Manifesto.
A União Portuguesa dos Técnicos de Higiene Doméstica e a Associação de Empresas de Limpeza ao Domicílio fundaram um movimento popular espontâneo para representar os muitos cidadãos preocupados com o grassar da pirataria na lide doméstica. O Movimento Anti-Pirataria em Lavatórios, Esfregonas e Toalhas, MAPiLET, pretende assim educar os cidadãos, esclarecer os legisladores, lutar por leis mais eficazes e por uma fiscalização que, finalmente, proteja eficazmente esta indústria essencial ameaçada pela limpeza ilícita.
Infelizmente, é cada vez mais prática corrente entre os portugueses que os membros de cada agregado familiar executem gratuitamente, sem regulação profissional e sem qualquer licenciamento, trabalhos de limpeza que ficariam de outra forma a cargo de técnicos especializados que merecem ser ressarcidos por estes serviços e pelo seu trabalho. Os números, mesmo por alto, mostram a enormidade do problema. Se cada agregado familiar despender nem que seja uma hora por dia em trabalhos domésticos, com cerca de três milhões de famílias em Portugal e uma média salarial de 5€ por hora neste sector, temos uma perda económica de quinze milhões de euros por dia! Isto são mais de cinco mil milhões de euros por ano, ou 2% do PIB português! É evidente que esta situação não pode continuar, pois não só ameaça toda uma classe profissional como rouba ao Estado mais de mil milhões de euros por ano em impostos que ficam por cobrar a esta economia paralela e imoral.
O MAPiLET pretende assim chamar a atenção para este problema e consciencializar os muitos portugueses que, estamos convictos, lavam a sua loiça, roupa e chão sem intenção de prejudicar ninguém mas apenas por mau hábito, porque nunca consideraram o mal que fazem aos profissionais desta área ou porque julgam tratar-se de um “crime sem vítimas”. Que mal terá, perguntará o português médio, que eu lave o prato que sujei? Pois cada prato que lava rouba uma lavadela aos legítimos profissionais da lavagem. Pessoas que, como qualquer trabalhador, merecem receber ou pelo trabalho que fazem ou pelo valor da licença para se fazer trabalho como o que eles poderiam fazer se fossem pagos para isso.
Há também a questão importante do usufruto ilegítimo das ideias alheias. Lavar os copos primeiro, quando a água está limpa, escorrer a esfregona torcendo-a ou lavar a roupa de cor separada da branca são algumas de muitas técnicas importantes das quais tantos tiram partido sem ressarcir os autores. Os autores ou, mais propriamente, os gestores dos direitos de cobrar licenças sobre estas coisas. O consumo não remunerado destas técnicas não só prejudica a economia como é um acto claramente imoral. Há que combater a aceitação social dos piratas que “partilham” estas coisas permitindo que muitos consumam este conhecimento sem respeitar o esforço e o trabalho de quem desenvolveu estas técnicas (ou os seus representantes legais).
Mas o problema não é só de consciencialização. É também um problema de legislação. Porque há grandes interesses financeiros escondidos por trás da limpeza não autorizada. Empresas que vendem aspiradores e máquinas de lavar, detergentes e outros utensílios de limpeza, têm todo o interesse em perpetuar este regime anárquico no qual cada um lava o que quer e limpa o que lhe apetece, chegando até a insinuar na publicidade que quem compra uma esfregona pode limpar o chão as vezes que quiser sem dar satisfações a ninguém.
O MAPiLET faz assim ouvir os inúmeros cidadãos e cidadãs revoltados contra esta situação, e exige do sistema judicial medidas eficazes no combate à pirataria da limpeza. Registos completos da venda de equipamento de limpeza e utensílios multi-usos, como escovas de dentes e sabonetes, que possam ser usados na limpeza doméstica, para permitir identificar os prevaricadores. Um regime de avisos e notificações que, à terceira infracção, corte o fornecimento de material de limpeza aos que se recusem a respeitar estes direitos. Eliminar as lacunas legais que permitem piratear impunemente a higiene doméstica invocando a “privacidade” do lar. E, acima de tudo, acabar com os sites de “dicas” que proliferam na Internet e onde se distribui sem autorização informação proprietária acerca de como lavar chão encerado, abrilhantar talheres ou limpar cortinados.
Estamos certos que com o apoio popular o MAPiLET atingirá os seus objectivos sem que as associações fundadoras se zanguem e se vão embora. Em data a anunciar planeamos provar a todos que se pode limpar com impunidade organizando uma demonstração pública onde varreremos o chão e limparemos vidros de automóveis sem pagar as licenças devidas.
Por lares livres da Pirataria e uma sociedade limpa com justiça, porque combater a Pirataria é um sinal de cultura e Civilização!
:D
ResponderEliminarGuru do software livre "prefere" Microsoft à Apple
ResponderEliminarNem a Microsoft nem a Apple gozam da "simpatia" de Richard Stallman, mas numa comparação entre as duas gigantes, a Apple consegue estar ainda menos "cotada" do que rival Microsoft para o guru do software livre, sendo referida pelo mesmo como "inimigo público número um".
[...]
Apesar das maiores críticas se destinarem à empresa gerida por Steve Jobs, o negócio de Steve Balmer não foi poupado. "Não nos importa o que fazem empresas como a Microsoft. Nós desenvolvemos programas livres, distribuímo-los e assim ajudamos outros utilizadores, e se a Microsoft não gosta que vá para o diabo".
O tema da pirataria também foi comentado, com Richard Stallman a defender que "pirataria é navegar para atacar os utilizadores, não partilhar conteúdos" e salientando que as leis que proíbem a partilha de ficheiros publicados online são injustas e carecem de força moral.
Na sua opinião há outras formas de partilhar dividendos relativos à propriedade intelectual e sugere, nomeadamente, a criação de um esquema em que os fãs paguem voluntariamente determinada quantia aos seus ídolos.
http://tek.sapo.pt/noticias/computadores/guru_do_software_livre_prefere_microsoft_a_ap_1074262.html
E mais a treta das patentes:
Amazon consegue patente sobre redes sociais
A Amazon conseguiu, junto do organismo norte-americano competente, o registo de uma patente para "rede social" que reproduz modelos de redes sociais já existentes, como o Facebook ou o Hi5.
No texto que acompanha o pedido de patente - que demorou mais de dois anos a ser aceite - são usados termos familiares como "mecanismos que permitem ao utilizador comunicar com outros utilizadores (...) e receber notificações automáticas das actualizações feitas pelos seus contactos".
[...]
Esta não é a primeira vez que o organismo norte-americano concede patentes relativas às redes sociais. Em Fevereiro deste ano, o Facebook conseguiu registar uma patente sobre os feeds, requerida em Agosto de 2006.
http://tek.sapo.pt/noticias/internet/amazon_consegue_patente_sobre_redes_sociais_1072703.html
Aproveito para deixar aqui este artigo interessante sobre a Internet, em especial o ponto nove acerca da propriedade intelectual:
ResponderEliminar9 OUR INTELLECTUAL PROPERTY REGIME IS NO LONGER FIT FOR PURPOSE
In the analogue world, copying was difficult and degenerative (ie copies of copies became progressively worse than the original). In the digital world, copying is effortless and perfect. In fact, copying is to computers as breathing is to living organisms, inasmuch as all computational operations involve it. When you view a web page, for example, a copy of the page is loaded into the video memory of your computer (or phone, or iPad) before the device can display it on the screen. So you can't even look at something on the web without (unknowingly) making a copy of it.
Since our current intellectual property regime was conceived in an era when copying was difficult and imperfect, it's not surprising that it seems increasingly out of sync with the networked world. To make matters worse (or better, depending on your point of view), digital technology has provided internet users with software tools which make it trivially easy to copy, edit, remix and publish anything that is available in digital form – which means nearly everything, nowadays. As a result, millions of people have become "publishers" in the sense that their creations are globally published on platforms such as Blogger, Flickr and YouTube. So everywhere one looks, one finds things that infringe copyright in one way or another.
This is a disagreeable but inescapable fact – as inescapable in its way as the fact that young adults tend to drink too much alcohol. The only way to stop copying is to shut down the net. There's nothing wrong with intellectual property (or alcohol), per se, but our copyright laws are now so laughably out of touch with reality that they are falling into disrepute. They urgently need reforming to make them relevant to digital circumstances. The problem is that none of our legislators seems to understand this, so it won't happen any time soon.
http://www.guardian.co.uk/technology/2010/jun/20/internet-everything-need-to-know
Lindo :)
ResponderEliminarLudwig,
ResponderEliminarse este artigo é da sua autoria, como presumo que seja, não posso deixar de dizer, de passagem, aliás, que este é o seu elemento. Darwins e evoluções, ateismos e fantasias? Repondere seriamente.
"Lavar os copos primeiro, quando a água está limpa, escorrer a esfregona torcendo-a ou lavar a roupa de cor separada da branca são algumas de muitas técnicas importantes das quais tantos tiram partido sem ressarcir os autores."
ResponderEliminarÉ verdade. Mas penso que ninguém te quer retirar o prazer de pegares na guitarra para tocares uma musica que gostes.
Mas já acho de bom tom pagar se ao invés de seres tu a tocar a música preferires ouvir uma produção que custou bastante a , lol, produzir.
Nem tudo tem paralelos Ludwig e neste caso o teu exemplo é comparável à situação em que interpretas a musica à tua maneira usando as técnicas que o compositor usou.
Acho que Mozart já não tem copyright mas há uma diferença entre a 9a num teclado casio e a 9a numa produção enorme com musicos profissionais, estúdio para orquestra etc...
Quem gosta e aprecia aquela produção da 9a deveria pelo menos compensar a empresa que possibilitou que essa obra fosse produzida.
Mas imagino que não te aborreça um futuro de teclados casio e quanto a isso não há nada a fazer. :)
Carlos Soares, estou certo que se não fosse da autoria do Ludwig, o autor estaria mencionado.
ResponderEliminarDe qualquer das formas, muito bom texto. Assim sempre arranjo uma desculpa para me escapar de tarefas domésticas: "ah e tal... é imoral!"
LOL, fez-me lembrar uma bd (espanhola??) que li há uns anos sobre um fulano que é preso porque fez umas reparações de mobilia em casa sem recorrer aos especialistas do ramo. E ainda levou uma cana maior quando a esposa confessou que ele tambem mudava lampadas e fazia pequenas reparações electricas nas tomadas que pifavam.
ResponderEliminarO mundo está perdido. Já reparaste que os putos de hoje nem sabem pegar num alicate? Lembro-me bem que um dos melhores presentes de aniversario que tive foi uma caixa de ferramenta que o meu pai me ofereceu, provavelmente farto de me ver dar cabo da dele, lol.
Wyrm,
ResponderEliminar«É verdade. Mas penso que ninguém te quer retirar o prazer de pegares na guitarra para tocares uma musica que gostes.»
Pensas mal :)
Eu costumava usar o OLGA, por exemplo.
«Nem tudo tem paralelos Ludwig e neste caso o teu exemplo é comparável à situação em que interpretas a musica à tua maneira usando as técnicas que o compositor usou.»
Se reparares quem fundou o MAPiNET verás que não foram músicos. Foi malta como a ACAPOR, a associação de clubes de vídeo. Ou seja, os tipos que compram DVDs para alugar que se queixam do pessoal não lhes alugar os DVDs porque saca os filmes da net.
Se eu componho uma música crio algo de que é legítimo, e legal, tu usufruires gratuitamente. Podes ouvir um CD emprestado, cantar, ouvir em casa de um amigo, etc. O que é ilegal é criares uma cópia do CD ou distribuir uma sequência de números na 'net que represente essa música. Ou seja, fazeres tu o trabalho nada criativo de cópia e distribuição.
O paralelo que faço neste texto é entre o trabalho de lavar pratos e o trabalho de copiar CDs.
Carlos,
ResponderEliminar«se este artigo é da sua autoria, como presumo que seja, não posso deixar de dizer, de passagem, aliás, que este é o seu elemento. Darwins e evoluções, ateismos e fantasias? Repondere seriamente.»
Obrigado pelo comentário, mas quanto à evolução e ateísmo também os ponderei seriamente. Se reparar, a diferença principal entre estes temas é apenas que uns chocam contra as suas crença pessoais e os outros não...
E sim, é da minha autoria, se bem que se aparecesse um MAPiLET destes hoje já não me surpreendia tanto. Afinal, se a Amazon pode patentear «mecanismos que permitem ao utilizador comunicar com outros utilizadores», como refere o sxzoeyjbrhg, também poderão patentear a forma como esprememos a esfregona...
sxzoeyjbrhg,
ResponderEliminarObrigado pelos links.
E Wyrm, devias ler essa parte pelo menos ("9 OUR INTELLECTUAL PROPERTY REGIME IS NO LONGER FIT FOR PURPOSE"). Porque o problema não é a tal coisa vaga que alegam sempre, do usufruto da obra do autor sem o recompensar. Como tu próprio admites, podemos cantar, ouvir e partilhar músicas de borla sem complicações morais ou legais.
O problema é só a cópia e distribuição. Há pessoas que nem sequer são autores mas que têm o monopólio legal sobre os serviços de copiar representações da obra e distribuir representações da obra. Mas copiar e distribuir é algo que agora é trivial de fazer. É um serviço que vale zero.
Ludwig, é óbvio que eu não defendo legislação adicional nem os mapinetas nem afins. O que eu contesto é a tua one size fits all approach.
ResponderEliminarQuando tu falas da distribuição livre e afins tu misturas duas coisas: uma é a ideia, a criação, outra é o produto, a materialização dessa ideia que, por acaso, pode ser representada em bytes que são fáceis de guardar e copiar.
Eu pessoalmente estou-me nas tintas para que a malta saque as pautas ou cante no chuveiro ou oiça a musica em casa do amigo. Mas eu acredito que o usufruto deve ser compensado. Usufruto para mim ultrapassa os exemplos que dizes. É quando alguém procura um álbum específico, de um músico específico, se o ouve repetidas vezes e isso o enriquece como individuo, porque motivo não haveria de compensar o criador? E por criador eu entendo o músico e aqueles que investiram para que o músico gravasse naquelas condições.
A musica é uma série de notas. Essas notas podem ser tocadas num teclado casio ou por uma orquestra. E apesar de todos os motivos altruístas de partilha de ideias e afins serem louváveis, na verdade ninguém copiaria a 9a Sinfonia se interpretada com guitarra e ferrinhos apesar de ser completamente fiel à pauta e ter toda a informação necessária. Agora a 9a interpretada pela orquestra de Berlim já é outra coisa. Isso custa dinheiro.
E é apenas isso que eu contesto. Partindo do 80 actual para o teu 8 o que me parece que vai acontecer é que deixando de contar com vendas como fonte de receita os criadores/produtores de musica terão maiores dificuldades em obter financiamento para produções de qualidade. O processo criativo passará por um longo período de angariação de fundos pois trabalhar mediante fan-funding poderá ser engraçado mas será que os fans que contribuíram com 10€ há 1 ano atrás estarão dispostos a arriscar financiar outro musico?
Neste caso eu apenas gostava que percebesses que no teu mundo de livre cópia muito rapidamente deixaria de haver algo que valesse a pena copiar. Musica e filmes amadores podem ser engraçados e até se podem encontrar textos engraçados mas a tua atitude em relação ao copyright simplesmente destruiria toda a actividade profissional de qualidade. E não Ludwig, não se pode comparar o matemático ao músico e é desonesto fazê-lo.
Aquilo que te faz defender com unhas e dentes a livre cópia é de facto louvável e eu concordo contigo em imensa coisa. Mas as tuas receitas destruiriam industrias muito para lá dos simples copiadores de livros, cd's , dvd's ou alugadores de filmitos...
Wyrm,
ResponderEliminar«Eu pessoalmente estou-me nas tintas para que a malta saque as pautas ou cante no chuveiro ou oiça a musica em casa do amigo. Mas eu acredito que o usufruto deve ser compensado.»
Se partes de uma contradição não chegas a bom sítio... Então cantar não é usufruir da música? Programar não é usufruir do conhecimento obtido nas aulas de programação? Calcular quanto calha a cada um pelo jantar não é usufruir da matemática? Se não, então por favor define "usufruir". Se sim, então penso que deves rever a tua posição acerca da compensação pelo usufruto.
A própria ideia de compensação mostra como estás enganado. Tu tens de me compensar se me prejudicares ou se me custares algo. Por exemplo, se trabalho para ti tens de me compensar o esforço e tempo. Mas se eu conto uma anedota e tu te ris esse incremento de felicidade, por si só, não exige compensasão nenhuma em relação ao que seria se não achasses graça. Não é o teu prazer que te obriga a compensar-me, mas o custo que me impões.
Também baralhas a materialização da ideia. Supõe que eu componho uma música, toco na viola e tu gravas sem eu saber. Quem materializou a ideia foste tu, que a gravaste num suporte material. Mas quem a teve e a exprimiu fui eu. No entanto, tu defendes que tens todo o direito de exprimir a mesma ideia, cantando a música, sempre que quiseres sem eu to poder proibir, apesar de ser a música que eu compus, enquanto defendes que eu tenho é que tenho o direito exclusivo sobre a gravação, que foste tu que fizeste.
Esta distinção não tem nada que ver com questões morais ou de autoria. Tem que ver apenas com a aceitação pragmática de uma diferença à qual estávamos habituados mas que agora já não é assim.
Antigamente o processo dividia-se em duas partes. Compor, gravar, copiar e distribuir custava dinheiro e exigia trabalho. Essa era a parte que era remunerada e regulada por leis comerciais. E a parte de cantar no duche, ouvir, ensinar aos amigos, ler da pauta ou emprestar que não era trabalho, cada um fazia porque queria e facilmente, e estava no domínio do quem quer que faça.
A divisão hoje está num ponto diferente. Compôr e gravar dá trabalho. Copiar e distribuir está na categoria de cantar no duche, das coisas que todos podem fazer por si sem remuneração.
Isto exige uma alteração no sistema de exploração comercial, e podemos discutir se vai mudar para pior ou melhor, mas, seja como for, é incompatível com o modelo antigo e qualquer tentativa de disfarçar isso, como a tua "compensação pelo usufruto", só faz cair em contradições.
Ludwig,
ResponderEliminarSe leste o meu texto com atenção vês o que eu entendo por usufruto.
"Usufruto para mim ultrapassa os exemplos que dizes. É quando alguém procura um álbum específico, de um músico específico, se o ouve repetidas vezes e isso o enriquece como individuo, porque motivo não haveria de compensar o criador?"
O que eu entendo por usufruto não é bem o mesmo que o cantar no duche ou ouvir a musica em casa de um amigo. Dizes que o é porque pareces colocar todas as situações ao mesmo nível. Isso depende de como se vê a música, por exemplo.
Para ti ouvir musica talvez seja apenas ter um barulho de fundo agradável mas para mim é um pouco mais que isso. Só dessa maneira é que compreendo que aches que seja uma contradição pois ouvires um gajo a tocar ferrinhos, assobios no duche, uma banda ou uma orquestra é completamente igual.
E tu falas como se eu quisesse legislar e proibir quando não é esse o caso. É como cuspir para o chão, não é nem deve ser ilegal mas diz muito acerca da higiene de quem o faz.
Relativamente ao teu exemplo ele falha porque de acordo com os meus argumentos eu nunca gravaria a música sem tu saberes. Ao fazê-lo estava a aproveitar-me não só da tua ideia, a composição, mas também do teu esforço ao interpretá-la. E sem teres a devida compensação. Isto é completamente contrário ao que pretendi expor mas admito que me tenha expresso mal. Aqui a ideia é a tua criação. Tu a tocares guitarra é a materialização da tua ideia. Eu gravar sem tu saberes seria aquilo que eu sou contra.
Eu valorizo o processo criativo e acho que a facilidade de cópia não justifica o usufruto sem qualquer remuneração. Podemos entrar no jogo das metáforas e dos malabarismos semânticos para debater a questão, mas aí entra-se no campo da retórica e "ganha" quem se lembrar dos exemplos melhores. Mas isso não quer dizer nada.
Eu já percebi que tu não gostas muito de música. Provavelmente aquilo que eu sinto quando oiço uma peça maravilhosa pode ser semelhante ao que sentes quanto vês uma demonstração elegante e complexa. Mas lá por os matemáticos publicarem livremente as suas descobertas não quer dizer que o mesmo método seja producente aplicado a todo o resto. E é aí que tu falhas.
Assobiar a ultima da Beyoncé (um nome comercial que tu conheças) não é para mim usufruir da música. Ouvir Beyoncé através do Ventrilo durante os raids da minha guilda no Age of Conan (sim, jogo MMO's) não é usufruto. Mas sacar o album da Beyoncé, ouvir o album repetidas vezes, sentir um imenso prazer a ouvir a musica é o que chamo usufruto. E não pretendo dar continuidade a leis anacrónicas como tu pareces assumir, mas simplesmente que a copia deve ser feito com alguma responsabilidade e sem prejuízo do criador e dos que investiram para que esse criador pudesse ter uma orquestra ao invés de tocar sozinho num teclado Casio.
No comentário eu tentei estabelecer a diferença entre a o assobio no duche e o que eu entendo por usufruto. Das duas uma, ou não leste o que escrevi ou não me soube fazer entender mas tu és um tipo inteligente e não acredito que não percebas exactamente o que quero dizer por usufruto. Ao apontares contradições revela que preferiste interpretar a palavra "usufruto" da maneira que melhor favorece os teus argumentos.
ResponderEliminarTambém respondes como se eu achasse que está tudo bem assim e que devem haver leis que proíbam a cópia e apresentas argumentos válidos contra isso, mas isso não é de todo o que defendo.
Eu apenas defendo que é moral compensar alguém pelo esforço que teve se eu escolho usufruir desse esforço. É para mim uma questão de bom senso. Eu gosto muito de Finntroll (o "heavy metal com celta", lembras-te :D) mas oiço sempre um album antes de o comprar. Se não me agradar após duas ou três audições então não compro o album. Mas se de repente entra para o meu top pessoal e anda sempre comigo no meu leitor e ouvir aquele album torna-se algo que me eleva e me faz sentir bem, então eu vou adquirir esse album. Mas muitos não o fazem porque afinal, já o têm no disco. E nem sequer a um concerto vão e nem uma peça de merchandising adquirem.
É como este blog. Eu divirto-me imenso a ler os posts sobre religião e os posts sobre copyright são muito estimulantes e até me têm ajudado a controlar o temperamento em debate. Por isso se um dia tu pusesses um botão para donativos aqui no blog eu contribuiria com todo o gosto. Mas tal como eu faria parte de uma minoria, o que tu defendes quando aplicado á musica ou ao cinema também faria que os investidores fugissem e apenas uma minoria de pessoas iriam financiar os músicos e/ou cineastas enquanto a maioria limitar-se-ia a esperar pelos resultados.
A minha opinião deriva do facto de eu conhecer imensos exemplos de pequeníssimas editoras que na prática funcionam de acordo com esse modelo. É frustrante verificar que existem bandas consensuais mas cujos álbuns ficam no armazém porque não vendem e nem sequer o que investiram em merchandising é escoado. No entanto os concertos estão cheios e toda a gente elogia o álbum e afins. Dando de barato que muita gente não compraria o álbum se não tivesse outra alternativa também se deve admitir que muita gente o compraria se não estivesse disponível na net.
Longe de mim querer minar a liberdade de troca de informação mas a seguinte troca de palavras eu tive imensas vezes: "FOGO! O ultimo album de X é brutal, já tenho o mp3 gasto de tanto ouvir!", "Onde compraste o album?" "Comprar para quê? está na net" e é isto que eu critico.
Desculpa lá os lençois de texto :)
sou absolutamente a favor da profissionalização das lides caseiras, tanto mais que, como estamos em Portugal e é costume entre as empresas portuguesas, deverão ser completamente subsidiadas pelo Estado :-)
ResponderEliminarE sempre era uma maneira útil do Carlos Soares passar o seu tempo.
Wyrm,
ResponderEliminarVamos então por partes. Se eu oiço uma música no rádio, procuro os acordes dessa música e desse autor e toco e canto centenas de vezes porque me dá gozo, isso conta como usufruto e deve haver uma lei que me obriga a pagar?
Por outro lado, se eu descarrego um torrent com um milhare de músicas só porque me dá na gana, nem as oiço e deixo em partilha, isso não conta como usufruto e por isso devo estar isento de qualquer intervenção legal?
«Só dessa maneira é que compreendo que aches que seja uma contradição pois ouvires um gajo a tocar ferrinhos, assobios no duche, uma banda ou uma orquestra é completamente igual.»
Eu acho que participar cantando é um usufruto maior que ouvir passivamente. Mas deixemos de lado essas questões subjectivas. Explica-me é a diferença do usufruto que é pedir um CD emprestado e ouví-lo 10 vezes ou copiar o CD e ouví-lo 10 vezes.
«Relativamente ao teu exemplo ele falha porque de acordo com os meus argumentos eu nunca gravaria a música sem tu saberes. Ao fazê-lo estava a aproveitar-me não só da tua ideia, a composição, mas também do teu esforço ao interpretá-la.»
Então supõe que chegavas a casa, pegavas na viola, cantavas e tocavas a música e gravavas a tua voz, depois de me ouvir a cantar a música que eu compus. Nesse caso já não estás a aproveitar o meu esforço e trabalho? É que em ambos os casos o meu esforço e trabalho é exactamente o mesmo, não vejo porque só num é que mereço compensação.
Há dois problemas na tua posição. Um é que assumes que a compensação é devida pelo usufruto. Isto não tem lógica nenhuma. Se me pedes para pintar a tua sala de verde deves-me o preço da tinta e da mão de obra, e quero lá saber se gostas da cor ou se mudas de ideia uma semana depois.
O outro é que queres distinguir tipos diferentes de usufruto, como cantar e ouvir, ou copiar um CD e pedí-lo emprestado, fazendo de conta que um é usufruto e o outro não. Mas o usufruto é algo tão subjectivo que pode muito bem ser que um usufrua mais de ouvir o CD emprestado, outro de ter carradas de ficheiros que nunca ouve, e outro por cantar no duche.
«Tu a tocares guitarra é a materialização da tua ideia.»
E tua a tocares a música que eu compus é a materalização da minha ideia, materializada por ti. Tenho o direito de te proibir de materializar a minha ideia? Se não, por que raio tenho o direito de te proibir de copiar uma sequência de números que representa a materialização da minha ideia? Porque usufruis mais de um mp3 do que de tocar viola? Tu estás a tentar traçar uma linha onde não há fronteira nenhuma, e o resultado não faz sentido nenhum...
Wyrm,
ResponderEliminar«No comentário eu tentei estabelecer a diferença entre a o assobio no duche e o que eu entendo por usufruto. Das duas uma, ou não leste o que escrevi ou não me soube fazer entender mas tu és um tipo inteligente e não acredito que não percebas exactamente o que quero dizer por usufruto.»
O problema é que "usufruto" é uma palavra que já tem um sentido. É o acto de tirar proveito de algo. Ao tentares estabelecer uma diferença entre tirar proveito de uma canção cantando-a ou tirar proveito dessa canção copiando o CD dizendo que um é usufruto e outro não estás a baralhar o sentido da palavra.
Pelo que eu percebi, o que tu estás a dizer não tem nada que ver com o usufruto da música. Porque a tua distinção é entre emprestares-me um CD, eu pôr esse CD no leitor e ouvir, que tu consideras legítimo, ou emprestares-me um CD, eu copiar o CD e ouvir a cópia, que tu consideras ilegítimo, mas cuja diferença não tem nada que ver com um usufruto -- posso ouvir exactamente o mesmo número de vezes e dar-me exactamente o mesmo prazer.
Depois tens esta coisa estranha:
«Eu apenas defendo que é moral compensar alguém pelo esforço que teve se eu escolho usufruir desse esforço.»
Compensar o esforço é um dever que nos incorre quando nos comprometemos a compensar esse esforço. Se te peço 100€ e me comprometo a devolver tenho o dever de o fazer. Se me dás 100€ porque queres, por muito que eu usufrua e por muito esforço que isso implique para ti não te devo nada.
Se eu lavo o teu carro só me deves compensação se me prometeste pagar. Se eu escrevo um post só me deves compensação se me encomendaste o serviço. O simples facto de usufruires de algo, por si só, não te obriga a pagar seja o que for.
Ludwig,
ResponderEliminarO conceito de agressão é subjectivo. Se tu me deres uma palmadinha da testa (a chamada belinha) eu posso gritar aqui del rei que me estás a agredir mas possivelmente o polícia não te vai prender. Mas se me deres um soco no estomago que me deixe KO então se calhar já vais para a esquadra e posteriormente a um juiz. A agressão também é algo subjectivo mas temos de tirar ilações e usar do bom senso senão os tribunais ficariam cheios processos devido a encontrões.
Por usufruto eu não pretendo nem legislar nem colocar um limite para o numero de vezes a partir do qual se considera usufruto. Sendo uma coisa pessoal cada um terá o seu limite pessoal. Apenas acho que é correcto compensares de alguma forma o autor se a sua criação te dá prazer. Ou compensar quem investiu para que uma dada obra fosse interpretada por uma orquestra.
E novamente Ludwig, eu não quero obrigar ninguém a nada. Seria melhor parares de responder ao espantalho. Relembro o exemplo do escarro no chão. Eu concordo contigo em muita coisa pois tendo em conta o avanço tecnológico as consequências para a livre troca de informação seriam tremendas caso se persista na proibição da partilha de ficheiros e afins. Mas acho que não é moral "usufruíres de algo que te dá imenso prazer e te enriquece" sem pensares sequer em compensar os que tornaram possível tu acederes a essa obra. E hoje em dia quem torna isso possível não são as distribuidoras que eu nunca defendi.
É o mesmo que um musico na rua. Eu não acho que toda a gente que passe na rua tem de por uma moeda no chapéu. E quem pára um bocado a ouvir o fulano também não. Mas percorrendo a escala de cinzentos até ao outro extremo temos uma pessoa que se senta, passe a tarde a ouvir o músico. Eu não obrigaria aquela pessoa a por uma moeda no chapéu. Mas a partir do momento em que permaneceu no local a ouvir a música e visto que sem o musico não estaria ali, seria moral ela compensar o musico pelo esforço e pela arte. É só.
Podia dizer que concordo com o Wyrm mas a discordância com o Ludwig é apenas aparente. Porque na prática não há implementação possível daquilo que todos reconhecemos ser raro: o pagamento voluntário da cópia. O que devemos então fazer com a tecnologia? Proibi-la? Ou em vez disso reformular o esquema de compensação ao autor?
ResponderEliminarEu revi em grande parte a minha ideia inicial (pré-ludwiki) sobre os downloads, acho que aprendi a reconhecer o absurdo do modelo desactualizado que nos querem impor à custa de direitos inalienáveis. Mas – sem entrar nesse jogo de gato e rato sobre o que é o usufruto - também me falta a convicção de que um novo modelo de remuneração dependente em exclusivo de um clarão inicial de popularidade (*) venha a constituir um benefício para a nossa liberdade de escolha. E digo que a discordância do Wyrm é apenas aparente porque isto neste momento é uma questão prática, tudo o que se diga em defesa do passado está algures entre a pura perda de tempo e o atentado à liberdade individual.
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(*) Penso que actualmente a “shelf-life” de um livro ou CD funciona como uma diluição do risco da editora que pode ver um progresso nas vendas de um determinado produto que tenha inicialmente desiludido, e o fim dessa possibilidade transpõe esse potencial de lucro para uma negociação única com um grupo (muito) flutuante de interessados. Receio que essa relação financeira directa entre a obra e o público aponte o futuro cultural da Super Trampa em Cuecas Com as Mamas de Fora, mais ainda do que hoje, em perfeita conformidade com a tendência do mercado.
Talvez valha a pena resumir: penso que o modelo vai mudar, tem que mudar, mas provavelmente para pior.
ResponderEliminarTens razão Bruce. Eu não discordo do Ludwig no essencial. Apenas acho que se hoje em dia muitos dos criadores são prejudicados pelas distribuidoras receio que a qualidade da produção cinematográfica e musical ficará muito pior a menos que as mentalidades mudem pois habituados a tudo de borla quem quererá compensar um criador pelo que criou?
ResponderEliminarBruce e Wyrm,
ResponderEliminarEu também acho que um problema nestas discussões é não distinguirmos o que propomos como decente e o que propomos como obrigatório por lei :)
Esclarecendo: eu acho que as restrições à cópia e distribuição sem fins lucrativos deviam desaparecer da lei. A partir daí, quem ache que os autores merecem um euro por ouvidela ou algo do género está à vontade para me tentar convencer. E com alguns até talvez concorde e pague.
Quanto ao problema da qualidade, penso que estão a ser demasiado pessimistas. A arte não é gastar centenas de milhões a fazer uma réplica do Titanic para filmar uma cópia do Romeu e Julieta. Há muita coisa no YouTube com mais qualidade e bem mais barata. Eliminando as restrições à partilha e à criação de obras derivadas podemos ter coisas muito melhores. Como se fazia no tempo dos blues, por exemplo, em que ninguém tinha medo de copiar uma música de outro, dar-lhe um toque pessoal e passar a bola ao que viesse a seguir.
Se vai ou não deixar de haver produções caras, isso o mercado que decida. É a forma mais sensata de resolver essas coisas. Vale a pena gastar 500 milhões num filme? Se as pessoas quiserem pagar sem leis especiais para isso, vale. Se não, então não vale.
Finalmente, se houver algum serviço artístico que seja essencial manter mas que o mercado não possa suportar que se meta dinheiro dos impostos. Porque assim sabemos quanto é, de quem vem e para onde vai. Inventar leis para manipular os preços é sempre treta.
«isso o mercado que decida. É a forma mais sensata de resolver essas coisas.»
ResponderEliminarO mercado é essencialmente estúpido, Ludwig. Será mais correcto dizer que o mercado é, por incrível que pareça, a solução menos má para muita coisa que não a cultura...
Bruce,
ResponderEliminarNão estava a falar de cultura. Cultura é a expressão espontânea das pessoas em geral, dos artistas, dos inovadores e dos génios que dão aqueles saltos de vez em quando. Para isso não é preciso fortunas. É preciso educação e acesso fácil à cultura.
Estava-me a referir especificamente ao orçamento dos filmes de verão. Se devem rondar os milhões, as dezenas de milhões ou as centenas de milhões é uma decisão que deve ficar a cargo do público. Do mercado. Mas o número de helicópteros que o Bruce Willis rebenta não é uma questão cultural.
Ludwig,
ResponderEliminarEstás a dar-me com a falácia dos três morceguinhos, segundo a minha taxonomia. O dinheiro desses helicópteros ou existe ou não existe. E existindo, podes gastá-lo de muitas maneiras sem convidar o Bruce Willis.
«O dinheiro desses helicópteros ou existe ou não existe. E existindo, podes gastá-lo de muitas maneiras sem convidar o Bruce Willis.»
ResponderEliminarExacto. Se muita gente quer gastá-lo a ver o Bruce (tu ou o Willis) em 3D a rebentar helicópteros, pois seja. Se preferem gastá-lo em jogos para a playstation, concertos do Trio Odemira ou flores para as namoradas, seja.
O que defendo é que não se deve criar uma lei para canalizar esse dinheiro das floristas para os estúdios de Hollywood.
Agora se o cinema está em perigo e a sociedade considera que é um bem cultural a preservar, então que invistam em escolas de cinema, que organizem festivais de cinema, que contratem cineastas para fazer filmes, etc. Quando o mercado não funciona, pois mete-se a mão nos impostos.
O licenciamento do direito de cópia acompanhado do policiamento das internets é que é um meio termo da treta, um género de concessão de impostos a empresas privadas.
«Se muita gente quer gastá-lo a ver o Bruce (tu ou o Willis) em 3D a rebentar helicópteros, pois seja. Se preferem gastá-lo em jogos para a playstation, concertos do Trio Odemira ou flores para as namoradas, seja.»
ResponderEliminarProponho que recordes os programas que vias na TV em miúdo. Reconheces hoje um ganho qualitativo mesmo garimpando as dezenas de canais que não tinhas (nem pagavas) dantes? Eu vejo nessa trajectória a tal mão do mercado que tu aguardas hoje, parece-me, com uma certa dúvida expectante...
Essa coisa da produção cultural precisa de uma mão invisível só que das outras :) Não digo exactamente soviética mas tenho como certo que a cultura precisa de ser promovida do lado nacional, sistémico, por quem saiba o que está a fazer (e tenha orçamento para fazê-lo) e do lado industrial por empresas com estaleca para correr riscos. É a estas que a vida útil de um produto - segundo o controverso mas proscrito copyright - pode beneficiar os raros excêntricos que não se benzem com um pedaço de relva ao entrar no campo. Já a escarrar.
Bruce,
ResponderEliminar«Proponho que recordes os programas que vias na TV em miúdo. Reconheces hoje um ganho qualitativo mesmo garimpando as dezenas de canais que não tinhas (nem pagavas) dantes?»
Reconheço que há muita bosta na TV hoje. E admito que até gostava de ver o Engº Sousa Veloso no TV Rural. Mas um dos canais que tenho hoje é o RTP Memória e posso dizer-te que, se bem que o ganho não tenha sido muito, mesmo assim há programas melhorzitos agora.
Além disso vejo muito pouca TV. Tenho Internet. Graças ao mercado, à "pirataria", e à investigação subsidiada pelo Estado.
«Essa coisa da produção cultural precisa de uma mão invisível só que das outras :) Não digo exactamente soviética mas tenho como certo que a cultura precisa de ser promovida do lado nacional, sistémico, por quem saiba o que está a fazer»
Concordo. Chamo-lhe educação, mas é isso.
«e do lado industrial por empresas com estaleca para correr riscos.»
Talvez se as deixarmos por sua conta. Mas se lhes damos monopólios e as deixamos viver do que outros fizeram só porque lhes compraram os "direitos" não funciona.
«Reconheço que há muita bosta na TV hoje. E admito que até gostava de ver o Engº Sousa Veloso no TV Rural.»
ResponderEliminarEu segui religiosamente o TV Rural e nunca o Engº Sousa Veloso nos mostrou bosta na televisão! Nunca! Caluniador :(
Mais a sério. Isto está um pouco em off-topic mas reconhece lá que havia pelo menos um sentimento de utilidade naquilo que se transmitia ao país, uma utilização mais racional e de um meio poderoso. Talvez eu tenha escolhido mal a comparação, é verdade que hoje no meio de tanta coisa sempre se apanham algumas que vale a pena ver. Mas dos Monty Python passámos aos malucos do riso, do Attenborough passámos ao documentário do documentário narrado sem pés nem cabeça (as mandíbulas, o veneno, a filmagem da filmagem). Quando dizes
«se bem que o ganho não tenha sido muito, mesmo assim há programas melhorzitos agora.»
eu consigo fazer um esforço para concordar. O António Sala já não aparece tanto, as telenovelas são filmadas sem microfones à vista e os programas como o que apanhei ontem na 2, onde se compararam pela mão da National Geographic explicações alternativas envolvendo extraterrestres na engenharia do antigo Egipto e das civilizações sul americanas, mantêm-se relativamente raros. Mas a verdade é que a fórmula “o público quer e a gente faz” não pode gerir sozinha o meio cultural (de que a TV down-the-grave é apenas um pequeno aspecto). Tens a prova na relação zapping/benefício desses 100 canais que tu próprio reconheces que não servem para grande coisa. E pagas à cabeça, não exactamente como prescreves como alternativa ao copyright, mas mais perto de “remunerar directamente o que te interessa”.
Nota: lembrei-me desta coisa da TV ao longo do tempo por ilustrar um efeito directo do mercado sobre um tipo de oferta cultural. Mas a TV tem uma dinâmica específica (a disenteria), sem prateleiras, bem diferente da literatura, música ou cinema.
Bruce,
ResponderEliminarO problema de vender ao pessoal aquilo que o pessoal quer é transversal ao mecanismo da transacção. Seja pagando pelo trabalho de produzir seja pagando pelo direito de acesso, vai dar ao mesmo. As pessoas vão pagar preferencialmente o que lhes dá mais gozo, e em questões culturais e de educação isto terá de ser contrariado por algum investimento público que garanta alternativas.
E a má qualidade da TV vai-se tornando cada vez menos relevante por causa da Internet. É verdade que pago uma data de canais que não vejo. Mas porque vem tudo incluído com a net e nunca me incomodei a procurar melhor negócio noutro fornecedor.
Sei que aqui também podes dizer que há muito lixo na 'net. E é verdade. Mas há uma diferença grande. É lixo interactivo. As vezes todas que gritaste com a televisão por causa das parvoíces que te mostraram não serviram de nada. Mas agora ouvem-te. E isso é uma mais valia imensa, mesmo que o lixo seja aproximadamente o mesmo.
Essa é uma das razões porque julgo devemos rejeitar a ideia de financiar a cultura impondo restrições ao acesso e à participação. O direito de saber o que se passa, participar, aprender, e transformar as obras dos outros -- usufruir, no fundo -- é muito mais importante do que o suposto direito de proibir os outros de fazer isto ou aquilo só para ganhar mais uns trocos.
O copyright é um vestígio do sistema disentérico de distribuição. Agora que podemos andar todos no esgoto em vez de só a levar em cima com o que escolhem atirar o mecanismo tem de ser diferente.
«O problema de vender ao pessoal aquilo que o pessoal quer é transversal ao mecanismo da transacção.»
ResponderEliminarCerto. Mas a questão está em ajustar o espectro das escolhas mais para o branco ou para o negro. Uma alteração no modelo como a que prevemos, mais ou menos entusiasmados, gera a meu ver um desequilíbrio no espectro para a direcção errada. Porque é claro que “quem paga manda” e esse é justamente o problema quando fazemos da indústria cultural aquilo que já vimos acontecer em particular com a TV.
Concordo com o que acrescentas sobre as “regras do jogo”, e quero só teimar com esta
«O copyright é um vestígio do sistema disentérico de distribuição.»
O que estou a tentar apontar é que há uma aspecto positivo e insubstituível no copyright quando nos debruçamos sobre o papel das empresas que querem correr riscos e lançar no mercado um produto que está previsivelmente condenado pela autocracia da venda imediata. O fim do copyright é o fim das prateleiras.
Agora sim, despeço-me com amizade ;)
Bruce Lóse
ResponderEliminarO programa de ontem da rtp 2 foi das piores coisas que alguma vez vi.
O que estou a tentar apontar é que há uma aspecto positivo e insubstituível no copyright quando nos debruçamos sobre o papel das empresas que querem correr riscos e lançar no mercado um produto que está previsivelmente condenado pela autocracia da venda imediata. O fim do copyright é o fim das prateleiras.
ResponderEliminarConcordo contigo e com o LK.
O CR deveria existir mas por muito menos tempo. Assim a desnatagem do mercado seria possível e depois o autor que criasse outra coisa.
Maior rapidez em termos de distribuição e depois se for música há concertos, se forem livros escrevem-se mais e pode-se sempre fazer edições especiais com encadernações para coleccionadores etc.
Podemos ter um mix aceitável, o que isso implica é mais dinamismo, mais produção etc
Nota:
ResponderEliminarClaro que este sistema que eu acho praticável não fará ninguém rico com um disco, é um facto, mas isso é a vida, eu tb ainda não enriqueci LOLL
Bruce,
ResponderEliminarEu discordo que o copyright -- o direito legal exclusivo de fazer cópias -- seja um factor de inovação cultural. E penso que é fácil ver que não é se considerares o conjunto das actividades criativas e que efeito teria se esse sistema fosse aplicado no caso geral e não apenas em excepções pontuais como músicas, livros e filmes. Não partilho dessa tua preocupação porque o que as evidências me sugerem é que o copyright não passa de um subsídio à indústria de distribuição, subsídio que agora é desnecessário.
Mas há uma distinção que pode ajudar a resolver a nossa divergência nisto. Eu oponho o direito exclusivo de cópia por ser demasiado restritivo e abrangente. Restringe o acesso, proíbe a transformação e reutilização das obras, etc.
Mas não me oponho a outras formas de remunerar com base na distribuição. Um direito de venda, em vez de direito de cópia, por exemplo. Ou, melhor aínda, um direito de participação nos lucros -- um direito tal que o detentor não possa proibir ninguém de copiar, distribuir ou transformar a obra que decidiu lançar a público mas que obriga a que lhe seja dada uma parte dos lucros da exploração comercial. Esses teriam um efeito semelhante no incentivo às empresas distribuidoras sem afectar direitos pessoais mais importantes.
Seja como for, acho que o acesso fácil à cultura é um motor de inovação muito mais importante que o incentivo económico. A melhor forma de ter bons músicos é deixá-los ouvir a música toda que quiserem, como quiserem e quantas vezes quiserem. Por isso qualquer incentivo que restrinja a distribuição é um tiro no pé (razão pela qual o copyright foi uma boa ideia até há umas décadas, porque sem esse monopólio não haveria distribuição em massa; hoje é diferente).
Nuvens,
ResponderEliminarHá outro problema que estás a descurar (mas muita gente descura), e que as patentes ilustram bem.
Se não tens lei que conceda monopólios não há monopólios legais e pronto. Mas se tens uma lei que concede monopólios sobre a cópia da expressão de uma obra original ou a aplicação de um processo industrial fica tudo dependente da competência dos burocratas, da sensatez dos juízes e da honestidade dos advogados.
É isso que vemos constantemente com estas leis. Não é só as leis más ou as más intenções dos legisladores, mas a facilidade com que mesmo a lei mais bem intencionada se pode deturpar.
Por isso sou, à partida, contra qualquer lei a menos que se demonstre que é suficientemente importante para se pagar este custo além de qualquer outro que a lei acarrete. E o copyright não me parece cumprir este requisito.
Já agora, qual foi o programa da RPT2 que viste que era assim tão mau?
ResponderEliminarLudwig,
ResponderEliminarveja lá no que o seu blog está a transformar-se. Há uma "eminência" cobarde e pusilânime, sem rosto, muito laboriosa a atoardar atrás de uma máscara. Cuidado!
Eu só respondo a quem der a cara. Quanto à cobardia e pusilanimidade, lá chegaremos.
«<Mas não me oponho a outras formas de remunerar com base na distribuição. Um direito de venda, em vez de direito de cópia, por exemplo. Ou, melhor aínda, um direito de participação nos lucros -- um direito tal que o detentor não possa proibir ninguém de copiar, distribuir ou transformar a obra que decidiu lançar a público mas que obriga a que lhe seja dada uma parte dos lucros da exploração comercial.»
ResponderEliminarLudwig,
os exemplos que sugeres implicam uma regulação da cópia. Ou seja, ou copyright ou coisa que o valha. Se me abstrair por um instante de que os torrents e os rippers estão para ficar e que o modelo instalado terá que mudar a não ser que venha o Messias acabar com isto, tenho de facto mais facilidade em concordar com a ideia de que o problema é o “copyright nas mãos erradas”, arrebanhado quase criminalmente pelas distribuidoras, do que o “copyright” propriamente dito. Só que isto é história... A questão agora, conforme tu mesmo tens apontado, é saber como se poderá alguma vez passar o copyright para as mãos certas quando o próprio conceito foi vaporizado pela tecnologia...
Não estarei muito enganado se assumir que é precisamente por causa desta dificuldade que tens dedicado alguma apologia ao “ajustamento por encomenda” do trabalho criativo. Estarei?
Carlos,
ResponderEliminar«veja lá no que o seu blog está a transformar-se.»
A parte do blog que é minha são os meus posts e os meus comentários.
« Há uma "eminência" cobarde e pusilânime, sem rosto, muito laboriosa a atoardar atrás de uma máscara. Cuidado!»
Uma? Há uma data de gente sob pseudónimos vários... Mas é bom para aprendermos a consideras as ideias e alegações por si de forma independente de quem vêm.
Adenda: digo no último comentário que os teus exemplos implicam uma regulação da cópia não porque esteja a misturar o “direito de autor” no copyright (é possível, como dizes, assegurar um retorno das vendas ao autor sem chamar o copyright ao barulho) mas porque sem restringir a cópia de alguma maneira escusamos de considerar a capitalização gerada por meia dúzia de samaritanos pagantes.
ResponderEliminarCarlos Soares,
¿Que pasa?
Bruce,
ResponderEliminar«os exemplos que sugeres implicam uma regulação da cópia.»
Não. Apenas uma regulação do comércio.
O sistema que temos regula a cópia. Diz que não se pode copiar sem autorização, e depois admite algumas excepções que podem ser negadas com o DRM, que é ilegal contornar, etc.
O sistema que proponho é mais simples e menos sujeito a interpretações de advogados. É algo como todas as vendas de obras cobertas terem um IVA de +10% do que teriam e esses +10% revertem para os autores. Quais as obras cobertas dependerá de ver quais vale a pena cobrir e durante quanto tempo.
Isto não regula a cópia. Se fazes trezentas mil cópias e te sentas nelas ou dás aos amigos não faz mal.
E é claro que ainda deixa trabalho para os advogados. Se ofereces um CD da Shakira na compra do teu DVD de um ovo a cozer podem alegar que o valor da tua obra é menor que o da oferta e exigir o dinheiro.
Mas tem a virtude de passar todas estas questões para quem tem dinheiro para contratar os advogados e evita estar a fiscalizar a vida pessoal.
«A questão agora, conforme tu mesmo tens apontado, é saber como se poderá alguma vez passar o copyright para as mãos certas quando o próprio conceito foi vaporizado pela tecnologia...»
Se pensares no papel real do copyright -- financiar o investimento na cópia e distribuição, que é para onde vai 90-100% do dinheiro recolhido por isto -- percebes que quando a cópia se torna gratuita tem de se focar noutra coisa.
E o mais natural é focar no dinheiro que se transacciona. Se uma obra é vendida por 100,000€, seja às rodelas, às resmas ou ao kilobyte, então dá-se 10,000€ ao autor e pronto.
Se o problema for umas empresas tirarem o negócio a outras, então regula-se esse negócio com direitos exclusivos de venda ou o que calhe.
Mas é o negócio que se regula, e não a cópia, porque a cópia hoje em dia é trivial demais para regular.
Ludwig,
ResponderEliminarObrigado pela clarificação, apesar da minha adenda tardia. Penso que divergimos apenas no optimismo quanto ao futuro e às alternativas... Eu sou uma espécie de Vixnu em miniatura, um preservacionista compulsivo. Encaro a mudança sempre suspeitosamente :)
Bruce,
ResponderEliminar«mas porque sem restringir a cópia de alguma maneira escusamos de considerar a capitalização gerada por meia dúzia de samaritanos pagantes.»
Só se considerares apenas a capitalização pelo fabrico de cópias. Mas quando produzir cópias custa zero é óbvio que o negócio terá de ser outro. Concertos, o nome nos agradecimentos, a t-shirt assinada, o que calhar que tenha algum valor. Principalmente a produção da obra em si. Porque a cópia não vale nada, e tentar dar-lhe valor criando escassez pela força da lei é uma idiotice.
«Obrigado pela clarificação, apesar da minha adenda tardia. Penso que divergimos apenas no optimismo quanto ao futuro e às alternativas... »
ResponderEliminarPois, a minha adenda à tua também veio atrasada, por causa da mulher e os miúdos aos berros na sala (parece que há uma coisa qualquer com uma bola ;)
Mas o meu optimismo não vem tanto de achar que a produção vai melhorar. Acho que a bosta vai continuar mais ou menos a mesma... O optimismo vem da melhoria do outro lado. Porque a inovação cultural não é só ter uma ideia boa e fazer dinheiro com isso. É todos usufruirmos dela, transformarmo-la e usá-la para fazer algo melhor no futuro. E essa parte está a levar um grande empurrão graças aos torrents, youtubes, blogs e companhia.
Só tenho uma palavra para classificar este texto: "Genial".
ResponderEliminarNão levo a vida a sério senão há muito tempo que tinha dado em doido, por isso apoio sempre quem diz as coisas sérias a brincar.
Parabéns
sxzoeyjbrhg disse... fez-se viral...interessante
ResponderEliminarAproveito para
O MAPiLET pretende assim chamar a atenção para este problema e consciencializar os muitos portugueses que, estamos convictos, lavam a sua loiça, roupa e chão sem intenção de prejudicar ninguém mas apenas por mau hábito, porque nunca consideraram o mal que fazem aos profissionais desta área ou porque julgam tratar-se de um “crime sem vítimas”. Que mal terá, perguntará o português médio, que eu lave o prato que sujei? Pois cada prato que lava rouba uma lavadela aos legítimos profissionais da lavagem. Pessoas que, como qualquer trabalhador, merecem receber ou pelo trabalho que fazem ou pelo valor da licença para se fazer trabalho como o que eles poderiam fazer se fossem pagos para isso.
Gosto do manifesto pelo seu surrealismo, mas acho que estás a chamar "usufruto" a uma coisa completamente diferente do que ela na verdade é :) Se contas uma anedota de graça e as pessoas se riem, e depois a disseminam sem te dar crédito, foste tu que escolheste, por opção, lançar a anedota no domínio público. É a tua opção, e tens liberdade para o fazer.
ResponderEliminarSe és um cómico profissional que dependes do teu trabalho para sobreviver, então podes (e deves) ter a opção de poder apenas contar anedotas se fores remunerado... ou então, também por opção, podes deixar de contar anedotas e em vez disso venderes flores. O mundo perde um humorista excelente mas ganha um florista. São opções.
No entanto, se se tornar cada vez mais difícil a vida dos humoristas profissionais, ficamos só com amadores (e muito mais floristas, criando o colapso do mercado :) ).
O problema do modelo que sugeres — +10% sobre o produto para reverter directamente para os autores, mas permitindo o número de cópias ilimitado — é que obviamente ninguém vai comprar nem sequer um exemplar. Para quê, se copiar é mais fácil? Isso é realmente o que acontece com o exemplo que dás: para quê pagar pela TV por cabo, se há conteúdo de qualidade gratuito no YouTube? Nesta fase, este modelo ainda funciona (porque ainda há direitos de autor): a Google ganha dinheiro (e partilha as receitas) vendendo anúncios nos vídeos mais populares (frequentemente os com mais qualidade). A sorte da Google é ter um monopólio de facto, pois, se não tivesse, qualquer pessoa tirava de lá os vídeos e metia-os simplesmente num servidor à parte — sem anúncios, sem remuneração para os autores.
Ou seja, neste caso, a distribuição de vídeos gratuitos saiu das mãos das distribuidoras "clássicas" de vídeo com os seus "monopólios", para passar para outro gigante da distribuição, a Google (que tem outro monopólio).
Claro que o argumento é que neste modelo, as pessoas seriam livres de descarregar os vídeos da Google e enviar aos amigos por email. Hum. Não, não funciona: provavelmente enviariam pelo Gmail, onde a Google também mete anúncios e também ganha — neste caso, já sem remunerar os autores ;)
Seja como for, o meu ponto de vista é que se está apenas a passar os "monopólios" de um lado para o outro. Se todo o conteúdo for gratuito e de cópia livre, destrói-se efectivamente o "domínio" das distribuidoras ("a good thing") colapsando com o sistema actual. Mas a transferência desses conteúdos passa pela Google, Yahoo, Microsoft, outros ISPs e hosting providers — que têm os sites principais onde o conteúdo passaria a ser alojado, e que passariam a ganhar todo o dinheiro antes recebido pelas distribuidoras. Com a diferença, claro, que os pobres dos autores não veriam nem um chavo (ao menos enquanto o YouTube tiver o "monopólio" de facto, os autores ainda ganham com anúncios).
Este sistema é mais justo para os consumidores (deixam de pagar) e para os grandes sites de alojamento de conteúdo e operadores de Internet (passam a fazer balúrdios), menos justos para as distribuidoras (deixam de existir), e pouco justo para os autores (de um modelo onde já ganham pouco passam para um modelo onde não ganham nada).
Ainda não é desta que me convences da justiça de tal sistema ;) Bem, nem tu, nem o Stallman, o Lessig, Doctorow, a Beth Noveck (hoje em dia no governo Obama)...