Crença e inteligência.
O leitor «Bizarro» fez dois comentários que merecem respostas mais elaboradas. Aqui dirijo-me ao primeiro, que critica os ateus que consideram os crentes menos inteligentes. Concordo com a crítica; a crença não indica menor inteligência. Mas vou começar por explicar o que quero dizer com «inteligência».
Proponho que é o conjunto de quatro aspectos mais fáceis de definir. Conhecimento, capacidade de relacionar o que se conhece, criatividade e espírito crítico. É uma definição muito abrangente, mas há inteligência em quase todas as actividades humanas. Do xadrez à poesia, da música à ciência ou ao atletismo, em quase tudo o que fazemos é bom saber coisas, conseguir relacioná-las, ser criativo, e ser capaz de criticar ideias para as melhorar ou rejeitar. Crente ou não crente, cada ser humano é inteligente em geral e muito inteligente naquilo para que tem «mais jeito», seja arte, ciência, desporto, ou outros.
Mas mesmo com uma definição tão abrangente a crença fica de fora. O crente é inteligente, mas a crença é das poucas actividades humanas (e talvez a única das que a sociedade eleva) que não beneficia da inteligência. Para ter fé de nada serve o conhecimento, o raciocínio, a criatividade ou a capacidade de crítica. Pelo contrário. Cada um destes ameaça a fé, e em conjunto são o seu pior inimigo. A crença não é inteligente. Mas há duas formas diferentes da crença não ser inteligente.
Pode ser como gostar de chocolate. Não é inteligente nem estúpido. É, e pronto. Eu reconheço que o chocolate me pode fazer mal, e não me ofende se me disserem que é melhor evitar comer chocolate ou que gostar de chocolate é como gostar de chupa-chupas. Muitos crentes encaram a crença desta forma. Reconhecem as críticas, são moderados na sua prática, não se ofendem com as comparações. E não andam a tentar convencer os outros a gostar de chocolate ou de um deus. A crença é parte do crente. É algo íntimo, e não tem nada a ver com inteligência ou com uma decisão pensada.
Mas outros apresentam a crença como sabedoria, como uma verdade, que é pública, objectiva e que todos devem reconhecer. Tentam convencer que a sua fé é verdadeira, ao contrário das outras. Ensinam os filhos a crer e batem-nos à porta a oferecer revistas ridículas. E são pessoas inteligentes. Desde a argumentação pela fé até à gestão dos fundos das igrejas há aqui muita actividade que requer inteligência. Mas não a fé. Essa continua a não ter nada a ver com inteligência. E quando se lhes aponta este problema refugiam-se na indignação, ou na condescendência (coitados dos descrentes que não vêem a luz...), ou no palavreado obscuro e alegações vagas. Exigem respeito. Não querem críticas. E é isso que os faz parecer menos inteligentes.
Ninguém vai achar que sou estúpido se disser está bem, o chocolate faz-me mal mas gosto à mesma. Mas se alegar uma verdade superior na qual o chocolate faz bem, ou que o chocolate leva à salvação eterna, ou se me indignar pelo desrespeito da minha crença no chocolate provavelmente vão achar que não jogo com o baralho todo. E com razão...
PS: Agora que ia pôr isto no blog reparei que o Helder Sanches se antecipou: Fé e Inteligência.
Deixo também o link para o post do «Bizarro» que catalisou este debate inter-blogs: Eu sou religioso, e então?
Para ter fé de nada serve o conhecimento, o raciocínio, a criatividade ou a capacidade de crítica. [...] A crença não é inteligente.
ResponderEliminarOu melhor, a crença religiosa ou espiritual não tem de se justificar com a actividade racional... certo!
De facto, ela não pertence mesmo a esse plano, mas ao do conhecimento directo sem intermediações nem barreiras. Ou seja, uma espécie de revelação interior, sim.
Só que... e aqui é que está o grande busílis!... são muitos poucos os crentes que deveras possuem essa experiência interior que não dá lugar a dúvidas.
A história a seguir passou-se com Ramakrishna, carinhosamente conhecido como "o louco de Deus" e mestre de Swami Vivekananda, que foi quem deveras introduziu o pensamento oriental no Ocidente, com as suas brilhantes exposições em Chicago, no Congresso das Religiões, em 1893.
Quando Vivekananda, que tinha sido educado no Ocidente, tal como Gandhi mais tarde, conheceu o seu Mestre, perguntou-lhe logo no 1º encontro se ele já tinha visto Deus.
- Yes, I see God, just as I see you here, only in a much intenser sense - foi a imediata resposta do Guru.
De facto, pouco tempo depois Ramakrishna proporcionou essa visão a Vivekananda e durante 3 dias e 3 noites o seu discípulo nada mais via senão a Omnipotência Divina em toda a parte.
Ah, mas isto não é fácil de compreender, já que uma tal experiência é deveras muito rara! Logo, a mera crença é ainda muito pouco deveras, já que só a funda vivência nos dá essa certeza da Doçura Indizível que é absolutamente real, mais do que qualquer outra coisa que se possa experimentar neste curto tempo de vida.
So what more is there to say?!
Breathe, simply breathe and let this Love take you in and flow away :)
PS: Os interessados podem encontrar na Wikipedia uma série de bons artigos e respectivos links acerca de Swami Vivekananda e Ramakrishna Paramhansa.
Para as mentes racionais cá da Treta ;) este é um bom começo:
http://en.wikipedia.org/wiki/Swami_Vivekananda
Quando o Helder me disse que ainda não tinha um comentário meu no seu blog não devia esperar que originasse toda esta algazarra, nem eu esperava. A experiência está a ser interessante por várias razões... Até estou a pensar fechar o meu blog e abrir um novo para não ser conhecido como o blog religioso de um semi-crente segundo alguns, ou de um homem "não inteligente" segundo outros.
ResponderEliminarO prof. Ludwig diz
"Ninguém vai achar que sou estúpido se disser está bem, o chocolate faz-me mal mas gosto à mesma."
Mas no entanto acham isso quando digo que sou religioso, como o Xiquinho tão bem fez questão de mostrar...
É tão bom ser religioso, mas no entanto "quase todos" acham que por ser religioso se estivesse em posição de influenciar o mundo que este seria um lugar muito pior... vá-se lá saber porque.
Mas acho deveras interessante é a superioridade que é pregada e demonstrada por "quase todos" ateistas que vejo, insistem em tentar converter os religiosos ao ateismo, pois eu digo-vos, um estupido é tão estupido religioso como vai ser ateu, portanto o ateismo não é a fonte da sabedoria nem da iluminação nem da verdade (eh pa, isto agora até parecia a descrição de uma religião...). Eu no entanto quando estou numa discussão sobre religião não entro com argumentos sobre o vácuo mental dos ateus nem lhes tento fazer mudar de opinião, apenas gosto de saber porque são ateus, mas isso é impossivel com "quase todos", pois consideram-se tão superiores ao ponto de considerarem que a religião deve ser do circulo espiritual de cada um, mas já não vem mal nenhum no pregar do ateismo, eu até não me importo pois cada um é livre, mas ao menos que seja coerente.
Eu pareço não ter nenhum dos problemas que acusam a religião de causar (a não ser a falta de inteligencia inerente), não sou intolerante, não mato ninguem em nome do meu Deus, não me abstenho de procurar conhecimento devido à minha religião, mas no entanto ser religioso é "sempre mau", talvez seja por convenção de alguém que assim seja... Mais alguém acha isso Bizarro?
Isto deixa algumas duvidas quanto ao existir extremismo ateu ou não, eu ao menos estou a aberto a todas as experiencias até as ateistas vejam lá...
Foi bom ler este post para saber que quando disse "quase todos" é efectivamante quase todos e não todos.
Ninguém é estúpido por ser religioso, isso é uma parvoíce das pesadas, mas lá que podiam usar a cabeça para pensar no assunto, isso podiam.
ResponderEliminarCom calma, pensar nas razões pelas quais as coisas acontecem, o que vale a pensa fazer, o que vale a pena dizer, o que vale a pena realmente amar, o que vale realmente acreditar, o que vale realmente viver.
Resumindo, não facilitar as coisas justificando tudo com:
É mau, foi por causa do homem
É bom, foi graças a deus.
Abraço
Caro Leprechaun,
ResponderEliminarEsta noite sonhei que um dos meus filhos estava a brincar nuns andaimes e quase que caia. A minha reacção no sonho de subir depressa para o segurar não deu lugar a dúvidas. Nessa altura nem me ocorreu duvidar que aquilo estava mesmo a acontecer. Mas foi só um sonho.
A experiencia interior pode ser terrivelmente convincente mas nem por isso é fiável.
Caro Bizarro,
"Prof" sou nas aulas por respeito à tradição, mas quando estou fora de serviço dispenso o título :)
E peço desculpa pela "algazarra". Isto não é para implicar consigo, mas muito do que escrevo aqui é inspirado pelos comentários que aqui deixam ou pelo que as pessoas escrevem noutros lados, e penso que os seus sugerem questões interessantes.
Por exemplo, o que é para mim ser ateu e porque sou ateu. Esse é um bom tema para um post, se bem que já tenha escrito sobre isso aqui. Vou ver se posso acrescentar alguma coisa.
Em suma, esta algazarra é boa. Não veja isto como um ataque pessoal; pelo contrário. É um diálogo, uma colaboração que, como escreveu, nos obriga a pensar melhor.
http://www.adultswim.com/games/biblefight/index.html
ResponderEliminar--
jogo optimo.. a ver
Eh pa isso do prof foi um lapso, devia estar a pensar que estava a escrever um mail para si, até porque não tenho aulas consigo, mas quando arranjar mais uns ananases combina-se um jantar religioso :P Só descobri este seu blog quando o helder me falou do seu, senão já teria falado consigo quando nos encontramos :P Mas admito que estava curioso de saber como seriam as suas respostas sem saber quem eu era, agora já sei.
ResponderEliminarTalvez a escolha do adjectivo "algazaraa" não tenha sido a melhor, agitação era melhor, mas eu é que gerei esta agitação toda, não senti aqui nenhum ataque pessoal.
Ah... OK, com os ananazes já fiquei esclarecido :-)
ResponderEliminarBem, as respostas são as mesmas. Respondo às ideias e não às pessoas, por isso tanto faz. Mas é mais agradável ter uma cara para associar ao nick.
Não sabia é que conheces o Helder... como o mundo é pequeno («mundo» leia-se Portugal, claro ;)
Conhece e de que maneira! Eu lá no bar exerço proselitismo ateu quando sinto que os meus interlocutores são crentes e... inteligentes! Para os outros, limito-me às mensagens garrafais nas t-shirts ateias personalizadas! ;)
ResponderEliminarAgora a sério... Espero que depois do jantar com ananases passem no Palpita-me!
Um abraço.
Opina o Luís Pestana que: "Ninguém é estúpido por ser religioso, isso é uma parvoíce das pesadas..."
ResponderEliminarPois a mim parece-me que parvoíce das pesadas é precisamente ser religioso. Hoje em dia basta abrir um jornal e ler as notícias do dia para encontrar todos os motivos para rejeitar a religião e nenhum para a professar.
Não há que ter medo de chamar os bois pelos nomes pois está mais que visto que isto não vai lá com paninhos quentes nem com meias de leite. E antes que sintam nisto uma falta de respeito, ponham a mão na consciência e digam-me se merece respeito quem pactua com as faltas de respeito que os lideres religiosos de Roma têm pelas vitimas da pedofilia, da SIDA, as faltas de respeito que os evangélicos americanos têm pelos ateus e homossexuais, que no entender de alguns deviam de ser abatidos, as faltas de respeito que os clérigos muçulmanos têm pelas mulheres que são apedrejadas até à morte, isto para citar apenas alguns exemplos “multiculturais” recentes.
Resumindo, ter sempre presente:
Ser ateu, é bom
Ser religioso, é mau e é treta, é mau e é treta…
Aviso à navegação:
ResponderEliminarO Xiquinho é como o osso do Milú: é duro de roer!
Abraços.
A experiência interior pode ser terrivelmente convincente mas nem por isso é fiável.
ResponderEliminarYes! That IS the point, really!!!
Claro que a ciência se baseia em dados objectivos e não em experiências subjectivas, mesmo quando elas são comprovadamente vivenciadas por diversos seres humanos, nos mais diferentes lugares e em várias épocas históricas.
Qual a realidade, afinal, de uma tal percepção íntima? Ou seja, em que consiste esse tal conhecimento directo que ultrapassa os mecanismos da razão e não necessita de artifícios lógicos para saber, simplesmente saber?
Não sei quanto tempo irá demorar até compreendermos ou aceitarmos a veracidade de tais depoimentos. Mas palpita-me que andamos perto, muito perto...
Por fim, o sonho nocturno cede facilmente lugar à vigília diurna, mas tal NÃO se passa nesse estado permanente de divina embriaguez em que a consciência do Real no ilusório não se desfaz, uma vez adquirida.
A este respeito, a investigação dos estados ditos "alterados" da consciência e a investigação de fenómenos como as NDE ou OBE - mas atenção, com rigor e profundidade e não só as piedosas pseudo explicações de anoxia cerebral e afins! - pode de facto levar-nos um pouco mais longe.
Já agora, é interessante notar que, neste particular, parece haver uma certa cisão entre a ciência "mainstream" e a tal "pseudociência", também praticada por cientistas dissidentes (?!), que não se pode contentar com explicações parciais que nada explicam em concreto.
Mas aí está, a subjectividade e a não replicabilidade de muitos dos fenómenos estudados serão suficientes para os apartar da aura da cientificidade? Ou seja, nem todas as ciências são exactas e nem todos os fenómenos aceites são replicáveis em laboratório. De facto, pretender reduzir a complexidade do Ser Humano à mera fisiologia é um empreendimento risível e que nem deve ser levado a sério.
Daí que os modernos estudos no campo da neurofisiologia do encéfalo representem uma contribuição para o estudo da mente e consciência, mas nada mais do que isso. Deveras, eles não fornecem verdades irrefutáveis e, aliás, os próprios dados podem ser sujeitos às mais díspares interpretações consoante o modelo teórico utilizado para os analisar.
Ah! e a resposta dúplice do hemisfério direito e esquerdo à pergunta "Do you believe in God?" é tão fantasticamente evidente! E até a identificação com o lado feminino do hemisfério direito, o yin, criativo, intuitivo e, obviamente, fêmea... and with a sense of humour, sure!!! :)
So I am asking once again: why is modern science discovering the same things that were known long ago by those seers of truth that dwelved in the innermost core of their own minds... or heart or soul, doesn't matter?!
Porque estamos simplesmente a redescobrir aquilo que já de há muito é conhecido por aqueles que deveras puseram em prática o preceito do templo de Delfos:
Homem, conhece-te a ti próprio e conhecerás o universo e os deuses!
Yes! All dwells within and this inner Self-Knowledge is the true king of all knowledge: Jnana Yoga / Raja Vidya... ou a sempre bela Sophia!... o dear!!! :)
Ser ateu, é bom
ResponderEliminarSer religioso, é mau e é treta, é mau e é treta…
Olá, Xiquinho... daqui fala o Gnominho! :)
Posso concordar com esse retrato de um certo fundamentalismo religioso que até se vem exacerbando ultimamente, mas olha que o contrário de ser religioso não é ser ateu, simplesmente!
Para já,ainda temos o meio termo "agnóstico", sempre é mais terno... Deveras, para mim é até surpreendente que pessoas que têm experiências místicas ou religiosas muito intensas e crêem na imortalidade do espírito se considerem agnósticas, isto é mesmo demasiada humildade intelectual, puxa! :)
Anyway... sono solamente anche parole!
Ou ainda, há diversos níveis de religiosidade, por assim dizer, e aquele que é por aqui glosado é simplesmente o nível mais básico e primitivo dos rituais e da crença cega. Sim, é um facto que tal pode não demonstrar grande inteligência, o que também talvez nem seja tão importante assim. O grande problema é que a letra mata e o espírito vivifica, pelo que aqueles que se prendem a interpretações literais de livros provavelmente adulterados e cuja interpretação só pode mesmo ser feita à luz da experiência interior de quem os escreveu, vêem mesmo o argueiro no olho do vizinho e não enxergam a trave que literalmente os cega!
Neste sentido, é muitíssimo mais lógico, racional e são ser ateu do que grosseiramente religioso, sem dúvida! Aliás, vejo nisso um belíssimo exemplo em alguns cientistas actuais, ditos "ateus", como Richard Dawkins, cujas declarações a respeito do binómio ciência-religião me parecem um modelo de clareza, honestidade intelectual e muito bom senso acima de tudo.
Mas aí está, convém não perder de vista de que "religião" estamos a falar, já que é bom não misturar os tais "alhos com bugalhos"! Sim, há deveras essa íntima e espontânea reverência, esse sentimento de admiração, ou essa sensação do mistério ainda insondável mas talvez explicável um dia, que são comuns tanto ao verdadeiro homem de ciência como ao verdadeiro crente. Nesse sentido, a palavra "Deus" pode ser aplicada a ambos, mas numa acepção bem mais vasta do que a simples caricatura a que a pseudo-religião ritualista e ignara a reduziu.
Logo, ateus e crentes autênticos nem estão assim tão longe e separados quanto isso, este é talvez mais um caso em que os extremos se tocam, sim!
Aliás, uma visão ateísta tem uma vantagem considerável no exame imparcial da realidade ou da evidência científica, já que não deve estar obnubilada pelos tremendos preconceitos e ideias feitas que são comuns ao preconceito não-científico religioso. Só que, a este nível repito que a dúvida ou incerteza do agnóstico o coloca talvez num plano algo superior no que se refere à abertura de espírito que alguns ateus mais intolerantes e fundamentalistas também não conseguem de facto demonstrar.
So everyting is beautiful indeed... e eu sonho co'a Amada ao luar...
Rui leprechaun
(...essa Divina Visão quero alcançar!!! :))
Caro Rui Leprechaun,
ResponderEliminaressa da visão lembra-me uma frase célebre do ex-chanceler alemão, Helmut Schmidt, num contexto político, reconheço, mas acho que até se aplica aqui: «Quem tem visões devia ir ao oftalmologista».
Cumprimentos
Cristy
Este debate é sempre interessante, ainda mais quando é feito de forma minimamente civilizada. Desde logo o óbvio: a realidade da fé, da crença religiosa, ou, até de forma mais lata, da crença e da convicção em geral, é extremamente complexa e não se compadece com generalizações simplistas como as do xiquinho em relação aos religiosos ou do bizarro em relação aos ateus. Em termos muito genéricos (sem especificar grupos derivados como católicos ou comunistas), poderíamos argumentar que um homem religioso com uma crença extremista é tão perigoso como um ateu com uma convicção extremista, digamos, ideológica. Ambos os campos têm um vasto historial de vítimas e esse tipo de contabilidade não faz grande sentido. Sobretudo, não haverá problema se cada um respeitar a liberdade do outro ser como deseja ser, vivendo as suas convicções sem violentar as dos outros. e a isso chama-se simplesmente tolerância. Eu por sinal tenho-me por agnóstico, que é uma qualidade como que envergonhada de ateu, não tenho fé religiosa nem crença em deuses, infeliz ou felizmente, dependendo da perspectiva de quem olha para mim. Mas pessoalmente sinto-me bem assim neste estado de dúvida metódica e não incomodo ninguém com isso. A minha convicção é a minha ética, e a minha ética procura ser humanista e tolerante. Mas nutro um profundo respeito e interesse pela vivência religiosa e pela experiência mística, nas suas diversas nuances, seja ela budista ou cristã. O problema, tenho para mim, reside na assumpção, por parte de muitos, da superioridade da sua convicção face à dos outros. E daí até se procurar impor a nossa verdade superior aos outros vai um passinho.
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