quinta-feira, julho 03, 2014

Plantinga 1: crença básica.

O Domingos Faria escreveu recentemente sobre a epistemologia reformista do filósofo e apologista cristão Alvin Plantinga. Tal como o Domingos, muitos consideram que a abordagem de Plantinga é «filosoficamente prometedora»(1). Eu discordo. Talvez prometa mas não me parece que cumpra e estou disposto a dedicar uns posts a explicar porquê. Apesar disso, agradeço ao Domingos o resumo que fez das ideias de Plantinga e aproveito para recomendar a leitura a quem quiser saber algo sobre esta filosofia.

Resumidamente, Plantinga quer defender o cristianismo da crítica de que é irracional acreditar na existência de Deus sem evidências de que ele exista. Segundo esta crítica, acreditar em Deus é como acreditar em marcianos ou nos poderes ocultos da astrologia. Mesmo sem provas de que sejam falsas, estas crenças são irracionais por não haver indícios de serem verdadeiras. Plantinga contrapõe que «acreditar em algo sem indícios conclusivos é perfeitamente racional» desde que a crença seja «apropriadamente básica». Isto é, a crença tem de ser formada sem depender de outras crenças ou evidências (crença básica) e, além disso, tem de ser racional formar essa crença (daí ser apropriadamente básica). Como, alega Plantinga, a crença no deus cristão é apropriadamente básica, é racional acreditar nesse deus.

Há vários problemas com a tese de Plantinga. Um é a forma ad hoc como ele tenta justificar que a crença no deus cristão é apropriadamente básica. Invoca a impressão que a Bíblia causa no crente, a sensação de gratidão do crente e razões afins, todas igualmente apropriadas para qualquer religião ou até para a astrologia ou o vodu. O Domingos já aponta várias objecções a este aspecto da defesa de Plantinga, por isso deixo-o para o fim, se for preciso. Num próximo post tenciono abordar o problema da justificação, um requisito necessário para que a crença seja racional mas do qual Plantinga se tenta escapar. Neste começo pelo problema mais fundamental.

Toda a defesa de Plantinga exige que haja uma categoria especial de crenças que são apropriadas sem dependerem de outras crenças. Depois precisa de demonstrar que a crença no deus dele é uma dessas, mas antes é preciso que haja tal coisa. Eu defendo que não há*, e vou aproveitar o exemplo que o Domingos dá para ajudar a explicar porquê. Escreve o Domingos que a «Vera olha pela janela da sala de aula e vê uma árvore, formando assim a crença de que vê uma árvore. Neste caso estamos perante uma crença apropriadamente básica, uma vez que não adoptamos esta crença com base em outras crenças.» Dependendo do passado da Vera, esta sensação de ver a árvore podia tê-la levado a formar a crença de que estava a ver o plátano que o avô tinha plantado, ou que estava a ver um plátano, ou simplesmente uma árvore. Se tivesse crescido no deserto podia formar a crença de que estava a ver um cacto muito estranho e se tivesse crescido em Marte ficaria muito admirada com aquela rocha tão esquisita. Isto é o que acontece com qualquer crença que formamos a partir da nossa experiência sensorial. A crença apropriada nunca está sozinha. Só é apropriada como parte de uma rede de outras crenças.

Com a linguagem é fácil ilustrar isto. Num dicionário não existem palavras básicas que se definam a si próprias; todas são definidas recorrendo a outras. É certo que quando consultamos o dicionário já vimos munidos de palavras conhecidas, mas essas não são “básicas” por si. São apenas as que já conhecíamos. Também não as aprendemos a partir de palavras básicas auto-definidas. Não existe tal coisa. A minha filha tem três anos, também se chama Vera, e diz “eu figei” em vez de “eu fiz”. Ela ouve-nos dizer “eu fiz” mas também nos ouve a conjugar verbos regulares no pretérito perfeito. Dessas várias experiências inferiu que a expressão correcta é “eu figei”. Eventualmente, com o acumular de mais experiências, irá perceber que o verbo fazer é irregular mas, em cada fase da sua aprendizagem, está sempre a basear-se numa rede correlacionada de experiências e crenças que delas infere. O fundamento do seu conhecimento não é uma crença auto-justificada ou auto-evidente. Esse tipo especial de crença que não carece de outras nem de justificação simplesmente não existe.

Para tentar defender a sua fé cristã, Plantinga descura quase um século de progresso em campos que vão desde a neurologia e neuropsicologia à estatística e à modelação computacional da aprendizagem. Bastaria uma familiaridade superficial com a ciência relevante para perceber que não formamos crenças apropriadas isoladas de outras. A base do processo de formação de crenças apropriadas não é dedutivo nem parte de axiomas auto-evidentes. É um processo indutivo pelo qual se infere conjuntos interligados de crenças a partir de padrões regulares de experiências sensoriais. É por aí que começamos.

O argumento de jure contra a crença em Deus é válido. É realmente irracional acreditar em algo quando não se tem indícios ou razões nenhumas. Mas isto é pouco relevante porque há razões e indícios. A crença em Deus é um “eu figei”. Até há uns séculos, o padrão de indícios parecia suportar melhor a hipótese desse deus existir. Tal como a falta de prática com os verbos irregulares levou a minha filha a dizer “eu figei”, a falta de explicações para uma data de fenómenos naturais levou muitos a crer num criador sobrenatural. Mas essas crenças não são básicas. Fazem parte de um padrão coeso de indícios e crenças que vai mudando conforme se acumula mais informação e que acaba por indicar de forma cada vez mais clara que se diz “eu fiz” e que Deus não existe.

* A etiqueta filosófica para isto é anti-fundacionalismo. Mas é uma etiqueta perigosa, como qualquer outra, porque aplica-se também a correntes fora da epistemologia (na ética, por exemplo). Por isso, como em geral, prefiro não usar as etiquetas e só a deixo aqui para desincentivar a estratégia filosófica, infelizmente comum, de descartar um argumento rotulando-o.

1- Domingos Faria, A epistemologia reformista de Plantinga

16 comentários:

  1. A CIÊNCIA VISTA À LUZ DA BÍBLIA

    Por vezes diz-se neste bloque a ciência tem um método neutro de obtenção de conhecimento que lhe permite estabelecer a verdade infalível e definitiva sobre o Universo, a vida e o homem. Mas hoje sabemos que nem a ciência é neutra e objetiva, nem infalível nem definitiva.

    A seleção de dados e a sua interpretação está sujeita a pré-compreensões, ideologias, paradigmas, modelos e hipóteses. A sua recolha e análise está sujeita a falhas intelectuais e técnicas. Como as observações são limitadas, os resultados são provisórios e não definitivos.

    Ainda assim, quando todas as observações apontam no mesmo sentido é possível induzir algumas leis científicas (v.g. conservação da energia, entropia, biogénese). Por sinal, todas elas corroboram o que a Bíblia ensina.

    A Bíblia fornece algumas indicações importantes acerca da ciência. Em primeiro lugar, ela começa por estabelecer e justificar as pressuposições de que a ciência depende para ser viável.

    Antes mesmo de começar as suas investigações, o cientista tem que postular a inteligibilidade racional do Universo e a sua própria capacidade racional para o compreender. Ele tem que postular a validade universal das leis da lógica e da matemática.

    A Bíblia, ao afirmar que o Universo foi criado de forma racional por um Deus racional, eterno e omnipresente que se revela como LOGOS, e que o Homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, com criatividade e capacidade racional de pensamento abstrato e lógico, estabelece as pressuposições de que a ciência depende.

    Mesmo quem não acredita na Bíblia tem que ir pedir emprestadas essas pressuposições à visão bíblica do mundo para poder fazer ciência, porque elas não se deduzem da premissa de que o Universo, a vida e o homem, incluindo o cérebro humano, são o resultado de processos cegos, aleatórios e irracionais.

    Como Deus é um ser moral e racional e o homem foi criado à Sua imagem e semelhança, o cientista está sujeito a deveres de racionalidade e moralidade ao fazer ciência.

    Estes deveres também não se deduzem da ideia de que o Universo e a vida surgiram por acaso e o homem é o resultado de milhões de anos de crueldade predatória, violência, doenças e morte.

    Como Deus é verdadeiro, a ciência está sujeita a um dever de verdade acima de tudo. Essa verdade deve ser, logicamente, construída a partir da Verdade da revelação dígina.

    Como Deus criou o Homem à sua imagem e a natureza com a sua imagem, cheia de evidência de design e propósito, a ciência tem certamente que respeitar a dignidade humana e a integridade da natureza.

    Como o Homem está corrompido e pecaminoso a ciência necessita de mecanismos de discussão, debate e correção que permitam refutar afirmações falsas e impedir a utilização do conhecimento para fazer o mal.

    O astrofísico Johannes Kepler dizia que a ciência consiste em “pensar os pensamentos de Deus depois de Deus”-

    A biomimética mostra que muita da ciência hoje consiste em fazer engenharia reversa daquilo que Deus criou.

    Se a Bíblia é realmente a Palavra de Deus, segue-se logicamente que ela é o padrão pelo qual a ciência humana e o método científico desenvolvido pelo homem devem ser avaliados e não o contrário.

    Não existe qualquer incompatibilidade entre a ciência e a Bíblia. Esta afirma que “o temor de Deus é o princípio de toda a sabedoria”.

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    1. Eu que pensava que já estava estabelecido como ponto acertado, que a Bíblia ou qualquer outro livro religioso, não é uma manual de ciências.

      Pergunto: porque motivo tenho de estar constantemente, "ad nauseam", a ter de ler estas coisas que "a Bíblia ensina o que a ciência ensina", que "a ciência não desmente a Bíblia", e coiso...

      Como diria o Remédios: "Não havia nexexidade, meusss amigosss!"

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  2. A CIÊNCIA, A RESSURREIÇÃO E A VIDA

    Os céticos costumam dizer que não acreditam na ressurreição de Jesus Cristo porque não acreditam no testemunho dos discípulos e de todos quantos dizem terem visto Jesus Cristo ressuscitado dos mortos.

    Para os céticos, não é digno de crédito o testemunho de algo que é humana e naturalmente impossível, violando todas as leis naturais observadas.

    O que vemos todos os dias é pessoas a morrer e nunca pessoas a ressuscitar, pelo que a ressurreição é impossível.

    Por outro lado, a possibilidade de uma ressurreição de causa divina e sobrenatural é igualmente descartada, agora não porque viola as leis humanas e naturais, mas porque à partida se adota a filosofia naturalista e se descarta a priori a existência de Deus.

    O problema deste raciocínio é que a vida, em si mesma, é tão humana e naturalmente impossível como a ressurreição.

    Existe mesmo a lei da biogénese que diz que a vida vem sempre da vida.

    Pelo menos assim resulta de todas as observações humanas e científicas realizadas, sem qualquer exceção.

    Do ponto de vista da ciência, das leis naturais e das possibilidades humanas, a vida é um milagre.

    A única prova de que ela existe é o facto de a vermos com os nossos olhos. Ou seja, é o nosso testemunho. Do ponto de vista científico, ele é tão credível como o testemunho daqueles que presenciaram a ressurreição de Cristo.

    A única diferença entre o testemunho da ressurreição e o testemunho da vida é quantitativa (i.e. número de testemunhas) e não qualitativa (i.e. credibilidade científica do testemunho).

    Assim é, porque nunca conseguiríamos provar cientificamente a possibilidade da existência da vida com base apenas no estudo das leis da física, da química e da biologia.

    Nunca ninguém observou a vida a surgir da não vida.

    A vida, tal como a ressurreição, aponta para uma causalidade sobrenatural e divina, muito para além da causalidade natural. Do ponto de vista da causalidade natural, a vida é impossível.

    Quando testemunhamos a vida estamos a testemunhar um milagre, exatamente como as testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo.

    É certo que, mais uma vez, os naturalistas especulam sobre causas naturais para a vida, na medida em que rejeitam a priori a existência de Deus.

    Eles especulam sobre a sopra pré-biótica, o mundo RNA, as fontes hidrotermais, o gelo, a lama, a panspermia, etc.

    Mas a verdade é que não passam da especulação.

    A vida depende de muitos códigos e de informação codificada extremamente complexa, especificada e miniaturizada, que é a marca por excelência de racionalidade, inteligência e domínio sobre a natureza (i.e. sobrenatural).

    Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá”.

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    1. "ad nauseam" é mesmo o termo, que paciência... sempre os mesmos copiar + colar....

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    2. Nunca ninguém observou a vida a surgir da não vida? Então o Adão não viu a Eva a surgir de uma costela? Mau, Maria! Haja pelo menos coerência no disparate.

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  3. SERÁ QUE NÃO HÁ INDÍCIOS DA VERDADE DA BÍBLIA?

    O Ludwig diz:

    "...acreditar em Deus é como acreditar em marcianos ou nos poderes ocultos da astrologia. Mesmo sem provas de que sejam falsas, estas crenças são irracionais por não haver indícios de serem verdadeiras."

    Dá como demonstrado o que é demonstradamente falso.

    A Bíblia diz que Deus que é LOGOS criou a vida. A teoria da informação mostra que códigos e informação codificada têm sempre origem inteligente a genética mostra que a a vida depende de códigos e informação codificada em quantidade, qualidade, densidade e miniaturização que transcendem toda a capacidade tecnológica humana. Não existe nenhum mecanismo físico ou químico conhecido que crie vida. De que outros indícios necessitaríamos para corroborar a criação divina da vida?

    A Bíblia ensina que os seres vivos se reproduzem de acordo com o seu género. Na verdade foi isso que Charles Darwin viu nas ilhas Galápagos e é isso que sempre foi visto em todos os tempos e lugares. Nunca ninguém observou a transformação de um género noutro diferente e mais complexo. De que outros indícios necessitaríamos para provar que as espécies se reproduzem de acordo com o seu género?

    A Bíblia diz que o ser humano foi sujeito à corrupção biológica desde a queda. A genética mostra que as mutações são cumulativas e degenerativas, Existem cerca de 9000 mutações conhecidas no genoma humano, responsáveis por cerca de 900 doenças. As mutações têm sido associadas, por estudos científicos, a numerosas patologias, a doenças cardíacas, à progeria, ao cancro na próstata, a doenças de ossos, encefalopatia, a insónias, à morte súbita, etc., etc., etc. De que outros indícios necessitaríamos para demonstrar que o homem está sujeito à corrupção?

    A Bíblia ensina que houve um dilúvio global recente. A ciência mostra que 2/3 da Terra estão cobertos de água e que existem grandes reservas de água de dimensão oceânica no subsolo. Ela mostra que os continentes são constituídos por camadas de sedimentos contendo triliões de fósseis, muitos "fósseis vivos" e fósseis polistráticos. Nalguns casos encontramos ossos de dinossauros não fossilizados e células, proteínas, tecidos moles e mesmo DNA de dinossauro. De que outros indícios necessitaríamos de que houve um dilúvio global recente?

    Os criacionistas acham que todos os factos realmente observados em laboratório ou no terreno corroboram inteiramente o que a Bíblia diz, desde que descartemos as especulações naturalistas e evolucionistas destituídas de fundamento.

    Sinceramente não vemos como é que o Ludwig diz que não há indícios da verdade bíblica.

    Ele que diga de que outros indícios precisamos para corroborar o que a Bíblia diz. Será certamente interessante ouvir os seus argumentos.

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  4. Respostas
    1. Eu cá gosto mais dos códigos secretos e das teorias da conspiração: Hidden Messages and The Bible Code

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    2. Já agora, para aligeirar a coisa, um mistério profundo d' um sábado qualquer:
      Mistérios do universo 1
      Mistérios do universo 2

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  5. António,

    «Pergunto: porque motivo tenho de estar constantemente, "ad nauseam", a ter de ler estas coisas que "a Bíblia ensina o que a ciência ensina", que "a ciência não desmente a Bíblia", e coiso...»

    Não tens de ler. Há tempos criei um script para cada leitor filtrar os comentários como quiser. As instruções estão neste post. Já não o actualizo há uns tempos, mas penso que ainda funciona.

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    1. Ludwig,

      Eu agradeço a amabilidade, de facto já tinha reparado nessa possibilidade.
      A pergunta, um tanto retórica, era mesmo para o "criacionista" a ver se ele ganha vergonha de encharcar o blog sempre com as mesmas coisas... podia ao menos ir variando, e sei lá, falar daquela história em que o Jacob tem de trabalhar 7 anos de graça para o sogro só para fisgar uma cachopa... Ou da outra, em que a nora se disfarça de prostituta e engravida do Jacob, só para provar que não é infértil e assim evitar ser despachada para o deserto... Ah o velho testamento, isso é que eram tempos!

      De qualquer forma. pode ser que ajude outros leitores. Eu por enquanto vou manter como está. Deve ser o diabo da costela masoquista a funcionar, a evolução ainda não removeu o ADN lixo que a gerou... maldita ciência da treta!

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  6. Os apologistas cristãos confundem plausabilidade com prova insofismável.
    Depois dão como certa a mera possibilidade e constroem uma teoria sobre o assunto.

    Eu explico.

    É plausível que com tantos milhões de planetas haja vida inteligente.

    É plausível que uma população de dinossauros ou de cro-magnon tenham sobrevivido.

    É plausível que deuses ou et's tenham tido contacto com humanos.

    É plausível que o consumo de laranjas tenha efeitos benéficos na malária.

    Tudo o dito anteriormente é plausível o que não implica que seja verdade.

    Como até à data não há quaisquer evidências destas plausabilidades não passam disso mesmo. De hipóteses.

    O errado é dar o passo seguinte :

    É plausível que haja deuses ou extra-terrestres logo vamos dar o salto para saber o que querem, como se vestem ou o que pensam.

    Primeiro é necessário demonstrar que existem.

    Resumindo:

    São bons, como os fanáticos dos aliens, a demonstrarem que é possível que existam.

    Falham é quando sem apresentando provas da existência passam para a sociologia dos ets ou para a análise psicologica de Odin ou Jeová.

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    1. Caríssimo,

      Eu cá só tenho a dizer que gosto muito da criação segundo os celtas, com o ovo e o carvalho... :-)

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  7. Deus na história, sem o manto da filosofia, tem outra cara.

    http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/a-cren-a-em-deus

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  8. Deus na história, sem o manto da filosofia, tem outra cara.

    http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/a-cren-a-em-deus

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