O problema errado.
O Ricardo Schiappa lamentou a oposição à obrigatoriedade do chip RFID nas matrículas. «Esta semana a maioria dos deputados na Assembleia da República mostrou uma maior apetência por ... voltar para uma caverna com dois palitos a tentar fazer fogo no inverno» por recusar as «vantagens óbvias na cobrança de portagens [e] um sem número de outros potenciais benefícios, muito em especial a nível de fiscalização e de segurança rodoviárias» que nos traria este sistema, além de «bloquear o desenvolvimento tecnológico [...] num ponto em que até poderiamos ser pioneiros e vir a exportar tecnologia»(1).
Parece-me improvável que isto nos permitisse exportar tecnologia. A identificação por radio-frequência (RFID) é uma tecnologia já bem estabelecida, bem como a sua aplicação em matrículas e portagens. O máximo que poderíamos esperar seria produzir cá os aparelhos sob licença. Mas sendo o antigo administrador-executivo da empresa pública criada para gerir as portagens nas SCUT agora gestor da Q-Free, a empresa privada norueguesa que vende este equipamento, o mais provável seria ficarmos muito aquém desse máximo e simplesmente importarmos a tecnologia a "preço de amigo" (2).
Mas é verdade que esta tecnologia pode trazer muitos benefícios. Para uma certa definição de “benefício”. Com um chip RFID na matrícula o automóvel pode ser identificado automaticamente a dezenas de metros de distância. Isto permite automatizar a cobrança de portagens e, como o Ricardo menciona, ajudar a fiscalização. Com leitores RFID nas auto-estradas é possível medir a velocidade média de todos os carros e multar quem ultrapassar o limite legal. Pode-se colocar estes aparelhos em ruas de estacionamento proibido e multar veículos que fiquem lá demasiado tempo. Ou junto aos parquímetros, com o utilizador digitando a matrícula quando paga o estacionamento e a máquina fiscalizando quem fica tempo demais. Os carros da polícia podem ser equipados com leitores RFID e fiscalizar automaticamente todos os automóveis verificando se foram dados como roubados ou se têm o seguro em dia.
Mas estas «soluções tecnológicas» para os problemas de fiscalização criam um problema muito maior. Nós queremos que as leis sejam cumpridas e que o Estado puna os infractores. Mas não queremos que o Estado ande a registar tudo o que fazemos. Não queremos redes de informadores secretos, como nas ditaduras, ou ficheiros acerca de toda a gente para quando dar jeito a quem tiver acesso a eles. Por isso a fiscalização deve ser focada. Se o radar detecta que um automóvel passou o limite de velocidade é a esse que tira a fotografia. Só quando há suspeitas que justifiquem é que se revista, vigia ou regista actividades de alguém. Até as operações de stop devem ser focadas em actividades, dias e zonas mais problemáticas e não para andar simplesmente a registar quem passa.
A solução tecnológica que o Ricardo defende facilita a fiscalização mas inverte este princípio. Em vez do Estado fiscalizar as infracções e os suspeitos passa a guardar dados acerca de todos nós, mesmo sem suspeita nenhuma, para depois vasculhar lá o que quiser. E essas bases de dados de todos os veículos que passam por leitores de RFID não vão servir apenas para apanhar infractores. Vão ajudar funcionários públicos com os cargos certos a conseguir contratos chorudos no sector privado. Vão incentivar a corrupção e facilitar abusos de autoridade, problemas piores que o a cobrança célere de portagens. E vão ser um alvo atraente para muita gente dentro e fora da burocracia estatal, burocracia essa notoriamente incapaz de guardar a privacidade dos outros.
Eu até acho que o RFID é uma solução prática para pagar portagens. Mas deve ser opcional. Não faz sentido o Estado recusar outras formas legais de pagamento na prestação de um serviço público. E se bem que eu também seja um entusiasta da tecnologia e da inovação, penso que temos de ter cuidado quando usamos a tecnologia para dar a uns poder sobre os outros. O Estado não é uma máquina impessoal. É uma data de pessoas com interesses próprios, muitas das quais não hesitarão em usar informação como esta para os seus propósitos. Obrigar a pôr chips nas matrículas cria problemas mais graves do que aqueles que resolve.
1- Ricardo Schiappa, Esquerda Republicana, oppositio neanderthalis
2- Esquerda.net, Assessor do governo passou para a empresa que vende 'chips'
Adenda: a notícia no Expresso. Obrigado ao sxzoeyjbrhg pelo link.
ludi, acho que passas por cima de alguns pontos:
ResponderEliminar1) o facto da RFID ser uma tecnologia bem conhecida não é sinónimo que a matrícula electrónica seja uma tecnologia bem estudada nem sequer bem implementada. exportar soluções tecnológicas não passa apenas por desenvolver uma solução mas também por aplicá-la em larga escala de forma consistente...
2) confundir fiscalização e segurança com ditadura parece-me ridículo. por exemplo, qual a diferença entre ter um radar com fotografia e um radar com RFID para controlar o limite de velocidade? existe uma diferença de custo (na medição e no processamento da informação) e outra de eficácia (já reparaste que os radares de controlo de velocidade em lisboa tem as câmaras vandalizadas com pinturas, por forma a que não funcionem?), com a RFID a ganhar em ambos. mas não existe grande diferença a nível de opressão política... que não existe! (e lembro da importância destes radares, num país com uma sinistralidade rodoviária tão elevada).
3) se uma dada viatura circula sem estar registrada ou sem seguro, com multas por pagar, ou se foi dada como roubada, os polícias podem andar a ler matrículas e comparar com bases de dados... ou, se querem realmente ser eficientes, podem ter dispositivos RFID que façam isso por eles. baixa-se o custo, aumenta-se a eficácia. big brother is watching you? parece-me paranóia...
com isto não quero dizer que não haja espaço para abusos (como em tudo) e que não haja espaço para haver uma caça ilegal a dados privados. mas, lá está, a solução para esses problemas passa também por desenvolvimentos inovadores na aplicação em larga escala desta tecnologia para matrículas electrónicas (aliás, neste género de fiscalização, é perfeitamente possível desenvolver sistemas em que a informação nunca está realmente ao alcance de ninguém, sendo sempre processada apenas electrónicamente e imediatamente apagada, excepto em caso de ser detectada infracção). não explorar as soluções sim, é cegueira tecnológica.
Q-Free: "We did Portugal"
ResponderEliminarhttp://www.q-free.com/solutions/we-did-portugal
Note-se a ligação à Brisa, a cujo Cons. de Admin. pertence
o mesmo António Nogueira Leite que vem dizendo que o DEM
"é um mero identificador" (duh).
"Q-FREE - FRAME AGREEMENT FOR TAGS IN PORTUGAL"
http://www.q-free.com/press/news/q-free-frame-agreement-for-tags-in-portugal/.
Alguns jovens (uso a expressão para benefício de dúvida, caso contrário poderia usar outra) dizem que só agora é que alguém se lembra de falar de problemas em algo usado sem ninguém reclamar há tantos anos, que os receios resultam de "ignorância", ...
Fazendo esses notar que nem toda a gente na Europa andava a dormir, note-se por exemplo, de 2003
http://www.edri.org/edrigram/number16/rfid
Note-se em particular a Q-Free presente logo no "EVI workgroup", ou da beleza de a oferta definir a procura em grupos desprovidos
de quem se preocupe com liberdades civis (padrão típico
na securocracia europeia).
Mas até o Sunday Times conseguia perceber algo em 2003: http://www.timesonline.co.uk/tol/news/uk/article883253.ece
Convém perceber que a mesa está posta há bastante tempo a nível Europeue com objectivos de vigilância bem mais vastos:
http://www.ertico.com/
Por exemplo:
http://www.guardian.co.uk/uk/2009/mar/31/surveillance-transport-communication-box
Para quem responde "e os telemóveis / e isto / e aquilo" (estou cansado de seguir a mesma sequência nos últimos dias),
ResponderEliminare de qualquer forma para todos nós, é educativo
Andrew J. Blumberg, and Peter Eckersley
"On Locational Privacy, and How to Avoid Losing it Forever"
http://www.eff.org/wp/locational-privacy
Posições do EDPS, única entidade na UE que vejo preocupar-se com privacidade face ao estado -- quando os comissários falam "privacidade" referem-se a relações consumidor-empresa e dão frequentemente a ideia de estarem mais a cumprir agenda de competição de interesses europeus (note-se a insistência com casos Google, por mais casos criticáveis que a Google tenha) que a ligar à privacidade:
ResponderEliminar"Opinion of the European Data Protection Supervisor on the Communication from the Commission on an Action Plan for the Deployment of Intelligent Transport Systems in Europe and the accompanying proposal for a Directive of the European Parliament and of the Council laying down the framework for the deployment of Intelligent Transport Systems in the field of road transport and for interfaces with other transport modes"
http://www.edps.europa.eu/EDPSWEB/webdav/site/mySite/shared/Documents/Consultation/Opinions/2009/09-07-22_Intelligent_Transport_Systems_EN.pdf
traduzido como
"Parecer da Autoridade Europeia para a Protecção de Dados sobre a comunicação da Comissão relativa a um plano de acção para a implantação de sistemas de transporte inteligentes na Europa e sobre a proposta (que acompanha a comunicação) de directiva do Parlamento Europeu e do Conselho que estabelece um quadro para a implantação de sistemas de transporte inteligentes (STI) no transporte rodoviário, inclusive nas interfaces com outros modos de transporte"
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2010:047:0006:0015:PT:PDF
Já deste ano, também directamente relevante:
http://www.edps.europa.eu/EDPSWEB/webdav/site/mySite/shared/Documents/Consultation/Opinions/2010/10-03-19_Trust_Information_Society_EN.pdf
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ResponderEliminarAdam Savage e o RFID.
ResponderEliminarRicardo,
ResponderEliminar«o facto da RFID ser uma tecnologia bem conhecida não é sinónimo que a matrícula electrónica seja uma tecnologia bem estudada nem sequer bem implementada.»
Mas o facto de já terem negociado a implementação com empresas estrangeiras sugere que não vamos ser nós a desenvolver a tecnologia.
«confundir fiscalização e segurança com ditadura parece-me ridículo.»
Claro. A luta por certos direitos parece ridícula a muita gente, muitas vezes. E é mesmo por isso que volta e meia há ditaduras...
Mas uma coisa que é errada, mesmo que não te pareça ridícula, é confundir medidas destas com segurança.
«qual a diferença entre ter um radar com fotografia e um radar com RFID para controlar o limite de velocidade?»
Um sistema de radar com fotografia obriga a identificar apenas os suspeitos da infracção. O sistema RFID é mais eficiente quando se dispensa o radar, se identifica toda a gente e se determina a infracção pela velocidade média medida comparando vários registos em detectores diferentes.
Isso faz a polícia funcionar ao contrário, vigiando toda a gente em vez de investigar o que é suspeito. É uma má implementação de tecnologia.
«mas não existe grande diferença a nível de opressão política»
A opressão política é apenas um extremo numa gama de actividades humanas que inclui a negligência e incompetência, a mesquinhes, a criminalidade organizada, a corrupção, a ganância, etc. Este sistema que tu propões exige pôr nas mãos de algumas pessoas os registos dos movimentos de toda a gente. Se há uma manifestação em Lisboa contra o governo e depois outra no Porto é trivial encontrar quem foi a ambas, e quem se reuniu antes para preparar os protestos. Ou onde andam os carros mais caros, e onde ficam estacionados. Ou onde está o tipo que anda com a mulher do burocrata que tem acesso à base de dados. Etc. As possibilidades de abuso são imensas porque se viola um princípio fundamental: a polícia serve para apanhar criminosos e proteger inocentes, não para nos vigiar a todos.
« se uma dada viatura circula sem estar registrada ou sem seguro, com multas por pagar, ou se foi dada como roubada, os polícias podem andar a ler matrículas e comparar com bases de dados... ou, se querem realmente ser eficientes, podem ter dispositivos RFID que façam isso por eles.»
Mas a diferença é grande. Num caso tens o polícia a ver um veículo suspeito e a consultar a matrícula na base de dados porque lhe pareceu alguma coisa suspeita.
No outro caso tens o polícia parado com o aparelho ligado a consultar a base de dados para todos os carros que passam ali e um registo no servidor central com todos esse queries indicando a hora e o sítio. A actividade principal não é apanhar aquele carro em 10,000 ou mais que foi roubado, mas sim registar a hora e posição dos outros 9,999 que não há razão nenhuma para ficarem numa base de dados da polícia.
E depois tens esses dados num sistema onde é trivial procurar correlações, determinar os percursos de cada indivíduo, quem se encontra com quem, etc.
E isso para quê? Para ser mais fácil passar multas ou encontrar carros roubados? Parece-me muito mau negócio...
«neste género de fiscalização, é perfeitamente possível desenvolver sistemas em que a informação nunca está realmente ao alcance de ninguém, sendo sempre processada apenas electrónicamente e imediatamente apagada, excepto em caso de ser detectada infracção»
Teoricamente, sim. Na prática, não. E contar com isso é ser muito ingénuo....
Ludwig Krippahl
ResponderEliminarpara começar eu diria que andar de carro privado não é um direito básico das pessoas .
Direito básico seria o haver redes de transportes públicos que permitissem o não uso do carro privado.
Ora como temos 25 anos a construir um país para patos bravos e amantes de motores de explosão e não para pessoas preguiçosas como eu que preferem ser conduzidas, chegamos a um ponto em que os custos de manutenção da infraestrutura estão a estoirar...pois.
No caso prático não temos grandes soluções, terá de ser um sistema de rádio qualquer a ser instalado. Continuo a não perceber porque não possa ser não identificado, pré pago e se quiserem ser paranóicos qb eu se possa desligar , um botão , tecnologia quase das cavernas.
Não há ligação entre o acto de compra e o utilizador e pode ser desligado a qualquer altura.
Infelizmente terá de ser obrigatório por uma questão de custos uma vez que a instalação de portagens ficaria por 500 Meuros o que é intolerável.
Nuvens,
ResponderEliminar«para começar eu diria que andar de carro privado não é um direito básico das pessoas.»
Concordo. Por isso se quiserem pôr uma taxa adicional nisso, tudo bem. Ou ser preciso comprar um selo especial para poder andar sozinho no carro, por exemplo.
« Continuo a não perceber porque não possa ser não identificado, pré pago»
Também não vejo problema nisso. E nem sequer é tecnologia por inovar; há sistemas de dinheiro digital anónimo e seguro.
A minha objecção é apenas a uma lei que obrigue a meter RFID nas matrículas para identificar o carro.
Resumindo: receio que o PSD, com pequenos empurrões ("imparciais" catedráticos ou não), mais ou menos visíveis, acabe por salvar mais um grupinho de monopólios pendurados do estado, mantendo obrigatoriedade do DEM e dando a imagem de acarinhar uma espécie de "causa nacional" que projecta o país internacionalmente, relegando o recém-descoberto valor da privacidade para discurso como "o governo comprometeu-se a acautelar a privacidade", "o PSD estará atento", "os fins serão exclusivamente de pagamento" --- precisamente uma função para a qual a identificação de viatura / proprietários / passageiros seria dispensável, com anonimização de pagamento ou no mínimo intermediação por vários agentes de pagamento em concorrência.
ResponderEliminarA seguir teremos os restantes pacotes (imaginem os autarcas a salivar pelas oportunidades)
http://www.q-free.com/
e a causa ambiental será a cereja no topo. Olhem lá as florzinhas no fim do vídeo
http://www.q-free.com/solutions/we-did-portugal
Ludwig Krippahl
ResponderEliminarEstamos RFID sintonizados LOL
Claro que a criação de um chip colocado debaixo da pele de cada um de nós pouparia muito tempo para a identificação policial , para o pagamento de contas, para a nossa ficha médica, toda a nossa vida poderia ser concentrada nesse chip que ainda daria localização GPS.
Assim acabaria a maioria do crime , mas também toda a liberdade.
O problema é que estamos muito perto de isto poder ser exequível sem grandes problemas técnicos e não temos mentalidade para entender a gravidade da coisa.
«qual a diferença entre ter um radar com fotografia e um radar com RFID para controlar o limite de velocidade?»
ResponderEliminarPergunta: porque não usam a fotografia para controlo e portagens? A resposta a isso será a resposta a "qual é o problema adicional?".
E depois há sempre a pergunta (já nauseante, mas compreendo que pareça óbvio, embora menos para engenheiros que já a vi fazer):
"mas com tudo o que já existe, há mesmo um problema adicional?".
Vá-se lá conseguir perceber que riscos de sistemas pré-existentes não mitigam riscos de sistemas adicionais, mesmo que estes sejam mais rudimentares. Enfim, há sempre o recurso de apontar a paciente explicação em
http://www.eff.org/wp/locational-privacy
A minha experiência dos últimos dias é de ver quem acusa os outros de ter medos irracionais "por ignorância", "que isso de ler dá muito trabalho", é quem mais tende a depois responder sem ler o que sugerimos, nem sequer uma cartinha de 7 páginas leves em português enviada ao P.R. no ano passado: http://is.gd/d7FMi ...
[off topic, mas descobri isto hoje e achei que eras capaz de char piada]
ResponderEliminarhttp://www.facebook.com/group.php?gid=2217915679&v=info&ref=search
Nuvens,
ResponderEliminar«O problema é que estamos muito perto de isto poder ser exequível sem grandes problemas técnicos e não temos mentalidade para entender a gravidade da coisa.»
Tecnicamente, já é. Usa-se nos cães, por exemplo.
O que trava isto é apenas ainda haver pessoas que compreendem que segurança nem sempre é o mesmo que dar todo o poder a quem usa farda.
jmce,
ResponderEliminarJá tinha ido ao site da LED mas tem pouca informação. Sabes onde posso saber mais sobre essa associação (quem são as pessoas, onde se encontram, etc)? Ou é melhor mandar-lhes um email? Obrigado.
ludi, parece-me que concordamos ao mesmo tempo que discordamos no mesmo ponto: por eu achar que é trivial desenvolver um sistema puramente electrónico, sem interacção de um utilizador, que apenas efectua registro de infracções (e apaga automáticamente toda a outra informação) tu achas que eu sou ingénuo. e precisamente por isso eu acho que és paranóico ;-)
ResponderEliminarora implementado um sistema desse género, nenhuma das tuas objecções é sustentável. mas, devo lembrar, ainda na linha do meu post que criticas, que ninguém se levantou na AR e disse "isso é uma boa ideia, mas vamos discutir a implementação da leitura e do registro de informação". não; rejeitou-se sem ai nem ui.
desmontada a paranóia big brother, já agora mais umas confusões que fazes:
"uma coisa que é errada, mesmo que não te pareça ridícula, é confundir medidas destas com segurança"
parece-me a mim que, baixando custos, aumentar a taxa de veículos "legalizados" (com seguro pago, por exemplo), e baixar as taxas de acidentes (por exemplo, por melhor combate ao excesso de velocidade) e de veículos roubados, estamos a contribuir para um aumento da segurança rodoviária.
"O sistema RFID é mais eficiente quando se dispensa o radar, se identifica toda a gente e se determina a infracção pela velocidade média medida comparando vários registos em detectores diferentes"
claro que isso só acontece na tua cabeça: podes ter um radar RFID e não existe qualquer necessidade de teres uma base de dados para calcular velocidades médias (aliás, que ideia tão rebuscada...). detectada infracção, registra-se, e um sistema electrónico pode enviar a multa por correio na hora sem qualquer intervenção humana. não detectada infracção, não existe registro.
parece-me mesmo que tens alguma dose de paranóia aqui metida, aliás confirmada pela tua insistência em criar bases de dados, onde tudo o que necessitas de implementar é um leitor RFID sem qualquer necessidade de gravação de informação... descansa, que acho que não está ninguém right behind you ;-)
Ludwig, cada vez mais o preço que temos de pagar por utilizar toda esta tecnologia (RFID, GPS, telemóveis) é o fim da nossa privacidade. E de facto se queremos estar ligados á rede e contactáveis 24h/dia temos de abdicar dessa privacidade.
ResponderEliminarA não ser que haja um cataclismo é fácil de prever que a ficção cientifica vai-se tornar real e teremos veículos autónomos que comunicam uns com os outros e nós seremos localizáveis a todo o instante. Isto trará obviamente muitos benefícios mas o termo privacidade terá de ser redefinido.
Ricardo,
ResponderEliminar« por eu achar que é trivial desenvolver um sistema puramente electrónico, sem interacção de um utilizador, que apenas efectua registro de infracções (e apaga automáticamente toda a outra informação) tu achas que eu sou ingénuo. e precisamente por isso eu acho que és paranóico ;-)»
É trivial termos um sistema em que não há infracções. Basta toda a gente cumprir as regras. No entanto, como muitos terão interesse em violar restrições é ingénuo confiar na trivialidade de tal sistema.
O mesmo se passa com os registos electrónicos. É trivial que os registos dos teus telefonemas sejam apagados assim que pagas a conta do mês. Mas também é trivial guardá-los, e isso é útil quer para a companhia quer para alguns burocratas e então o que acontece é que até fazem leis a obrigar a retenção desses dados "por segurança".
Na prática, não há sistema como esse que tu defendes, em que os dados são simplesmente apagados sem problema para ninguém. Ou se implementa um sistema em que não haja recolha desses dados, ou os dados vão ficar armazenados.
«parece-me a mim que, baixando custos, aumentar a taxa de veículos "legalizados" (com seguro pago, por exemplo), e baixar as taxas de acidentes (por exemplo, por melhor combate ao excesso de velocidade) e de veículos roubados, estamos a contribuir para um aumento da segurança rodoviária.»
Isso não vai simplesmente a baixar custos e a aumentar a taxa de veículos legalizados. Isso seria trivial de conseguir se toda a gente os legalizasse e cumprisse a lei. Mas já sabemos como as pessoas são, e sem um controlo apertado abusam.
O problema é que para aumentar a taxa de veículos legalizados tu propões reduzir a algumas pessoas o esforço de controlar o que nós fazemos, por onde andamos, se temos a papelada em dia, etc. E, sabendo como as pessoas são, dar mais poder a uns para obrigar os outros tem também os seus custos. São esses que estás a descurar.
Quem vai controlar este sistema são pessoas, não anjos.
«claro que isso só acontece na tua cabeça: podes ter um radar RFID e não existe qualquer necessidade de teres uma base de dados para calcular velocidades médias (aliás, que ideia tão rebuscada...).»
A ideia não é rebuscada. O Reino Unido investiu imenso em tecnologia de reconhecimento óptico para fazer o mesmo sem RFID, quer para vigilância generalizada quer para controlar a velocidade média.
O sistema que propões é isto mas com o custo distribuído pelos condutores, que pagam o RFID, e poupando dinheiro ao Estado, que depois segue toda a gente mais facilmente.
«parece-me mesmo que tens alguma dose de paranóia aqui metida, aliás confirmada pela tua insistência em criar bases de dados, onde tudo o que necessitas de implementar é um leitor RFID sem qualquer necessidade de gravação de informação...»
Se dás a um grupo de pessoas a tecnologia que torna trivial a criação dessas bases de dados vão criá-las de certeza. Isso é tão certo como se deixares de fiscalizar a estrada haver pessoas que vão ultrapassar os limites de velocidade.
Lembra-te: são as mesmas pessoas.
Audi TTS Pikes Peak Driverless Racer
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=LxZSK9KMOW8
Helder,
ResponderEliminar«Ludwig, cada vez mais o preço que temos de pagar por utilizar toda esta tecnologia (RFID, GPS, telemóveis) é o fim da nossa privacidade.»
Não. Primeiro porque é possível usar esta tecnologia de forma anónima. Eu uso um cartão com RFID para andar de Metro. Cada vez que passo nas portinhas fica registado o número do meu cartão. Mas como carrego o cartão com dinheiro na máquina ninguém sabe qual é o meu cartão.
Se usar um iPhone a Apple grava os dados do meu GPS. Mas se usar um outro GPS posso saber onde estou sem ninguém me registar na base de dados.
Se comprar um telemóvel pré-pago posso telefonar e andar por aí que, mesmo que guardem a informação das antenas que uso não sabem que fui eu a usar o telemóvel.
É com as leis que podemos desviar isto como quisermos. Se proibirmos telemóveis pré-pagos e exigirmos que as operadoras retenham os dados durante cinco anos ficamos com menos privacidade. Se permitirmos que se possa ter um telemóvel anonimamente ou se proibirmos a recolha dos dados das antenas por parte das operadoras defendemos melhor a privacidade.
O que oponho aqui não é a tecnologia mas a forma como o Ricardo propõe usá-la. Se é para pagar portagens, porreiro. Se é para vigiar o pessoal todo já não.
Peca por um ponto, não vai incentivar a corrupção, pois essa não precisa de incentivos,sempre existirá e no vosso país sempre existiu, em grande escala.
ResponderEliminarAbre um novo acesso à dita corrupção, ou novos acessos?
TAlvez
facilitar abusos de autoridade,já existem e foram utilizados os registos da via verde no caso Casa Pia
problemas piores que o a cobrança célere, a necessidade de pagar elefantes brancos, ou neste caso de amortizar juros é muito mais necessária.
Os turistas e os emigrantes, que pagaram o dispendioso aparelho de estado,elefantes brancos incluídos, dificilmente o farão no futuro.
"Those who would give up Essential Liberty to purchase a little Temporary Safety, deserve neither Liberty nor Safety"
ResponderEliminar-- Benjamin Franklin
Sinceramente ultrapassa-me porque é que para pagar uma portagem temos de por um chip na matricula capaz de ser lido a centenas de metros e indissociavel do carro.
ResponderEliminarÉ como qurerem que passemos a andar com uma tatuagem nas costas da mão para pagar as contas do supermercado. Ou um chip debaixo da pele como os cães...
Tenho de estar de acordo com o Ludwig, o que ja me chateia, mas é verdade.
Não é bem um incentivo à corrupção e aos abusos de autoridfade. É facilitar estes problemas.
Ex-assessor do Governo vende chips para SCUT
ResponderEliminarPedro Bento passou do gabinete do secretário de Estado Paulo Campos para a empresa pública que gere o sistema de portagens nas autoestradas. E já este ano transitou para a empresa fornecedora dos mecanismos de pagamento nas SCUT.
http://aeiou.expresso.pt/ex-assessor-do-governo-vende-ichipsi-para-scut=f590692
sxzoeyjbrhg,
ResponderEliminarBoa, não tinha encontrado a notícia do Expresso, pense que fosse só em papel... Obrigado.
João,
ResponderEliminar«Tenho de estar de acordo com o Ludwig, o que ja me chateia, mas é verdade.»
Pois, a ver se implicas com alguma coisa que isto assim é uma seca :)
(se bem que com o volume de comentários que tenho recebido isto está cada vez mais difícil para discutir... :P
Se quiser filtrar algum ou alguns comentadores consulte este post
ResponderEliminarYour theory about the problem is correct.
that is true ..."Those who would give up Essential Liberty to purchase a little Temporary Safety, deserve neither Liberty nor Safety"...but, if you listen to the commentary, they talk about the signs, it's a monetary question.
They also name the roads associated with each of the incoming returns by chip via.
They're all (one exception)serve small home towns they don't have the monetary expression to made the total payements, and only cover the conservation rates.
the biggest bridge in Denmark, also near Valenci having both worked this solutions.
I can guarantee that the brute cost of this structures is going to cost you dearly
free or bust?
make that , students
"No entanto, como muitos terão interesse em violar restrições é ingénuo confiar na trivialidade de tal sistema"
ResponderEliminarludi, surpreende-me que logo tu insistas em saltar por cima das actuais capacidades dos sistemas de gestão de informação. naturalmente que existem N possibilidades de segurança electrónica para evitar esses problemas... essa é uma discussão de implementação, não uma discussão da utilidade do sistema.
"É trivial que os registos dos teus telefonemas sejam apagados assim que pagas a conta do mês. Mas também é trivial guardá-los"
exacto. mas precisamente para regulamentar esses problemas existem comissões de protecção de dados etc. e essa é sem dúvida uma discussão importante a qual nunca me opus. o que eu critico é a rejeição pura e simples de uma tecnologia por "medo do monstro papão". como já disse em cima se a discussão fosse "muito bem, excelente ideia, mas vamos começar por discutir a segurança e privacidade dos dados" eu estaria em pleno acordo. ora não foi nada disso que ocorreu na AR!
ao caminharmos para um mundo de internet of things onde tudo terá o seu endereço de IP, penso ser bastante mais inteligente ter já estas discussões de segurança e privacidade de dados em contextos como este, com aplicações simples e úteis ao mesmo tempo, do que seguir a rejeitar todos os avanços tecnológicos nesse sentido com medo sei lá do quê, e um dia acordares com um IP na almofada e realizares que a discussão que tanto defendias nunca foi realmente feita...
Ricardo,
ResponderEliminar«ludi, surpreende-me que logo tu insistas em saltar por cima das actuais capacidades dos sistemas de gestão de informação.»
O que ilustra a necessidade de confirmar resultados surpreendentes :)
Um aistema de segurança informática tem dois componentes fundamentais. O sistema em si, e os utilizadores. A segurança é determinada pelo elo mais fraco.
Na ausência de incentivos para assegurar a destruição da informação ou limitar o seu uso, o que a teoria prevê e se observa na prática é que a informação não fica segura.
Dês as voltas que deres, vais ter de confiar esta informação toda a pessoas que não têm interesse em mantê-la confidencial, a não a utilizar, etc.
« precisamente para regulamentar esses problemas existem comissões de protecção de dados etc»
Comissão de Protecção de Dados põe em causa 'chips' das matrículas
«A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) mostrou um 'cartão vermelho' ao Governo relativamente à legislação que vai tornar obrigatória a colocação de 'chips' nas matrículas. Para a comissão, os cidadãos têm de ver assegurado o direito de não deixar rastos electrónicos.»
Comisão Protecção de Dados diz que não está garantido direito à privacidade dos condutores
«A Comissão Nacional de Protecção de Dados considerou hoje que não está garantido o direito à privacidade dos condutores na proposta de lei para tornar obrigatória a instalação de um dispositivo electrónico nas matrículas dos veículos motorizados.»
«ao caminharmos para um mundo de internet of things onde tudo terá o seu endereço de IP, penso ser bastante mais inteligente ter já estas discussões de segurança e privacidade de dados em contextos como este»
Certo. E o princípio mais importante é não deixar que organizações registem e recolham informação em massa acerca das pessoas. No caso do Estado, especialmente, limitar essa recolha e restringi-la apenas à investigação de suspeitos. Tal como a polícia não pode revistar a minha casa a menos que suspeite de algo, também não pode registar por onde ando com o carro a menos que eu seja alvo de uma investigação justificada.
Se vamos ceder este princípio só por causa das portagens ou porque vandalizam as camaras dos radares estamos tramados.
ao caminharmos para um mundo de internet of things onde tudo terá o seu endereço de IP pois mas também tudo pode ser atingido
ResponderEliminare aldrabado
e de resto no reino unido já há mais de 20 anos que se fazem registos extensivos
qual a diferença para os chips, ser filmado ou registado
de resto o filme tem mais fiabilidade
então na irlanda onde tudo se falsifica
ou doutra maneira 15mil milhões de euros a pagar em 25 anos
ResponderEliminarou 3mil milhões de contos é muito para os meus impostozitos
prefiro o big brother
é ou era o orçamento da nova para os proximos 100 e poucos anos
ou 1000 e tantos já não me lembro se andavam nos15 megaeuros ou nos 15milhões de contos
ludi: tu insistes que se deve registrar tudo, eu acho que apenas se deve registrar o que for detectado como infracção. qual de nós tem uma costela big brother?
ResponderEliminarRicardo: não é uma questão do que se "deve", mas do que se iria fazer. É tão fácil registar tudo, é tão barato o espaço para o fazer, que não há motivação nenhuma para não se registar tudo. Just in case.
ResponderEliminarRicardo,
ResponderEliminarEu não digo que se deve guardar essa informação. Eu digo que se obrigamos a pôr chips RFID nos automóveis essa informação vai ser guardada. É como dizer que se me esquecer de uma nota de 20€ no banco do jardim alguém a vai levar. Não deviam, mas levam de certeza.
E se queres evidências disso basta procurares nos países que implementaram estes sistemas.
Ludwig Krippahl
ResponderEliminarUm outro ponto é que hoje as bases de dados estão nas mãos da política amanhã de uma empresa privada , ou pior amanhã quem ganha as eleições é uma empresa privada ...
Pois, o problema é que neste momento o futuro parece pertencer cada vez mais às grandes organizações sem pátria sem ideais e com uma grande sede de poder.
Sei que no básico concordarás com o isto tb
implementaram estes sistemas.
ResponderEliminare qual o problema fizcalização mais eficaz de contravenções
da velocidade média na autoestrada
quem não quiser que utilize as outras soluções rodoviárias
perda de liberdade
ora se já existe
mais um bocadinho
direitos
a maior parte tem poucos
só os previlegiados sociais e políticos os têm
e alguns dos económicos, ter dinheiro não significa ter direitos acrescidos
poucos podem processar o estado e esperar desenvolvimentos nesse processo
excepto se estiverem dentro do sistema
e a burocracia é tanta que a busca informática de dados resulta muitas vezes ineficaz
ResponderEliminarpelo menos com os actuais sistemas
mesmo os sistemas da brisa enviam notificações com informação errónea
e em portugal por enquanto como meio de prova ainda pode ser contestado
por isso
Não percebo se quer que as leis sejam cumpridas, dado o elevado número de pequenos crimes e contravenções, mais de 1 milhão de registos anuais, contravenções por estacionamento, só no sul de Portugal ultrapassam o meio-milhão.
ResponderEliminarComo pretende que o estado, cujos meios são limitados, 40 mil polícias e gnr a maioria em serviços internos e não de patrulha.
Como pretende que se identifiquem e punam os infractores?
É impossível e da impunidade do crime ou contravenção, geram-se novos crimes.
Acho que falta algum fundamento, quais são então as soluções?
ResponderEliminarE os materiais que chegam às tais "zonas mais problemáticas", vêm de zonas "menos problemáticas",como os jornalistas referem por exemplo os bairros sociais de Sesimbra como "problemáticos", mas os fluxos de dinheiro e os traficantes moram em Azeitão, na Costa da Caparica,etc.
ResponderEliminarSe não houver registro dos trânsitos como fazer prova em tribunal.
Ou espera apanhar todos os contraventores em flagrante delicto?
Ava,
ResponderEliminarSim, falta o fundamento. Vou tentar escrever um post em breve sobre isso.
Neste caso particular, acho que reduzir coisas como estacionamentos ilícitos e seguros caducados não compensa criar o problema de dar a algumas pessoas toda a informação acerca de onde todos andamos com os carros. O problema que criamos é maior e mais grave do que o problema que resolvemos.
Como pretende que o estado, cujos meios são limitados, 40 mil polícias e gnr a maioria em serviços internos e não de patrulha.
ResponderEliminarÉ das maiores polícias da europa per capita.
Ava
ResponderEliminarO tráfico de droga só é problemático porque não existe vontade de irradiar a raiz da coisa: a ilegalidade.
Tenho a profunda certeza que com uma política de educação para a responsabilidade por um lado e uma disponibilização de drogas sintéticas muito mais seguras e com custos muito mais baixos reduzirias o mercado paralelo.
O que existe é um moralismo bacoco onde qualquer um pode beber até à morte enquanto fuma cigarros até aos cancro de pulmão mas por outro lado se quiser aceder livremente a anfetaminas produzidas por processos laboratoriais mais do que conhecidos e com riscos em doses recreativas muito marginais tem de ir comprar a bairros manhosos.
Enquanto for assim compensará nos bairros viver à custa disto.
Quando se abrir o mercado isso acaba em dois tempos
Ricardo Schiappa,
ResponderEliminar"parece-me a mim que, baixando custos, aumentar a taxa de veículos "legalizados" (com seguro pago, por exemplo), e baixar as taxas de acidentes (por exemplo, por melhor combate ao excesso de velocidade) e de veículos roubados, estamos a contribuir para um aumento da segurança rodoviária."
O problema é o preço que se paga por isso. Quando um dia quiseres deslocar-te no teu carro a qualquer lado e ficares com medo de o fazer pq "alguém" (pais, namorada, esposa, patrão, polícia, etc...) pode vir a saber onde foste, vais saber qual é o preço. E se os percursos efectuados forem enviados numa factura para casa, nem será preciso fugas de informação.
"podes ter um radar RFID e não existe qualquer necessidade de teres uma base de dados para calcular velocidades médias (aliás, que ideia tão rebuscada...)."
Sim... é uma ideia tão rebuscada que até a Q-Free faz alarde que a sua tecnologia é usada para isso em Estocolmo:
http://www.q-free.com/solutions/traffic-surveillance/
Outros problemas da coisa que ainda ninguém abordou aqui, mas constam da carta da LED ao PR, é que qualquer pessoa pode colocar uma antena onde quiser e registar quem por lá passa. Poderão não ter a base de dados do estado com as identidades correspondentes, mas com vários pontos de recolha até poderão identificar algumas pessoas (por exemplo pelo percurso casa-emprego). Empresas privadas também podem começar a identificar os seus clientes pelo RFID, e tanto podem fazê-lo para fins desejados pelo cliente, como não.
ResponderEliminarO outro problema é a clonagem dos identificadores, podendo alguém circular e imputar os custos ao dono do RFID copiado. Se os identificadores poderem ser re-escritos remotamente ainda outras possibilidades se abrem.
Os passaportes dos EUA com RFID já demonstraram alguns destes problemas, sendo até recomendado que sejam transportados em bolsas q impedem a sua leitura remota.
Ricardo Schiappa,
ResponderEliminarOutro ponto q me esqueci de referir no comentário anterior. Mesmo que o governo se comprometa (e/ou proíba) a criação de bases de dados de deslocações, nada impede que um futuro governo, por exemplo num ataque de histeria securitária após um ataque terrorista, comece a fazer bases de dados e com elas iniciar uma caça às bruxas. É ver o q tem acontecido em Inglaterra nos últimos anos (e com um governo de esquerda, fará se fosse de direita). E na europa em geral onde é agora obrigatório guardar registos de chamadas telefónicas e emails enviados.
Recomendo a leitura do romance (juvenil) Little Brother do Cory Doctorow. É um belo alerta para os abusos que podem acontecer após um atentado terrorista (e como lutar contra eles). Inclui estas coisas dos RFIDs, a "caça às bruxas" que é possível fazer com eles, e a sabotagem q se podem fazer. É um 1984 para as gerações actuais. Cuidado, pois é difícil de largar depois de começar a ler. :)
É tendencioso sensionalista, sim é um 1984 para as gerações actuais...
ResponderEliminarcom tudo o que de negativo isso tem