domingo, fevereiro 13, 2011

Treta da semana: Lei Sinde.

No passado dia 9, a Ley de Economía Sostenible (1) foi aprovada no Senado espanhol (2). Esta lei ilustra vários aspectos do copyright. Os fundadores dos Estados Unidos escreveram na sua constituição que o Congresso poderia conceder, aos autores e inventores, monopólios por tempo limitado com o propósito de «promover o progresso da ciência e das artes úteis» (3). Um objectivo nobre, mas que estava longe do que o copyright tinha sido até então, e também daquilo em que, na prática, depois se tornou.

Esta lei espanhola, também conhecida por Ley Sinde em honra da ministra da Cultura Ángeles González-Sinde, permite que o governo elimine sites e páginas da Web apenas pela recomendação de uma comissão do Ministério da Cultura, composta parcialmente por representantes das editoras. Isto não é para impedir que alguém distribua material coberto por copyright, porque para isso já existia legislação. É para apagar os sites onde as pessoas discutem onde se pode encontrar esse material. Ou seja, é censura (4).

O que não é de estranhar, vindo de onde vem. Antes da impressão por tipos móveis, os livros na Europa eram copiados manualmente por monges, e a Igreja Católica controlava o que podia ser copiado. Quando Gutenberg fez das dele, os padres entraram em pânico. Era terrível poder-se simplesmente copiar tudo o se quisesse. Na França, o uso da prensa de impressão chegou a ser punido com pena de morte (5).

O termo copyright surgiu mais tarde, em 1557, para designar o monopólio concedido à London Company of Stationers por Mary I, em troca de só permitirem a impressão dos livros que ela quisesse. O primeiro propósito do copyright, com esse nome, foi o de banir a literatura protestante para que os livros católicos dominassem a Inglaterra. O segundo propósito veio logo no ano seguinte, quando Elizabeth I subiu ao trono e usou o copyright para censurar os livros católicos e favorecer os protestantes.

Outro aspecto da lei Sinde é beneficiar apenas os distribuidores. Tirar páginas da Web não ajuda os autores, muitos dos quais se manifestaram contra esta lei. Ajuda apenas aqueles que fazem cópias. O que também não é novidade. Uma das razões que a Igreja Católica invocava contra a prensa de Gutenberg era que a facilidade de copiar livros ia arruinar os monges copistas. Quando o Parlamento britânico deixou expirar o copyright em 1695, os autores festejaram, libertos finalmente do poder censório da companhia de impressores. Foram os impressores – os copistas de então – quem foi chorar à porta do Parlamento alegando que sem copyright ninguém iria querer imprimir livros por já não ser um negócio lucrativo.

Finalmente, a democracia. A lei Sinde não surgiu pelo processo democrático normal em que as leis são criadas em representação dos cidadãos, e para o interesse de todos. Segue a tradição do copyright, que foi inventado numa altura em que “democracia” era apenas uma parvoíce que nem os gregos quiseram. Mas hoje em dia isto destoa. A lei Sinde lei resultou da pressão dos EUA sobre o governo espanhol, somada à dos aos lobbies da indústria da cópia, e não reflecte a vontade do eleitorado (6). É a regra nestas coisas.

O nosso Código dos Direitos de Autor e Direitos Conexos (CDADC) é uma transposição de tratados internacionais negociados entre políticos e empresas, sem qualquer consulta pública. Por exemplo, na revisão ao CDADC de 2004 (7), o artigo 178º passou de proibir «A radiodifusão ou a comunicação ao público» de uma obra protegida e passou a proibir «A colocação à disposição do público». É uma diferença subtil, mas enquanto que na redacção antiga punia quem distribuísse a obra em meios de comunicação em massa, coisa que muito poucos podiam fazer, em 2004 passou a punir o simples acto de disponibilizar a obra, o que qualquer pessoa pode fazer num blog, no Facebook ou na sua página. Estas alterações, que mudaram por completo a relação entre esta lei e o cidadão comum, foram todas feitas sem se perguntar nada aos principais interessados. Que não são os autores nem os editores. Somos todos nós.

Adenda, 14-2-2011: o discurso de Álex de la Iglesia, ontem, na gala dos prémios Goya 2011. Presidente da Academia de las Artes y las Ciencias Cinematográficas de España, demitiu-se por discordar da lei Sinde. Também é agradável ver a cara da ministra da Cultura. Não só pela cara, que, admito, é agradável de ver, mas principalmente pelo esforço para não mostrar qualquer expressão. Obrigado ao Nelson Cruz pelo link para a página do Público espanhol com a notícia e a transcrição do discurso.




1- Wikipedia, Ley de Economía Sostenible
2- Minutodigital, 2011-2-9, Aprobada la ‘ley Sinde’ con la ayuda de PSOE, PP y CiU
3- Wikipedia, Copyright Clause
4- El Economista, Encuentro digital, David Bravo
5- O Rick Falkvinge tem uma série de posts sobre a história do copyright onde descreve estas coisas. Recomendo a série toda (mesmo antes dele a ter acabado...). Começa aqui: History of Copyright, part 1: Black Death.
6- El País, EE UU ejecutó un plan para conseguir una ley antidescargas
7- Anacom, Lei n.º 50/2004, de 24 de Agosto

37 comentários:

  1. Nojento futuro se adivinha. Cruzem dedos.

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  2. Bom, se é para meter, a martelo, referências à Igreja Católica, faltou dizer que esta lei foi aprovada por um governo que lhe é manifestamente hostil.

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  3. Nuno, isto n tem nada a ver com o cristianismo ou o ateísmo. Tem a ver pura e simplesmente com o tacho.

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  4. Tens razão Ludi. Mas cá em Tugalandia o problema nem é só o Código dos Direitos de Autor e Direitos Conexos (CDADC) existem diversas outras leis que têm o mesmo objecto, pelo menos parcialmente, como o DL 28/84 ou o Código da Propriedade Industrial... toda uma trapalhada legislativa.
    Tempos houve (não muito longinquos)em que se o dono de um estabelecimento de restauração tinha uma televisão ligada era... crime (!), se não tivesse uma licença para transmitir esse canal, mesmo que este fosse público - pois existiam muitos "produtos" com copyright (ex. filmes...). Depois, numa segunda vaga, a questão passou apenas para os canais "codificados" como a TVCabo e crime seria (apenas) a transmissão de, por exemplo, a SportTV... enfim...
    trapalhadas e mais trapalhadas

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  5. Nuno Gaspar disse...
    Bom, se é para meter, a martelo, referências à Igreja Católica

    Obviamente não havia necessidade....
    O que não é de estranhar, vindo de onde vem.

    A FRANÇA laica e REPUBLICANA fez muito pior

    Antes da impressão por tipos móveis, os livros na Europa eram copiados manualmente por monges, e a Igreja Católica controlava o que podia ser copiado. Quando Gutenberg fez das dele, os padres entraram em pânico?

    A igreja católica fez um uso gigantesco da prensa nomeadamente na contra-reforma

    Reprimiram foi a impressão descontrolada de todo o tipo de heresias

    É para apagar os sites onde as pessoas discutem onde se pode encontrar esse material.
    Ou seja, é censura.

    é mais do que censura porque alguns sites hoje são lugares de trabalho e fontes de receita publicitária

    ao extinguir um site está-se a lançar mais um espanhol para o desemprego até ele construir outro, até porque muitos desses sites de informação

    pertencem aos mesmos que fazem depois a partilha

    outra questão são páginas que podem ter receitas grandes há sites espanhóis com 1 milhão e mais de visitas anuais

    e escapam ao fisco essas receitas

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  6. Barba Rija disse...
    eu tenho um tacho ateísta.

    já agora tenho um conhecido chileno com programas em sítios de partilha

    todos os sítios de partilha pagam pelos downloads como se fosse um click publicitário?

    ou a receita é exclusiva para o site de partilha?

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  7. Realmente que sacanas aqueles monges copistas. Já nesses tempos toda a população estava desejosa e capacitada para ler, escrever e copiar livros com muito mais nível. Tudo por causa do copyright que instituiram, sacanas. Aliás, tinham má caligrafia. As obras que deixaram não têm valor nenhum porque são sobre tretas.

    E depois, aquilo era jobs for the boys: mal apareceu a impressão do Gutenberg e os fulanos ficaram sem emprego, mais uma vez ficando provado o quão inúteis eles sempre foram.

    Aproveito para lançar o próximo desafio: como retratar os Servos da Gleba como uma cambada de inúteis, detentores de tachos no setor da agricultura. Uns tipos que trabalhavam sem dedicação nenhuma e que seriam provados inúteis uns séculos mais tarde com o surgimento de técnicas e máquinas de cultivo muito superiores.

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  8. Anacoreta,

    Os sacanas não foram os monges copistas. Foram os que instituiram a pena de morte para quem imprimisse livros. Ou que prenderam quem imprimia sem autorização, etc.

    Já agora, deixo uma sugestão: perceber o texto antes de o comentar ajuda a contribuir com comentários mais pertinentes.

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  9. «Antes da impressão por tipos móveis, os livros na Europa eram copiados manualmente por monges, e a Igreja Católica controlava o que podia ser copiado. Quando Gutenberg fez das dele, os padres entraram em pânico. Era terrível poder-se simplesmente copiar tudo o se quisesse.»

    Antes da impressão por tipos móveis, existiam desde pelo menos o séc.XIII copistas leigos profissionais , que trabalhavam onde havia leitores leigos (nas cortes, nas universidades). Só até ao séc. XII é que os copistas eram apenas monges ou clérigos e isto não porque a Igreja não permitisse que os leigos copiassem textos mas simplesmente porque entre os leigos não havia quem soubesse ler (muito menos escrever). Por isso, a Igreja copiava para se auto-abastecer. Estas datas (existência de copistas leigos) variam de acordo com o país ou região; por exemplo na Occitânia (sul da França) foi mais cedo.
    Por outro lado, não só os padres não ficaram em pânico com a invenção de Gutenberg como foram dos primeiros a perceber como ela era extraordinária e a utilizá-la. As primeiras experiências com tipos móveis fazem-se em Mainz, na Alemanha, por volta de 1455. Apenas 10 anos depois (nesta época era pouco tempo) o primeiro país a receber o novo invento foi a Itália. Dois clérigos alemães, Conrad Sweynheim e Arnold Pannartz, impressores, dirigiram-se a Roma com intenção de montar uma oficina tipográfica. Detiveram-se no caminho no mosteiro de Santa Escolástica, em Subiaco, um dos mais importantes dos beneditinos (tradicionalmente a ordem monástica que mais se dedicava à cópia manuscrita). Foram tão bem recebidos que aí se instalaram e imprimiram o primeiro incunábulo nascido em solo italiano, uma Gramática de Donato. Em 1467 já estavam em Roma , onde se estabeleceram. O negócio correu-lhes bem porque viviam quase exclusivamente do mecenato da cúria papal, protegidos por Sisto IV.
    Na história da tipografia, um dos dados mais vulgarmente conhecidos é justamente a protecção que a Igreja sempre deu aos impressores. Em Portugal também. O primeiro incunábulo datado, o _Tratatado de Confissão_, impresso em Chaves em 1489, foi encomendado a um impressor cujo nome não conhecemos pelo arcebispo de Braga.
    E nada disto tinha a ver com o copyright. O mais parecido era o privilégio real (que, como o nome indica, era concedido pelo rei e não pela Igreja ), que concedia o monopólio a um impressor para impressão de uma dada obra. Era uma medida proteccionista, claro, mas sem ela a maior parte das oficinas de impressão não teria podido vingar. A actividade tinha muitas dificuldades que não cabem neste comentário.

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  10. O copyright surgiu em Inglaterra precisamente para substituir esse "privilégio real". É uma das razões pela qual alguns defendem que a chamada "propriedade intelectual" se devia chamar sim "privilégio intelectual".

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  11. Sobre esta lei Sinde, veio ontem a "bomba" esperada nos Prémios Goya. O discurso do presidente da Academia do Cinema espanhola, Álex de la Iglesia. Inicialmente até concordou com esta lei, mas depois de conversar no twitter com os internautas mudou radicalmente de ideias. Tanto que já tinha anunciado há muito a sua demissão, em protesto, para logo após aos Prémios Goya deste ano. Quando disse há umas semanas atrás que "esta lei não serve a ninguém", quase que esteve para ser forçado a demitir-se mais cedo. Mas ficou. E ontem fez o seu discurso de despedida, todo ele em oposição a esta guerra contra a internet. A Ministra da Cultura Ángeles González-Sinde estava obviamente na assistência, e foi focada pelas câmaras várias vezes durante o discurso. A sua cara é, como escreveram no Público.es, "todo um poema".

    O discurso pode ser visto, na integra, em video e em texto, aqui:
    http://www.publico.es/culturas/361231/y-alex-de-la-iglesia-cogio-su-fusil

    Algumas frases chave:
    «Internet no es el futuro, es el presente es la manera que utilizan cientos de miles de personas para compartir cine y cultura. Internet es la salvación de nuestro cine.»

    «A los internautas no les gustan que le llamen así, son sencillamente gente, público. El público que hemos perdido no va al cine porque está delante de un ordenador. Se necesita un cambio para entender un nuevo modelo de negocio del cine. Tenemos una responsabilidad moral para con el publico. Hacemos cine porque los ciudadanos nos permiten hacerlo y les debemos respeto y agradecimiento.»

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  12. Emma,

    Certamente que a Igreja aproveitou a nova tecnologia. Tal como as editoras discográficas de hoje também usam a tecnologia digital. Mas o paralelo mais relevante é ambas se esforçarem para impedir que outros usem essa tecnologia. Naquela época era para proteger o status quo do poder político e religioso, que se confundia. Hoje a religião e a política estão separadas, mas confundem-se o poder político e económico, e a história, basicamente, repete-se.

    «E nada disto tinha a ver com o copyright.»

    Não como o conhecemos agora. E nem sequer como o termo foi originalmente usado, como um monopólio global sobre a impressão para servir os propósitos dos governantes. Mas um aspecto tem sido constante. A função principal do copyright tem sido a de subsidiar a cópia à custa quer da criatividade e dos direitos dos cidadãos em geral. E os efeitos negativos são tão mais nefastos quanto mais fácil é copiar

    «Era uma medida proteccionista, claro, mas sem ela a maior parte das oficinas de impressão não teria podido vingar. A actividade tinha muitas dificuldades que não cabem neste comentário.»

    Possivelmente, terá dependido das circunstâncias. Mas não é regra geral. Por exemplo, no século XIX a Alemanha ganhou bastante por não ter copyright, em relação ao Reino Unido, em que o copyright era muito forte (No Copyright Law The Real Reason for Germany's Industrial Expansion?).

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  13. Nelson,

    Esse discurso está muito bom. Obrigado pelo link.

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  14. Ainda ninguém fez a piada óbvia? Então cá vai:

    Nobody expects the Spanish Inquisition!

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  15. Até era um nome fixe para dar a esta lei: a ciber-inquisição espanhola! :)

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  16. Ludwig,

    Eu não preciso de ser convertida. Se dependesse de mim acabávamos com o copyright já amanhã. Mas neste caso não vejo em que é que usar argumentos históricos possa ajudar. Nem os defensores do copyright se fundamentam em argumentos históricos que peçam refutação histórica nem me parece útil invocar uma história que não pode ser contada com tanta facilidade como parece. Não creio que haja paralelos relevantes aqui. A atitude da Igreja no final do século XV e no XVI relativamente a estas coisas não foi diferente da de outros poderes, nomeadamente o do rei. Eram atitudes que se explicavam por factores contextuais mais alargados e que seria anacrónico pôr em paralelo com os actuais. Também foram praticadas por membros da Igreja muitas das contrafacções mais engenhosas que houve. Se se der ao trabalho de pesquisar a história editorial do famoso Verdadeiro Método de Estudar, de L.A.Verney, verá que foram cónegos da Congregação de São João Evangelista que fizeram uma das edições piratas do polémico tratado, que estava proibido em Portugal por dizer mal do status quo.
    A história nunca é tão preto-e-branco como gostaríamos.
    Quando uma lei está errada, muda-se, seja o que for que esteja para trás. Nem sequer noutras questões mais delicadas (éticas, por exemplo), o peso da tradição é argumento aceitável, quanto mais num caso destes.

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  17. Emma,

    A atitude da Igreja foi realmente semelhante à dos outros poderes. E é precisamente esse o paralelo que podemos ver. A atitude da Igreja, dos poderes políticos e, hoje, dos poderes económicos, é a atitude de quem tem uma posição privilegiada e a quer manter. E sempre houve “piratas” que tentassem abanar o status quo e restaurar uma situação mais justa. Retrospectivamente, quando olhamos para a história, esses eram os bons da fita. Outra lição a reter.

    O valor de salientar estes aspectos históricos está na perspectiva que nos dá quando compreendemos a situação actual na sequência desse passado. Isto porque a defesa dos monopólios sobre a cópia baseia-se em argumentos como os dos direitos do autor e da protecção da cultura, e a história demonstra claramente que os monopólios sobre a cópia nunca serviram para isso.

    É verdade que a história não é a preto-e-branco no sentido de não podermos dizer que foi sempre a Igreja, o Estado, o legislador o mau da fita. Mas a história do copyright dá-nos uma mensagem muito clara. O copyright foi sempre uma forma de manter privilégios, por vezes um subsídio razoável à distribuição, e praticamente nunca um incentivo à criatividade, à inovação cultural ou uma vantagem para os autores.

    Quando a lei está errada, muda-se. Isso é consensual. O berbicacho é fazer o eleitorado perceber que esta lei está errada e incomodar-se o suficiente para isso lhe guiar os votos. Enquanto isso não acontecer, são os lobbies que vão ditando a lei.

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  18. Ludwig Krippahl disse...

    Emma,

    A atitude da Igreja foi realmente semelhante à dos outros poderes. E é precisamente esse o paralelo que podemos ver...

    Pois e essa é a parte desnecessária de introduzir uma perspectiva histórico-religiosa num problema mais actual

    Como foi referido os copistas não eram um monopólio da igreja, muitas obras profanas eram copiadas e transmitidas ao longo do tempo.

    1º Só em 1559 surge o primeiro index de livros proibidos que incluia livros imorais ou trabalhos com erros theologicus, de resto muitos textos eróticos romanos e gregos eram até aí copiados sem grande problema, logo ir buscar os copistas QUANDO Só quase 100 anos após a morte de guttemberg e mais de 100 após a primeira impressão com tipos móveis

    2ºAs proibições de impressão destinavam-se a impedir a propagação das bíblias que levavam ao acréscimo de adeptos dos cismas da reforma

    foi uma medida política para manter um monopólio político económico e religioso (obviamente ) sobre a europa

    tal como foram mais tarde sujeitos a pena de morte quem divulgava os ideais da revolução (FRANCESA)

    Quem complicou foi o dito cujo professor de informática e afins em vez de simplificar.

    Não creio que alguém tenha lido erróneamente o post (o impresso electrónico, postagem também não fica grande coisa

    de resto o imprimatur existiu na Inglaterra não católica de 1586, 2 anos antes da grande armada até ao fim do século XVII

    e foi retomada com outras leis até ao século XX

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  19. «O valor de salientar estes aspectos históricos está na perspectiva que nos dá quando compreendemos a situação actual na sequência desse passado.»

    Também não acho que seja completamente descartável a perspectiva histórica neste debate. Tem algum interesse perceber a origem destas leis, como foram usadas ao longo dos tempos, e como chegaram até nós no estado em que estão.

    Se se ler um pouco sobre a história das guildas da idade média ainda mais paralelos se encontram, visto que controlavam quem acedia a uma determinada profissão, limitando o número de praticantes, logo limitando a concorrência, e em muitos casos manipulavam as leis e regulamentos para seu próprio ganho económico. Dá mesmo a ideia que quando mais as coisas mudam, mais ficam na mesma. Onde quer que haja poder, há interesses económicos a tentar manipulá-lo para seu próprio ganho.

    Há por exemplo aquele caso dos fabricantes de botões em França que ficaram em pé de guerra quando os costureiros ousaram fazer botões de tecido. Quiseram que o rei proibisse a coisa, claro, mas isso não lhes bastou. Quiseram o direito de arrancar os botões de tecido da roupa de quem encontrassem na rua, e mais ainda de entrar na casa das pessoas para inspeccionar os seus guarda-roupas.

    Os paralelos desta história com a situação actual dos direitos de autor são enormes. Veja-se as editoras de música, que se habituaram durante décadas a ditar quem poderia ter sucesso. Quem queria ter sucesso na música tinha de ir bater à porta de uma grande editora, não havia outra hipótese. Isto permitiu-lhes explorar os artistas por um lado, e os consumidores do outro. Hoje temos os músicos a poderem chegar aos consumidores directamente, sem passar pelo crivo das editoras. Até já vi casos de bandas a celebrar de contentamento quando se livraram do contracto com a sua editora (os OK GO por exemplo). Ficando independentes até podem fazer menos dinheiro, mas ficam com uma fatia maior para si. E com todo o controlo criativo.

    Vai daí temos hoje os nossos "fabricantes de botões" a quem não lhes basta regular práticas profissionais/comerciais, e querem entrar pela nossa esfera privada adentro de variadas maneiras. Querem mandar na forma como podemos usar, dentro das nossas casas, os computadores que compramos e os serviços de comunicações pelos quais pagamos. Tudo para manterem o seu poder, o seu tacho e os seus lucros. A mim parece-me tão inaceitável hoje como era no século 18. Mas se calhar sou só eu...

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  20. Referência para história dos botões:
    http://www.techdirt.com/articles/20070110/004225.shtml

    E já agora, parece que alguns livros da idade média continham maldições contra quem ousasse copiá-los. Tecnologias anti-cópia da altura... :)
    http://www.techdirt.com/articles/20100820/16502910715.shtml

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  21. NESTE CASO O LUDWIG TEM RAZÃO

    O Ludwig tem razão.

    A Bíblia ensina que podemos confessar os nossos pecados directamente
    a Deus e que Ele tem poder para nos perdoar directamente.

    Isso é libertador. Não necessitamos de mediação sacerdotal ou mesmo tecnológica.

    Deus não rejeita os humildes, os pobres ou os info-excluídos.

    A Bíblia critica fortemente os religiosos que oprimem o povo.

    Ela diz:

    "Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor." (Jeremias 23:1)



    Realmente a Igreja Católica muito temeu com imprensa.

    Também é verdade que ela muito perseguiu aqueles que imprimiam a Bíblia e a traduziam para a língua do povo.

    Muitos foram queimados...

    Mas o primeiro livro publicado por Gutemberg foi a Bíblia.

    A Bíblia mostrava que era errado oprimir o povo vendendo o perdão dos pecados por dinheiro e vivendo no luxo, na exploração e na imoralidade.

    Foi a Bíblia que fez com que Lutero denunciasse a Igreja Católica e o Papado...

    Foi graças à Bíblia que o império da Igreja Católica caiu.

    Foi a Bíblia que mostrou que podemos ir directamente a Deus, através de Jesus Cristo, sem qualquer mediação sacerdotal.

    A melhor maneira de combater os excessos da religião e da falta dela é o estudo livre e democrático da Bíblia.

    Mas isso é, na verdade, temido por muitos...

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  22. Hirodito,

    Antes da prensa de impressão a Igreja tinha, efectivamente, o monopólio da cópia dos livros. Podia não ser um monopólio legal, mas as excepções eram poucas e, na prática, a Igreja controlava o que se copiava. A impressão em papel barato tirou este monopólio, pelo que a Igreja lutou para obter um monopólio legal.

    É claro que, tal como a Igreja, fizeram-no também os reis, as guildas profissionais e afins. Não só porque a religião e o poder político estavam muito ligados nessa altura, mas, principalmente, porque isto de proteger monopólios com barreiras legais quando a tecnologia os ameaça não é uma mania religiosa. É uma reacção de qualquer grupo privilegiado.

    Essa perspectiva histórica é útil para ajudar a compreender que aquilo que se passa hoje com a “regulação” da Internet é apenas mais do mesmo. É o que já tentaram fazer com o DAT e as cassetes, com a fotografia, e todas as inovações tecnológicas que facilitam a cópia desde Gutenberg.

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  23. Caros amigos,

    Se queremos usar argumentos históricos, então devemos tentar saber o que estamos a fazer. As transcrições de cólofones que são citadas no link http://www.techdirt.com/articles/20100820/16502910715.shtml não têm nada a ver com proibições de cópia.
    Na Idade Média os livros manuscritos eram um bem precioso, pela sua singularidade e valor material intrínseco (oa materiais usados eram caros e de obtenção demorada, a cópia era um processo longo e penoso). A perda de um só livro constituía um prejuízo grande e difícil de reparar. Por causa disso, havia várias leis (disposições conciliares, normas disciplinares internas dos mosteiros, etc.) que puniam com a excomunhão o roubo ou qualquer subtracção não autorizada de livros. Pela mesma razão, os livros eram presos com cadeias às estantes das bibliotecas monásticas. Pela mesma razão ainda os copistas escreviam nos cólofones (inscrições finais) várias espécies de maldições contra quem subtraísse ("Should anyone by craft of any device whatever abstract this book from this place..."), roubasse ou causasse prejuízo à integridade dos livros.
    Existem centenas de exemplos documentados desta realidade, que não tem nada a ver com a cópia.
    Como dizia em cima: para usar argumentos históricos, é preciso saber do que se está a falar.

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  24. Emma,

    Pelo que percebi do comentário do Nelson, a referência às maldições que os monges escreviam nos livros não são um argumento histórico mas uma curiosidade.

    No entanto, como a Emma já apontou várias vezes, as coisas são mais complicadas. A prática de amaldiçoar com excomunhão quem levasse um livro servia muito de desculpa para não emprestar o livro sequer para ser consultado ou copiado (Negative Impact on the Flow of Information). Ou seja, acabou por ter um efeito parecido com o DRM de hoje.

    Mas, saliento, este não é o meu argumento. O meu argumento é que há um padrão histórico de grupos privilegiados criarem barreiras legais à cópia para manter a sua posição dominante sempre que uma nova tecnologia a ameaça, e que é esse padrão que continua hoje com estas alterações à lei. Há muita complexidade nos detalhes, é certo, mas a tendência é evidente à mesma.

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  25. Ludwig,

    Amaldiçoar é uma coisa, excomungar é outra completamente diferente.
    Faço notar que as universidades pertenciam à Igreja, pertencia-lhe a administração e o ensino, ou seja os professores também eram membros do clero. Na Idade Média não havia universidades laicas.
    O site que indica é apenas um pastiche de citações (nem por isso dos melhores autores de História do Livro), interpretadas um pouco ao sabor da autora.
    No séc.XII, quando aparecem as primeiras universidades europeias (Paris, Oxford, Bolonha, Avinhão), os professores eram umas criaturas bastantes senhoras do seu nariz e que viviam da concorrência pela atracção de alunos. Por isso, eram relutantes em deixar copiar os seus livros, para que as “fontes do seu saber” não dessem armas aos adversários. Os estudantes eram obrigados a ler pelo livro do mestre, tomando uns apontamentos à pressa. Como nas universidades medievais os estudantes eram uma força muito poderosa, os protestos levaram à reformulação do sistema. A partir do séc. XIII, as autoridades universitárias criaram uma série de medidas para obrigar os professores universitários a emprestar os seus livros e todo um complexo sistema de reprodução de textos que envolvia copistas profissionais, estacionários, revisores-correctores, “peciarii” , processo que seria longo descrever.
    Sempre houve factores que limitaram a transmissão de informação. Por exemplo, os estacinários (uma espécie de antepassados dos livreiros, para simplificar muito) faziam de propósito para baixar o seu stock quando queriam aumentar os lucros, diminuindo a oferta.
    Enfim, como já disse acima, toda esta história é muito mais complexa do que se pode aqui contar.
    Mas sim, estamos de acordo que as razões económicas estão sempre por trás de todas as medidas proteccionistas de uma actividade e são impostas por quem está em situação de poder fazê-lo.

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  26. O argumento é que há um padrão histórico de grupos privilegiados criarem barreiras legais para manter a sua posição dominante sempre que uma nova tecnologia a ameaça

    Ok podia ter-se usado o arco longo inglês (longbow) ou a besta ou a pólvora destronaram a cavalaria pesada e a equiparação em campo de batalha de um senhor e de um vilão

    idem para os samurais versus campesinos

    o argumento da cópia levado aos tempos medievais é um pouco falacioso
    pois era quase um monopólio porque poucos além dos monges sabiam escrever e mesmo os que sabiam escrever eram uma élite muito especializada e geralmente bem remunerada

    apesar do preço de uma cópia ser elevada não eram muitos a fazê-la
    os monges que tiravam dai alguns proventos extra para os mosteiros

    os estudantes pobres e pouco mais
    era uma profissão pouco vantajosa porque apesar do preço por livro ser elevado os materiais para a sua confecção também o eram
    quer fossem pergaminho ou papel

    os monges copistas, são uma instituição notável e não uma corporação homens dedicados em tempo quase integral alguns com períodos de trabalho de 16 horas diárias a reproduzir as obras consideradas úteis à igreja,
    3º só os libraii romanos e os egípcios dispenderam tantos recursos numa classe que custa mais em termos de manutenção do que aquilo que produz

    4ºa imprensa originou também uma revolução no fabrico do papel
    que impossibilitava que mesmo os letrados que se quisessem dar a esse trabalho tivessem papel a preços acessíveis

    Portanto a desaparição de alguns milhares de escribas não foi uma perda para a igreja em termos económicos, foi pelo contrário um ganho

    os monges copistas foram uma instituição de luxo que a igreja se permitiu manter mas não era um monopólio ou uma fonte de proventos

    Economicamente falando
    A pontuação, vírgulas e pontos finais foi também uma invenção desses grandecissimos filhos dum padre.

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  27. o trapo era um material raro, porque se fazia reutilizações sucessivas desse material e desviar linho para a produção de papel também nunca foi feito, idem para o pergaminho

    Logo dizer que impediam um negócio, as poucas fábricas de papel tinham preços altos e poucos clientes, quem quisesse começar um negócio como copista seria mais ou menos como um alfarrabista em Portugal (sebos no BRASIL excluidos)
    teria potencialmente muitos poucos clientes para o alimentarem o ano inteiro

    é só ...referências a custos e nº de copistas tenho aqui uns dois caixotes delas de resto mesmo em grandes cidades a maior parte dos livros tinha como destino as universidades e a própria igreja

    e os brasileiros têm carradas de historiadores judeus pelo menos nas revistas de história dos anos 60 eta povão di Abrrãooooo

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  28. http://economistsview.typepad.com/economistsview/2011/02/the-spread-of-technology-the-printing-press.html

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  29. Lavisse professor de letras da universidade de Paris sobre os copistas

    Librairie Hachette et cie 79 Boulevard Saint-germain
    4ªedição imprimerie labure em 1903 tome deuxiéme página311 a 365

    sobre a impressão da bíblia só com a sua leitura pelos protestantes se torna um livro popular

    aparecendo este intróito Bíblia dos Huguenotes

    l´êveque de Rome a tâché longtemps de priver le peuple de la bible
    pour l'empêcher de dêcouvrir ses tours et ses mensonges


    Opfølgende...

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  30. A análise é de Lavisse e de Picot que também fez uma história dos estados gerais...num é minha

    vous avez perdu les coeurs de vingt mille personnes qui etaient des papistes il y a un an

    foi esta revolta contra os dogmas da igreja e a perda das receitas associada que levou à destruição das prensas e à prisão de quem divulgasse as palavras da reforma página 336

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  31. Emma,

    Eu penso que até estamos de acordo. Apenas parece que não porque eu estou a falar da floresta e a Emma das árvores.

    Reconheço que há muitos detalhes complexos, e agradeço as suas contribuições, porque as acho muito interessantes. Mas penso que até reforçam a ideia de que o padrão se está a repetir. Seja na censura dos reis e da Igreja, seja na defesa dos privilégios dos estacionários, ou no ganha-pão dos monges copistas, seja até na relutância em emprestar os livros aos alunos ou a outros mosteiros, o fundamento era sempre o mesmo. Era possível fazer circular mais facilmente a informação, mas essa circulação ameaçava os privilégios de alguns que, por isso, se opunham.

    É isto que se passa hoje. É certo que os detalhes mudam. Agora é a Internet e não a prensa ou os apontamentos copiados à mão. São as editoras discográficas e não o clero, os reis ou os professores. E afecta muito mais gente do que afectava na Idade Média. Mas, à mesma, o que se passa é que se erguem barreiras à troca de informação para que os que controlam a sua distribuição preservem a sua posição privilegiada.

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  32. telepac.pt
    Amarante, Porto
    8:48:52 pm 10 54:45
    http://ktreta.blogspot.com

    eles leêm a bíblia e já não se ajoelham ou beijam o cruxifixo
    eles ddissipam o brouillard (nevoeiro....)pestilencial das suas doutrinas

    ora isto deve-se tal como no egipto à ascensão de uma classe mais educada entre os artesãos que começam a saber ler e escrever

    e leêm a bíblia para os seus colegas

    uma proibição numa sociedade iletrada não faria sentido
    é só por isso que acho a escolha do pseudo-monopólio uma péssima escolha podia dar mais razões mas escrevo devagarinho

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  33. E que tal o caso na Irlanda no século VI em q um monge copiou um livro religioso (Livro de Salmos) de outro monge, às escondidas e sem autorização? O dono do "original" trazido de Roma, insistiu que o livro era sua propriedade, logo a cópia também seria:
    http://www.law.ed.ac.uk/ahrc/gikii/docs2/corrigan.pdf

    Junto com umas disputas tribais à mistura, a coisa acabou numa batalha em que morreram 3000. Não sem antes terem esgrimido argumentos no Supremo Tribunal da altura. Argumentos esses que ainda andamos a discutir hoje em dia (ver página 6 do PDF). Com as devidas actualizações aquela discussão podia passar-se num tribunal de hoje.

    Não sei se a história está bem contada e terá sido bem assim... mas o documento está no site da Universidade de Edimburgo. A wikipedia também refere a coisa nas páginas sobre os monges envolvidos:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Finnian_of_Moville
    http://en.wikipedia.org/wiki/Columba

    O documento que a tradição diz ser a tal cópia ainda existe e está no Museu Nacional da Irlanda. Isto embora os estudos recentes o datem do século 7 e o copista tenha morrido em 597:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Cathach_of_St._Columba

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  34. não vamos por aí os irlandeses matam-se uns aos outros pela posse de um lugar por mijar

    tal como no minifúndio português durante muito tempo houve o dono da terra e o arrendatário era dono das àrvores que plantava.....

    no século VI os copistas não eram uma ordem de monges estabelecidos pois isso é posterior em 300 anos à queda do império mas seria um monge que pertencia a uma corporação tal como os libraii romanos

    As ordens de monges copistas são posteriores

    não são da baixa idade média

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  35. «no século VI os copistas não eram uma ordem de monges estabelecidos pois isso é posterior em 300 anos à queda do império mas seria um monge que pertencia a uma corporação tal como os libraii romanos

    As ordens de monges copistas são posteriores

    não são da baixa idade média »

    Não vou fazer mais comentários sobre este assunto mas não posso deixar de sorrir com os disparates aqui citados. O que são os "libraii"? Nunca existiu tal coisa. Talvez "librarii", não ?
    Sempre houve monges copistas, desde o início do monaquismo, no oriente, e desde pelo menos o séc.IV no ocidente. Nunca houve nenhuma instituição de "ordens de monges copistas estabelecidos". Mas o mais divertido é supor que o séc.VI é "baixa idade média"!

    Caro Ludwig, peço desculpa por estas gargalhadas, já percebi que este Nat é uma espécie de bug que salta por aqui sem consequências mas desta vez dei-me ao trabalho de o ler e achei divertidíssimo!

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  36. A história da Ciência cruza-se com a da edição em vários pontos muito interessantes. Desde as tabelas do Brahe, passando pelo De Revolutionibus e até ao Faraday.

    Hoje em dia, em parte graças ao grande Donald Knuth, qualquer um pode ser editor desde que tenha acesso ao original.

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  37. FUI ABUSADA SEXUALMENTE POR UMA MAQUINA DE TERAPIA QUANTICA E CONTINUO SENDO JA HA 6 ANOS,MOREI 4 DELES EM PORTUGAL E FUGI RETORNEI AO BRASIL E ATE HOJE TENTO CRIAR MEIOS PRA PROVAR O QUE ESTOU SOFRENDO,MAS ISSO SO ME TRAZ HUMILHAÇAO E DESCRENÇA,JA NEM CREIO MAIS NO PODER DE DEUS.

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