Ciência, blues, e pão com manteiga.
À primeira vista, conceder um monopólio sobre a cópia é um incentivo à criatividade pela promessa ao autor de ganhar tanto dinheiro quantas cópias venda. Como não é o autor que faz as cópias, que as distribui, que é dono das lojas e assim, acaba por ficar só com uma pequena parte do bolo mas, mesmo assim, sempre ganha alguma coisa.
Um problema deste sistema é cobrar de todos um custo muito maior que o benefício para o autor. Limita direitos fundamentais de privacidade, expressão e partilha de informação e inibe a criatividade por restringir o acesso à cultura e proibir a criação de obras derivadas. E a ênfase na cópia virou ao contrário o papel da arte na sociedade, reduzindo-a a um bem de consumo. Hoje compra-se música em vez de cantar, aluga-se DVDs em vez de contar histórias e, com o DRM, até já arranjaram maneira de não deixar emprestar livros. Quem usa a arte para o que serviu durante sessenta mil anos, até ao século XX, é um pirata porque comunica, partilha ou transforma o que outros criaram.
Reconhecendo estes problemas, mas assumindo que o monopólio legal sobre a cópia é um bom incentivo, há quem proponha reformas ao copyright para mitigar os defeitos mantendo as supostas vantagens. O que assume, à partida, a necessidade de um monopólio legal. No entanto, um artista admirado por milhões de pessoas safa-se bem mesmo sem monopólios. E se só atrai umas dúzias de familiares e amigos não há lei que lhe permita viver da sua arte. Estes monopólios não servem quem cria arte mas sim quem compra os “direitos” de muitos artistas para manipular o mercado. Pior ainda, o próprio mecanismo de incentivo é defeituoso, mesmo quando o dinheiro chega aos artistas.
Em certas actividades, uma recompensa condicional distorce os objectivos. Se o objectivo é encher garrafas pode-se dar um prémio pelo número de garrafas que o trabalhador encha. Mas se premiamos os professores pelo número de alunos aprovados vamos incentivar a aprovação de quem devia reprovar, e se os premiamos pelo resultado nos exames vão apenas preparar os alunos para responder essas perguntas (1). Se uma farmacêutica ganha pelo monopólio sobre um fármaco vai investir mais na ansiedade dos ricos que na malária ou disenteria dos pobres. Se premiamos investigadores pelo número de artigos passam a escrever resmas de lixo. E se compensamos os autores pela popularidade incentivamos aquilo que agrada a mais gente, nem que seja pelo hábito. Spice Girls, James Bond e códigos de Da Vinci.
Outro problema é que essas recompensas por uma medida de desempenho interferem com a criatividade. Já mostrei aqui uma palestra do Daniel Pink sobre isto (2), e deixo outra no final deste post. Mas, intuitivamente, é fácil de perceber. Uma tarefa criativa exige soltar as ideias. Porque, à partida, não sabemos como é a inovação que procuramos, onde a vamos encontrar ou o que nos vai despertar o momento “Aha!” Focar a mente num objectivo definido, como o de vender o máximo de discos, dificulta a pesquisa pelas possibilidades.
Daí o sistema que se usa no mundo académico. Apesar da grande treta da “indústria cultural”, a cultura que temos vem mais de escolas, universidades, conservatórios, museus, bibliotecas e centros de investigação do que de editoras ou fábricas de discos. E, em geral, físicos, biólogos, historiadores, filósofos e professores têm um ordenado. Não trabalham para maximizar o número de cópias daquilo que criam, e é isso que lhes dá a autonomia e liberdade necessária para serem criativos.
A arte também era assim antes de ser dominada pela indústria da reprodução. No início do século XX os músicos de blues partilhavam as suas composições, citavam-se e adaptavam as obras alheias, criando um estilo que influenciou marcadamente quase toda a música até hoje. Tocavam pela música e não pelo número de cópias, o que não só estimulou a criatividade como permitiu fazerem arte como deve ser. De forma partilhada, interactiva e colectiva, em vez de cortada às rodelas com donos para cada som.
É óbvio que nem todos conseguem criar coisas magnificas. A criatividade é uma aposta; umas vezes ganha-se e outras perde-se. Mas se reunirmos quem esteja disposto a tentar, lhes dermos acesso ao que já está criado, formação e condições para trabalhar alguns dos resultados serão sublimes. Alguns serão uma trampa. Uma sanita partida ou a aldrabice da fusão a frio. Mas outros serão como a Capela Sistina ou a teoria da relatividade, compensando amplamente o investimento no resto.
Premiar a criatividade pelo número de cópias só traz chatices. Limita o que todos podemos fazer, dificulta o acesso à cultura, impede a transformação de obras recentes e incentiva o contrário do que queremos. O que nos interessa são os saltos de génio, imprevisíveis e muitas vezes pouco apreciados a curto prazo. Mas, em vez disso, investimos no corriqueiro, no que já todos conhecem, porque é isso que se sabe que muitos milhões vão comprar.
Já não me lembro por que via encontrei o vídeo, mas obrigado a quem ajudou.
Foi por este post no Coding Horror. Obrigado ao Pedro Amaral Couto pelo link e pelo lembrete.
1- Ou pior... Under Pressure, Teachers Tamper With Test Scores
2- O que eles querem... (ou porque é que os professores ganham pouco).
"E se compensamos os autores pela popularidade incentivamos aquilo que agrada a mais gente, nem que seja pelo hábito. Spice Girls, James Bond e códigos de Da Vinci."
ResponderEliminarJa viste se isso de compensar pela popularidade pega? Ainda acabamos por viver em paises geridos por politos eleitos não por quem percebe mas porque agradam a uma maioria.
Chocante.
PS: A proposito de não haver sistemas perfeitos lembrei-me de uma coisa. Em termos logicos, se não ha sistemas perfeitos não pode existir deus. A não ser que ele não seja perfeito. Logo deus não existe.
Se ele é perfeito, então está acima da lógica e não o podemos conhecer. Porque qualquer afirmação que sobre ele se faça é verdadeira. Ou não, mas tanto faz.
O vídeo está no Coding Horror e tinha-o colocado no meu mural do Facebook no dia 9. Mas no vídeo achei mais interessante o final. Faz-me lembrar um cartoon do Geek Hero Comic.
ResponderEliminarJoão,
ResponderEliminarÉ uma questão de granularidade. Algures temos de decidir em conjunto, mas votamos em partidos com programas eleitorais dando uma ideia de quanto querem investir em saúde, educação, arte, etc. Não votamos cada projecto de investigação, cada escola, cada professor. Nem licenciamos as eleições a empresas privadas que cobrem pelo voto, fiquem com 90% e depois paguem dos outros 10% a cada deputado em função dos votos que recebeu....
Pedro Amaral Couto,
ResponderEliminarFoi isso, o coding horror. E se calhar foi mesmo pelo teu link. Obrigado.
Ludwig Krippahl
ResponderEliminarEmpresas privadas e votos ? Oi ?
O cartoon está com piada mas em portugal seria diferente uma vez que não haveria orçamento para mais contratações mas ter-se-ia uma bateria de estagiários :DDD
ResponderEliminarO site é muito interessante, o code horror
ResponderEliminarNuvens,
ResponderEliminar«Empresas privadas e votos ? Oi ?»
Exacto. Penso o mesmo de empresas privadas a decidir quanto vale a nossa privacidade, o que podemos ou não copiar, que coisas podemos partilhar uns com os outros, qual a cultura em que se deve investir, etc.
ufa!!!
ResponderEliminarCaro Ludwig,
ResponderEliminarde momento tenho muito pouco tempo para comentar os teus posts, mas permite-me sugerir a leitura desta reflexão que me pareceu interessante: My Take: Why Christians should pray for Christopher Hitchens
Abraço
"com o DRM, até já arranjaram maneira de não deixar emprestar livros"
ResponderEliminarHoje em dia e infelizmente, estou em condições de poder afirmar, de forma polémica, admito, que esse é um mal menor do DRM.
Quando se fala em direito de autor, as pessoas tendem a perceber que aquele conceito é sinónimo de direitos *dos* autores, o que é manifestamente falso.
O Código de Direito de Autor e Direitos Conexos lista não só os direitos dos autores como os direitos dos cidadãos, descritos no código como "utilizações livres". E não estão lá por acaso.
Exemplos:
- um professor pode utilizar materiais com direito de autor, em determinadas circunstâncias, para ensinar;
- um investigador pode citar outros autores para fazer valer um argumento científico;
- é legal usar materiais com direito de autor para fazer uma crítica, etc
Eu costumo dizer, no que concerne à ciência, que a vertente moral do direito de autor é tão benéfica para a criação de ciência, quanto a vertente patrimonial é prejudicial.
No primeiro caso, é importante saber o autor do texto que se pretende citar (exceptuam-se os casos de investigação de autoria). No segundo caso, não só é incomportável do ponto de vista prático (se fosse obrigatório ter autorização do autor a citar) como seria pernicioso, na medida em que um investigador que precisasse de citar outro para desconstruir um argumento podia ser impedido de o fazer.
E o próprio CDADC reconhece isto e lista as utilizações livres.
Aquilo que o DRM faz é anular as utilizações livres do CDADC.
ResponderEliminarExemplo: Um professor pode em determinadas circunstâncias passar um filme numa aula para explicar determinada matéria. Imaginemos que a sala de aula deste professor não tem quatro paredes, mas é o Moodle, a que os alunos acedem a partir de uma Id única. O professor pode na mesma utilizar o filme, mas ao mesmo tempo não pode quebrar o DRM (se o tiver). Como não existe forma de passar um filme com DRM para o computador sem quebrar esse DRM, o professor deixa de poder utilizar esse recurso.
Exemplo: Cada vez mais, investigadores (principalmente nas Humanidades) se questionam porque é que o resultado de uma investigação tem de ser um texto (artigo, livro) e porque não pode ser um website multimédia. E começa a haver cada vez mais aceitação disto e eu acredito que vai aumentar.
Um investigador que precise citar dois minutos de um documentário para fazer valer um argumento científico pode ser impedido de o fazer, se aquele tiver DRM.
Mais, (em Portugal, tenho de verificar), em muitos países, a partir do momento em que o autor autoriza uma empresa a colocar DRM na sua obra, o autor perde o controlo da obra, na medida em que só a empresa que coloca o DRM é que pode autorizar a quebra daquele. O autor perde esse direito. Esta é uma das razões pelas quais o Cory Doctorow recusa publicar as suas obras com DRM.
As consequências disto a longo prazo serão que 70 anos após a morte do autor, os herdeiros deixam de receber direitos, porque obra entra em domínio público, mas a empresa que colocou o DRM (as empresas duram mais do que as pessoas) continua a ter o controlo da obra como antes.
Porque tudo aquilo que se pode fazer com uma obra digital em domínio público (remisturar, partilhar, etc) depende de se fazer uma cópia, que não é possível sem quebrar o DRM, o que é ilegal, mesmo que o fim seja legítimo.
(ou é o cabo dos trabalhos comentar neste blog, ou eu sou uma azelha :-) )
Miguel:
ResponderEliminarVazer bem é sempre melhor que fazer mal. Não precisas de ser cristão para isso e os ateus como eu tambem não querem o mal dos crentes. Apenas que a crença seja admitida tal como é: injustificada e incapaz para justificar acções. Esta sendo uma delas.
DE notar ainda uma passagem denunciadora do pensamento do crente:
"Might it have a significance that no one on the scene today could even in principle grasp? Probably."
Ele não consegue pela logica atribuir uma intenção à doença do Hitchens. E admite. Mas não admite a derrota total dizendo que provavelmente tem um significado de qualquer modo. MEsmo que não faça sentido nenhum nas nossas mentes. Isto é teimosia tipica do crente. Insistir de tal maneira que tem de haver intento, ou um significado intencionado algures, que não admite que não haja mesmo depois de explicar que não podemos saber qual é.
E aqui estou eu a criticar a postura de um crente que pretende atribuir a preocupação com os outros com o ser-se cristão quando um ateu potencialmente pode preocupar-se tanto ou mais (mais de acordo com algumas estatisticas, pois nos não contamos com deus para ajudar os outros).
Concluindo, não so critico o senhor que escreve aquele longo... Nem sei o que, como a ti que o pareces admirar. E não vos desejo nada de mal e espero que os que podem façam mais por voces do que apenas rezar. Que isso não vale nada.
Ludwig:
ResponderEliminarum dos problemas fundamentais que não permite tratar a arte e a ciencia do mesmo modo é que a arte é parcialmente uma questão de escolhas.
Enquanto não houver uma maneira de saber quem vai fazer a melhor arte, mesmo que seja em principio, não faz sentido preferir uns em relação a outros para empregar.
Alem disso, ja ha muitos anos que uso o termo "musica de secretaria" para musicas que são compostas com a obrigação de cumprir trabalho, o que admito, acontece tambem no modelo actual, mas aconteceria muito mais no teu.
Não ha nenhuma one-hit-wonder que tu gostes? Poderias não as conhecer se não tivessem sido reconhecidas e divulgadas.
Continuo a dizer que prefiro empregar o meu dinheiro sabendo o que vou levar para casa. O que propoes é um pre-pagamento que se não sai de quem quer usufruir ainda é mais bizarro.
Outra coisa. Os professores nos estados unidos aparentemente não ganham mais dinheiro com as suas descobertas por falta de espirito empreendedor. Mas usam o que sabem para ganhar mais dinheiro atraves de consultoria.
ResponderEliminarE... Venda de livros. Dos quais não abdicam do copyrighr.
Parece que por ca se escrevem menos e piores livros. Os melhores ainda são os de la, onde são escritas obras colossais com centenas de autores e editores, bem organisados e todos do mais alto nivel.
E olha que eu sou grande defensor da wikipedia. Mas não se compara a um tratado de uma universidade qualquer americana em nenhum topico que eu tenha conhecimento. Ou em termos de acessibilidade as obras com copyright de divulgação cientifica como os livros do Brian Green ou do Hawking.
Paula,
ResponderEliminar«Aquilo que o DRM faz é anular as utilizações livres do CDADC.»
Sim. E é a única parte do CDADC que nunca caduca. Mesmo depois de ficar no domínio público continua a ser ilegal quebrar a "protecção".
Mas emprestar os livros foi só o exemplo mais simples que me ocorreu, algo que toda a gente reconhece como um direito mas que se perde em muito do que é vendido digitalmente.
«(ou é o cabo dos trabalhos comentar neste blog, ou eu sou uma azelha :-) )»
Isto ontem estava a dar erros uma data de vezes. Mas hoje parece estar a funcionar bem... Ou estás a falar do limite de caracteres? Ou do captcha?
Acerca deste assunto, para acabar, penso que alguns problemas que apontas são pertinentes, mas ja esta a desenrolar-se uma saida.
ResponderEliminarEm vez de usufruires da copia, vais usufruir de uma pseudocopia.
Resumindo, vais passar a pagar pelo serviço e não pelo produto, ja que os defensores do open sorce dizem que não existe esse produto.
Assim, para teres acesso a um tratado de medicina interna compras o acesso ao web site onde ele esta e durante um ano podes aceder ao conteudo on-line. Não consegues descarregar todas as paginas de uma vez.
Os Jogos vão ser passados a correr em servidores centrais que recebem um input do teclado e devolvem um video em streaming.
As faculdades vão começar a exigir logins para aceder aos trabalhos dos seus funcionarios docentes, incluido as sebentas para os alunos ou sofware para utilização didactica - como acontece ja em faculdades de veterinaria americanas tambem.
E no fim de contas o consumidor ainda vai ficar pior. Pois os contratos entre quem usufrui a copia e a disponibiliza deixam de ser vitalicios e informais.
Porque quer queiras quer não, vais ter de ter sempre intermediarios a fazer uma parte importante da coisa. E vais sempre ter de +agar pelo trabalho. E pagar antes para ele ser feito vai dar ao mesmo. Vão ser impostos mecanismos para usufruir apenas quem pagou, para incentivar a pagar e a criar.
Paula:
ResponderEliminar~"«(ou é o cabo dos trabalhos comentar neste blog, ou eu sou uma azelha :-) )»"
Precisas de ter fé.
João,
ResponderEliminar«um dos problemas fundamentais que não permite tratar a arte e a ciencia do mesmo modo é que a arte é parcialmente uma questão de escolhas.»
Em ambos os casos são escolhas com feedback da realidade. Num caso escolhes a experiência que fazes e as hipóteses que testas e recebes um coice da realidade a dizer se sim ou sopas. No outro escolhes as palavras ou notas musicais e recebes um coice da realidade a dizer se o pessoal gosta ou não.
Em em ambos os casos é difícil prever à partida qual o caminho certo. É preciso experimentar.
Quanto ao resto, não é nada que não faças já com um corte de cabelo, a pintura da casa, o arranjo do fato ou uma cirurgia. Pagas, e depois vês como ficou. A alternativa do profissional fazer o trabalho à borla e depois ires pagando conforme o usufruto é que seria um absurdo.
Ludwig:
ResponderEliminar"No outro escolhes as palavras ou notas musicais e recebes um coice da realidade a dizer se o pessoal gosta ou não"
~Para ja parece-me mais facil prever o trabalho de um cientista que um musico em relação às suas virtudes . Mas ao menos agora pagas depois de ouvir.
"Quanto ao resto, não é nada que não faças já com um corte de cabelo, a pintura da casa, o arranjo do fato ou uma cirurgia. Pagas, e depois vês como ficou."
Nunca paguei nada disto antes de ver o resultado.
Na cirurgia aqui so cobro depois de feita. Cobro o trabalho e não o resultado, não obstante casos de ma pratica terem mais prejuizo que apenas o não pagamento.
ResponderEliminarAcho que os medicos é igual. O que acontece é que muitos hospitais pricvados pedem um "deposito" de segurança de onde é depois é debitado o total da cirurgia. Em alguns casos é mais que o que foi depositado, noutros é menos. Em um caso que eu conheci o valor foi imediantamente levantado (era um cheque que não era para ser levantado).
Eu fui cirurgiado ainda este ano graças a uma apendicite que o Senhor me enviou, e so paguei no fim e foi no publico.
Ludwig,
ResponderEliminar(Para comentar tive de fazer vários passos, que nem sempre funcionaram. Mas agora coloquei a opção "enviar sempre para o blogger" e acho que já posso comentar de forma menos complicada.)
Peguei no exemplo, porque a certa altura neste tipo de discussão, comecei a perceber que dar um exemplo simples não é um bom argumento se as pessoas o não percepcionarem como um direito "que lhes dá jeito".
Explico: o argumento que eu costumava dar contra o DRM era "não podes fazer uma cópia do CD/DVD"
A reacção das pessoas não era a esperada e percebi que as pessoas entendiam isto como "não podes copiar o CD/DVD para outro CD/DVD de forma a não estragares o original".
Obviamente, as pessoas não percepcionavam isto como grande argumento, pois hoje em dia niguém tem paciência para fazer isto.
Usando o mesmo argumento, passei a usar um exemplo diferente "com DRM, não podes passar o CD para o teu computador ou leitor de mp3".
E a reacção já foi diferente, embora este exemplo também esteja a decair.
Na verdade, sinto-me muito frustrada com esta coisa do DRM. As pessoas até podem dizer que sim, que é mau, mas no minuto seguinte estão enfiadas numa FNAC a comprar DVDs com DRM, CD's da Sony ou MacBooks ou iPhones.
Esta questão do DRM vai tornar-se cada vez mais importante, principalmente quando as editoras e distribuidoras começarem a atacar universidades (já começaram, mas em pequena escala) e bibliotecas. Esperemos que não seja tarde demais.
Mas por causa do teu exemplo obriguei-me a acabar e publicar um post sobre ebooks com DRM, que comecei em Abril(!), lá na minha "casa".
João
"Precisas de ter fé."
'tou tramada: não tenho fé :-)
«Mas por causa do teu exemplo obriguei-me a acabar e publicar um post sobre ebooks com DRM, que comecei em Abril(!), lá na minha "casa".»
ResponderEliminarEstive agora mesmo a ler :)
My Take: Why Christians should pray for Christopher Hitchens
ResponderEliminarSó o paternalismo e condescendência do título é suficiente para me afastar do link...
Like we say in whashington D.C. a true fact, não negue uma ciência que desconhece, pois a prece liberta...
ResponderEliminarkarl duncker the candle problem anos 30, adaptado...interessante exposi-são
ResponderEliminarEu diria com alguma audácia talvez que o problema não surgirá certamente com os artistas que têm "milhões" de adeptos.
ResponderEliminarToda esta tua luta lembra-me um provérbio inglês. Se não é provérbio, devia sê-lo:
"For every complex problem there's always a simple solution. That solution is always wrong"
Encaixa-se na perfeição Ludwig. Sei que a tentação da tabula rasa é demasiado grande, mas acho que aqui exageras mesmo.
Barba,
ResponderEliminarSe conceder direitos exclusivos sobre a cópia é um incentivo fraco, não ajuda na altura em que o artista precisa de apoio (quando cria a obra), dá a maior parte do dinheiro ao distribuidor, e restringe aos outros todos direitos muito mais fundamentais que o suposto direito de receber 5% por disco vendido, qual é o exagero em considerar que direitos exclusivos sobre a cópia é um sistema mau?
Ainda por cima quando a maior parte das pessoas com trabalhos criativos é recompensada por outros mecanismos (ordenados, orçamentos e facturas, etc) que funcionam muito melhor.
"não ajuda na altura em que o artista precisa de apoio (quando cria a obra)"
ResponderEliminarNão pensas começar a dar emprego a todos os artistas que pretendam fazer obras ou pretendes?
E não me respondes-te a este proposito se não consideras importante a contribuição de artistas que apenas produziram uma obra popular, como os "one-hit-wonders" na pop - impossiveis de prever de onde vêm e para onde vão.
Mas existem exemplos na literatura de autores que apenas publicam um bom livro, etc.
Assim ha mais pessoas a poder aspirar ganhar dinheiro com a arte.
ISto para não falar do problema de como é que se reunem pessoas para empregar um artista (passam a ser so os professores em faculdades?).
E depois de empregados porque haveriam de ter o cuidado de gastar uma fortuna colossal em grandes produções se isso potencialmente os podera levar à ruina financeira uma vez que não vão ter recompensa direta disso?
E quem divulga as obras? Passamos a ter apenas a google a escolher o que pensa que gostaremos de ouvir? Tudo cheio de anuncios a outras tretas e a guardar em memoria cada input do nosso teclado? Não ha valor para o investimento num artista e na produção de um album e na sua posterior divulgação? A promoção e divulgação por muitos aspectos perversos que tenham fazem falta. Senão pode demorar decadas a encontrar o que precisas, no meio de uma salada de milhoes de wannabes em que é suposto teres o tempo todo do mundo para separa o trigo do joio.
Não achas que se esse sistema fosse mesmo bom, os artistas ja não recorriam a vender o direito de copia em quase todos os casos de sucesso?
Ludwig, penso que esses outros "meios" de receber dinheiro prendem-se de certa maneira à capacidade do "artista" em angariar dinheiro através do meio "principal". Posso estar enganado, e nisto nem insisto muito.
ResponderEliminarEscrevo sobretudo para te dizer que, apesar de não te acompanhar na "revolução" desnecessariamente ultra-radical do que propões, aquilo que dizes é provocador no bom sentido, faz-me pensar de outra maneira sobre o assunto.
No entanto, sempre que tento ver as consequências de retirar aquilo a que chamas de "incentivo" (e a que eu chamo de oxigénio: aquilo que mata os pulmões mas é necessário na mesma), tento ver as consequências das consequências tal como se de um jogo de xadrez se tratasse e eu estivesse a ponderar as consequências de uma única jogada.
Podes adivinhar que aparecem "borboletas" por todo o lado. Os economistas chamam-lhe "unintended consequences". Chamo-lhe ingenuidade. No entanto, todo este pensamento tem por base uma filosofia consequencialista. Tu partes de outra postura, uma postura de princípio e de reconhecimento das enormes inconsistências no modelo actual. Concedo-te essa postura de bom grado e devo dizer que gosto de ler o que escreves a partir desse ponto de vista.
Aquilo que eu acho é que o que é humano não é necessariamente "consistente" ou "harmonioso". Desenhas-me uma utopia e eu sorrio. Mas não acredito.
tento ver as consequências das consequências ...consequentemente
ResponderEliminartentemos ver se Место- Norte e-Пол: Женский consequênciaПортугалия
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