Vida depois da morte.
Não sou dualista. Não julgo haver uma alma, substância misteriosa, a habitar o corpo e a partir quando este morre. Mas também não sou materialista no sentido de julgar que a mente é matéria. Os meus pensamentos, sensações e consciência não são coisas. São acções, algo que o cérebro e o corpo fazem. Como o aplauso, a fervura e a viagem, o que eu tenho de subjectivo são substantivos sem substância.
Para um dualista esta distinção não adianta porque o propósito do dualismo é concluir que a subjectividade sobrevive ao decaimento da matéria. Como sem mãos não há aplauso, dizer que a mente é algo que o cérebro faz não lhe dá mais durabilidade que dizer que é o cérebro. Mas permite encarar o fim inevitável do corpo de uma forma diferente. A morte do corpo passa a ser apenas uma das muitas mortes do eu, especial por ser a última mas de resto igual a tantas outras que ocorrem sempre que o cérebro pára de fazer mente. Num sono sem sonhos, sob anestesia ou mesmo quando nos distraímos. Às vezes, distraído a passear, dou por mim muito mais adiante do que esperava e sem memória de um pedaço do caminho. Algo no meu corpo decidiu descansar, matar o pendura e ressuscitá-lo umas dezenas de metros adiante. Contemplando a minha morte, não vejo a perda de algo que durou décadas. Isso é só o corpo. O que é relevante é o desaparecer desta consciência que piscou, volátil e intermitente, enquanto o corpo a foi fazendo. Ao último brilho não se segue algo desconhecido e assustador mas somente um estado de distracção, diferente dos anteriores apenas por ser irreversível.
Além disso, sendo eu acções e não uma coisa, não estou circunscrito a um só lugar e tempo. Não posso sentir pelo cérebro dos outros, mas muito do que sou – aqueles actos do meu corpo que compõem a minha personalidade e pensamentos – surgiu interagindo com os outros. Muitos pensamentos não são só meus, muitas ideias são partilhadas e até vejo nos meus filhos traços claros da minha personalidade. Por isso quando este corpo morrer eu não vou desaparecer por completo. Muito do que eu sou continuará a ser feito por aí, distribuído por vários cérebros que, para bem ou para mal, apanharam tiques do meu. Para mim será fraco consolo porque esses outros cérebros não farão nada que eu possa vivenciar. Mas, precisamente por isso, também não precisarei de me consolar. Estarei tão distraído pela morte do meu corpo que nunca mais darei por nada. São os que ficarem que precisarão de consolo, e agrada-me pensar que os consolará saber que algumas das palmas deles ainda serão parte do meu aplauso.
É pouco, mas é o que há. É melhor que a ideia da alma que sai do corpo e passa uma eternidade a fazer sabe-se lá o quê. Melhor porque uma eternidade seja do que for seria sempre um martírio. Até a melhor mousse de chocolate enjoa só de saber que é para sempre. E melhor porque ao menos é credível. Muita gente tenta agarrar a ideia da alma para se consolar quando perde alguém querido. Foi para o céu. Partiu para um mundo melhor. Mas a triste realidade é que isto não consola nada porque é obviamente treta. Por muito que se esforcem e o apregoem, conta-se pelo número de sorrisos nos funerais quantos conseguem acreditar em tal coisa. Ao menos, saber que restou alguma coisa por aí sempre consola um bocadinho. Não muito, porque a maior parte foi-se para sempre. Mas um bocadinho é melhor que nada. E é preferível tentar ver o que há de bom na realidade do que imaginar fantasias absurdas e fingir que se acredita nelas.
Este post foge de temas interessantes que têm discutido nos comentários. Peço desculpa, mas este aqui é terapia e não conversa. Por defeito ou feitio, há coisas com as quais lido melhor se as tentar ver de fora.
Quando tiver melhor disposição volto ao debate.
Ludwig,
ResponderEliminarMuito bom post, um pouco triste, é verdade, mas muito bom. Eu penso exactamente isso (mais coisa menos coisa) e é a primeira vez que vejo esta abordagem.
Além da nossa morte acontecer como dizes, ao nível da matéria ocorre, trivialmente, o mesmo. Um jovem adulto, pelo que me lembro, de 7 em 7 anos renova praticamente todo o seu corpo. Várias mortes físicas durante uma vida. A morte é uma chatice.
"Estarei tão distraído pela morte do meu corpo que nunca mais darei por nada. São os que ficarem que precisarão de consolo, e agrada-me pensar que os consolará saber que algumas das palmas deles ainda serão parte do meu aplauso"
ResponderEliminarÉ isso aí, Ludwig. Quando um gajo tem tempo e vagar para cheirar o fim vai à procura de formulações e linguagens que preencham este horror que sentimos ao nada. Só desejo nunca deixar de acreditar com confiança que essa busca pode ser muito bela.
Por muito que se esforcem e o apregoem, conta-se pelo número de sorrisos nos funerais quantos conseguem acreditar em tal coisa. Ao menos, saber que restou alguma coisa por aí sempre consola um bocadinho. Não muito, porque a maior parte foi-se para sempre.
ResponderEliminarpor esse motivo, tento viver cada momento o mais intensamente possível, porque no fim estaremos sempre sós mais vale viver com intensidade o que se vai passando entretanto, sabendo que não volta.
Por isso reprovo os interditos da ICAR, as suas regras que tornariam a passagem por cá uma verdadeira merda.
A alegria de viver intensamente é algo que parece meter medo a uyma certa igreja, talvez porque percebendo a nossa finitude não aceitemos de animo leve que nos digam o que fazer, não sem questionar, não por medo dos infernos. A verdadeira liberdade nasce de sabermos que o que fazemos conta e no fundo não vale nada .
Nisso sempre preferi a busca grega da felicidade do que a nossa tradição católica.
Mas no fundo, tudo são opiniões :)))
O post é interessante pois toca naquela que é, na minha opinião, a razão fundamental para criarmos deuses, paraísos, almas e afins.
ResponderEliminarNós não acreditamos em deuses para explicar de onde vimos mas sim porque não sabemos para onde vamos.
Provavelmente nós somos como pedras que tiveram a sorte de um momento de consciência numa eternidade de nada.
É deprimente. Mas mais deprimente é acreditar no pai natal por não querer encarar a realidade.
Bom post.
ResponderEliminarA morte é lixada para os ateus. Coragem. Manter a memoria viva é o que cabe aos vivos. Para mim isso faz sentido. Mas não há nada que alivie completamente o sentimento de perda.
Parabéns, Ludi. Um dos teus melhores posts de sempre!
ResponderEliminarAproveito apenas para fazer uma pequena reflexão: porque é que achamos "deprimente", "triste", etc., toda esta questão da morte? Parece-me que é relativamente simples: os nossos antepassados que não sentiam assim em relação à morte viviam um vida mais arriscada (sem medo da morte arrisca-se mais!) e, em média, por isso mesmo, viviam menos tempo, logo tinham menos probabilidades de conseguir passar os seus genes. Mesmo admitindo o cenário em que esses antepassados "destemidos" passavam os seus genes tão bem como os "que tinham medo da morte", quando alguém morria, os segundos ficavam tristes (porque, entre outras coisas, também se apercebiam do seu inevitável fim) enquanto que os primeiros nem por isso. Estes "destemidos" provavelmente não prestavam solidariedade aos que sofriam com a morte e aí entram em jogo as questões sociais: quem não se mostra solidário, mais tarde, quando precisar, não receberá solidariedade dos outros, o que, em média, volta a baixar (ainda que seja ligeiramente) as suas probabilidades de sobrevivência.
Isto tudo para dizer que é normal que nos sintamos mal, tristes, deprimidos, etc., com as questões da morte. Esses sentimentos que experimentamos nessas alturas são mecanismos que foram evoluindo porque conferem uma vantagem na viagem evolucionária.
Nuvens:
ResponderEliminarÉ por isso que eu acho que os ateus podem ser mais compreensivos que os crentes. (Se forem pessoas empaticas e compreensivas claro)
Quando vejo sofrimento alheio sei que não há segundas hipoteses. É agora ou nunca. A emergencia de ter de fazer alguma coisa torna-se obvia. Não da para esperar que depois da morte sejam compensados. É agora que é preciso fazer pelos vivos o melhor possivel.
Isso é parte do ateísmo quer queiramos quer não. É por isso que irrita tanto ouvir dizer que o ateísmo não tem moral, ou que a moral da religião é que é.
A deles é relativa a uma vida futura. A dos ateus é agora. A justiça tem de ser agora. A compreensão tem de ser agora. A tolerancia tem de ser agora.
Há quem consiga viver numa fantasia. Pode ser um bocado brutal acorda-los desse sonho. Mas a urgencia é agora. Quem quiser acreditar (em deuses) é livre de o fazer. Mas temos de ser livres tambem de, quem não acredita, de mostrar que ha razões para crer que é agora que temos de dar o melhor. Aos outros tambem.
Porque somos pessoas que sentimos tanto como os crentes. Apenas não conseguimos ou não podemos viver a fantasia.
Parece que nem de propósito.
ResponderEliminarHoje de manhã falei com alguém próximo sobre a morte. Sobre como uma pessoa vai pensando mais e mais na morte quando as pessoas à sua volta vão morrendo, sobre como uma infância feliz pode ajudar a enfrentar essa tristeza, sobre como uma pessoa pode dar diferentes significados à morte de entes próximos, e como uns são mais construtivos que outros.
Gostei de ler este texto.
"Isto tudo para dizer que é normal que nos sintamos mal, tristes, deprimidos, etc., com as questões da morte. Esses sentimentos que experimentamos nessas alturas são mecanismos que foram evoluindo porque conferem uma vantagem na viagem evolucionária"
ResponderEliminar... E desejo também nunca deixar de ficar aborrecido com as formulações pífias e tontas.
"A morte é lixada para os ateus"
ResponderEliminarAi sim?
Pensava que era algo que só preocupava religiosos.
Aliás. Até pensava que a religião não é outra coisa senão a forma como nos relacionamos com ela.
Hum... afinal o bichinho faz cócegas a todos.
«Quando um gajo tem tempo e vagar para cheirar o fim vai à procura de formulações e linguagens que preencham este horror que sentimos ao nada. Só desejo nunca deixar de acreditar com confiança que essa busca pode ser muito bela.»
ResponderEliminarPor outro lado, a dependência mental da eternidade é um grande desprezo pela vida. Não é?
Se eu fosse Deus o Gaspar já estava nas brasas. Para lhe curar a sôfrega. Mas como não sou, lembro-lhe só que a construção religiosa de resgatar ao "nada" um bocado para a nossa eternidade é bem capaz de ser a herança judaico-cristã mais prejudicial para aceitarmos a vida e a morte como elas são, de uma vez por todas.
(Eu sei, eu sei. Carece de fonte.)
"a construção religiosa de resgatar ao "nada" um bocado para a nossa eternidade é bem capaz de ser a herança judaico-cristã mais prejudicial para aceitarmos a vida e a morte como elas são, de uma vez por todas."
ResponderEliminar...ou a via menos desinteressante para aceitar a vida e a morte como elas são.
Há tempos, no funeral de um familiar, o padre debateu esse problema na homilia. Começou por dizer que quando uma criança nos pergunta o que acontece quando morremos devíamos ser o mais honestos e verdadeiros. Era o nosso dever como adultos. Obviamente concordei, pensando que era um bom conselho. Ainda assim, fiquei curioso: o que iria o padre dizer a seguir? Iria afastar-se do sobrenaturalismo e propôr humanidade e cuidado na nossa explicação aos mais novos?
ResponderEliminarNão. Devíamos dizer-lhes que a morte não era o fim e que viveríamos depois disso. E que devíamos isso às crianças porque isso era a nossa responsabilidade como adutlos: dizer-lhes a verdade... Para além de desiludido, mesmo sem surpresa, fiquei um pouco incomodado com aquilo. Fazer aquele discurso a um grupo de pessoas adultas que acabaram de perder alguém pareceu-me um pouco inapropriado. Era um pouco desrespeitoso para com os que estavam de luto e também um insulto à sua inteligência.
Obviamente que havia lá muitos que provavelmente acreditavam no que o padre dizia - mas é que o padre falou em "verdade". E uma coisa é contar aos outros aquilo em que acreditamos - outra é dizer a uma criança com dúvidas sobre a morte que aquilo é verdadeiro. Mas o que era, veio-me logo à cabeça: uma treta...
A morte é lixada para qualquer ser vivo que a não deseje. Como é óbvio. Eu também detesto esta época, vejo o Benfica a jogar como nunca e dá-me para a depressão também. Mas não há como dar a volta: não é por eu ter amigos que me assegurem que o Benfica não vai ganhar a porra do campeonato que ele vai deixar de o fazer, e sobretudo, esse resultado não depende da minha fé ou da minha lealdade à mesma. Desde garotos que compreendemos isto, que existe uma diferença entre os acontecimentos e os nossos desejos.
ResponderEliminarBiliões de pessoas decidiram negar essa intuição e viver na ilusão. Enfim, talvez isso as faça felizes. O pior não é isto, que já não é totalmente bom, o pior é o preço desta ilusão.
Nuno Gaspar:
ResponderEliminar"Ai sim?
Pensava que era algo que só preocupava religiosos."
O teu sarcasmo é de baixa qualidade. Para um religioso a morte é coisa de brinquedo comparando com quem a "olha nos olhos".
João:
ResponderEliminarCreio que estás enganado, e esse até é um ponto muito interessante que o Ludwig foca neste texto.
Os crentes não sentem menos dor com a morte de alguém, mesmo alegando acreditar que esse alguém apenas foi para "um lugar melhor", e que no futuro o acaompanharão, porque, no fundo, no fundo, não acreditam nisso, e sabem que não voltarão a ver essa pessoa.
Mais vale desistirem de se tentarem enganar a si próprio, que não conseguem, e optar por aceitar a realidade, que pode ser algo consoladora se vista da perspectiva que o Ludwig salientou.
Não completamente, claro. Mas algo.
João,
ResponderEliminar«olha nos olhos» olha. Por isso se vêem tantos ateistas em hospitais ou em lares de idosos disponíveis para acompanhar fraternalmente quem se afasta definitivamente deste mundo.
A morte é a grande seca da vida, só não concordo com o LK no para sempre. Se eu pudesse viveria para sempre, o tempo, mesmo assim, seria curto demais para tudo o que há para fazer, aprender , sentir ,etc
ResponderEliminarNuno:
ResponderEliminarNão é suposto serem muitos. Se forem iguais aos crentes, serão 4% do total de pessoas que faz isso.
"Se forem iguais aos crentes, serão 4% do total de pessoas que faz isso"
ResponderEliminarNão será bem assim, ó João Vasco.
Parece-me que esses 4% se mobilizam muito mais facilmente para enxovalhar, denegrir e diminuir quem, melhor ou pior, mostra desgosto em ver alguém morrer sozinho, isto é, alguém que possa sentir que "não terá palmas que ainda façam parte do seu aplauso".
«Não é suposto serem muitos. Se forem iguais aos crentes, serão 4% do total de pessoas que faz isso.»
ResponderEliminarJota Vasco,
Por muito que custe a aceitar, os idosos não morrem tão tragicamente se morrerem por serem idosos. Isso é verdade. Mas já que se fala em idosos com a ligeireza de percentagens, e sendo que nada podemos fazer pelas leis naturais nem pela misericórdias de que se gaba o Gaspar (sem nada ter feito por elas e sem lhes conhecer a mecânica de financiamento, aposto), recordo que vivemos num país de merda que os faz morrer pobres, sozinhos e humilhados.
O desabafo é porque não suporto ver este assunto ser tratado com a ligeireza de uma conversa qualquer. É a diferença da civilização, que desejo muito mais do que o céu.
Nuno Gaspar
ResponderEliminarPor isso se vêem tantos ateistas em hospitais ou em lares de idosos disponíveis para acompanhar fraternalmente quem se afasta definitivamente deste mundo.
Nem ateístas nem católicos, nem budistas, nem quase ninguém.
Tive a infelicidade de acompanhar as minhas tias, e pouco digo já, muito menos do que deveria. E sei que as pessoas que ali estão não tem acompanhamento nenhum. Acredito que nos lares mais finos, com os velhos que são interessantes isso se passe mais, nos menos luxuosos sei que assim não é.
Por isso , se fosse vender a banha da cobra para outro lado , faria muito melhor, quem compra os serviços é o vil metal, e não a caridade.
Agora de facto crucifixos havia em todo o lado, não falam, mas pode ser que dêem uma ajudita... sempre é uma companhia não acha ?
Nuno:
ResponderEliminarO Bruce tem razão. Nos países onde existe maior desenvolvimento humano, existe maior percentagem de ateístas.
De resto, no que diz respeito a prioridades, eu diria que tem telhados de vidro quem subscreve ou não se demarca de "o ateísmo é o maior drama da humanidade".
As causas sociais a que pessoalmente me dedico, o Nuno não as conhece, porque não falo sobre isso neste espaço. Como não conheço o Nuno não posso (nem quero) alegar que passa mais tempo a falar sobre como a religião faz ajudar os outros do que a ajudá-los. Não faça isso a respeito dos ateus, até porque em muitos casos simplesmente não é verdade.
Nuno gaspar
ResponderEliminaracho que está enganado, não pensei que em portugal houvesse o mesmo triste espectáculo à porta de clínicas que praticam abortos. Mas há.
Fiquei chocado, até porque muitos casos são necessidades médicas.
Mas nada como uns bons parvalhões fanáticos
Nunca vi ateus à porta das igrejas enfim...
«Nos países onde existe maior desenvolvimento humano, existe maior percentagem de ateístas.»
ResponderEliminarA ideia era mais "nos países onde existe mais desenvolvimento humano, existe maior percentagem de pessoas a envelhecer e morrer com dignidade". Mas não me importo com a interpretação.
Bruce:
ResponderEliminarEstava subentendido. Mas obrigado por clarificares :)
Nuno:
ResponderEliminarEncher de tretas não é o mesmo que humanamente. Para mim virem-me falar de mitologia pessoas que eu não conheço não me interessa. Quero é cuidados sérios de saude, amigos e familiar por perto.
E a caridade não se resume à Igreja.
João Vasco:
ResponderEliminarSe a Igreja falha nisso, então não lhe resta muito...
Não a sério, acho que deve aliviar um pouco. Nada é suficiente para aliviar a perda de um ente querido, até as despedidas mais curtas às vezes são custosas, mas alguma diferença tem de haver.
O que eu acho é que há muito crente que tem duvidas. Que quando pensa racionalemente percebe que é bem possivel, e provavel que a viagem acabe ali. E que o que há depois da morte é de facto um conjunto de congeturas primitivas, não mais sofisticadas que há 5000 anos atrás. DE acordo com a religião. Se há algo de novo (nos ultimos 5000) é o enaltecimento da vida aqui e agora. DE certo sempre ouve ateus. Mas hoje podemos saber que somos muitos , conversar e não ter medo de cair na fogueira ou ser enterrados vivos. (se bem que me parece que há para aí uns comentários acerca de ser a "pior coisa do mundo" que andam la perto para os padroes de sociedade actuais - pior que doença? Pior que fome? Pois lá está. O papa tem de fingir que acredita que isto é apenas uma parte pequena da nossa existencia - e aqui voltamos ao tema em questão).
Onde eu acho que tens razão é que a maioria das pessoas deve esperimentar a morte ( a sua, por antecipaçao, ou a dos proximos) quase da mesma forma. Os graus verdadeiramente eficazes de analgesia espiritual so devem funcionar nos mais convictos. Uma coisa rara pelo que tenho lido. Num estudo para determinar se acreditar em Deus ajudava a tolerar a dor, que foi conclusivo para uma nivel moderado de dor - os crentes fervorosos aguentavam melhor - foi muito dificil encontrar o numero de fervorosos nesseçario para a amostra ser significativa. E eles foram à pesca para a porta da Igreja!
Mas de facto para fazer cirurgia ser crente não é suficiente. Mas para suavizar o conceito de morte, acho que só em quem tem duvidas é que devia não fazer nada.
Então se é como passar para outro lado onde estão os outros todos à espera...
Nuvens:
ResponderEliminar"acho que está enganado, não pensei que em portugal houvesse o mesmo triste espectáculo à porta de clínicas que praticam abortos. Mas há."
Mas até podem ser ateus. Se bem que normalmente esse grau de fanatismo e intoleracia esteja de mãoes dadas com a crença numa moral absoluta.
João
ResponderEliminarOs movimentos pró vida são de inspiração católica / fanática
Caro Ludwig,
ResponderEliminarA concepção corpo-alma segundo a qual a lama é uma substância que se separa do corpo no momento da morte é de origem grega e não cristã. Embora tenha sido adoptada por uma parte da teologia cristã na Idade Média, nomeadamente por Tomás de Aquino, não é a única concepção possível. Não é seguramente a minha, e não é a de Joseph Ratzinger no seu livro Introdução ao Cristianismo.
A ideia de que há dois mundos e duas vidas também não é a única possível. Não é seguramente a minha. O facto de acreditar que a vida se transforma com a morte não me desresponsabiliza de viver ‘esta vida’ da forma mais humana possível, antes pelo contrário. Porque a ‘próxima vida’ é uma continuação de ‘esta’, eu tenho todas as razões para viver ‘esta’ da melhor forma possível. Tal como a qualidade da juventude depende muito da qualidade da infância, por exemplo.
A imortalidade é um desejo que existe em muitas pessoas. O desejo de não morrer existe até nos animais e talvez nas plantas. Parece haver um anseio universal de imortalidade. Tudo isto poderá ser uma ilusão, mas eu não creio que tenhamos que rotular este anseio de algo como uma palermice ou uma estupidez.
Actualmente o tema da imortalidade está presente em autores ligados à área da inteligência artificial, os quais concebem a imortalidade em termos de informação. O agnóstico Michael Ruse, na sua obra Pode um Darwinista ser Cristão?, afirma que se pode conceber teoricamente a imortalidade como a sobrevivência do ‘eu’ como informação na ‘memória de Deus’. Sobrevivemos como ‘informação’, na memória dos nossos amigos, como dizes. Algo de analógico está presente em autores como Michael Ruse. Até mesmo Ratzinger usa esta analogia na obra já citada.
O neurobiólogo Christoph Koch, agnóstico, afirma também que a constituição neurobiológica do ser humano não é incompatível com a hipótese da imortalidade. Gerald Edelman pensa o contrário, tal como Francis Crick, com quem Koch publicou inúmeros artigos sobre a consciência.
Por tudo isto, não me parece que se possa caracterizar como uma idiotice a questão e o desejo da imortalidade.
Saudações,
Alfredo Dinis
Alfredo:
ResponderEliminarPelo que tenho lido, o Ludwig não afirma que o desejo da imortalidade é parvo, e nem sequer que a crença na imortalidade é parva. Desde que se admita que essa crença é uma questão de gosto, e não algo que se sabe. Ou seja: não temos acesso a informação que nos leve a crer que somos imortais, e não devemos afirmar o contrário - na opinião do Ludwig.
Mas não há mal nenhum em acreditar que somos imortais, e muito menos em querer ser. Isso é uma questão de gosto.
João Vasco,
ResponderEliminar"As causas sociais a que pessoalmente me dedico, o Nuno não as conhece"
Pois não. Dos ateístas, só conheço as causas em que se empenham que achem importantes a sua divulgação.
Barba,
ResponderEliminar«Eu também detesto esta época, vejo o Benfica a jogar como nunca e dá-me para a depressão também»
Grande azar, não é Barba? Eu cá vou-me rindo :) Aguenta e não chora.
Nuno Gaspar:
ResponderEliminar"só conheço as causas em que se empenham que achem importantes a sua divulgação."
Podes ir ao meu blogue. Vais ver que dediquei cerca de 1% dos posts ao ateismo. A maior parte é dedicado à informação.
Sim, eu acho que a informação correcta é importante para tomar a melhor decisão possivel. Mas se tiveres vontade podes ir la ler. Resta dizer que ou não conheces ou não queres conhecer. Ha! E só comecei a fazer de ateismo e do que a ciencia sugere sobre a existencia de Deus depois de encontrar gente como tu. O primeiro post em que falo de religião ainda achava que a ciencia e a religião podiam andar a lado.
O que ainda acho que é possivel se os religiosos entenderem que a religião é uma coisa em que se acredita ou não, sem considerações sobre o que é real ou não. Isso é dominiio da ciencia.
Ludwig:
ResponderEliminarO que estas a falar é de fenomenos emergentes? Funcionalismo?
Se sim, então a materia e a energia, o espaço e o tempo são o tecido da mente. É esse o materialismo actual. Eu prefiro naturalismo.
Alfredo Dinis:
ResponderEliminarA questão que coloca ao Ludwig, se é uma questão, esta um pouco optimista.
O desejo de imortalidade pode não ser tolice, mas é sem duvida uma escolha pessoal. A discussão sobre a sua plausibilidade é outra coisa.
Eu acho que pertence à categoria das coisas potencialemte possiveis mas intangiveis.
Porque sendo a mente um fenomeno emergente do cerebro, reproduzir uma pessoa, para alem da continuidade natural que cada um de nos tem no espaço e no tempo, requer para alem de uma maquina maravilhosa capaz de emular com precisão uma "alma", (outro cerebro provavelmente não serve, pois pode ser incapaz de emular uma personalidade dipar), mas tambem a capacidade de transferir a informação que constitui essa "alma" na integridade. Eu penso que tanto a colheita dos dados como a sua re-activação é impossivel.
Penso que não poderá conhecer exactamente a posição e o estado energetico de todas as synapses e de todos os neuronios, em tempo real, (assim como o estado fisiologico e numero de receptores nas suas membranas, etc) de modo a poder "transferir" essa informação de modo a reactivar uma maquina maravilhosa capaz de emular uma consciencia.
Penso que o problema é analogo ao de uma roleta e de não ser possivel prever o numero que vai sair, por haver demasiadas coisas a ter em consideração que não se podem medir, mais por motivos tecnicos do que por impossibilidade real.
Não é de excluir que alguma indeterminação quantica possa ser amplificada ao nivel das nossas decisões, por exemplo, mas isso é outra historia.
Em resumo, penso que se pode sonhar, mas tecnicamente pode estar a uma negra do potencial tecnologico humano.
Mas isso era o fim da religião.
Os movimentos pró vida são de inspiração católica / fanática
ResponderEliminarNem pouco mais ou menos!!!!!
Aliás, os maiores defensores da filosofia pró-vida são os budistas.
Mas, dito isto por um ateísta, é a confissão de que os ateistas são "Pró Morte". Porra!
A o direito é vida é o mais básico e o mais fundamental de todos.
Quem não defende o "direito á vida" não pode defender mais nenhum, porque nenhum direito faz sentido sem vida.
Conheço ateus pro-vida, felizmente.
Ainda hoje falei com dois chineses (ando a pensar aprender umas coisas de chinês), que não acreditam em nenhuma religião, não têm uma ideia formada sobre Deus, mas são pró-vida.
Um deles dizia-me: um país onde as pessoas nem têm direito a nascer, não é um país mas sim um campo de cocentração... pouco de pois acrescentou: e com muitos escravos a trabalhar!
Para mim, fique aqui claro, todo o que não defende o direito á vida e o direito de nascer, não deve ter direito à vida!!!
Nuno:
ResponderEliminarJá pensou que só conhece um "ateísta" enquanto tal quando ele fala sobre ateísmo?
Que se ele falasse sobre outros assuntos, da política à ecologia, da solidariedade à defesa da liberdade, o Nuno poderia não reconhcer nessa pessoa um ateísta?
Sempre que discuto com o Nuno é sobre religião, mas nem por isso assumo que o Nuno não pensa e fala sobre outra coisa. Sera algum egocentrismo da minha parte assumir que não há nada na vida do Nuno além daquilo com que tomo contacto.
João Vasco,
ResponderEliminarPois é mesmo aí que está a distinção. O ateismo só existe em conversa. A religião não existe sem práticas com ou até mesmo sem conversa.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarImagino que a descrença na Cientologia exija menos práticas do que a Cientologia, e não passe de conversa.
ResponderEliminarMas quem descrê na cientologia (como o Nuno) tem uma vida para além da sua descrença. E se é verdade que 100% das vezes que estiver a explicar porque é que não acredita na cientologia estará a fazê-lo, isso não quer dizer que não faça mais nada no resto do tempo.
Se eu disser que "à malta da cientologia vejo-os ajudar aos outros; mas quando vejo alguém a criticar a cientologia, isso não passa de conversa" para daí concluir "só os cientologistas ajudam os outros", estou - no mínimo - a pensar com pouca clareza.
João Vasco,
ResponderEliminarSe a prática da malta da cientologia me interessar não passo cartão à conversa.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar"Contudo, de acordo com a minha forma de pensar, um ser vivo cujos atomos e moleculas constituintes estão exatamente no mesmo estado quantico que eu é EU. (...)Mesmo que o eu original continuasse a existir depois da copia ter sido feita, eu (nós) diria sem hesitação que cada um era eu. Teríamos a mesma opinião - literalmente - de que nenhum de nós teria prioridade sobre o outro. (...) Pensamentos, recordações, emoções e opiniões têm uma base fisica nas propriedades atomicas e moleculares do corpo humano; um estado quantico identico destes constituintes elementares deveria resultar num ser consciente identico. À medida que o tempo passasse, as nossas experiencias fariam com que nos diferenciassemos, mas estou realemnte convencido de que, a partir de certa altura, passariam a haver dois de mim e não um original que fosse realmente eu e uma cópia que não o fosse."
ResponderEliminarBrian Green in "O tecido do cosmos". pag 681
Este post piegas do LK, para além do romantismo, pouco mais se aproveita.
ResponderEliminarPor muito que se esforcem e o apregoem, conta-se pelo número de sorrisos nos funerais quantos conseguem acreditar em tal coisa.
A tristeza da despedida, não implica que alguém morra, basta um separação.
Eu próprio sinto as lágrimas correm pela face quando tenho que se separar de alguém próximo, e continuamos todos vivos e até podemos receber e enviar notícias. Cada vez mais tenho dificuldade em me separar das pessoas a quem me afeiçoo. Quer aquelas que sei que não verei mais, quer as que sei que dificilmente poderei voltar a ver ou mesmo aqueles que sei que vou ver de longe a longe.
Nunca mais ne esquece um miúdo que se despedia de mim a dizer: “se eu não te vir em breve, prometes-me que não morres até eu te voltar a ver!?”.
Mas, o discurso fúnebre do LK, está eivado de alguma falta de coerência: ele sabe que são muitas as investigações sobre o assunto e que os relatos dos casos “quase morte”, deixam uma porta aberta, mesmo escancarada, para essa possibilidade.
Neste aspecto, eu tenho um percurso de vida um bocado diferente dos circunstantes.
Todo o jovem é palerma e gosta de ser coisas “fracturantes” (tipo os ateístas que são adultos que não resolveram, ainda, de forma normal, a sua juventude).
Nessa fase da vida, os meus colegas enveredaram por ser comunas, e eu (um fraco crente nessa altura) enveredei pela filosófica Rosacruz.
Animado pelas leitura de Jacques Bergier, Louis Pawells e quejandos, comecei a ver o mundo e o cosmos de uma forma diversa (vem dessa altura o meu interesse por OVNIS e por esperanto).
Devorei literatura sem conta de Max Heindel.
Depois veio Allan Kardec, Huberto Rhoden e por aí fora.
Tive a sorte de ter um grupo de amigos bem mais instruídos que o comum da ralé comuna.
Enquanto eles gritam javardice (e faziam disparates), nós discutirmos a “Filosofia Univérsica”, a Teosofia, o rosacrucianismo.
Tratávamos por tu as ideias de alguns autores completamente desconhecidos do comum da mocidade comuma, como Helena Petrovna Blavatsky ou Krisnamurti… Admirávamos Ghandi, Dalai Lama, o Papa… etc. mas não víamos com muitos bons olhos o Clero em geral – eu, pessoalmente, não frequentava a Igreja.
Primeiro estudamos os Judeus e o Islamismo. Só depois começamos a estudar os Baptistas, os Mórmons, os Moonies, os Meninos de Deus, as Testemunhas de Jeová…
Mas, cresci e li outras, muitas coisas… plantei alfaces, e batatas… vindimei e apanhei azeitona… pastoreei as ovelhas e rebolei na eira cheia de feno…
Hoje não sou um fedelhozeco serôdio, insolente, imbecil e ignaro, e a vomitar estupidez, armado em intelectual - sou lavrador mas honesto e coerente.
Resultado: não quero discutir este assunto com leigos, como a generalidade dos ateistas de por aqui vegetam, mas deixo-vos um conselho: estudem! Estudem uma dezena de anos e depois falamos.
Zeca Portuga:
ResponderEliminarTanto tempo perdido a ler porcaria...
Porque é que não vais insultar o espirito do Karl Marx em ves de vir insultar as pessoas que sabem mais que tu?
Ludi,
ResponderEliminarjá pensei em definir «religião» como qualquer conjunto de práticas ou crenças em que se estabelece uma relação com os que já morreram. Depois pensei que seria demasiado abrangente - embora realmente quase tudo aquilo a que chamamos «religião» tenha uma forma de relação com os mortos (ressurreição ou dualismo nos cristãos, reencarnação nos hindus, trânsito para outro «reino» nos antigos egípcios, culto dos ancestrais entre os chineses, passagem para outro corpo na cientologia, etc). O próprio espiritismo pode ser visto como uma forma de religião.
Tudo isto para dizer que, se há qualquer coisa de universal nas religiões, não será o conceito de «Deus/es» (singular ou plural), ou a «alma», ou muito menos a «regra de ouro». O que todas têm em comum são formas, falsas de modo diferente em cada caso, de lidar com o vazio da morte.
Enquanto ateus, também podemos ter formas de recordar os que já passaram - desde um objecto até repetir um gesto de alguém de quem gostávamos.
Um abraço.
EM BUSCA DO SAGRADO,OU A VIAGEM FANTÁSTICA À TOCA DA ALICE.
ResponderEliminarQUANDO A JUVENTUDE JÁ SE TRANSFORMOU NUM SONHO LONGÍNQUO E O HOMEM
APROXIMA-SE TRAGICAMENTE DO SEU DESTINO IRREMEDIÁVEL É QUANDO LHE
SÃO REVELADOS E MINISTRADOS OS SONHOS SANTOS.
ATÉ ENTÃO, ATÉ CHEGAR A ESSE PATAMAR DA VERDADE NUA E CRUA,ELE
NUNCA ACREDITOU NA INSIDIOSA " MENTIRA ",NEM TÃOPOUCO ESBOÇOU UM
QUALQUER GESTO DE PREOCUPAÇÃO PARA TENTAR PERCEBER QUÃO SÉRIA ERA
A SUA INEVITABILIDADE.À LÁIA DO HERÓI DA BANDA DESENHADA QUE MORRE
MIL VEZES E FICA SEMPRE OPERACIONALMENTE DE PÉ,ELE COMIA, DORMIA E
IA DIZENDO AS CAVALIDADES PROTOCOLARES DO COSTUME SEM CUIDAR DO
FUTURO.O SEU SER SERIA ETERNO, AS MALEITAS , NATURALMENTE ESTIGMA
DOS OUTROS, E AS MISÉRIAS E TRAGÉDIAS QUE ATINGEM O QUOTIDIANO,
AFASTADAS INDECENTEMENTE PARA A PERIFERIA DA SUA SENSIBILIDADE.
COMO PODERIA ELE DAR ALGUMA IMPORTÂNCIA A TÃO REPUGNANTE E
INSIGNIFICANTE ACTO?
DEVEMOS RECONHECER, NO ENTANTO,QUE O HOMEM DESDE MUITO CEDO SE VIU
ResponderEliminarCONFRONTADO COM O GRANDE MISTÉRIO DA MORTE-O DESAPARECIMENTO DE UM
ENTE QUERIDO, OU UMA OUTRA EMERGÊNCIA DRAMÁTICA DA VIDA,
DESENCADEAVAM LOGO NELE UMA TORRENTE DE EMOÇÕES QUE O RECONDUZIAM
DE IMEDIATO AO REDUTO ATÁVICO DAS SUAS PERPLEXIDADES.CONTUDO,A
LADAÍNHA DA VIDA, UMA LENGA-LENGA HIPNÓTICA QUE É GARANTIA DA
REALIDADE CONVINIENTE,IMEDIATAMENTE SE ENCARREGAVA DE MASCARAR A
BRUSCA ROTURA PERPRETADA PELA FACÍNORA, COM O SENTIMENTO
TRANQUILIZANTE DE UMA JOVIALIDADE ETERNA.ÀS VEZES PADECIDA, MAS
SEMPRE MUITO CHEIA DE BENESSES E ALELUIAS.
INFELIZMENTE, O TEMP(L)O DA REMISSÃO CHEGARÁ INEXORAVELMENTE, E O
HOMEM TERÁ ENTÃO DE PRESTAR CONTAS AO TRIBUNAL DA LOUCURA,DO
TERROR E DA NÁUSEA DOS AFLITOS.
A MORTE NÃO PODERÁ SER VENCIDA, COM CERTEZA,MAS O HOMEM PROTESTARÁ
COM TODA A SUA VEEMÊNCIA E ENERGIA IRREPRIMIDA,E CONTRA ELA
TRAVARÁ A SUA MAIS DOLOROSA E DERRADEIRA BATALHA - NÃO PODEMOS
ESQUECER QUE O HOMEM ERIGIU UMA CULTURA , UM MODO MUITO ESTRANHO,
MAS MUITO HUMANO, DE TRANSCENDER A MORTALIDADE.
MAS, ENTÃO, SE A VERDADE DA VIDA É A MORTE, É PREFERÍVEL MIL VEZES
A ILUSÃO DA RELIGIÃO.
MAS SE DEUS FALHAR,APENAS NOS RESTA ACORDAR( BEM-AVENTURADOS OS
"POBRES DE ESPÍRITO", POIS SÓ ELES ENTRARÃO NO REINO DOS CÉUS).
ENSINARAM-NOS A PENSAR NA BASE DE UM CONJUNTO DE HÁBITOS E DE
ResponderEliminarCRENÇAS QUE IGNORA O VERDADEIRO MISTÉRIO. QUALQUER NEUROLOGISTA
PODERÁ GARANTIR-NOS QUE O CÉREBRO NÃO FORNECE QUALQUER PROVA SOBRE
A REALIDADE DO MUNDO EXTERIOR.COM EFEITO, TUDO O QUE O CÉREBRO FAZ
É RECEBER SINAIS CONTÍNUOS SOBRE O ESTADO DO "CORPO", EM TERMOS DE
EQUILÍBRIO QUÍMICO, TEMPERATURA, CONSUMO DE OXIGÉNEO, JUNTAMENTE
COM UMA CORRENTE CREPITANTE DE IMPULSOS NERVOSOS. O CÉREBRO NÃO
NOS INFORMA DESTE INFINITO PROCESSAMENTO DE DADOS, QUE É TUDO O
QUE VERDADEIRAMENTE ESTÁ A ACONTECER DENTRO DELE. EM VEZ DISSO,O
CÉREBRO,COMO NUM SONHO, FALA-NOS DE UM MUNDO DE IMAGENS,
SONS,SABORES, CHEIROS E TEXTURAS.NA VERDADE, É UM ARROJADO NÚMERO
DE ILUSIONISMO, UMA GRANDE PARTIDA, UMA VEZ QUE NÃO EXISTE UMA
LIGAÇÃO"COMPREENSÍVEL E LÓGICA" ENTRE OS SINAIS ELÉCTRICOS
PROCESSADOS E A SENSAÇÃO SUBJECTIVA QUE TEMOS DE UM MUNDO
EXTERIOR. ESTOU,POR EXEMPLO,A CRIAR UMA ÁRVORE, UM ROSTO OU O CÉU
A PARTIR DO QUE ,NA VERDADE,É UM EMARANHADO ALEATÓRIO DE NERVOS,
QUE SOLTAM IMPULSOS QUÍMICOS E CORRENTES ELÉCTRICAS, E, POR MAIS
QUE TENTE,NÃO CONSIGO ENCONTRAR NESTA TEMPESTADE ELECTROQUÍMICA A
FORMA DE UM ROSTO OU DE UMA ÁRVORE,OU OUTRA FORMA QUALQUER. A
ÚNICA RAZÃO PARA CONSEGUIR "VER" OS OBJECTOS, É O MEU CÉREBRO
REGISTAR UMA RAJADA DE SINAIS ELÉCTRICOS COMO VISÃO ( NÃO HÁ LUZ
DO SOL DENTRO DO MEU CÉREBRO, CUJO INTERIOR É ESCURO COMO UMA
CAVERNA).A ÚNICA RAZÃO PORQUE AS ROCHAS SÃO SÓLIDAS, É O CÉREBRO
REGISTAR OUTRA RAJADA DE SINAIS ELÉCTRICOS COMO TACTO, ETC.
DE UMA FORMA MAIS RADICAL AINDA PODEMOS ADMITIR QUE O CONHECIMENTO
ResponderEliminarOU A CONSCIÊNCIA QUE TENHO ( OU QUE JULGO TER )DE QUE POSSUO UM
CÉREBRO QUE CAPTA E PROCESSA DADOS QUE SE ENCONTRAM SOB A ALÇADA
DO DESIGNADO MUNDO MATERIAL, COMO POR EXEMPLO, AS SOLUÇÕES
QUÍMICAS E AS CORRENTES ELÉCTRICAS, QUE SE CONVERTEM DEPOIS NA
REALIDADE QUE PERCEBEMOS, NÃO É GARANTIA EM ABSOLUTO DA SUA
PRÓPRIA EXISTÊNCIA. SERÁ QUE VIVEMOS UM SONHO DENTRO DE UM OUTRO
SONHO?
O NOSSO CÉREBRO É UM DISPOSITIVO MENTAL QUE PERMITE JUNTAR,
REPRESENTAR E UTILIZAR INFORMAÇÃO QUE NOS CHEGA NÃO SE SABE DE
ONDE, SOB A FORMA DE UMA PRETENSA REALIDADE, QUE DESIGNAMOS
POETICAMENTE E EM ÚLTIMA INSTÂNCIA POR FLUTUAÇÕES DO VAZIO, QUE
TAMBÉM NÃO SE SABE MUITO BEM O QUE É E COMO É.
LOUCURA, META-ABERRAÇÃO, OU TÃO-SOMENTE AS CONSEQUÊNCIAS DOS
ESPAÇOS DE LIBERDADE QUE VÃO SENDO FRANQUEADOS E PROCLAMADOS PELAS
ESPECULAÇÕES MAIS ARROJADAS DA CIÊNCIA DE PONTA ?
EU RECONHEÇO QUE A PANCADA PODE TER SIDO MUITO FORTE.CONCEDO ATÉ
ResponderEliminarQUE O NEÓFITO ESTARÁ A SOFRER DE "DELIRIUM TREMENS".MAS SERÁ QUE
ESTE ROL DE TEIAS-DE-ARANHA ESPECULATIVAS, ESTAS PSEUDO-IDEIAS NÃO
SERÃO O RESULTADO DE UMA MENTE Á BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS?
JÁ CONSIGO OUVIR DISTINTAMENTE FRAGOR DOS SEUS PASSOS!
A REALIDADE,AFINAL,É ESTA MESMO, QUE ESTÁ BEM AÍ À NOSSA FRENTE,
NUA E CRUA, PRETO NO BRANCO.BASTARÁ APENAS ABRIR OS OLHOS E
ACORDAR.ATÉ PORQUE JÁ SE VAI FAZENDO TARDE E O NOTÁRIO ESTÁ À
ESPERA PARA SELAR O TESTAMENTO.COM A BRECA!
CHEGA DE SIMULAÇÕES E MANIPULAÇÕES. NÃO VÉS QUE ESTÁS A SER
ALIENADO E MANIPULADO POR UMA FANTASIA RIDÍCULA? NÃO VÉS QUE A FÉ,
ESSA VENDA MAGNÍFICA, QUE É A MAIS AUTENTICA E MAIS INTELIGENTE
CRIAÇÃO DA IMAGINAÇÃO HUMANA,NÃO É MAIS DO QUE UMA PURA ABJECÇÃO
MENTAL, UM OPIÁCEO MUITO FORTE QUE VISA APLACAR O HORROR QUE
IRROMPE DAS TUAS ENTRANHAS?
NA REALIDADE,ACREDITAR QUE UMA "POEIRA ELECTRÓNICA" QUALQUER, OU UMAS FANTASMÁTICAS FLUTUAÇÕES QUÂNTICAS PODERÃO SER O CAMINHO PARA A SALVAÇÃO, É EMPREENDER UMA VIAGEM REGRESSIVA AO PARAÍSO DA
INFÂNCIA, ONDE NADA DE MAL NOS PODE ACONTECER, POIS AÍ ESTAMOS
PROTEGIDOS PELO TODO PODEROSO ÚTERO MATERNO. ACREDITAR QUE A
REALIDADE NÃO PASSA DE UM SONHO E QUE A MATERIALIDADE DO MUNDO É
UMA INSIDIOSA ABSTRACÇÃO, É COMETER UMA DEPLORÁVEL IMPREVIDÊNCIA -
ATIRA TU A CABEÇA COM TODA A FORÇA CONTRA A PAREDE E VERÁS QUÃO DELICADA É A OBLÍVIA REALIDADE - A DOR SERÁ ENORME, E COM CERTEZA QUE A TUA SINGELA CABEÇA NÃO FICARÁ POR CERTO EM MUITO BOAS CONDIÇÕES.
MAS, ATENÇÃO!A DOR SÓ EXISTE PARA QUE A ILUSÃO SE TORNE MAIS
CREDÍVEL E MELHOR SUCEDIDA NOS SEUS TRUQUES !
EM QUE FICAMOS, ENTÃO?!
AFINAL , O QUE É A REALIDADE?
ResponderEliminarPARA TENTARES PERCEBER O QUE ELA É , TERÁS DE SALTAR PARA DENTRO
DO ESPELHO E OUSAR FAZER O CAMINHO DA ALICE. A TOCA DO COELHO É
FUNDA E BEM FUNDA,E AQUILO QUE VERES ( SE QUISERES VER )TALVEZ TE
ACONCHEGUE O ANSEIO. E SE FORES MILITANTEMENTE CEPTICISTA OU
SARCASTICAMENTE RACIONALISTA, LEMBRA-TE QUE O ÚNICO VISADO NESTA
SENDA ÉS TU.PORQUE , INFELIZMENTE,OS OUTROS NÃO EXISTEM. A VIDA,
COMO ACTO PURO,É O LÚCIDO ASSUMIR DA SOLIDÃO INTRÍNSECA. NO FINAL,
AO JAZERES NO LEITO DA MORTE E DO SOFRIMENTO, JÁ BEM LONGE DO
CONFORTO DOS TEUS E DOS AFECTOS, VERÁS COMPROVADA ESTA DURA REALIDADE. ESTAMOS SÓS E SÓS MORREREMOS ( " O HOMEM E A SUA CIRCUNSTÂNCIA")
MAS VOLTEMOS Á TOCA DA ALICE.
E SE A REALIDADE QUE ENCONTRARES FOR DE TAL FORMA DESCONCERTANTE
QUE NÃO CONSIGAS ENQUADRAR NO TEU ESQUEMA DE RACIOCÍNIO?
SIGNIFICAR OU DAR SENTIDO AO REAL, IMPLICA ORDENAR, ENCONTRAR
REGULARIDADES, FACTORES COMUNS E RECORRENCIAS SIMPLES NO INTERIOR
DE UM SONHO, QUE É ESTE O QUE VIVEMOS.
CODIFICAMOS E ARMAZENAMOS AS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS ATRAVÉS DE
COMPRESSORES ALGORÍTMOS, DESIGNADOS POR CATEGORIAS UNIVERSAIS DO
PENSAMENTO, QUE A MENTE UTILIZA PARA SIMPLIFICAR A CAPTURA DA
SURREAL REALIDADE.
ESTAS FERRAMENTAS DA MENTE ,FUNCIONANDO COMO FILTROS QUE SE IMPÕEM
AOS DADOS PERCEPTIVOS AQUIRIDOS DO MUNDO EXTERIOR, DESENVOLVERAM-
SE PARA NOS AJUDAREM A MELHORAR A NOSSA ADAPTAÇÃO À "REALIDADE" -
QUALQUER CRIATURA QUE PENSE QUE "AQUI" É O MESMO QUE "ACOLÁ", OU
QUE NÃO CONSIGA DISTINGUIR UM "ANTES" DE UM "DEPOIS", OU, AINDA, QUE NÃO SEJA CAPAZ DE RECONHECER OU DE SEPARAR A "CAUSA" DO "EFEITO",TERÁ UMA PROBALIDADE ZERO DE EXISTIR.OU SEJA,DE COMER, DE ANDAR, DE DORMIR, ETC. DE SOBREVIVER, EM SUMA.
QUEM TERÁ SIDO O DEMIURGO QUE IMPLANTOU ESTE ALFABETO DE
REALIDADE, ESTES PADRÕES DE CONSTÂNCIA ( E,AFINAL, DE PERMANENTE
MUDANÇA ), QUE NOS LEVA A ACREDITAR NO CENÁRIO E NA OMNISCIÊNCIA
DO SEU AUTOR? OU SERÁ QUE A GRANDE ILUSÃO , AQUELA QUE
ESPANTOSAMENTE DETERMINA TUDO, É ESTA INSTÂNCIA, TÃO IMEDIATA E
OMNIPRESENTE QUE DESIGNAMOS POR "EU"? ESTA NOÇÃO BÁSICA E
PARADOXAL DE ADMITIR QUE "SOMOS" E QUE "EXISTIMOS" - VER ATRAVÉS
DE TUDO, DEIXAR-NOS-IA A OLHAR PARA O NADA.
QUANDO MADRUGUEI NA VIDA, MERLIN ORDENOU:"VÊ". A TELA ILUMINOU-SE
ResponderEliminarE O FILME COMEÇOU A CORRER.QUANDO EU ERA CRIANÇA, LEMBRO-ME DE
MERLIN DIZER:"COME".QUANDO CRESCI UM POUCO ELE DISSE-ME:"ANDA". E
SE FICAVA ACORDADO ELE DIZIA-ME:"DORME". SE BEM ME LEMBRO, TENHO
COMIDO, ANDADO E DORMIDO DESDE ENTÃO. ISTO SÃO , NA VERDADE,
FEITIÇOS MUITO PODEROSOS, TERIAM CERTAMENTE ADMITIDO DE BOM GRADO
NIELS BOHR OU WERNER HEISENBERG.
DESCONSTRUINDO O PARADIGMA DETERMINISTA DA REALIDADE.
COMO SERIA A REALIDADE SE O NOSSO CENTRO DE COMANDO E CONTROLO
CONSEGUISSE CAPTAR TODOS OS PEDACINHOS DE INFORMAÇÃO POSSÍVEL,
TODAS AS MINÚCIAS PROVINIENTES DOS ARRANJOS ATÓMICOS OU, ATÉ MESMO, SE CONSEGUISSE DEITAR UM "OLHAR"SOBRE O VAZIO DAS PARTÍCULAS VIRTUAIS?
NUMA PRIMEIRA APROXIMAÇÃO , AINDA QUE DIFUSA A ESSA TERRA DE
NINGUÉM, ESSE LUGAR FANTÁSTICO AONDE SE PRODUZ O TIJOLO BÁSICO
QUE,MULTIPLICADO POR ZILIÕES DE VEZES, CRIA A REALIDADE, QUE
PODERÍAMOS OBSERVAR?
OLHE , POR EXEMPLO, PARA A SUA MÃO E OBSERVE-A DETIDAMENTE,SIGA AS
SUAS LINHAS E SULCOS TÃO FAMILIARES, SINTA A TEXTURA DA SUA PELE,
A CARNE ELÁSTICA QUE PROTEGE O O OSSO.
ESTA É A SUA MÃO QUE OS SEUS SENTIDOS LHE DESCREVEM,UM OBJECTO
MATERIAL COMPOSTO DE CARNE E DE SANGUE.
AGORA IMAGINE QUE A ESTÁ A OBSERVAR ATRAVÉS DE UM MICROSCÓPIO MUITO PODEROSO, CUJAS LENTES SÃO CAPAZES DE PENETRAR NOS MAIS FINOS TECIDOS DA MATÉRIA E DA ENERGIA.O QUE VEMOS? ONDE HÁ INSTANTES SE PODIA VER UMA PELE SUAVE, VEMOS AGORA UMA COLECÇÃO DE CÉLULAS INDIVIDUAIS FROUXAMENTE LIGADAS POR UM TECIDO CONJUNTIVO.CADA CÉLULA É UM REPOSITÓRIO AQUOSO DE PROTEÍNAS QUE APARECEM COMO LONGAS CORRENTES DE MOLÉCULAS MENORES, QUE SÃO MANTIDAS JUNTAS POR LAÇOS INVISÍVEIS.
APROXIMANDO-NOS MAIS, PODEMOS VER AGORA OS ÁTOMOS SEPARADOS DE HIDROGÉNIO, CARBONO E OXIGÉNEO E ASSIM POR DIANTE.ÁTOMOS QUE NÃO TÊM QUALQUER SOLIDEZ,SÃO SOMBRAS VIBRANTES E FANTASMAGÓRICAS, RETALHOS DE LUZ E ESCURIDÃO.
NESTE MOMENTO, ATINGIMOS A FRONTEIRA ENTRE A MATÉRIA E A ENERGIA.
ResponderEliminarAS PARTÍCULAS SUBATÓMICAS QUE COMPÔEM CADA ÁTOMO(ELECTRÕES A
TURBILHONAR EM TORNO DE UM NÚCLEO DE PROTÕES E NEUTRÕES)NÃO SÃO
PONTOS MINÚSCULOS DE MATÉRIA, SÃO MAIS COMO TRAÇOS DE LUZ
DEIXADOS POR FOGO-DE-ARTIFÍCIO NUMA NOITE ESCURA. A ESTE NÍVEL, VOCÊ OBSERVA QUE TODAS AS COISAS QUE UM DIA TOMOU COMO SÓLIDAS , NÃO PASSAM DE RASTOS DE ENERGIA.NO INSTANTE EM QUE VÊ UM RASTO, A ENERGIA DESLOCOU-SE PARA OUTRO SÍTIO, NÃO DEIXANDO NADA DE SUBSTANCIAL PARA SER TOCADO OU VISTO. CADA TRILHO É UM EVENTO QUÂNTICO, EFÊMERO, QUE MORRE ASSIM QUE É NOTADO.
COMECE AGORA A APROFUNDAR AINDA MAIS O ESPAÇO QUÂNTICO. TODA A
LUZ DESAPARECE, SUBSTITUÍDA POR NEGROS ABISMOS. MUITO LONGE,NO
HORIZONTE DA SUA VISÃO, VÊ UM ÚLTIMO CLARÃO, COMO A ESTRELA MAIS
DISTANTE E MENOS VISÍVEL NO CÉU. MANTENHA ESSE CLARÃO NA MENTE,
POIS É O ÚLTIMO RESQUÍCIO DE MATÉRIA OU ENERGIA DETECTÁVEL POR
QUALQUER INSTRUMENTO CIENTÍFICO. A ESCURIDÃO VAI-SE FECHANDO E
VOCÊ ESTÁ NUM SÍTIO ONDE NÃO SÓ A MATÉRIA E A ENERGIA DESAPARECEM, COMO TAMBÉM O ESPAÇO E O TEMPO.VOCÊ DEIXOU PARA TRÁS A SUA MÃO, ENTENDIDA COMO UM OBJECTO CONCRETO, COMO UM EVENTO ESPAÇO-TEMPO. NESTA REGIÃO, NÃO HÁ COISAS COMO "ANTES" OU " DEPOIS", NENHUM CONCEITO DE "GRANDE" OU " PEQUENO". AQUI, A SUA MÃO EXISTE ANTES DO INÍCIO DO MUNDO E APÓS O FIM DELE. NA VERDADE, ESTES TERMOS DEIXAM DE TER SENTIDO,POIS VOCÊ ATINGIU O ÚTERO DO UNIVERSO, A REGIÃO PRÉ-QUANTUM, QUE NÃO TEM DIMENSÕES E TEM TODAS AS DIMENSÕES. VOCÊ ESTÁ EM TODA A PARTE E EM PARTE ALGUMA.
TERÁ A SUA MÃO DEIXADO DE EXISTIR? NÃO, POIS AO CRUZAR A
FRONTEIRA DA QUARTA DIMENSÃO, VOCÊ NÃO CHEGOU A SÍTIO ALGUM. TODA
A NOÇÃO DE LUGAR E DE TEMPO SIMPLESMENTE NÃO SE APLICAM MAIS.TODOS OS NÍVEIS MAIS GROSSEIROS DE PERCEPÇÃO AINDA ESTÃO DISPONÍVEIS. A SUA MÃO AINDA EXISTE EM TODOS ESSES NÍVEIS QUE ACABOU DE ATRAVESSAR - QUANTUM,SUBATÓMICO,ATÓMICO,MOLECULAR, CELULAR - LIGADA POR UMA INTELIGÊNCIA INVISÍVEL AO LUGAR ONDE VOCÊ SE ENCONTRA AGORA. CADA NÍVEL É UMA CAMADA DE TRANSFORMAÇÃO
COMPLETAMENTE DIFERENTE DA QUE ESTÁ ACIMA OU ABAIXO, MAS SOMENTE
AQUI, ONDE NADA HÁ SENÃO PURA INFORMAÇÃO,IDEIA E POTENCIAL
CRIATIVO, TODOS OS NÍVEIS SÃO REDUZIDOS À SUA ORIGEM COMUM.
ESTA É, AFINAL,POR MAIS ABSURDA QUE SEJA, A TOCA DO COELHO, A
ResponderEliminarREALIDADE EM QUE TODOS ESTAMOS MERGULHADOS.OU MELHOR,ESTA É , COMO DENUNCIA O SOLIPSISMO, A MINHA E APENAS MINHA REALIDADE, A
RESIDÊNCIA ONDE ME ENCONTRO TODOS OS DIAS, EM TODOS OS DIAS DA
MINHA VIDA. TUDO O MAIS NÃO PASSA DE UM SONHO CAPTADO E PERCEBIDO
NO REVERSO.EM SUMA, SOU, POR VENTURA,PROTAGONISTA (OU REALIZADOR?) DE UM FILME QUE TEIMOSAMENTE TENTO DECIFRAR.
E SE A MORTE MORA AQUI, NO LUGAR DE NENHURES, UM LUGAR DE NINGUÉM, POVOADA APENAS POR UM SIMULACRO DE SENTIMENTOS E EMOÇÕES, SEM QUALQUER ATRIBUTO OU EFEITO FÍSICO A MANIFESTAR-SE, COMO PODERÁ ELA FAZER SENTIDO?
"VIVEMOS",ASSIM,NUM PLANO MUITO ESPECIAL, PERCEBIDO UNICAMENTE
COMO INFORMAÇÃO - O LUGAR DO ESPÍRITO, O PARAÍSO QUE DESDE SEMPRE
E TÃO ELOQUENTEMENTE FOI FALADO E PROCLAMADO PELAS RELIGIÕES.
"EU NÃO LHE PERGUNTEI SE ACREDITA NO QUE OS HOMENS PENSAM E DIZEM
A RESPEITO DE DEUS.EU PERGUNTEI-LHE SIMPLESMENTE SE ACREDITA EM
DEUS,"
Castro,
ResponderEliminarTextos gigantes em all-caps é a forma mais segura de garantir que ninguém os vai ler.
Alem disso o solipsismo é ridiculo.
ResponderEliminarO Sousita, moço prudente, embora comcorde com o L.K. tem anda a escrever uma norma dum requerimento para apresentar lá em cima no caso de haver uma, ou mais, divindades à espera da almita.
ResponderEliminarTento fazê-lo tão vago quanto possível para se adaptar a qualquer divindade que apareça.
Se a divindade for feminina já sei como começo:
- Olhe que para quem é eterna está muito bem. Não lhe dava mais de vinte e cinco, trinta anos no máximo!
Prometo que se a coisa colar e me deixarem transmitir o resultado partilho com todos a técnica de lá entrar.
Com ou sem alma ao barulho, o legado de uma pessoa em vida e o que vivemos juntos é o que me faz rir e chorar em funerais. Quando digo rir é mesmo literalmente rir: temos em família um hábito posssivelmente estranho e perfeitamente involuntário que é de recordarmos episódios bons de quem partiu, enquanto a partida está ainda quente. E não raras vezes acabamo-nos a rir (frequentemente alto, porque somos mesmo assim) desta ou daquela cena. Independentemente de quem partiu estar ou não a ver o que estamos a fazer do "além", é a melhor homenagem que lhe podemos prestar: recordar como alguém em vida nos marcou.
ResponderEliminarE choro pela saudade que tenho da pessoa: estou-me marimbando se foi para o céu, porque queria essa pessoa comigo. Fica a memória, as acções... não será essa a alma? Se assim é, tenho a alma de pelo menos três gerações atrás de mim presente no meu dia-a-dia, que tento honrar a cada dia que EU vivo. E passá-la-ei às próximas gerações.
Isto também não é conversa, mas aquilo em que eu acredito e como lido com as coisas. E lido bem com as partidas, sem necessidade sequer de pensar num mundo melhor que me espera depois deste. Espero que recuperes em breve a boa disposição.
Passeei um dia desses pelo Cemitério da Consolação, em São Paulo. É uma galeria de arte - da mais fina arte - a céu aberto, e era precisamente isso o que eu visitava.
ResponderEliminarClaro que a dor dos parentes congelada nas estátuas de bronze e mármore sobre criptas de cem, cento e cinquenta anos de idade, torna o passeio abalador no bom sentido, sem falar no inusitado silêncio em um bairro movimentado de São Paulo, na ausência de semoventes fora eu, minha filha e uns passarinhos que pareciam cantar repetidamente "es-que-le-to" (que espécie será?), nos ciprestes romanos que conferem um quê de Porta do Hades ao local, no cheiro de cravo de defunto, na vegetação rasteira que, com paciência, vai tomando conta dos túmulos menos visitados, e sem falar em toda aquela pedra, o material "eterno" escolhido pelas efemérides humanas que têm esperança de também ser eternas...
É mais comovente essa vã esperança traduzida nos túmulos e nas ebúrneas figuras desesperadas do que a própria dor sentida pelos entes que ficaram ou pelo destino dos que partiram, já que, afinal, é o destino de tudo o que vive.
Humano, demasiado humano. Passei a achar cemitérios desse tipo, tradicionais, mais bonitos e inspiradores quando neles vi apenas o seu lado humano - que é o único que há. Nada disso se sente no Campo da Esperança, esta porcaria espartana daqui de Brasília, onde só há cerrado, cruzes toscas, fotos esmaecidas e velas, os três últimos o que de pior pode haver em um cemitério - depois do corpo de um conhecido, claro!
Vivamos - e vivamos bem -, nós que estamos vivos...
E eu esperava que os ateístas dissessem que os estudos científicos (científicos!) sobre o assunto são tudo treta!...
ResponderEliminarMas, eles saem-me com o discurso piegas, sentimental e mansinho de “a obra perpetua o seu criador”. Nada que um crente não saiba.
Aliás, um crente até sabe quanto vale, entre os mortais, a expressão: “o mármore e o bronze [das estatuas] são a memória dos tolos”.
Toda esta panaceia de disparates ateístas tem um fim muito bem definido: querem ver se perpetuam a sua imagem, por serem uma seita fanática contra os crentes, principalmente o catolicismo.
Já devia ter aprendido com a história que é tempo perdido. Numa espaço de tempo tão curto – um século -, já ninguém se lembra dos bestas biltres e inflamados da segunda década do século XX. Curiosamente, os crentes recordam a sua estupidez, mais do que os seus fanáticos partidários… v.g. um tal canalha que dizia que “acabaria com a religião em duas ou três gerações!” Tão pequenino para gigantesca empresa, tão peco, tão rasteiro e imbecil, tão serôdio e inútil, achando-se o mais altivo e potente (no fundo era um cagarola amaricado) já mais ninguém se lembra dele, se não os que se riem da sua patetice ou aqueles a quem cabe registar o passado.
Quando eu vejo um fanático “meio-homem”, cujo cérebro só atinge metade da abrangência humana e se recusa a olhar à sua volta, de cabeça rapada, de jeito amaricado, apelidar-se de sapiente porque se diz instruído (ou, por vezes, “homem de ciência”), a vociferar contra algo que é mais antigo que a própria civilização… ou estamos ante um demente ou um dos tais que quer ver se a sua tolice se converte em mármore ou bronze, numa esquina de rua ou numa praceta da sua terra.
Tenho para mim que os ateístas são figuras patuscas: os “Tinos de rãs” de uma ideologia anti-crente!
Eu, mais próximo ao reino da natureza, não receio a morte, não me assunto com o fim da vida. Preocupa-me, apenas, é como ela, nesta fase terrena, acabará.
Honras, recordações ou mordomias dos pacóvios e inúteis terrenos, no exclusivo campo da vaidade, depois de morto são ofensas.
Depois de morto, invoquem apenas quem me pode valer nesse estado – todo o resto são tretas, estupidez e imbecilidade profunda.
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ResponderEliminarZeca,
ResponderEliminar«[...] a vociferar contra algo que é mais antigo que a própria civilização…»
O ser antigo não implica que a coisa seja certa, aliás, a história está cheia de coisas antigas que se vieram a mostrar completamente erradas.
Catellius,
ResponderEliminarHumano, demasiado humano
Menschliches, Allzumenschliches
Ó Zeca, deixa lá, os dias hão de ser melhores. E não bebas tanto, faz-te mal à saúde...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminara vociferar contra algo que é mais antigo que a própria civilização…
ResponderEliminarO que é que é mais antigo do que a civilização? O medo ancestral e irracional perante os elementos da natureza, que levavam os primeiros homens a adorar como deuses as pedras do caminho, os trovões, as correntes de água, a chuva, o sol?
Se isto é prova da existência de Deus vou ali e já venho. E também deve ser prova da existência de Deus a linguagem desbragada que alguns crentes utilizam como 'argumento'.
Argumentos cristãos.
(...) REALMENTE,NÃO ME APETECIA ACABAR NUM PARQUE A APANHAR BEATAS
ResponderEliminarCOM UMA PANTUFA NUM PÉ, UM SAPATO NO OUTRO E A MASTIGAR A GENGIVA.
É-ME INDIFERENTE O FUTURO INATINGÍVEL. DAQUI A 50 ANOS TENHO A
BOCA CHEIA DE TERRA. SER-ME-Á COMPLETAMENTE INDIFERENTE QUE ME
LEIAM OU NÃO.
O MEU TEMPO É AGORA,PORRA!
TODAS AS CULTURAS APRESENTAM UMA FÉ PROFUNDA, QUE É VERDADEIRA.
MAS A NOSSA EXIGE UM CRITÉRIO MAIS ELEVADO DE PROVA.
WALT DISNEY STORY
NÃO OBSTANTE O FACTO DE EXISTIR UM MOSTEIRO NAS PROXIMIDADES, O
LAMA TSETEN RECUSOU-SE A IR PARA LÁ, ALEGANDO QUE NÃO QUERIA DEIXAR OS OUTROS MONGES COM UM CADÁVER NAS MÃOS. ACAMPÁMOS E MONTÁMOS AS TENDAS EM CÍRCULO, COMO DE COSTUME. ERA KANDRO, UMA JOVEM MONJA INICIADA,QUE EU ALGUMAS VEZES ACOMPANHAVA,QUEM TRATAVA E CUIDAVA DO LAMA TSETEN,POR ESTE SER O SEU TUTOR. E FOI NESSA QUALIDADE QUE TSETEN,PERCEBENDO QUE O SEU FIM JÁ ESTAVA MUITO PRÓXIMO, CHAMOU A DISCIPULA E DISSE-LHE QUE JÁ NÃO TINHA MAIS CONSELHOS PARA LHE DAR E QUE SENTIA-SE FELIZ POR ELA.
ENTRETANTO, ESTAVA A JOVEM A CUMPRIR OS SEUS PRECEITOS RELIGIOSOS
QUANDO, DE REPENTE, PRESSENTIU QUE ALGO NÃO ESTAVA BEM COM O SEU
MESTRE . ELA AINDA TENTOU SAIR DA TENDA PARA FAZER ALGUMA COISA,
CHAMAR ALGUÉM, MAS ELE SEGUROU-A PELA MANGA E DISSE-LHE, SORRINDO, PARA NÃO INCOMODAR NINGUÉM. NÃO HAVIA NECESSIDADE. DITO AQUILO, LIMITOU-SE A OLHAR PARA O CÉU E MORREU. KANDRO LIBERTOU-SE DA SUA MÃO E, CHORANDO DE TRISTEZA, CORREU A CHAMAR O MEU MESTRE , O LAMA JAMYANG KHYENTSE.FIQUEI ESPANTADO COM O FACTO DE ALGUÉM ENFRENTAR A MORTE ASSIM, DEMONSTRANDO AQUELE TIPO DE DESTEMOR E CONFIANÇA. APESAR DE ALGUM SOFRIMENTO, QUE NATURALMENTE TINHA, ELE ENCAROU O MOMENTO FINAL ,SIMULTANEAMENTE SÓBRIO E SERENO, MAS TAMBÉM MISTERIOSAMENTE DESPREOCUPADO.KANDRO VOLTOU A ENTRAR NA TENDA,ONDE JAZIA O LAMA TSETEN, COM O MEU MESTRE JAMYANG. LANÇANDO UM OLHAR SOBRE O ROSTO DO MORTO E ESPREITANDO-LHE OS OLHOS, O MEU MESTRE ESBOÇOU UM SORRISO E DISSE AO SUPOSTO DEFUNTO PARA ELE NÃO FICAR NAQUELE ESTADO. AFINAL, TSETEN ESTAVA A FAZER UMA ESPÉCIE DE MEDITAÇÃO EM QUE O PRATICANTE UNIFICA A NATUREZA DA SUA MENTE COM O ESPAÇO DA VERDADE. O MEU MESTRE, JAMYANG, DISSE ENTÃO AO LAMA QUE MUITAS VEZES ACONTECIA SURGIREM OBSTÁCULOS À CONCRETIZAÇÃO DO OBJECTIVO QUE ELE SE PROPUNHA ATINGIR E EXORTOU-O A SER CONDUZIDO POR ELE ATÉ AO ESTADO FINAL.
HIPNOTIZADO COM AQUILO QUE SE DESENROLAVA À MINHA FRENTE, ASSISTI
ENTÃO A UM PASSAMENTO QUE NUNCA TERIA ACREDITADO QUE PUDESSE
ACONTECER, SE NÃO O TIVESSE VISTO. O LAMA TSETEN REGRESSOU À VIDA
E, A SEGUIR, O MEU MESTRE SENTOU-SE A SEU LADO E CONDUZIU-O
ATRAVÉS DE UMA PRÁTICA QUE GUIA A CONSCIÊNCIA NO MOMENTO QUE
ANTECEDE A MORTE. HÁ MUITAS MANEIRAS DE O FAZER, E A QUE FOI
UTILIZADA CULMINOU COM O MEU MESTRE A PRONUNCIAR A LETRA "A", POR
TRÊS VEZES. QUANDO ELE PROFERIU O PRIMEIRO "A", OUVIMOS O LAMA
TSETEN ACOMPANHÁ-LO DE UM MODO PERFEITAMENTE AUDÍVEL. DA SEGUNDA
VEZ, A SUA VOZ JÁ FOI MENOS DISTINTA E, À TERCEIRA, FICOU
SILENCIOSO... PARTIRA.
A MORTE DO LAMA TSETEN FORA UMA EXIBIÇÃO DE UMA VERDADEIRA
TECNOLOGIA DE DOMÍNIO ESPIRITUAL.
Zeca:
ResponderEliminar"Já devia ter aprendido com a história que é tempo perdido"
Na História, as ideias ateístas são até relativamente recentes. Pelo contrário, as crenças em seres sobrenaturais começaram talvez nos primórdios da humanidade.
A nossa sociedade tem hoje em dia dois caminhos. Por um lado, podemos continuar a acreditar no sobrenatural, que era até há pouco tempo a única explicação para o que o Homem observava da realidade.
A alternativa é pormos de lado este "Deus das lacunas", que serviu ao longo da História para preencher as falhas do conhecimento humano, e apercebermo-nos de que esta táctica falhou. Já deixou de fazer sentido utilizar Deus para explicar o que não sabemos, em parte porque nas últimos séculos temos vindo a saber mais e mais.
Algum dia saberemos tudo? Duvido.
Mas pelo menos desta forma temos consciência de que não justificamos o que não sabemos da mesma maneira que foi feito ao longo de milénios, com graves consequências para o conhecimento do Homem.
De facto, a humanidade estaria muito mais avançada tecnologicamente se nunca tivessem existido as falsas justificações e o poder opressor das religiões.
Se Deus é um ser infinitamente inteligente, porque parece ter assim tanto gosto pela ignorância dos homens?
João Vasco diz: "As causas sociais a que pessoalmente me dedico, o Nuno não as conhece, porque não falo sobre isso neste espaço. Como não conheço o Nuno não posso (nem quero) alegar que passa mais tempo a falar sobre como a religião faz ajudar os outros do que a ajudá-los. Não faça isso a respeito dos ateus, até porque em muitos casos simplesmente não é verdade."
ResponderEliminarParece-me justo este comentário. Mas um pouco antes o mesmo João Vasco tinha dito: "Os crentes não sentem menos dor com a morte de alguém, mesmo alegando acreditar que esse alguém apenas foi para "um lugar melhor", e que no futuro o acaompanharão, porque, no fundo, no fundo, não acreditam nisso, e sabem que não voltarão a ver essa pessoa."
Além desta afirmação ser pura especulação, é completamente incoerente com o comentário anterior. Podia mostrar-lhe aqui n exemplos que contradizem essa mentira que escreveu, mas nem me vou dar ao trabalho, se quiser tem aí a internet à sua disposição. Seria uma prova de honestidade se retirasse o que disse.
De resto, é interessante ver que os católicos, que acreditam na vida além da morte, são os que se batem mais pelo direito à vida de todos, desde os bebés que são mortos por aborto (apoiado pela grande maioria dos ateus) até à decisão de se matar alguém porque já não tem "dignidade" ou utilidade.
João Silveira é uma pena mas não se aproveita quase nada do teu comentário.
ResponderEliminarJoão Silveira:
ResponderEliminarNão creio que exista qualquer contradição entre as duas situações.
No entanto, posso acrescentar que o meu comentário era uma generalização, e admito que há várias excepções. Logo que acabei de escrever, lembrei-me dos bombistas suicidas, cuja crença lhes permite ansiar por dar a vida em nome de uma causa. O exemplo tem uma conotação negativa, mas não é essa conotação o ponto em que quero focar. O ponto em que quero focar é que existem casos em que a crença é tão profunda e verdadeira, que se torna possível as pessoas de facto ansiarem pela morte, para irem para um lugar melhor.
Mas creio que são excepções. O João pode discordar, e considerar que nem sequer como regra aquilo que escrevi se aplica. Mas creio que na relação com a morte, na forma como é encarada, a maioria dos católicos não se distingue da maioria dos ateus.
Os católicos não são os que se batem mais pela vida de todos, no geral. Grande parte das mortes que acontecem são devido a doenças, violência, guerras, miséria. Quanto a isto vejo as pessoas generosas - católicas, agnósticas, ateias, ou de várias outras religiões - a lutarem.
Quanto ao aborto, a luta contra o aborto passa pela promoção dos métodos contraceptivos. As Igrejas cristãs que advogam apenas métodos "naturais" contribuem para que existam mais abortos e gravidezes adolescentes. Depois, além disso, também lutam pela criminalização do aborto; que é muito diferente de lutar contra o aborto.
Concedo, que no que diz respeito ao suicídio assistido grande parte das Igrejas cristãs tem uma postura de luta pela vida.
Mas eu acredito que uma pessoa deveria ter o direito a pôr termo à sua vida. Aprisionar uma pessoa obrigando-a a viver contra a sua vontade parece-me algo errado.
Ora os católicos acreditam que um Deus que nos ama imensamente respeita a nossa liberdade ao ponto de permitir que escolhamos o sofrimento eterno. Mas quer que impeçamos os nossos "irmãos" de escolherem a morte. Isso sim, é curioso.
Ruben:
ResponderEliminarErro primário dos ateistas: uma coisa é explciar como funciona, outra coisa é como isso nasceu, como foi cirado, quem fez isso, quem fez assim e não de outra maneira.
A ciencia limita-se a ver como estão criadas as coisas. Nada do que a ciencia descobre contraria Deus. Quando muito, pode contrariar as explicações das religiões sobre a forma como as coisas funcionam, mas isso é outra história.
Logo falamos. Agora estou muito ocupado, o intervalo é curto e eu, que sou normal ncessito de carburante para as combustões celulares do meu organismo.
Pastores na igreja da Comunidade de Cristo - Pai e seus quatro filhos acusados de abusos sexuais.
ResponderEliminar"uma coisa é explciar como funciona, outra coisa é como isso nasceu, como foi cirado, quem fez isso, quem fez assim e não de outra maneira."
ResponderEliminarO problema é que a ciencia tem vindo a empurrar o acto divino cada vez mais para traz ao conseguir explicar tudo como um encadeamento de fenomenos.
Primeiro Deus estava em todo o lado. Agora nem na origem da vida. Sobra apenas para Deus, no mais magestoso apelo à ignorancia que a humanidade criou, o momento primordial de todo o universo. Ainda que depois, fique sem explicação como surgiu Deus. Já é complicado imaginar não haver nada, nem espaço, nem tempo, e com o aparecimento destes surgir a materia e a energia. Logo havia de surgir antes disso uma entidade que é consciente e de livre-vontade, inteligente, todo poderosa para todo o sempre e que está em todo o lado. Isso não faz sentido nenhum. Deus a sair do vazio é mais complicado que o principio do espaço-tempo.
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ResponderEliminarJoão:
ResponderEliminarConcordo em absoluto com esse ponto de vista. De facto, uma das poucas coisas que a ciência ainda não conseguiu sequer aproximar-se da explicação é a origem do universo.
Por agora, sabemos apenas que o universo surgiu do nada por fenómenos desconhecidos para nós (os quais talvez nunca viremos a conhecer). Prefiro ficar na ignorância sobre esta matéria do que explicar tudo com o aparecimento de uma entidade criadora do universo.
Afinal, o que será mais plausível?
O universo ser criado do nada, por razões que não compreendemos, ou o universo ter sido criado do nada por uma entidade que também apareceu do nada com o único propósito da criação do universo?
Zeca,
ResponderEliminarQuanto ao seu último comentário, tenho a dizer-lhe que concordo consigo em parte. De facto, uma coisa é perceber como funciona, outra coisa é conhecer o que deu origem a isso. Até aqui estamos de acordo.
O Zeca está a dizer, implicitamente, que quando conhecemos como é que algo efectivamente funciona, não precisamos de qualquer divindade para entendermos o fenómeno. Por exemplo, nós entendemos como é que funciona o ciclo da água e portanto deixámos de necessitar de qualquer divindade para entender porque é que chove. Não há muitos séculos atrás, havia essa necessidade.
No entanto há fenómenos que nós conhecemos como funciona mas também conhecemos o que lhes deu origem. Por exemplo, uma trovoada. Hoje entendemos o que dá origem a uma trovoada e entendemos como é que tudo isso funciona logo, não precisamos de nenhuma divindade para explicar o que é um trovão, nem tão pouco para explicar o que deu origem a um trovão.
Quanto à cosmologia, pelos vistos ambos concordamos também que não é necessário entrar com Deus na equação para perceber como é que os "astros funcionam". Basta a ciência para entender estes fenómenos.
O que diferencia portanto a minha visão da sua, é que à pergunta "o que deu origem a isto", para mim não é nada desconfortável dizer "por enquanto não sei…", ao passo que esta resposta incomoda o Zeca. Daí atribuir a Deus aquilo que não sabe. É uma opção sua, lícita e igual à opção da maioria dos crentes.
Quanto a mim é uma opção errada. Atribuir o que ainda não se sabe a uma entidade qualquer tem duas desvantagens inegáveis. Primeiro, não melhora absolutamente nada o nosso conhecimento do real. Dizer que não se sabe ou dizer que foi devido a uma coisa transcendente, é exactamente o mesmo em termos de clarificação do real. É no fundo uma atitude derrotista, pois ao estar defronte um problema complexo, em vez de tentar resolvê-lo, apresenta-se a mesma (não) solução mágica. Segundo, o facto de atribuirmos o que não se sabe a uma causa transcendente, é em certa medida um bloqueio à possibilidade de virmos a conhecer posteriormente o que hoje não se sabe. E nós sabemos historicamente que isto aconteceu em larga escala. Por exemplo, Aristóteles criou a teoria defendida durante séculos pela Igreja Católica que as coisas caem porque é da natureza dessas coisas estarem no chão, e durante séculos foi impossibilitado pôr isto em causa, pois equivaleria a pôr em causa parte da doutrina da Igreja. Durante séculos, ficámos sem entender nem sequer ter a possibilidade de vir a entender porque é que as coisas caem.
Se toda a gente tivesse optado pela segunda hipótese, ainda hoje se atribuía a chuva a uma vontade divina qualquer e explicar-se-ia que as pedras quando atiradas ao ar caem necessariamente porque está na natureza das pedras pertencerem ao chão(*).
(*) Curiosamente, após se entender a gravidade, entendemos também que ao contrário do que se pensava, o facto de atirarmos uma pedra ao ar, ela não terá de cair necessariamente. Basta atirá-la acima da velocidade de escape e essa pedra nunca mais cairá na Terra…
Rubens:
ResponderEliminar"De facto, uma das poucas coisas que a ciência ainda não conseguiu sequer aproximar-se da explicação é a origem do universo."
Não é bem assim. Aproximar ja aproximamos. Estamos no primeiro segundo com alguma segurança. No primeiro meio segundo ainda com estilo e pompa. O pior é o instante inicial.
Mas lê sobre instanton por exemplo. Ou sobre os universos ciclicos. Ou sobre a teoria das cordas em que o big bang foi uma brana a bater noutra. E deixe ver o que vai sair do LHC para ver se é Deus ou não.
“Por um lado, podemos continuar a acreditar no sobrenatural, que era até há pouco tempo a única explicação para o que o Homem observava da realidade.
ResponderEliminarErrado.
O catolicismo não tem por função explicar como as coisas acontecem. Deus, numa perspectiva católica (e da outras religiões) não serve para tais fins. Deus criador não é um Deus professor que tem que ensinar aos homens aquilo que fez.
O dom da inteligência (dádiva de Deus) serve para isso mesmo – o Homem ir descobrindo como funciona.
A Ciência tem um papel posteriori sobre o que existe. A técnica não é mais do que o facto do Homem poder usar com inteligência aquilo que está na natureza.
A natureza é fruto do poder criador de Deus.
”A alternativa é pormos de lado este "Deus das lacunas", que serviu ao longo da História para preencher as falhas do conhecimento humano…”
Não foi Deus que serviu para explicar o que o Homem não compreendeu, foi o Homem que se serviu de Deus para esse fim. Curiosamente, esse foi o papel dos cientistas da época. Do choque entre o conhecimento instituído por alguns cientistas poderosos e os mais progressistas, nasceram inúmeros problemas.
Deus, na perspectiva dos cristãos católicos, não é o “desenrasca”, até porque seria uma blasfémia utilizar Deus para justificar coisas mínimas.
Perguntará: então, e os milagres?
Por um lado é a ciência que os prova, por outro lado, a ciência não pode provar que não forma intervenção divina.
Mesmo que justifique com razões da natureza, o evento de acontecerem em dadas conjunturas e sob determinadas cicunstâncias, é a razão do milagre.
Exemplo de um notícia não muito antiga: algures na Ásia uma mulher cai de uma janela. Uma corrente de ar ascendente (cujo funcionamento é perfeitamente explicável pela ciência), faz com que ela não cai nas seja levada até à cobertura do telhado vizinho.
O Milagre não está no facto das forças serem explicáveis (existirem tais forças), está no facto de se terem reunido exactamente naqueles instante e terem sido propicias à pessoa em causa.
“Já deixou de fazer sentido utilizar Deus para explicar o que não sabemos
Deus serve exactamente para explicar aquilo que compreendemos.
Serve para explicar:
Porque razão isto funciona assim e não de outra maneira?
Porque razão isto foi criado assim e não teve outras características?
Quem foi que criou isto assim?
De facto, a humanidade estaria muito mais avançada tecnologicamente se nunca tivessem existido as falsas justificações e o poder opressor das religiões.
As falsas justificações são do foro da ciências.
Quer você referir-se a casos como Galileu?
Um perfeito disparate!!!
Então, civilizações mais fecundas e mais conhecedoras (como a China, por exemplo), por que não evoluiriam?
Não foi a religião que as travou. Foi a própria que se ateve em conclusões falsas.
Claro, a ciência é uma construção antrópica, logo é falível.
Por outro lado, está a esquecer o papel da Igreja na transmissão de cultura e do conhecimento.
Se Deus quisesse a ignorância humana, porque teria dado a inteligência ao Homem?
”deixámos de necessitar de qualquer divindade para entender porque é que chove”
ResponderEliminarUma coisa é o mecanismo do ciclo da água, outra, muito diferente é chover ou não num dado lugar e num dado momento.
O ciclo da água é explicado pela ciências, o facto de chover ou não, de chover em excesso, ou de haver uma seca, não são assunto que a ciências decida. Isso só pode decidir quem pode controlar os fenómenos. Não creio que seja um computador da ciência o um algoritmo do acaso.
É aí que entra Deus. A menos que me diga que os cientistas a programam o estado do tempo.
Quando eu era miúdo, a minha avó, para eu me lacar, dizia que a trovoada era “o Jesus a ralhar” (mas também dizia que vinha o papão). Quando fui pra a catequese, o padre dizia-a que era “uma nuvem a bater na outra” e recusava-se a meter Deus no assunto. Lembro-me, no entanto que dizia: Todos os fenómenos da natureza são criação de Deus e têm a sua função, não foram criados para matar ninguém – ainda hoje concordo!.
Não me incomoda nada “dizer que não sei”. Incomoda-me é ver os ateístas a dizer que têm certeza que Deus não existe, que é uma invenção do Homem – não são suficientes próximos da atitude de Descartes.
Ante as evidências que estão por todo o lado, atentando na forma como as coisas funcionam, é fácil perceber que só podia ter sido intencional a forma com estas coisas foram construídas e postas a funcionar. Só um cego não vê.
”é em certa medida um bloqueio à possibilidade de virmos a conhecer posteriormente o que hoje não se sabe.”
Porquê?
O mundo não era todo católico e nem por isso se progrediu noutros lugares (até mais avançados do que o velho continente).
Aristóteles não era um cristão, nem um religioso. Era um homem da ciência. Eis um exemplo de como a acreditar cegamente na ciência pode provocar graves problemas á humanidade.
Convém ver que entre o tempo de Aristóteles e a aceitação da Igreja de tais teorias vai tempo suficiente pra serem revistas…
Zeca:
ResponderEliminarSe Deus existisse talvez pudesses ter alguma razão.
Talvez.
"O dom da inteligência (dádiva de Deus) serve para isso mesmo – o Homem ir descobrindo como funciona"
ResponderEliminarA inteligência permite-nos descobrir o funcionamento da Natureza. Concordo com isso. Mas a diferença de pensamento entre mim e o Zeca está na origem da inteligência, tal como na origem de tudo o resto.
O Zeca afirma que a origem das coisas (entre as quais a inteligência humana) é Deus; para mim, tal como nos é possível descobrir e compreender o funcionamento dos fenómenos da realidade, também nos é possível, pelos mesmo processos, descobrir as origens e as primeiras causas desses mesmos fenómenos.
Mas numa coisa estamos de acordo: a Ciência, fruto da inteligência humana, permite ao Homem ir descobrindo como as coisas funcionam. Como, aliás, estamos a assistir agora, em cada dia que passa, novos avanços, novas descobertas, apenas possíveis pelo uso da nossa inteligência.
Mas essa inteligência não tem que ser uma "dádiva" de Deus; é, isso sim, o produto de milhares de milhões de anos de evolução da vida na Terra, evolução essa que obedece a leis e princípios que têm vindo a ser formulados por diversas áreas científicas.
"A natureza é fruto do poder criador de Deus"
Não podemos justificar a origem de todas as coisas com a ideia de um Deus criador, pois isso não é resposta, apenas nos coloca mais perguntas.
Há uma dúvida que sempre me assola quando escuto os crentes a referirem-se ao seu "criador".
Afinal, se Deus criou o universo, quem criou Deus?
Será que Deus se criou a si próprio?
Mas como pode algo que não existe (logo não tem consciência nem nada parecido) tomar a decisão de passar a existir e criar-se a si mesmo no momento seguinte?
"Porque razão isto funciona assim e não de outra maneira?
Porque razão isto foi criado assim e não teve outras características?
Quem foi que criou isto assim? "
Mas porque razão o nosso universo tem que ter sido criado para ter chegado ao estado actual?
Claro que pode dizer: se os fenómenos e leis do nosso universo não fossem exactamente como são, a vida não seria possível.
Concordo em absoluto, mas o que faz as leis do universo serem como são não tem que ser necessariamente um criador.
Por exemplo, podem existir múltiplos universos para além do nosso e em cada um desses universo haver pequenas variações das leis naturais. Por causa dessas variações, em nenhum desses universos pode existir vida.
Neste caso, a vida e as leis específicas do nosso universo que a possibilitam, explicam-se facilmente: em algum desses universos, teria que haver condições para a vida, o que aconteceu com o nosso.
Este pequeno exemplo serve apenas um propósito: explicar que não temos que arranjar a justificação do Deus criador para compreender a vida e a inteligência humana.
Claro que pode dizer: essa hipótese parece-me muito pouco plausível. Mas se pensarmos bem, a ideia de Deus também não faz muito sentido.
Imaginemos que entrávamos em contacto com formas de vida inteligentes, até mais inteligentes que nós, e lhe tentávamos explicar que na Terra existe a crença numa entidade superior que criou o universo.
Será que eles acreditariam? Provavelmente, rir-se-iam na nossa cara.
O Homem não se serviu de Deus para explicar o que não compreendia, o Homem criou Deus para esse fim. Se essa criação por parte do Homem foi consciente ou inconsciente, isso não sei.
Mas acredito que chegou a altura da humanidade se aperceber desse erro e seguir em frente na sua busca por conhecimento e por compreensão do funcionamento e origem dos fenómenos do universo.
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ResponderEliminarZeca,
ResponderEliminar«Se Deus quisesse a ignorância humana, porque teria dado a inteligência ao Homem?»
Daqui subentendes uma vontade de deus, pergunto-te: como sabes isso? Podes partilhar aqui com a malta, ou é puro palpite?
Hoje um crente fiel disse-me que, ao ver a forma como eu criticava as religiões e me esforçava por justificar que Deus não existia, ele próprio acreditava ainda mais em Deus.
ResponderEliminarMas a verdade é que eu não faço isso porque pretendo provar o que quer que seja a alguém ou a mim próprio. Tanto os crentes com quem falo como eu próprio já temos as nossa ideias bem definidas, pelo que por muito boa que seja a argumentação, a maneira de pensar pouco ou nada muda.
Eu argumento e defendo as minhas opiniões simplesmente porque penso que essa é a melhor coisa a fazer.
Quando observo o mundo em que vivo, reparo em milhões de pessoas que acreditam numa determinada religião, defendem certas ideias políticas, têm esta ou aquela opinião sobre uma personalidade apenas porque são influenciadas pelo meio social e familiar em que vivem, sem pararem um pouco para reflectirem se aquelas são mesmo as ideias que defendem, se é mesmo naquilo que acreditam.
Ora, a meu ver, essas pessoas merecem ter uma segunda opinião e reflectir noutras possibilidades que sintam serem mais ajustadas à sua personalidade.
No fundo, eu não argumento as minhas ideias para convencer os outros a segui-las. Eu digo o que penso porque acho que isso é o melhor a fazer: dar a possibilidade às pessoas que acreditam em ideias que não são delas (são apenas o reflexo de ideias de outros), dando-lhes as hipóteses alternativas, que possivelmente se ajustam melhor àquilo que pensam.
Essa argumentação não é a prova de que Deus existe. É, isso sim, a tentativa de oferecer uma alternativa muito mais plausível às ideias que vigoram maioritariamente na sociedade.
Alfredo Dinis,
ResponderEliminartanto ateus como cristãos têm a tendência de atribuir certos atributos ao Cristianismo, como as de que a Bíblia é sagrada por ser a palavra de Deus, na imortalidade do espírito e numa recompensa no Céu. No entanto existe uma variedade de cristãos que não tomam a Bíblia sagrada nem a consideram de origem divina, como os cristãos deístas e os místicos gnósticos. Existem seitas cuja concepção da vida, pelo menos humana, não pode ser separada do corpo, como as testemunhas de Jeová, e algumas, como os mórmons, até acreditam que o Paraíso está num planeta distante. Podes encontrar cristãos a dizerem que a dualidade referida não é bíblica, mas apenas incorporada pela ICAR.
Não me parece que o dualismo entre corpo e espírito tenha sido invenção grega - os egípcios acreditavam nessa separação e dependiam dela para o faraó guiar o Sol -, mas parece que não havia esse conceito entre os hebreus. Os espírito era ar, como o exalado por Iavé para dar vida à carne. Corpos humanos podiam ser engolidos pela terra até ao abismo (sheol) e até voarem até ao Céu (abóboda). A recompensa está em Terra, tal como o Paraíso entre rios conhecidos, lembrando o Monte Olimpo e o Hades grego. E era essa a concepção do mundo dos cristãos primitivos, com os mortos a erguerem-se dos túmulos e uma subida de um corpo até aos céus.
Nas revelações de Daniel e João, há um Livro da Vida, que representa a memória de Deus sobre os mortos que irão ressuscitar e viver para sempre, para verem uma nova Jerusalém. No Apocalipse, os outros são queimados numa segunda morte. Segundo Paulo, alguns nem iriam morrer para serem transportados directamente para o Céu. De qualquer o conceito de "memória de Deus" que apresentaste lembra-me o Livro da Vida e um conto de ficção científica que tenho esboçado:
um homem surge do céu, faz milagres e desafia o clero. No entanto a maioria os que eram descrentes revela interesse e respeito pelo homem e apenas uma minoria dos religiosos, livres-pensadores, aceita-o, incluíndo a protagonista, que morre por apedrejamento. Mas acorda deitada numa sala com o homem ao seu lado e descobre que ela era apenas um agente de um programa informático evolutivo que foi transferido para uma máquina com figura humana. O homem é um andróide com uma cópia da mente de um cientista nas suas memórias e replica-se antes de "morrer", transferindo as suas memórias para outra máquina. Foi expulso de uma cidade de humanos por ter lido livros de Filosofia e interage com uma espécie de "internet" para copiar "mentes" interessantes de um programa informático, uma caverna de Platão, destinado a criar andróides escravos inteligentes. Um "templo" (uma nave) é reconstruído e usado para os andróides salvos por "deus" viajarem pelo espaço. Os humanos representam o Demiurgo e as suas cidades representam o Inferno. Estou a pensar em dar o título "A Noiva de Deus".
Repara que as pseudo-ciências também adoptam, mais-ou-menos, conceitos científicos. E que imaterial depende do material, quer seja o peso, o tempo ou a informação. E o "eu" eterno é apenas um figurativo: é uma cópia de parte de software representado nos cérebros, literatura e imagens.
@Zeca: «Se Deus quisesse a ignorância humana, porque teria dado a inteligência ao Homem?»
ResponderEliminarEssa generalização aplica-se: «Se Deus quisesse a ¬X humana, porque teria dado a X ao Homem?»?
Os X e ¬X de outros animais também aplicam-se? Ou consideras que nesse caso são todos ¬X?