não dependem da opinião ou da vontade subjectivas de cada sujeito. Para a maioria dos países a não existência da pena de morte é um valor objectivo. É garantido por lei. Não depende da vontade subjectiva do Presidente da República ou dos juízes do Supremo Tribunal. Baseia-se num outro valor, igualmente objectivo, de que ninguém pode ser privado da sua vida seja qual for o motivo invocado para essa privação. As instituições (famílias, escolas, clubes de futebol…) têm valores objectivos que são impostos aos seus membros. Nenhum membro pode invocar a sua visão subjectiva de uma determinada norma da instituição, só porque acha que a instituição não tem nada que interferir nas suas opiniões pessoais. Nenhuma instituição, nenhuma sociedade sobreviveria sem a defesa de valores comuns, independentemente do que os seus membros possam pensar desses valores.
Tudo isto para mostrar que, dado que vivemos numa sociedade e estamos integrados em instituições, só em abstracto se pode dizer
“Não é oposto à liberdade pessoal que o Alfredo opte por seguir mandamentos. Isso até é um exercício da sua liberdade pessoal. Mas haveria conflito se alguém obrigasse o Alfredo a seguir mandamentos. Em comportamentos e disposições que não se imponham aos outros – o que Robert Kane chama “esfera moral” – qualquer conjunto de valores é igualmente legítimo.”
Por tudo o que disse anteriormente, creio que esta tese é indefensável.
Saudações,
Alfredo
Alfredo,
ResponderEliminarSe eu disser que a massa de repouso do electrão é objectivamente menor do que a do protão porque o é “para a maioria dos países” só estarei a demonstrar ter confundido o significado de “objectivo”. Objectivo é aquilo que é atributo do objecto em si e que, portanto, não é para este nem para aquele.
Outra confusão que fazes é entre o valor e a lei. Aceito que a lei, em Portugal, pelo menos, objectivamente exclua a pena de morte, porque essa exclusão é um atributo da lei enquanto tal, independentemente da opinião que possamos ter. Mas a lei não é um valor, é uma ferramenta para coagir as pessoas a comportar-se de certa maneira.
O que eu queria que me explicasses é, se tiveres uma pessoa contra a pena de morte e outra a favor, como podes determinar objectivamente quem tem razão. Nota que objectivamente é pela análise da pena de morte e dos valores enquanto objectos, sem a apreciação subjectiva de ninguém. Parece-me que isso é impossível.
«As instituições (famílias, escolas, clubes de futebol…) têm valores objectivos que são impostos aos seus membros.»
Não. Isso são regras e leis. Os valores são aquilo que te diz se as regras e leis são boas ou más. Por exemplo, os EUA têm pena de morte. Portugal não. Pelo teu raciocínio, diremos que é um valor objectivo que a pena de morte é aceitável e um valor objectivo que a pena de morte é inaceitável. Isto é uma contradição. O que podemos dizer é que a pena de morte é inaceitável e que, por isso, a lei nos EUA é contrária aos nossos valores. Mas para podermos fazer esses juízos de valor – ou seja, para nós, sujeitos, termos a capacidade de avaliar o que é bom ou mau – então os valores não podem ser objectivos. Têm de ser subjectivos. Do sujeito.
«Nenhuma instituição, nenhuma sociedade sobreviveria sem a defesa de valores comuns, independentemente do que os seus membros possam pensar desses valores.»
Concordo que a sociedade tem de defender valores comuns. Mas os valores comuns são precisamente os valores partilhados pelos seus membros. Muita gente ter o mesmo valor subjectivo não torna esse valor magicamente objectivo. Continua a ser atributo dos sujeitos, e não de meros objectos como a lei, a pena de morte ou o electrão.
as doutrinas cristãs demarcam-se claramente da ética e da moral e dos ordenamentos jurídicos, em todas as matérias ...demmrcam-se mê deus o qu'esta gente diz
ResponderEliminarquem escreveu isto morreu há 101 anos e nasceu há 151
THAT MANNERS OF REFINEMENT IN ONE GROUP ARE SHOCKING TO ANOTHER?
THAT ONE AGE OF CIVILIZATION LOOKS BACK ON AN EARLIER AGE AS INHUMANE?
ALL CUSTOMS AND MORES ORIGINATE IN BASIC HUMAN DRIVES AND NEEDS
logo estão atrasados 150 anos
ás vezes dão-me pena...e têm vocês filhos e netos
é por isso qu'a inducação anda como anda
bou ber a bizinhança e pensar se bale a pena gastar 40 euros por mês para ler disto
ResponderEliminarnão há melhoras....raciocínio circular como diria o outro...
Ludwig, só para arrumar a minha questão...
ResponderEliminarVejo nas estatísticas da Anacom que ao contrário do que eu pensava a taxa de utilizadores habilitados a serviços 3G no total de estações móveis foi de 63% no início de 2011, pelo que em 2009 não teriam sido a “grande maioria” como eu afirmei. Ainda por cima apenas 29% dos terminais fazem utilização efectiva da rede 3G... (deixei-me iludir pela febre publicitária :)
Depois de ler mais umas coisas sobre a democratização das escutas passivas que referiste e das man-in-the-middle diria que há legitimidade na tal alegação de que “qualquer pessoa” pode implementar uma escuta... desde que dirigida aos outros 71% que já não trocam de telefone há uns anos ou vivem em áreas só com cobertura GSM.
Quanto à utilização UMTS continuo na dúvida. Até prova (jornalística?) em contrário mantém-se a ideia de que quebrar os protocolos 3G é um processo praticamente impossível sem a cumplicidade da operadora. Neste caso não me parece muito sério afirmar que qualquer pessoa pode tratar disso desde que compre o equipamento certo.
Agradeço o teu parecer técnico. Ainda assim, se me permites uma modestíssima contribuição, pega no telefone e nas definições de rede escolhe “apenas umts” em vez de “modo duplo” para evitares algum fall back para GSM quando quiseres traficar armas, droga ou encomendar um massacre. Mas atenção: gastas mais bateria.
Ludwig,
ResponderEliminarQuando eu disse «Agradeço o teu parecer técnico» terás pensado:
“Chiça... outra vez?!?”
Na verdade devia ter dito “Agradecido pelo teu parecer técnico”, pois referia-me ao que disseste lá para cima. Estou desculpado, espero :)
eu odeio o facebook
ResponderEliminaro qué qué o facebook?
ResponderEliminarDe tegn, du har angivet, stemte ikke overens med ordbekræftelsen. Prøv igen sexus per suposição ou por supositório?
ResponderEliminardizia há dias um gitano aeternitate commodis frui Iicere inanibus, quibus carere nolumus,silentio suspicioso, ódespois parou o carro pra leixar o outro atravessar, mas o outro fingiu que não biu, atravessou só a timorense-cigana de 2ª geração com 2 filhos desde os 14 e um deles é capaz de ser de qualquer um dos dois
ResponderEliminaranfim o outro achateia-se puxa da luminosa e afinfa-lhe um carregador
nemo iam Ioquebatur de aranea, suspiciosi ei mihi iterum provincia,
mas a tia de ambos mete-se de permeio e impede a ida ao hospital distrital e o gajado dizer que tinha esburacado a peitola ou us antebraços a limpar a arma
há dois anos um acertou dois tiros no esternocleidomastoideu na inserçõn da clabícula e na dita mastóide a limpar a arma e curiosamente o Garcia da horta morto há anos salbou-o ut commodis vestris prospidalll, hormh studiorull lau cum depossito tranquillitate commotis coeperit fluctibus {mare} frangari.
Quando gitano pessoal da gandaia ou pescador nã odiar burguesinhos
filhos de famelga que dominam estes burgos há séculos
e se dizem de esquerda mas nunca labutaram nada nas suas vidas
ou as galinhas têm dentes
ou estamos todos na mesma classe
mas até os miseráveis têm élites
logo dá nã
goodbye ó iletrado letrado...
fanático como é bom de ver como todas as élites políticas ou outras
ateu ou inteu tanto faz
"Sabem o que acontece depois de morrermos, sabem quem criou o universo, que deuses existem, o que querem de nós e como falar com eles. E sabem até o que devemos fazer na cama, com quem, e para que fins. Tudo isto só de supor."
ResponderEliminarLindo e certeiro!
Lamentoso
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