quinta-feira, setembro 13, 2012

Ateísmo e confusão.

O JFD escreveu que «em relação ao ateísmo [...] fica por compreender a razão da sua afirmação identitária tendo por constante as referências a pressupostos religiosos», acrescentando que falta ao ateísmo «um corpus ideológico coerente e um mecanismo de atuação política que não passe pelo mero ataque a todas as manifestações de fé». Escreveu também que a atitude do ateísmo é «tão vil, desnecessária e fanática quanto os movimentos de evangelização violenta ou as guerras santas»(1). Penso que o JFD tem razão em que lhe ficou por compreender algumas coisas acerca do ateísmo. Espero que isto ajude. O ateísmo não tem um «corpus ideológico coerente» porque o termo foi inventado para acusar outros de não terem o deus certo. Hoje já não dá castigo, por isso não me importo de aceitar o rótulo, mas, tal como “herege”, “pagão” e “apóstata”, o termo “ateu” só existe por causa dos religiosos. A religião criou um termo para distinguir coisas sem diferença, e é daí que vem tanta confusão.

Em matérias de facto, “ateísmo” é mais uma expressão de desagrado por parte do crente do que uma categoria coerente. No caso geral, dar a cada hipótese apenas o crédito que as evidências justificam é considerado sensatez. Isto quer se trate da venda de automóveis usados, dos benefícios da banha da cobra ou das alegações das outras religiões. Um católico dirá ser sensato rejeitar as hipóteses de que Maomé tenha conversado com os anjos ou que Zeus controla as trovoadas. Não rotulará ninguém de ateu por isso. Mas quando o mesmo critério, com o mesmo nível de exigência, leva à conclusão de que Deus não existe, em vez de sensatez chamam-lhe ateísmo. Não é por haver mais evidências para Deus do que para Zeus. Não é por aceitar alegações com base na tradição, fé ou número de adeptos ser um método mais fiável. É simplesmente porque não lhes agrada a conclusão de que Deus não existe. Para não darem o braço a torcer, em vez de admitirem que é uma conclusão razoável rotulam-na de “ateísmo”. Não me importo que o façam. É só um nome. Mas depois não venham pedir «corpus ideológico». Se não é preciso isso para rejeitar a mitologia grega, também não é preciso para rejeitar a mitologia cristã.

Em questões de valor, “ateísmo” pode também referir a atitude pessoal de não venerar divindades. Isto é independente das opiniões acerca dos factos. É logicamente possível, se bem que improvável, surgirem dados que tornem a hipótese de um deus criador a explicação mais plausível para o universo. Se isso acontecer passarei a aceitá-la como factualmente correcta. No entanto, posso continuar ateu se não adoptar esse criador do universo como meu deus. Não é por ter criado o universo que me vou pôr a louvar o seu nome, a venerá-lo ou a rezar. Inversamente, também posso deixar de ser ateu sem mudar de opinião acerca dos factos. Basta venerar algo como um deus. O Sol, por exemplo, ou o Joe Pesci*. Também aqui o ateísmo não requer «um corpus ideológico coerente». Não tenho deuses porque não quero. Se quisesse tinha. Também não quero ter uma moto, nem um barco nem um urso, mas não preciso de fundamentar com um «corpus ideológico» o meu amotismo, abarquismo e aursismo.

Num post posterior, o JFD escreveu «Não considero o ateísmo uma religião mas antes uma posição filosófica face àquela.»(2) O ateísmo não é uma religião, concordo, mas também não é uma posição filosófica. O ateísmo é apenas uma parte de uma posição filosófica. Em matérias de facto, eu tenho uma posição filosófica fundamentalmente céptica, considerando que uma hipótese só merece confiança se tiver mais fundamento objectivo do que as alternativas. Em questões de valor, a minha posição filosófica tem com fundamento a liberdade e a responsabilidade individual. Estas posições filosóficas fazem com que concorde com os religiosos em muitos pontos, desde a forma da Terra à condenação do homicídio, mas leva-me a discordar de outros, como a ressurreição e o pecado da contracepção. O meu ateísmo não corresponde às minha posições filosóficas em si. É só aquelas pequenas pontas que incomodam os religiosos. É verdade que o ateísmo acaba por ser definido em oposição às religiões, mas isto é porque são os religiosos que assim o definem. No tempo dos gregos que cunharam o termo eu seria ateu por rejeitar Zeus. Hoje é por rejeitar o Espírito Santo. A diferença não está na minha posição filosófica, pois considero ambos igualmente fictícios. A diferença está apenas nas partes da minha posição filosófica que contradizem as crenças religiosas dominantes.

Finalmente, chamam também ateísmo, normalmente “fanático” e “radical”, à critica pública de coisas como as capelanias militares ou a cura milagrosa do olho da Guilhermina. Estas críticas são em oposição a alegações religiosas, é verdade, mas não constituem «afirmação identitária» nem ideologia. Mais uma vez, são apenas parte de um todo muito maior. Eu considero que é um direito e um dever protestar contra as injustiças e disparates. Oponho-me à isenção do IVA para a Igreja Católica tal como me oporia se isentassem de IVA a associação de amigos do Homem Aranha. Sou contra as capelanias militares tal como sou contra a RTP contratar astrólogos para prever o futuro na televisão. Só inventaram o rótulo de “ateísmo” para uma parte disto, que até condenam como «tão vil, desnecessária e fanática quanto os movimentos de evangelização violenta ou as guerras santas», por julgarem que as superstições e fantasias de certa religião são mais verdadeiras ou virtuosas do que as restantes. Mas não são. Treta é treta. Se o JFD perceber que “ateísmo” é apenas um termo arbitrário que os crentes usam para rotular a oposição às suas crenças perceberá também que não é nesse pequeno sub-conjunto que vai encontrar «corpus ideológico» ou «afirmação identitária». Não é o ateísmo que me faz opor as religiões. É ver as religiões ao nível de tantos outros disparates que a humanidade inventou que faz com que me chamem ateu.

* Ou o George Carlin, mas isso talvez já fosse ironia a mais.

1- JFD, Ateísmo.
2- JFD, Ateísmo, uma resposta.

31 comentários:

  1. LUDWIG, CONFUSO E OBTUSO...OU PIOR?

    Quem anda extremamente confuso e obtuso, nestes dias, são mesmo os ateístas.

    Provavelmente não é só confusão, pois parece burrice pura e dura.

    Alguns dirão que estou a insultar os evolucionistas ateístas.

    Mas infelizmente não estou. Estou a dizer a verdade. Posso provar.

    Como é sabido, o Ludwig, no que só pode configurar burrice aguda, disse aqui que "o DNA não codifica nada", sugerindo que é errado falar dele como contendo códigos e informação codificada.

    O projecto ENCODE, envolvendo centenas de cientistas, milhares de computadores e milhões de dólares, acaba de publicar, a título preliminar, 15 biliões (15,000,000,000,000! de bytes de informação genética e epigenética...

    Nada mal, para um DNA que supostamente não codifica nada...

    Só pode estar muito confuso ou ser muito burro quem diz que o DNA não codifica nada...

    Para complicar as coisas ao Ludwig, os estudos científicos mostram que cada vez mais o genoma é lido e descodificado com a ajuda a teoria da informação...

    Porque será? É porque o DNA não codifica nada?

    O Ludwig deveria ser mais autocrítico e rever os disparates que aqui tem dito...

    Já é cegueira e burrice a mais...

    P.S. A menos que tenha sido o partido republicano a colocar biliões de bytes no genoma...







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  2. Very nice.

    "O ateísmo é apenas uma parte de uma posição filosófica. Em matérias de facto, eu tenho uma posição filosófica fundamentalmente céptica, considerando que uma hipótese só merece confiança se tiver mais fundamento objectivo do que as alternativas."

    Eu proporia "tão ou mais objectivo que as alternativas", não achas?

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  3. Já cá faltava este, que acha que os republicanos é que andam a colocar biliões de bytes no genoma...

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  4. Já agora, que pensas disto:

    http://www.publico.pt/ProjectSyndicate/John%20Dupr%C3%A9/a-crise-bemvinda-na-teoria-evolucionista-1562713#.UFHzEKoORPY.facebook

    A mim parece-me um exagero para lá de qualquer redefinição de crise.

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  7. Digo-te com todo o gosto (desculpa o mau jeito...)

    A teoria de evolução está em crise desde o seu início. Só não vê quem não quer...

    Charles Darwin viu tentilhões a "evoluirem" para... tentilhões(!) nas ilhas Galápagos, tendo concluído, sem mais, pela origem acidental da vida e pela transformação de partículas em pessoas...

    Dois saltos lógicos sem qualquer fundamento empírico e racional...

    Charles Darwin pensava que as células eram um qualquer protoplasma indiferenciado(!), não fazendo ideia da sua real complexidade.

    Richard Dawkins coloca a ênfase no gene egoísta, também subestimando a complexidade do genoma e acreditando que muito dele é lixo.

    Os primeiros resultados publicados do Projecto ENCODE acabam de mostrar que mesmo o conceito de gene já está ultrapassado (lá se vai o gene egoísta!) e que o genoma é um sistema operativo altamente complexo, muito para além da capacidade científica e tecnológica humana.

    Muito do suposto lixo desempenha, afinal, importantes funções regulatórias..

    O genoma tem diferentes códigos e níveis de informação codificada compreendendo muitos milhares de milhões de bytes de informação (e estamos só no princípio!) e de interruptores estrategicamente colocados para regular os circuitos de informação e a expressão genética.

    Quem estaria na posse de tantas quantidades de informação? Um Deus omnisciente!

    Quem teria capacidade para a armazenar, compactar e miniaturizar em fitas de DNA existentes no núcleo das células? Um Deus omnipotente!

    Faz todo o sentido!

    Os criacionistas nunca se opuseram ao avanço do Projecto ENCODE e do seu irmão GENCODE. Nunca ameaçaram a sua concretização. Pelo contrário!

    Os criacionistas sabem que o ENCODE e o GENCODE irão trazer à luz do dia, no futuro próximo, ainda mais códigos e informação codificada e muito mais complexidade integrada e especificada, o que só corroborará a criação racional e do Universo e virá a tornar ridículas as teorias de Darwin ou mesmo de Dawkins baseadas em processos acidentais, aleatórios e irracionais...


    Para já, o que podemos concluir é que o "design inteligente" peca por defeito.

    Considerando o facto de que milhares de cientistas, com milhares de computadores e milhões de dólares não conseguem mais do que descodificar uma pequena parte do genoma, como eles mesmo reconhecem, temos que concluir que estamos perante "design super-inteligente".

    No fundo, é isso mesmo que a Bíblia ensina...

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  8. Perspectiva:

    Desculpa, não era contigo. Era para o Ludwig.

    Já agora aproveito para te dizer que vi o espantalho que lá fizeste em cima. Olha, é contigo, tu é que sabes como queres argumentar.

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  9. Ludwig,

    «Em matérias de facto, eu tenho uma posição filosófica fundamentalmente céptica, considerando que uma hipótese só merece confiança se tiver mais fundamento objectivo do que as alternativas.»

    as tuas posições não são de cepticismo, longe disso. Não te apercebes, mas o teu discurso é radical e dogmático e virulento. Não há ateu céptico. Um céptico pode ser assumidamente cristão. Nem sequer és agnóstico. Um agnóstico tem dificuldade em assumir a fé. O Ludwig é uma pessoa que nunca é tocada pela dúvida. Se fosse esgrimista, certamente seria o campeão do florim.
    Diante de Deus, tu dirias «É logicamente possível, se bem que improvável, surgirem dados que tornem a hipótese de um deus criador a explicação mais plausível para o universo. Se isso acontecer passarei a aceitá-la como factualmente correcta. No entanto, posso continuar ateu se não adoptar esse criador do universo como meu deus. Não é por ter criado o universo que me vou pôr a louvar o seu nome, a venerá-lo ou a rezar.»
    No fundo, a questão é esta. Quantos de nós, diante de Deus, continuariam a negá-lo e a recusá-lo?

    Aliás, não aceitas aquilo que é factualmente correcto, mas apenas aquilo que consideras factualmente correcto.

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  10. Carlos Soares:

    O facto de provavelmente não existirem certezas absolutas não impede que se deposite mais confiança nas explicações melhores. Ou que se reconheça que algumas explicações são mesmo muito fracas, ao ponto de não valer a penas estar sempre a por o disclaimer que certezas são na religião, não no cepticismo.

    De facto, como o Ludwig nota, o cepticismo leva ao ateísmo (sem a certeza absoluta, mas com grande confiança) a não ser que abras excepção ad hoc para deus.

    Isso, ou ficas condenado a ter de mostrar que Deus existe, e que essa é uma hipotese melhor que a sua negação.


    De qualquer modo tens aqui mais para ler: http://ktreta.blogspot.pt/2008/11/certezetas.html

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    1. "...condenado a ter de mostrar que Deus existe, e que essa é uma hipotese melhor que a sua negação"

      Deus revelou-se através do livro mais influente da história, a Bíblia, do povo mais influente da história, Israel, e da pessoa mais influente da histórica, Jesus Cristo.

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  11. João,

    «Eu proporia "tão ou mais objectivo que as alternativas", não achas?»

    Não era isso que eu queria dizer... A ideia é que há factores subjectivos e objectivos para seleccionar entre as alternativas. Os subjectivos são os que dependem do sujeito, como fé, preferências pessoais e apego a certas ideias, e os objectivos dependem dos objectos de estudo. O que eu queria dizer é que, em matérias de facto, devíamos considerar apenas os factores objectivos relevantes para distinguir as alternativas, e depois preferir a hipótese que tem mais suporte nesses factores. Por exemplo, não vamos concluir que um deus existe porque temos fé e porque há uma longa tradição de pessoas com fé, porque isso não são dados acerca desse objecto de estudo mas sim função dos sujeitos que formaram opiniões acerca do objecto. O melhor é concluir que não existe deus porque todos os dados objectivos relevantes apontam para explicações alternativas.

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    1. Acho que percebi. Mas para ser honesto não tenho a certeza absoluta :)

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    2. Fala quem diz que "a chuva cria códigos" e "o DNA não codifica nada"...

      O Ludwig é um especialista em pirotecnia argumentativa e baboseiras...

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  12. Carlos Soares,

    Em vez de comentares apenas assim:

    «as tuas posições não são de cepticismo, longe disso. Não te apercebes, mas o teu discurso é radical e dogmático e virulento. Não há ateu céptico. Um céptico pode ser assumidamente cristão. Nem sequer és agnóstico. Um agnóstico tem dificuldade em assumir a fé. O Ludwig é uma pessoa que nunca é tocada pela dúvida. Se fosse esgrimista, certamente seria o campeão do florim.»

    com um conjunto de alegações que não tentas sequer fundamentar, sugiro que te preocupes com dois aspectos importantes no diálogo.

    Primeiro, tenta justificar o que alegas exprimindo um raciocínio que possa partir de premissas que ambas as partes aceitem. Isto é importante porque um objectivo do diálogo é perceber os raciocínios de cada parte e procurar uma conclusão consensual. Isto só se consegue se ambas as partes colaborarem com argumentos em vez de meras asserções. Este parágrafo é um exemplo disso. Se leres com atenção verás que a recomendação na primeira frase é justificada a seguir por algo que, espero, será consensual.

    A outra sugestão é de que, quando escreves um comentário a um post, tentes identificar os problemas do post em vez de aproveitar para referir defeitos do autor. Nota que o que está em causa aqui não é se eu sou boa pessoa ou um energúmeno, ou se sou imbecil ou inteligente, mas se o que escrevi, em cada caso, está acertado ou não. Isto porque é muito mais útil, se o teu objectivo for corrigir-me, dizer algo como “Enganaste-te em X porque Y e Z implicam que X é falso” do que “És um grandessíssimo A, B e C”. Se bem que, admito, a última opção é bem mais confortável porque nem exige sequer que leias o post. Basta copiares uma parte ao acaso para parecer que tem que ver com o que eu escrevi e depois debitar os defeitos que te ocorrerem na altura. Se o teu objectivo em comentar aqui for mais terapêutico do que dialético, então esquece isto tudo e continua como estás. Mas olha que o Jónatas Machado já faz dessa terapia aqui há uns tempos e não se lhe notam melhoras nenhumas :)

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    1. Esta resposta merecia mais enfase.



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    2. O Ludwig é um tolo. Vejam como foge ao confronto directo com os criacioistas bíblicos.

      O que escreve não passa de tolices sem sentido. Tenho demostrado isso.

      Só um burro é que pode dizer "o DNA não codifica nada" e manter essa afirmação mesmo confrontado com 15 biliões de bytes do genoma humano revelados pelo Projecto ENCODE.

      Enfim, e depois tenta distrair os leitores com as suas imbecilidades...

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  13. Penso que a essência desta discussão é que um argumento corrente de certos grupos religiosos é que «o ateísmo não propõe nenhuma ética ou modelo de sociedade» como se existisse justamente uma Igreja Universal do Ateísmo a que todos os não-crentes se devessem juntar e jurar fidelidade, declarando a sua Profissão de Não-Fé. Mas isto não existe.

    Ou seja, isto é um strawman argument: cria-se uma imagem do que se pensa que o ateísmo seja, e ataca-se essa imagem, pensando-se assim iludir a audiência ao derrubar a argumentação contra uma construção mental que não existe nem nunca existiu.

    Como o Ludwig muito bem explica, «ateísmo» é uma palavra que não implica, por si só, uma filosofia, uma ideologia, uma moral, uma ética, uma política... mas tão só a defesa da ideia de que não é necessário recorrer a explicações sobrenaturais para fenómenos naturais. Há, depois, dentro de grupos filosóficos ou políticos, alguns que propõem ética, moral, ideologia, etc. sem precisarem de explicações sobrenaturais. Os movimentos humanistas, por exemplo, encaixam-se nesses grupos. Os movimentos niilistas também, e esses são de facto passíveis de serem criticados pela sua defesa do relativismo moral. Mas há muitos, muitos mais grupos; até aquilo que convencionalmente se chama de Budismo faz parte destes grupos :)

    No entanto, mesmo a totalidade destes grupos, vistos como um todo, se bem que sejam todos eles «ateus», não são nem uniformes, nem defendem todos as mesmas coisas (e muitas vezes opõem-se violentamente!). Têm, justamente, apenas a tal questão em comum de não precisarem de explicações sobrenaturais para justificarem os seus actos e decisões. Tomá-los como um todo para os atacar na sua «falta de moralidade» (estou a dar este exemplo meramente porque foi referido no texto; há obviamente mais coisas para os atacar) seria como dizer: «tudo o que é vermelho é mau. Por isso vou atacar os sócios do Benfica, os comunistas, os CTT, e os clientes Vodafone.» O facto de todos usarem a cor vermelha não quer dizer que defendam as mesmas coisas — ou sequer que defendam alguma coisa. Mas é essa a argumentação apresentada para «atacar» o «ateísmo»: como todos partilham uma característica comum, então devem ser todos atacados da mesma forma. Se houver um grupo ateu que defenda, por exemplo, a abolição da ética e da moral, então é porque todos a defendem. Mas isto é uma falácia lógica tão grande como dizer que «quem gosta da cor vermelha quer a abolição do capital e a colectivização da propriedade, por isso vamos perseguir o Benfica, os CTT, e a Vodafone, porque são um Mal para a sociedade». Qualquer pessoa racional verá o absurdo desta argumentação. Mas certos crentes não compreendem que a sua argumentação contra «os ateus» é absurda precisamente na mesma magnitude.

    No entanto, é claro, tal como o Carlos Soares afirmou, que há ateus para os quais ser-se ateu é, de facto, uma profissão de fé: nem que seja a fé em que têm razão no que afirmam e que devem, a todo o custo, «converter» o resto do mundo às suas ideias. E fazem-no com o mesmo fervor que os cristãos espalham a Boa Nova. Nesse sentido não posso discordar da afirmação de que certos grupos ateus se comportam precisamente como religiões, e o facto de «dispensarem» Deus para as suas justificações, não torna o seu comportamento menos fanático por causa disso. Voltando aos exemplos estúpidos, um benfiquista que faça todos os esforços para converter outros à superioridade evidente da sua equipa, que está para além de questionamento e crítica, e que, em limite extremo, até está disposto a praticar a violência para atingir os seus fins, não deixa de ter precisamente a mesma atitude que certos fanáticos religiosos. Claro que «toleramos» esse comportamento porque o achamos «inocente», mas não deixa de ser uma forma de fanatismo irracional — e que não precisa de Deus para nada, basta uma equipa de futebol e um estádio.

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  14. Como temos vindo a ver, e as intervenções do Ludwig não nos deixam mentir, não existe qualquer explicação naturalista para a origem do Universo.

    Assim como não existe qualquer explicação naturalista para a origem da vida e da informação codificada que ela pressupõe, claramente evidenciada pelos projectos ENCODE e GENCODE.



    No entanto, o Ludwig acredita que é racional acreditar na origem acidental do Universo e da vida, ainda que não exista qualquer confirmação empírica.

    Será que isso é realmente racional? Claro que não.

    Isso é fé naturalista cega.

    O Ludwig afirma que a fé é irracional.


    Com efeito, não existe fé mais irracional do que aquela que defende, sem a mínima confirmação empírica, que o Universo evoluiu do nada por acaso e que a vida surgiu por acaso a partir de químicos abióticos.

    Diferentemente, não existe fé mais racional do que aquela que, com amplas evidências empíricas, acredita num Deus que se revela como RAZÃO, que criou o mundo e a vida de forma racional, com uma estrutura racional para ser compreendido racionalmente por indivíduos racionais criados à Sua imagem e semelhança.

    Essa fé baseia-se em factos observados e observáveis.

    Do dilúvio global, para além da Bíblia, das rochas, dos isótopos e dos fósseis, chegam-nos os testemunhos de praticamente todas as culturas da antiguidade.

    Da ressurreição de Cristo chega-nos um testemunho honesto, sóbrio, factual, pormenorizado e existencialmente transformador de várias testemunhas oculares.

    Da origem acidental do Universo e da vida não nos chega testemunho nenhum.

    Apenas nos chegam (e sobram!) as especulações fantasiosas de ateus naturalistas como o Ludwig, que acreditam que o facto tentilhões darem tentilhões e de gaivotas darem gaivotas permite concluir, sem margem para dúvidas, que as partículas se transformam em pessoas!!

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    1. E você explica alguma coisa? Acho que o tolo aqui é você. Não vi você argumentar até agora. O que vi foi você escrevendo falácias do tipo ad hominen para tentar justificar a sua posição. Querido, você mostrar que o DNA codifica algo não prova existência de divindade alguma, tampouco é uma demonstração de que as escrituras da Bíblia sejam factíveis. Por favor, se as proposições de "ateus naturalistas" (mais uma vez um rótulo) são fantasiosas, o que dizer da arca de Noé e CIA. Veja, antes de falar sobre Charles Darwin, pense um pouco sobre o que ele tinha de recursos à época para propor uma idéia tão original. Você coloca as coisas de uma forma ingênua como se Darwin vivesse em nossos tempo, com insumos tecnológicos e informação digital. Tenha paciência, quem é você rapaz? Coloca seu nome aí, tenha coragem de se expor.

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  15. O Ludwig Kruppahl (LK) propõe-nos uma metodologia para o corrigirmos.

    Ele diz: "...é muito mais útil, se o teu objectivo for corrigir-me, dizer algo como “Enganaste-te em X porque Y e Z implicam que X é falso” do que “És um grandessíssimo A, B e C”.

    Falar é fácil. Mas será que realmente funciona? Vamos testar.


    LK: "O DNA não codifica nada"

    P: Enganaste-te porque o facto de o Projecto ENCODE ter acabado de analisar 15.000.000.000.000 de bytes de informação genética e epigenética codificada no genoma, significa que é falso dizer que o DNA não codifica nada...

    LK: "mas o DNA não codifica nada...."

    P: "Só podes realmente ser um grandessíssimo burro!!"

    Estão a ver? Tentei, mas não funciona...

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  16. Por favor Ludwig, mais algum post sobre copyright que saibas que eu discorde. Estou com saudades de debater contigo porque melhora a minha capacidade argumentativa e de encaixe. Porque se é para escrever "Concordo" não tem piada nenhuma.

    Reparo é que o teu velho amigo anda a perder um pouco as estribeiras. Tens de lhe dar alguma atenção senão ainda lhe dá um fanico... :D

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  17. Estimado Wyrm

    Não se trata de perder as estribeiras...

    ...mas irrita ver um suposto especialista em pensamento crítico a dizer que o DNA não codifica nada, quando o ENCODE acaba de revelar 15 biliões de bytes de informação genética e epigenética no genoma...

    Como se explica tão elevado estado de negação da realidade? Será esse o resultado de ele se autodenominar Macaco Tagarela?


    Já agora, uma notícia sobre a descodificação do código com as instruções que regulam o coração, mostrando grande ordem, precisão e temporização, o que corrobora inteiramente a criação super-inteligente do coração...

    É claro que o Ludwig continuará a dizer que o DNA não codifica nada...

    Mas segundo ele, a chuva cria códigos...

    Pois claro...

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  18. “JUNK DNA” E OS DADOS DO PROJECTO ENCODE

    O ser humano tem apenas 20 000 genes, em muitos casos parecidos com outros seres vivos.

    Muito do DNA, cerca de 97%, era considerado não codificante, sendo interpretado pelos evolucionistas como os vestígios genéticos do processo de evolução ao longo de milhões de anos.

    Os criacionistas, porque não acreditam na evolução e acreditam no design (super-)inteligente do genoma, sustentavam que o suposto lixo genético deveria ter função, não estando lá por acaso.

    Se nós somos tão complexos e tão diferentes dos outros animais, como é que alguém poderia acreditar que 20000 genes conteriam todo o código com as instruções necessárias à nossa produção e reprodução?

    É claro que todo o genoma tem função! Quando muito, haverá também sinais de corrupção no genoma, e consequente perda de função, já que a Bíblia afirma que essa é a condição a que toda a criação está sujeita.

    O projecto ENCODE tem procurado analisar o suposto “junk- DNA” tendo vindo a descobrir que ele é passível de transcrição para RNA, cumprindo importantes funções regulatórias na expressão dos genes existentes.

    Ele também tem evidenciado a presença de defeitos na regulação da expressão genética causadores de doenças e morte.

    O que vemos são quantidades inabarcáveis de informação genética e epigenética codificada no genoma, junto com algum ruído que degrada essa informação.

    Mas nada disso é evidência de evolução. Tudo é evidência de criação e corrupção.

    Naturalmente ameaçados por estes resultados, e com medo que eles deitem as suas teorias para o caixote do lixo, os evolucionistas têm procurado desvalorizar os resultados, alegado que se trata de entusiasmo mediático sem sentido, de que a terminologia do ENCODE induz em erro, de que tudo não passa de uma conspiração religiosa, etc.

    No entanto, os dados não mentem. A funcionalidade bioquímica específica do genoma é hoje um facto irrefutável. Os dados do ENCODE que vierem a ser publicados apenas reforçarão este facto.

    E os criacionistas aí estarão para comentar os resultados obtidos.

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    1. Em primeiro lugar " tão diferente dos outros animais", sob o ponto de vista de quem? Só se for do seu, que deve acreditar que somos o centro do universo. Um ruído que degrada informação genética? e se for, o que isso prova sobre a existência de um deus? Cara, explica as coisas. Eu vi o curriculum do Ludwig e tem publicações de peso lá. Onde estão suas publicações? Você não coloca nem seu nome aí rapaz! Vamos lá, se exponha um pouco. Você acha que está com a razão só por representar a opinião da maioria e não por possuir argumentos. Tudo o que disse até agora são falácias.

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  19. pois... referenciar artigos que não passaram por revisão de pares e que continuam a dizer que a formação natural de uma cadeia de aminoácidos é impossível não é maneira de se destacar pela positiva

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    1. Pelo menos indica um raciocínio independente, coisa que nenhum cristão é capaz de fazer porque é doutrinado a acreditar em fantasma desde muito cedo.

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  20. raciocinio indeoendente? proveniente de um site chamado 'answers in genesis', o qual se dedica unica e exclusivamente á propaganda religiosa... será assim tão independente? O que eu sei é que se a abiogénese pudesse ser refutada por aquilo que ali vi, nunca mais nenhum cientista se atreveria a remexer no assunto e não é isso que vejo cada vez que faço uma visitinha ao pumed. até eu topei algumas falhas e ainda sou estudante...

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  21. Pois é... acho que se um criacionista fosse interpretar os resultados de um teste de paternidade, diria que ambos os individuos tinham sido criados individualmente, sem qualquer relação entre eles, a partir da lama...
    A "informação" genética é muito util ao profissional de saúde e ao biólogo que se dedica a estudar a evolução. Já ao criacionista nem tanto.

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