quarta-feira, julho 07, 2010

Evolução: ortólogos e parólogos.

A hemoglobina humana é composta por quatro sub-unidades formando um tetraedro. Nos adultos, duas são do tipo que designamos α e duas β. Em cada sub-unidade há uma porfirina, uma pequena “bolacha” molecular, com um átomo de ferro que se pode ligar a uma molécula de oxigénio. Quando uma molécula de O2 se liga ao átomo de Fe essa sub-unidade deforma-se e altera a conformação das outras com as quais está em contacto, aumentando a afinidade destas por O2. O resultado é que assim que a hemoglobina liga uma molécula de O2 rapidamente apanha as quatro que pode ligar. Inversamente, se estiver num meio com pouco oxigénio, ao libertar uma molécula de O2 a afinidade diminui e logo despeja todas as que carrega. Esta resposta às variações na concentração de O2 faz da hemoglobina um excelente transportador de oxigénio.

File:Hb-animation2.gif

Como as sub-unidades α ou β, sozinhas, não conseguem interagir da forma correcta, parece difícil que algo como a hemoglobina possa surgir pela acumulação gradual de pequenas mutações. Mas a semelhança destas sub-unidades da hemoglobina, entre si e com a mioglobina, ajuda a esclarecer o mistério. A mioglobina é composta apenas por uma unidade proteica. Sem a interacção das várias partes a sua resposta à concentração de O2 é linear, melhor para armazenar oxigénio que o tudo-ou-nada da hemoglobina. Podia funcionar como transportador de O2 também, à falta de melhor, mas seria menos eficaz. É por isso que temos mioglobina nos músculos e hemoglobina no sangue.

A semelhança entre estas proteínas mostra um caminho possível para a sua evolução. Os genes para a mioglobina e os dois tipos de sub-unidade da hemoglobina descendem de um único gene ancestral. Erros na replicação do ADN de antepassados distantes terão duplicado genes criando cópias capazes de evolução independente. Ao longo das gerações estas terão sofrido mutações aleatórias que foram posteriormente seleccionadas pelo seu efeito no sucesso reprodutivo dos organismos. Por exemplo, por interagirem e criarem proteínas de transporte mais eficientes.

E temos ampla evidência disto. A hipótese que a hemoglobina evoluiu assim dá previsões muito restritivas acerca das relações que podemos observar entre estes genes. Por exemplo, a diferença entre as cadeias α e β indica que estes genes divergiram há cerca de 450 milhões de anos, pelo em todos os mamíferos que tenham estes genes as suas diferenças terão de ser semelhantes. É o que observamos nestas e também quando as comparamos com a mioglobina, outras cadeias da hemoglobina e até outras variantes em plantas e bactérias que descendem de um gene ancestral mais antigo (1).

Estes padrões são evidência muito forte. É o que observamos na homologia morfológica também. Duas estruturas são consideradas homólogas quando há evidências de descenderem de uma estrutura ancestral num antepassado comum. Por exemplo, a asa do morcego, a barbatana do golfinho, a pata do cão e a nossa mão. Podemos ver como as semelhanças e diferenças acompanham outras características agrupando as espécies perfeitamente numa árvore de família, algo extremamente improvável se tivessem uma criação independente. Não conseguimos fazer árvores filogenéticas com os objectos que nós criamos, por exemplo, precisamente porque estes não surgem por descendência e modificação e, por isso, não têm estas correlações entre as suas características.

A evolução de estruturas anatómicas está também confirmada nos fósseis, com muitas formas intermédias bem conhecidas e documentadas. Na evolução molecular este registo é muito limitado. Podemos ver como eram os esqueletos de contemporâneos dos antepassados das baleias ou dos cavalos mas sequenciar genes tão antigos será difícil. No entanto, o registo fóssil não é a evidência principal para a evolução. Mesmo sem fósseis seria mais que evidente que somos todos parentes pela comparação de espécies vivas. E a evolução molecular dá-nos duas formas independentes de homologia como evidência.

Os genes da hemoglobina de humanos, chimpanzés e golfinhos são ortólogos. Descendem de um gene ancestral e divergiram porque essa população ancestral se dispersou em linhagens diferentes, cada uma acumulando mutações diferentes. Mas os genes da hemoglobina e da mioglobina humana são parólogos. São diferentes porque a duplicação de genes formou várias linhagens de descendentes do mesmo gene ancestral que persistiram na mesma linhagem de organismos. Por isso a nível molecular temos duas árvores de evolução entrelaçadas pelas duplicações de centenas de milhares de genes e pela dispersão de milhões de populações.

A teoria da evolução é a única explicação que temos para este entrelaçado. Nenhuma outra hipótese consegue explicar em tal detalhe as intrincadas relações entre os genes que observamos nos organismos de hoje. Apesar do que apregoam os proponentes da criação por milagre, nenhuma outra hipótese sequer chega lá perto.

1- Hardison, 1998, Hemoglobins from bacteria to man: evolution of different patterns of gene expression, The Journal of Experimental Biology 201, 1099–1117 (1998).

Editado a 8-7. Obrigado ao Zarolho pelo olho para as gralhas.

25 comentários:

  1. Maior é a afinidade para o monóxido de carbono.
    Esta resposta às variações na concentração de O2 faz da hemoglobina um excelente transportador de oxigénio....veículo para o trânsito oxidante

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  2. α e β indica que estes genes divergiram à cerca de 450 milhões de anos, isso de taxas de mutação e de relógios genéticos....
    há 450 milhões de anos carradas de pseudo-peixes e uns artrópodes em terra, se alguém quiser situar ai as divergências
    porque não

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  3. em termos médios os genes responsáveis pela codificação proteíca, sofrem mutações a uma taxa constante a muito longo prazo...isso é aceite
    estes genes existem em muitas outras espécies que não "fabricam" blocos de construção da hemoglobina

    essa taxa de mutação pode ser usada para estimar (ESTIMAR)
    o tempo Provável que demorou para que esses genes divergissem em grupos de organismos
    não é a mesma coisa que uma certeza absoluta

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  4. é bom para a taxonomia.
    na traçagem de àrvores filogenéticas.
    para a refutação de deuses e demónios
    sei não....

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  5. será que é DEus que impede a expressão da maioria dos genes duplicados?
    porque é que um dos genes duplicados sofre mutações "degenerativas" e fica "silenciado" isto é fica no banco de reserva
    ou na bancada parlamentar mas não se expressa
    na produção amino-acídica?
    qual é a taxa da duplicação?
    se nem isto sabemos
    inferir que deus não actua a nível macromolecular?
    será deus o DNA, será o dna a expressão de DEUS?

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  6. Lynch and Conery. Science (2000) 290: 1151-1155
    Lynch groupies und
    Zangh groupies
    J. Zhang et al., Nat. Genet. 30 (2002), pp. 411–415 in primatas


    10 pairs of duplicates with S < 0.01 in Drosophila

    S = 0.01 is how much time?

    (S / u) / 2 = (0.01/15.6)/2 = 0.32 million years (for 10 dups to occur)
    So there 31 duplications in a million years in Drosophila

    Or, normalizing by the number of genes in the genome, 13,601:

    0.0023 duplications per gene per million years in Drosophila
    0.0208 duplications per gene per million years in C. elegans

    50% of all genes are expected to duplicate and increase to high frequency at least once within a window of 35 to 350 million years

    muita variação nesta janela, isto não é o Windows, quer em termos temporais quer em termos de aliterações no código de DEUs
    ou de DEUS no código?
    Lynch nosso herói,a lei de Lynch, lynch lyxa-nos eu não gosto por causa da barba parece o Peter Frost mas é um cientista
    não se arroga portador de verdades últimas

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  7. também tenho umas coisas de 2009 para troca
    tanto código
    deve ser alguém com a mania da escrita
    Deus é um escritor monomaníaco?

    HbA1: 2α and 2β HbA2: 2α and 2δ HbF: 2α and 2γ
    HbE: 2ζ and 2ε (Gower 1); 2α and 2ε (Gower 2); 2ζ and 2γ (Portland)
    HbS: 2α and 2βS (sickle cell disease; valine for glutamic acid at the sixth position of the β-globin)
    HbC: 2α and 2βC (hemolytic anemia; lysine for glutamic acid at the sixth position of the β-globin)
    HABP: hemoglobin α subunit binding protein
    There’s a nice really niiiceeee interactive diagram on the expression of different Hb genes at:

    http://www.embryology.ch/anglais/qblood/blut04.html
    espero que ainda funcione
    ou que ainda não se pague nada
    para entrar
    porque deus tornou os cientistas tesos, mas não lhes deu...uma palavra qualquer
    outro gene....

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  8. também tenho uns aliteristas para troca
    e o mais engraçado é que dois cromossomas o 11 e o 16
    participam nestas coisas das hemo's
    e expressam-se na hemo fetal e na embrionária em diferentes posições sites (num são desses sites) e no adulto hemoglobin Hb A (α2β2) detectable from 16/40, replaces Hb F as predominant hemoglobin by 6/12 after birth, up to 30% of Hb in fetal life.
    Hemoglobin HbA2 (α2Δ2) is present in utero but only very minor in normal adults.
    In normal adults 96 – 98% of hemoglobin is HbA, Hb A2 (2 – 3%) and HbF (<1%) constitute a minor component of the total hemoglobin
    compl'cado ou contraplacado e ainda podia complicar com plicas
    pregas em exões e intrões feitas,,,,enfim

    é a mão de Deus nestas complicações

    aquilo dos seus desígnios são insondáveis

    e escreve torto por linhas não muito direitas....é é haja Deus na construção hemoglobínica

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  9. Other oxygen-binding proteins

    Myoglobin: Found in the muscle tissue of many vertebrates, including humans, it gives muscle tissue a distinct red or dark gray color. It is very similar to hemoglobin in structure and sequence, but is not a tetramer; instead, it is a monomer that lacks cooperative binding. It is used to store oxygen rather than transport it.

    Hemocyanin: The second most common oxygen-transporting protein found in nature, it is found in the blood of many arthropods and molluscs. Uses copper prosthetic groups instead of iron heme groups and is blue in color when oxygenated.

    Hemerythrin: Some marine invertebrates and a few species of annelid use this iron-containing non-heme protein to carry oxygen in their blood. Appears pink/violet when oxygenated, clear when not.

    Chlorocruorin: Found in many annelids, it is very similar to erythrocruorin, but the heme group is significantly different in structure. Appears green when deoxygenated and red when oxygenated.

    Vanabins: Also known as vanadium chromagens, they are found in the blood of sea squirts and are hypothesised to use the rare metal vanadium as its oxygen binding prosthetic group.

    Erythrocruorin: Found in many annelids, including earthworms, it is a giant free-floating blood protein containing many dozens—possibly hundreds—of iron- and heme-bearing protein subunits bound together into a single protein complex with a molecular mass greater than 3.5 million daltons.

    Pinnaglobin: Only seen in the mollusc Pinna squamosa. Brown manganese-based porphyrin protein.

    Leghemoglobin: In leguminous plants, such as alfalfa or soybeans, the nitrogen fixing bacteria in the roots are protected from oxygen by this iron heme containing oxygen-binding protein. The specific enzyme protected is nitrogenase, which is unable to reduce nitrogen gas in the presence of free oxygen.

    Coboglobin: A synthetic cobalt-based porphyrin. Coboprotein would appear colorless when oxygenated, but yellow when in veins.

    http://en.wikipedia.org/wiki/Hemoglobin#Other_oxygen-binding_proteins

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  10. Ludwig, sofri horrores para passar às Bioquímicas, Citologias, e todas essas cenas acima de eletrão e abaixo de elefante.

    Toma lá uma gralha: «estes genes divergiram »«à cerca de 450 milhões de anos»

    P.S.: Esta engenhoca não aceita as tags STRIKE, S, e U. Teve de ser I.

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Zarolho,

    Obrigado. Já está corrigido. Mas olha que entre o electrão e o elefante há muito de interessante (rima e é verdade :)

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  13. "RELÓGIOS MOLECULARES", HOMOLOGIAS E A EXISTÊNCIA DE UM CRIADOR COMUM: (1)

    Será que os leitores deste “post” conseguirão lê-lo criticamente?

    Conseguirão ver como a adopção de premissas naturalistas e evolucionistas a priori condiciona toda a análise subsequente?

    Não havendo tempo e espaço para discutir todas as questões na especialidade, ficam algumas notas. No futuro voltaremos a este ponto.

    No seu livro “Evolution; A Theory in Crisis”, Michael Denton compara a crença nos “relógios moleculares” com a crença na astrologia.

    Por seu lado, Ermst Mayr, punha em causa a fidedignidade dos relógios moleculares.

    Os relógios moleculares assentam na presunção de que se extrapolarmos as taxas de mutação observadas no presente e compararmos as diferenças entre dois genomas podemos calcular matematicamente há quanto tempo os genomas divergiram.

    É claro que a coisa só funciona se começarmos por pressupor que essa divergência realmente aconteceu, ou seja, que as espécies descenderam de um ancestral comum.

    Mas trata-se de uma pressuposição, já que essa divergência não foi observada por ninguém.

    Na verdade, os relógios moleculares têm mostrado que não funcionam. Por exemplo, espécies encontradas nas rochas câmbricas, ou cambrianas, datadas em 500 milhões de anos, têm sido datadas como tendo 1200 milhões de anos com base em relógios moleculares.

    Do mesmo modo, um estudo recente, sobre o DNAmt dos pinguins Adelie, com idade presumida de 44 000 anos veio demonstrar que os relógios moleculares têm dado datas 200 a 600 vezes mais jovens do que o que realmente corresponderia às taxas de mutação observadas.

    Esse estudo sugere que muitas outras datações com base em relógios moleculares estão erradas.

    Curiosamente, esses dados sugeririam que mesmo as idades de 1200 milhões de anos obtidas em espécies encontradas em rochas câmbricas seriam 200 a 600 vezes mais jovens do que as idades que deveriam ser as correctas!!


    Claro que existem relações “evolutivas” dentro das mesmas espécies.

    Por exemplo, existem múltiplas sub-espécies do género canino. Mas este fenómeno opera a partir de informação genética pré-existente (não criando informação nova nos genomas).

    Os relógios moleculares, à semelhança do que sucede com outros métodos de datação, baseiam-se em premissas indemonstráveis e problemáticas.

    Daí que as contradições entre os vários métodos de datação abundem na literatura científica.

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  14. "RELÓGIOS MOLECULARES", HOMOLOGIAS E A EXISTÊNCIA DE UM CRIADOR COMUM: (2)

    Para os evolucionistas, as homologias moleculares são consideradas como um possível relógio que confirma a evolução de forma independente.

    Porém, a sua utilização como um relógio só funciona se se pressupuser que houve efectivamente evolução.

    No entanto, os próprios evolucionistas têm chamado a atenção para o facto de que se considerássemos apenas os dados das homologias moleculares teríamos que considerar que o conceito evolucionista de descendência a partir de um ancestral comum já há muito que teria sido refutado. Se assim é, a utilização destas homologias como base dos “relógios moleculares evolutivos” é, no mínimo, surpreendente.


    Embora pareça uma maneira simples, lógica e directa de lidar com datações, os relógios moleculares estão cheios de problemas como sejam: 1) a invisibilidade do andamento dos ponteiros do relógio (mutações não observadas; taxas de mutação não medidas); 2) o absurdo da presunção de taxas aproximadas de mutação para as diferentes proteínas; 3) a imperfeição das árvores evolutivas construídas com base nas homologias moleculares; 4) a ausência de evidência fóssil de evolução gradual, admitida pelos evolucionistas saltacionistas.

    Daí que toda a tentativa de determinar quando é que as espécies divergiram umas das outras com base em relógios moleculares seja destituída de sentido, problema que se agrave se se considerar que espécies muito diferentes umas das outras parecem ter divergido essencialmente no mesmo tempo (a partir de ancestrais comuns desconhecidos.

    O problema deste artigo é que as conclusões estão inteiramente dependentes das premissas de que se parte.

    Como se disse, os relógios moleculares só funcionam (e mesmo assim muito mal) para quem adopte premissas evolucionistas, uniformitaristas e naturalistas e pressuponha a antiguidade da Terra.

    Eles só podem ser usados para “provar” a evolução (e mesmo assim com muitas falhas) se se partir do princípio que houve evolução.

    Quem não partir dessas premissas interpreta os dados de forma substancialmente diferente.

    Para os criacionistas, as homologias moleculares traduzem apenas o grau de semelhança e diferença entre espécies criadas por um mesmo Criador.

    Em última análise, o modo como uma pessoa interpreta dos dados observáveis depende muito das premissas adoptadas à partida.

    Referências:
    1. Ancient Penguin DNA Raises Doubts about Accuracy of Genetic Dating. Oregon State University press release. November 10, 2009, reporting research published in Subramanian, S. et al. 2009. High mitogenomic evolutionary rates and time dependency. Trends in Genetics. 25 (11): 482-486.
    2. Levinton, J. S. 2008. The Cambrian Explosion: How Do We Use the Evidence. BioScience. 58 (9): 862.

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  15. HOMOLOGIAS: EVIDÊNCIA DE UM CRIADOR COMUM (1)

    Na verdade, trata-se de um argumento frequentemente utilizado como “prova” da evolução nos manuais escolares e textos científicos.

    Muitas vezes, desde Richard Owen e Charles Darwin, as homologias têm sido apresentadas como a principal “prova” da evolução.

    No entanto, a ingenuidade infantil deste argumento é imediatamente visível.

    As homologias tanto podem ser usadas como argumento a favor de um antepassado comum como de um Criador comum.

    E na verdade, a opção por um Criador comum faz mais sentido.

    Sendo os pressupostos para a manutenção da vida (v.g. alimentação, respiração, locomoção, reprodução) idênticos nos vários seres vivos, não admira que existam importantes homologias entre eles.

    Isso faz todo o sentido à luz do Génesis, que diz que Deus criou todos os seres vivos na mesma semana para enfrentarem condições ambientais semelhantes, com nutrientes semelhantes.

    Na verdade, se não existisse qualquer homologia genética, morfológica ou funcional entre os vários seres vivos seríamos levados a duvidar da existência de um Criador comum!

    Por outro lado, o hipotético ancestral comum não teria muitas das características que os seres vivos que dele descendem têm (v.g. esqueleto, músculos, coração, sistema nervoso, sistema digestivo), pelo que não consegue explicar o seu desenvolvimento e a grande diversidade de design.

    Existem muitos casos em que seres vivos têm órgãos funcionalmente semelhantes (v.g. olhos, asas, garras) sem que os mesmos tenham qualquer homologia genética que demonstre uma proximidade evolutiva.
    Nestes casos (v.g. asas de aves, insectos e morcegos) os evolucionistas, como não conseguem interpretar as homologias funcionais para provar um antepassado comum evolutivo directo, dizem que houve evolução convergente ou paralela destes órgãos, usando a expressão “analogia” em vez de homologia.

    As semelhanças genéticas nos sistemas de ecolocalização nos morcegos e nas baleias, apesar de terem qualquer “proximidade evolutiva” são um exemplo.

    Também a nível molecular, o evolucionismo dá para tudo.

    Quando existem grandes diferenças genéticas entre diferentes filos, classes e ordens, diz-se que houve alterações genéticas evolutivas ao longo de milhões de anos.

    Quando existem grandes semelhanças genéticas entre filos, classes e ordens (v.g. informação que controla a expressão genética nalguns tecidos) diz-se simplesmente que se trata de informação genética muito bem conservada.

    Existem outros casos em que homologias genéticas muito significativas conduzem a grandes diferenças morfológicas (v.g. o tenreco e o elefante).

    Estes casos também não são facilmente explicados por modelos evolucionistas.

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  16. HOMOLOGIAS: EVIDÊNCIA DE UM CRIADOR COMUM (2)

    À medida que se vão acumulando novos estudos sobre os genomas, vão surgindo numerosos casos de homologias funcionais que nada têm que ver com homologias genéticas.

    A inversa também é verdadeira.

    Em muitos casos os estudos morfológicos contrariam os estudos da genética molecular.

    Eles mostram, em grande medida, que diferentes tipos, com um grande potencial genético, se foram desdobrando em diferentes (sub)espécies a partir da especialização de informação genética pré-existente.

    É por essas e por outras que a própria “árvore da vida” evolucionista (já tão duvidosa do ponto de vista paleontológico) tem vindo a ser posta em causa pela genética molecular.

    Um outro problema com o uso das homologias como argumento a favor da evolução a partir de um antepassado comum é que as conclusões a que se chega estão inteiramente dependentes das premissas de que se parte.

    As homologias só funcionam (e mesmo assim muito mal!) como argumento a favor da evolução para quem aceite, à partida, premissas evolucionistas, uniformitaristas e naturalistas.

    Elas só podem ser usadas para “provar” a evolução (e mesmo assim com muitas falhas) se se partir do princípio que houve evolução.

    Quem não partir dessas premissas interpreta os dados de forma substancialmente diferente.

    Para os criacionistas, as homologias moleculares, morfológicas e funcionais traduzem apenas o grau de semelhança e diferença entre as várias espécies criadas por um mesmo Criador, para viverem no mesmo planeta.

    Os criacionistas têm chamado à atenção para o facto de que baseados nessa mesma lógica, também poderíamos defender que o Sol evoluiu a partir de um limão por ter a mesma estrutura (ambos são redondos) a mesma aparência (ambos são amarelos), alguns ingredientes comuns (ambos têm hidrogénio) e a mesma função (ambos fazem mal aos olhos).

    É, claramente, um exemplo extremo.

    Mas o mesmo pretende pôr em relevo o ridículo a que se pode chegar defendendo a evolução a partir de supostas homologias.


    Em última análise, tudo assenta na observação de semelhanças e diferenças genéticas, anatómicas e fisiológicas, e na sua interpretação.

    As semelhanças e as diferenças são as mesmas para criacionistas e evolucionistas.

    O modo como uma pessoa interpreta dos dados observáveis depende muito das premissas adoptadas à partida. E estas dependem da sua visão do mundo.

    As homologias são uma poderosa mensagem biótica a favor de um Criador comum.

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  17. "Um outro problema com o uso das homologias como argumento a favor da evolução a partir de um antepassado comum é que as conclusões a que se chega estão inteiramente dependentes das premissas de que se parte."

    Isto é falso. É como haver um trilho de pegadas de A para B e dizer que só se consegue explicar isso como tendo sido uma caminhada dizendo que estamos a assumir à partida que foi feito pelo mesmo individuo...


    A hipotese do criador inteligente não é compativel com a correlação entre o numero de mutações esperadas em cada local devido a evolução e a que se mede na realidade. Ou então apenas podes dizer qeu deus fez um rastro de mutações nas proteinas tal e qual como se tivesse sido tudo feito evolutivamente...

    Porque? Porque não aparecem surpresas como o aparecimento de desaparecimento de proteinas especificas numa familia ou genero. Como humanos com hemoglobina de galinha ou papagaios com insulina de camelo.

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  18. Se deus andou a repetir peças e a criar outras novas, é obvio que ele usou as mais recentes para criar as seguintes. Ou seja, foi evolutivamente. Para quem quiser perceber, que mais simples que isto é impossivel:

    Não ha crocopatos. Nem a nivel molecular.

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  19. Ludwig:

    Acho que esta parte esta um pouco confusa e abaixo dos teus standarrs-:

    "(...) uma acumulando mutações diferentes. Mas os genes da hemoglobina e da mioglobina humana são parólogos. São diferentes porque a duplicação de genes formou várias linhagens de descendentes do mesmo gene ancestral que persistiram na mesma linhagem de organismos. Por isso a nível molecular temos duas árvores de evolução entrelaçad (...)"

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  20. Presp:

    "Os criacionistas têm chamado à atenção para o facto de que baseados nessa mesma lógica, também poderíamos defender que o Sol evoluiu a partir de um limão por ter a mesma estrutura (ambos são redondos) a mesma aparência (ambos são amarelos), alguns ingredientes comuns (ambos têm hidrogénio) e a mesma função (ambos fazem mal aos olhos).

    É, claramente, um exemplo extremo."

    Não é um exemplo extremo. É um exemplo ignorante e sem graça.

    PS: Então o teu Deus fez um orgão para usar o Sol que é lesado pelo SOl? E que se ficares a olhar para la muito tempo parece que começa a girar... Ha ja percebi porque.

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  21. http://www.fallacyfiles.org/wanalogy.html : «Some arguments from analogy are based on analogies that are so weak that the argument is too weak for the purpose to which it is put. How strong an argument needs to be depends upon the context in which it occurs, and the use that it is intended to serve.»

    http://www.philosophy.uncc.edu/mleldrid/logic/logiglos.html: «One evaluates such an argument by examining the analogy. It is a weak analogy, and thus fallacious, if there are not many similarities.»

    Podemos dizer que, por analogia, que cães dão cães, que descendem de lobos, por causa do contexto: a hereditariedade com modificações. Não só porque têm olhos e boca, mas pelas similaridades do todo que vão sendo menores especialmente com as raças de cães que foram seleccionadas artificialmente e pela comparação dos genomas, que também foram diferindo. Assim conclui-se que o lobo da Tasmânia não é ascendente dos cães nem dos lobos, apesar de parecenças superficiais. E existe quem responda com analogias fracas/questionáveis/falsas (falácias informais indutivas) ridículas como contra-exemplos, especialmente tendo em conta que defende um argumento por analogia elaborada por William Paley...

    Já agora: «Munro took test subjects with views about stereotypes, such as homosexuality. Subjects were tested beforehand to determine what views they held. Then they were given fake abstracts of scientific studies that purported to either prove or disconfirm the stereotype....» ... «But something remarkable happened with the the subjects who had their prior views challenged. Rather
    than acknowledge that they were mistaken and change their minds, these
    subjects were much more likely to conclude that proving (or disproving)
    the thesis simply couldn’t be done by science.» (http://atheismblog.blogspot.com/2010/07/denialism.html)

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  22. João,

    Decidi deixar as árvores filogenéticas para outro a seguir. Era tralha demais para um post... A ver se fica melhor depois.

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  23. faça um bom trabalho de casa 1º
    este estava cheio de pontas soltas

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  24. e os comentadores idem
    Porque não aparecem surpresas como o aparecimento de desaparecimento de proteinas especificas .....há dúzias de anomalias genéticas estudadas nas estruturas e quanto ao caso de quimeras genéticas também existem
    são argumentos sem senso
    como era de esperar em miudos

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