Lei de Poe
O Douglas Bonafe estreou-se neste blog, há dias, com umas questões curiosas. Infelizmente, comentou um post de 2007, pelo que ninguém deve ter reparado. Para desenjoar do copyright e da política, vou aproveitar a deixa.
«Se a ciência não é dogmática então me prove, considerando o método científico, algumas coisinhas simples que uma criança é capaz de definir como postulado. Vou citar alguns postulados:
1) O ponto existe.
2) Por um ponto passam infinitas retas.
3) Não existe velocidade maior que a velocidade da luz.»(1)
Nós podemos definir ponto e recta como “postulados” porque são apenas conceitos. São as peças que usamos para criar modelos. Por exemplo, posso modelar o ar num balão assumindo que cada molécula de gás é um ponto que se desloca em linha recta e colide com a borracha do balão. Daqui deriva-se a lei dos gases perfeitos, um modelo bastante aproximado do que se passa no balão. Mas postular conceitos e inventar modelos é só parte do processo. Em ciência, também se tem de investir muito trabalho a averiguar o ajuste entre o modelo e o aspecto da realidade que o modelo tenta descrever. Por isso é que, em ciência, “provar” é pôr à prova. É testar. E é por isso que exigir uma prova científica de que “pontos existem” não faz sentido. É como pedir a demonstração matemática do café com leite.
«Os postulados são proposições fundamentais em cima das quais modelamos o Universo ao nosso redor. Nas Religiões, os dogmas são proposições fundamentais […] Ou seja... tudo o que conhecemos partem de postulados.»
A ciência não é nada assim. A ciência é fundamentalmente diferente das religiões porque não assenta tudo nos postulados. Em vez de postular apenas uma coisa e seguir por aí, cega às alternativas, a ciência começa por considerar várias alternativas, mutuamente exclusivas, que depois testa, seleccionar e aperfeiçoa para ir aproximando as descrições à realidade. Além disso, durante este processo vão surgindo novas hipóteses, que muitas vezes substituem elementos anteriores. Aquilo que a ciência considera conhecimento, em cada momento, é a região onde os dados encurralaram as várias hipóteses ainda não rejeitadas. É um ponto de convergência de muitos “postulados” alternativos de onde a investigação partiu. Por exemplo, em ciência não se vai simplesmente postular que “Não existe velocidade maior que a velocidade da luz”. Em vez disso, vai-se procurar indícios que permitam distinguir entre essa hipótese e hipóteses alternativas. Basicamente, enquanto que as religiões partem de afirmações que assumem verdadeiras, a ciência começa com perguntas às propõe várias respostas possíveis.
A respeito do ateísmo e da moralidade, o Douglas escreve que «O pensamento ateu em sua origem, não considera a existência de um Deus, nem seu antagônico, não considera a existência do bem e do mal, uma vez que não fazem sentido dada a inexistência de uma causa para o bem ou o mal. Logo, para um ateu verdadeiro, comer a mãe e jogar os restos aos cães não tem nenhuma diferença de se comer um animal qualquer». É fácil desfazer esta confusão. O ateu é ateu porque confia em proposições factuais apenas na medida em que os dados o justifiquem. É por isso que conclui não haver deuses, diabos, fadas ou Saci-pererê. Por outro lado, há ampla evidência de que a imbecilidade existe, mesmo fora das caixas de comentários dos blogs, e de que é causa de muito mal. Não é preciso fé em deuses para perceber que há bem e mal, e é fácil encontrar uma justificação ética para não se “comer a mãe e jogar os restos aos cães” mesmo sem acreditar que o menino Jesus castiga.
Mais preocupante é haver quem ache que a tortura, a violação e o homicídio só são maldade porque um deus disse que eram, e que se esse deus disser outra coisa – por exemplo, para se apedrejar até à morte adolescentes que desobedeçam aos pais – então é isso que é bom fazer. No fundo, o problema não é tanto se as pessoas acreditam num deus ou não acreditam em deus nenhum. O maior problema é haver tanta gente que, para acreditar num deus, vive com o cérebro desligado.
1- Comentários em Dogma e ciência.
Acho que em relação à velocidade da luz, é muito interessante verificar como está a reagir a comunidade cientifica. Existem todo o tipo de reacções excepto fingir que aquele resultado não aconteceu ou dizer que não há nada para explicar. A profusão de artigos é notória do que significa uma anomalia significativa para os cientistas. É um estimulo.
ResponderEliminarClaro que aparecem os que propõem hipótese para a medição estar errada, ou outras maneiras de ter aquele resultado sem haver ultrapassagem da velocidade da luz (como por exemplo seguir por outras dimensões, ou que a velocidade da luz também poderá ser ela própria mais rápida em outras condições).
É tudo menos um reacção dogmática. Temo apenas que não vá haver replicação independente noutro lado do mundo mas até ali podem dar o lugar a outra equipe.
Ludwig Krippah
ResponderEliminarExplicar isto e aprofundar questões sobre o método cientifico é tão importante na medida que os imbecis jamais vão querer compreender!
Há por ai um senhor com responsabilidades académicas de cátedra numa das sócio qualquer coisas das ciências sociais e humanas que afirma que a ciência é dogmática, que desde os anos 20 do séc. XX a ciência está em crise porque nunca mais descobriu nada de importante e que é preciso de desdogmatizar a mesma baixando-a ao nível do senso comum.
É a versão portuguesa da guerra das ciências que tu deves conhecer.
Mas criticas à parte, é imperativo que se dê a conhecer estas questões às pessoas para facilmente distinguirem a ciência verdadeira das tretas das astrologias, homeopatias e outras mais!
a ciência começa por considerar várias alternativas, mutuamente exclusivas....
ResponderEliminare na mecânica quântica?
Armando do Quintal
Ludwig Krippah kri pá já são amigos
Explicar isto (o quê?)e aprofundar questões? sobre o método cientifico (isto quer dizer questionar o método? que questões sobre?)é tão importante (porquê? antes do método existia ciência e existe ciência que não segue o método na medida em que não se pode testar ou ...na medida em que os imbecis jamais vão querer compreender...têm várias alternativas possíveis
a ciência tal como tudo o que é humano está eivado de dogmas ó mentecapto
(mentecapto é elogio..)
O CÉREBRO DESLIGADO DO LUDWIG
ResponderEliminar"O ateu é ateu porque confia em proposições factuais apenas na medida em que os dados o justifiquem."
Existe algum dado que justifique a crença de que a energia surgiu do nada (violando a lei da conservação) ou de que a vida surgiu por acaso (violando a lei da biogénese)?
Existe algum processo físico conhecido que crie códigos e informação codificada?
Se existe, nenhum cientista conhece...
"É por isso que conclui não haver deuses, diabos, fadas ou Saci-pererê."
O Ludwig esquece a revelação de Deus ao povo de Israel, na História, durante séculos, povo que sobreviveu aos grandes impérios até ao século XXI, tal como a Bíblia prometeu.
Além disso esquece Jesus Cristo, a figura mais influente da história da humanidade...
O Ludwig é que vive no mundo da fantasia...
"Por outro lado, há ampla evidência de que a imbecilidade existe, mesmo fora das caixas de comentários dos blogs, e de que é causa de muito mal."
Está a pensar certamente nqueles que se auto-descrevem "macacos tagarelas", que afirmam que "o DNA não codifica nada" e que "a chuva cria códigos"...
"Não é preciso fé em deuses para perceber que há bem e mal"
Mas qual é o critério? É meramente subjectivo? Quem o define? Com que autoridade? Surgiu por acaso?
Como é que ele surgiu a partir de milhões de anos sofrimento, doenças, predação e morte? Porque é que ele deve vincular toda a humanidade em todos os tempos?
Quando tenta responder a estas questões o Ludwig mete sempre os pés pelas mãos...
"e é fácil encontrar uma justificação ética para não se “comer a mãe e jogar os restos aos cães” mesmo sem acreditar que o menino Jesus castiga."
Se é fácil, porque não tenta?
Qual é a justificação ética? Como é que ela se deduz de milhões de anos de predação, morte e triunfo dos mais aptos sobre os menos aptos?
Como é que a teoria da evolução estabelece o dever moral de honrar o pai e a mãe?
Gostava de conhecer todo o silogismo, desde as premissas às conclusões...
"Mais preocupante é haver quem ache que a tortura, a violação e o homicídio só são maldade porque um deus disse que eram, e que se esse deus disser outra coisa – por exemplo, para se apedrejar até à morte adolescentes que desobedeçam aos pais – então é isso que é bom fazer."
Se o ser humano é resultado de milhões de anos de tortura, dor, predação e morte porque é que a tortura e a morte são maus? Não estou a ver a lógica...
Na Bíblia ficamos a saber que quem rejeita e abandona os pais à sua sorte merece a morte...
"No fundo, o problema não é tanto se as pessoas acreditam num deus ou não acreditam em deus nenhum. O maior problema é haver tanta gente que, para acreditar num deus, vive com o cérebro desligado."
Infelizmente tenho que concluir que quem vive com o cérebro desligado é quem conclui que o facto de "gaivotas darem gaivotas" prova que bactérias dão bacteriologistas...
Interneta coiso e tal:
ResponderEliminar"a ciência começa por considerar várias alternativas, mutuamente exclusivas...."
É como dizer que há duas maneiras para chegar a um sitio e que se foi por um caminho ou pelo outro... Mas não pelos dois ao mesmo tempo.
É preciso é saber por qual, mas podemos e devemos gerar todas as hipoteses razoaveis.
Perpectiva:
ResponderEliminar"Se o ser humano é resultado de milhões de anos de tortura, dor, predação e morte porque é que a tortura e a morte são maus? Não estou a ver a lógica... "
Porque o ser humano também é resultado de amor, compaixão, engenho, etc. Estás a ver as coisas apenas pelo lado mau. Por outro lado cais na tentação de julga o que *deve ser* usando o que *é*. Se podes fazer melhor porque não fazê-lo?
Perspectiva:
ResponderEliminarMas já agora, a predação, a tortura e a morte são sancionadas pelo teu deus porquê? Ainda é por causa da maçã?
João
ResponderEliminar"Porque o ser humano também é resultado de amor, compaixão, engenho, etc."
É isso realmente que a Bíblia ensina. Um Deus que é amor, compaixão e engenho criou o homem à Sua imagem.
Daí o dever moral de amar o próximo.
"Mas já agora, a predação, a tortura e a morte são sancionadas pelo teu deus porquê?"
Não são sancionados.Pelo contrário.
A Bíblia ensina que são considerados pecado e consequências do pecado.
A Bíblia ensina que não existirão na criação restaurada.
Perspectiva:
ResponderEliminar"É isso realmente que a Bíblia ensina. Um Deus que é amor, compaixão e engenho criou o homem à Sua imagem.
Daí o dever moral de amar o próximo. "
A biblia também ensina a tolerar a escravatura, a condenar à morte por blasfémia, a trocar as filhas em troco de sossego, etc.
Daí o dever moral de amar o próximo estar mais relacionado com o facto de sermos todos "o próximo" que outra coisa. Não consegues um sistema consistente se não for assim, não precisas de o por na boca de deus. Se o fizeres é porque queres, é lá contigo, mas não precisas.
""Mas já agora, a predação, a tortura e a morte são sancionadas pelo teu deus porquê?"
Não são sancionados.Pelo contrário. "
Vais-me desculpar, mas não se nota nada.
Como off topic, para "ligar os cérebros" (na sugestiva terminologia do Ludwig), sugiro um artigo sobre os exoplanetas e os problemas que eles colocam aos modelos cosmológicos de evolução das estrelas e dos planetas
ResponderEliminarPerspectiva:
ResponderEliminarJá agora: "Existe algum dado que justifique a crença de que a energia surgiu do nada".
Sim. Existe uma suspeita ( e a possibilidade) de que a energia total do universo possa ser zero ainda nos dias que correm.
Estimado João
ResponderEliminar"A biblia também ensina a tolerar a escravatura, a condenar à morte por blasfémia, a trocar as filhas em troco de sossego, etc."
A Bíblia ensina Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem e os colocou num paraíso onde tinham tudo o que necessitavam. Nesse processo não se perdeu uma gota de sangue.
Mas o ser humano preferiu desobedecer às leis de Deus e fazer as suas próprias...
Dor, sofrimento, escravatura e morte foi o que os seres humanos obtiveram quando se afastaram de Deus e começaram a criar as suas próprias leis...
"Daí o dever moral de amar o próximo estar mais relacionado com o facto de sermos todos "o próximo" que outra coisa. Não consegues um sistema consistente se não for assim, não precisas de o por na boca de deus. Se o fizeres é porque queres, é lá contigo, mas não precisas."
O problema é que da evolução não se deduz nenhum dever moral de amar quem quer que seja. Ela ensina apenas a sobrevivência do mais apto, sem estabelecer padrões de bem e mal.
De acordo com a evolução naturalista não existem valores imateriais, porque a energia e a matéria são tudo o que existe...
Toda a moral é subjectiva...
Ou seja, cada um faz os seus valores... cada um decide o que é bem...
O problema é que o bem de uns é o mal de outros...
Se não existir uma norma objectiva e universal acima da vontade dos indivíduos e das comunidades, basta uma comunidade ou um indivíduo decidir que a escravatura é boa que ela passa a ser boa...
Daí a escravatura e a morte...
João:
ResponderEliminar"Sim. Existe uma suspeita ( e a possibilidade) de que a energia total do universo possa ser zero ainda nos dias que correm."
Pena é que o meu carro não funcione com base nessa suspeita...
Estimado João
ResponderEliminarEis o que os criacionistas pensam da sua suspeita
Só três perguntas?
ResponderEliminarSe fomos feitos á imagem de Deus isso não quer dizer que Deus também tem a capacidade para praticar o mal?
Se criar um robot e inserir na sua programação a possibilidade de cometer homicídio (sendo este robot dotado de inteligência artificial e capaz de fazer as suas escolhas) não é responsável pelo homicídio que este comete?
Foi pelo amor e respeito pelo próximo que se fizeram as cruzadas e que se criou a inquisição?
Só umas perguntas sobre as quais deviamos de ponderar antes de dizer que só fazemos o bem porque "Deus" nos diz...
Estimado Nuno
ResponderEliminar1) Nada exterior a Deus o impede de fazer mal. Mas Deus é, por natureza justo e bom. Sendo perfeito e racional ele não contraria a Sua natureza.Esse é um limite interno. Deus deu-nos faculdades morais e racionais e a capacidade de o aceitar ou rejeitar, amar ou odiar.
2) O ser humano não é um robot. É algo infinitamente mais complexo. Foi dotado de capacidade moral e racional. Na Bíblia Deus diz: "de que se queixa o Homem? Queixe-se de si mesmo e dos seus pecados". O próprio Nuno reconhece que temos capacidade de ponderar e aceitar ou rejeitar o que Deus nos diz....
3) A Bíblia ensina que todos somos pecadores. Os cristãos são apenas pecadores que reconhecem que o são e aceitam o perdão de Deus. Nas cruzadas foram certamente cometidas grandes atrocidades. Mas elas devem ser vistas no contexto geo-política da expansão violenta do islamismo pelo norte de África, Médio Oriente e Europa.
Um artigo científico recente sobre as tentativas evolucionistas de explicar os aumentos de complexidade das máquinas moleculares
ResponderEliminarDuas coisas interessantes sobre esta notícia:
1) Ela mostra que os evolucionistas estão bem conscientes das objecções científicas dos criacionistas e procuram responder-lhes...
2) Neste caso, os alegados "aumentos de complexidade observados" não passam de:
a) suposições sobre o hipotético antepassado comum molecular mais complexo cuja origem não se explica
b) proteínas semelhantes são usadas como "prova" de um antepassado comum, quando elas podem ser o resultado de um Criador comum
b) suposições não confirmadas acerca da hipotética duplicação de informação pré-existente
c) perda de funções e de complexidade pré-existente, somados a alguma imaginação evolucionista
Um comentário a esta e a outras notícias científicas da semana passada pode ver-se aqui
Uma notícia que não deve agradar muito o perspectiva & CIA.
ResponderEliminarScientists replicate key evolutionary step in life on earth
:)
Perspectiva:
ResponderEliminarA opinião de um criacionita sobre o big bang é como perguntar a um Wiccan a opinião sobre Cristo. Na prática reduz-se a isto:
"Any theory that dispenses with the true God is itself not true and will not stand the test of time."
Citado do texto que propões.
"O próprio Nuno reconhece que temos capacidade de ponderar e aceitar ou rejeitar o que Deus nos diz.... "
ResponderEliminarMas isto que aqui diz parece ser contrário á sua opinião anteriormente expressada de que precisamos de um Deus para nos dizer o que é moralmente aceitável ou não.
Por exemplo:
"Se o ser humano é resultado de milhões de anos de tortura, dor, predação e morte porque é que a tortura e a morte são maus? Não estou a ver a lógica... "
Aqui tem uma resposta simples, na segunda guerra mundial e época que lhe seguiu fizemos graças ao tempo de morte e medo em que se vivia, enumeras descobertas que foram inicialmente postas em prática para fins militares mas posteriormente dadas como um revolução da tecnologia mundial, como os computadores, a energia nuclear de cisão, inicio dos estudos da energia nuclear de fusão que hoje aprofundamos e experimentamos para dar energia ao nosso mundo. No entanto não vê guerras tecnológicas, não se vê países a atacarem-se por conhecimento, só vê por politica e religião(guerras internas na maioria) quando usadas por extremistas.
Apesar do desenvolvimento que lhe é inerente por necessidade, não se iniciam guerras para desenvolvimento ou evolução.
A única guerra iniciada por tais motivos realmente foi a segunda guerra mundial quando Adolf Hitler decidiu que poderia criar uma nova raça e torna-la superior ás outras se eliminasse aqueles que julgava que a corrompiam e fazendo com eles experiências horríveis.
Defender uma ontologia ética por "o ser humano é resultado de milhões de anos de tortura, dor, predação e morte" ou pelo que "Deus nos diz" é claramente uma falácia naturalista e genética.
EliminarO humano resultar de competição, dor e morte é uma verdade ou proposição descritiva. Apenas enuncia como as coisas são. Mesmo havendo um Deus que dissesse como as coisas deveriam ser, afirmá-lo seria apenas fazer uma descrição do que é, não do que deveria ser.
Dizer que deve ou deveria ser é apresentar proposições normativas, que podem ser contrárias às descritivas.
Posso usar a experiência e empatia para colocar-me na pele dos outros e abstrair-me dos meus próprios interesses para pensar como acho que deveria ser se eu tivesse na pele de outros ("Gostavas que te fizessem isso?"). A conclusão que se retira em geral é muito diferente daquilo que realmente acontece.