quinta-feira, junho 16, 2011

Legal, 14.

Nos EUA, agentes da polícia que vigiavam vendas de armas aos traficantes de droga mexicanos não tiveram autorização para prender ninguém. Centenas de armas de fogo foram parar às mão dos cartéis (1). Possivelmente, uma das razões para isto é a justiça estadunidense estar a perseguir criminosos mais perigosos, como o canadiano que partilhou filmes pornográficos. Alan Phillips foi processado nos EUA e, por estranho que pareça, não se deslocou do Canadá para se defender em tribunal. Acabou condenado a pagar $63.867 por partilhar dois filmes pornográficos (2). Isto é importante porque, ao contrário do problema dos cartéis armados no México, as ameaças à industria cultural põem empregos em risco. Escusado será dizer que, se alguma vez for possível encontrar pornografia de graça na Internet, o negócio entrará em colapso e não haverá pornografia para ninguém. Todos sairemos a perder. É por isso indispensável que a sociedade proteja, a todo o custo, os monopólios de distribuição destes filmes.

Outro marco importante foi a clarificação legal do acesso, por parte dos advogados que defendem os prisioneiros em Guantanamo Bay, à “informação potencialmente secreta” que a WikiLeaks divulgou. A decisão, razoável, foi que podiam aceder a essa informação desde que não usassem computadores fornecidos pelo governo dos EUA e que não criassem cópias locais do material consultado. Alguns críticos dizem que isto é inconsistente, porque qualquer consulta de material na Internet implica que o computador descarregue o documento, criando uma cópia local (3). Mas julgo que o objectivo é obrigar os advogados a espreitar pelo cabo de rede e ler rapidamente as letras enquanto passam, sem usar o computador. Afinal, os juristas que inventam estas regras sabem perfeitamente como funcionam os computadores e a Internet.

E estas restrições são indispensáveis para que não se arrisque a aplicar um processo judicial correcto a presos perigosos como Faris Muslim al-Ansari, detido em 2001 com 16 anos por ser “provavelmente membro dos Taliban” (4). Um risco, aliás, desnecessário, visto que o libertaram logo em 2007. Estes advogados são uns picuinhas.

Há dias roubaram 25.000 bitcoins (5). Alguém guardou as suas moedas virtuais numa carteira sem encriptação e bastou ao larápio ter acesso ao computador para transferir tudo para outro endereço. Apesar de se saber exactamente por que endereços bitcoin o dinheiro anda, não se consegue saber quem os controla. É o grande problema dos sistemas anónimos de troca. O Pentágono também levou 12 mil milhões de dólares para o Iraque e agora só sabem de metade do dinheiro (6). É o que dá estas modernices de usar moedas e notas em vez de pagar tudo com o cartão de crédito, que deixa sempre o nome e a morada guardados.

Mais ou menos guardados. Outro problema que a justiça enfrenta são os malvados hackers que roubam até os dados mais bem protegidos. O Citigroup, por exemplo, tinha um sistema de segurança praticamente à prova de bala. Para se ter acesso aos dados pessoais de um cliente, era preciso pôr no browser um URL que incluía o número do cartão de crédito do cliente (7). Mas os hackers fizeram algo impensável. Olharam para a barra de endereços (ninguém olha para a barra de endereços), descobriram este segredo e fizeram um script para experimentar números diferentes, recolhendo os dados todos dessas pessoas. Obviamente, os responsáveis pela segurança destes dados são inocentes. Fizeram o melhor possível. É a justiça, paga pelos contribuintes, que deve agora apanhar estes génios do crime que experimentaram URLs.

Por cá, a coisa também vai bem encaminhada. Os futuros magistrados que copiaram e cometeram fraude nos exames tiveram um castigo exemplar. Passaram todos com 10 valores (8). É para aprenderem. E agora estão a considerar obrigá-los a repetir os exames (9). Assim, cada vez que forem apanhados a copiar terão mais uma oportunidade para evitar que sejam apanhados. Noutra faculdade que conheço, os alunos que cometem fraude numa avaliação são reprovados à disciplina. Mesmo que seja no primeiro trabalho. Mas no CEJ sabem bem que, sendo pessoas de rectidão impecável e integridade sem mácula, o pior castigo para os nossos futuros magistrados é serem aprovados sabendo que não o mereciam. Isso, sim, irá mostrar-lhes cabalmente que o crime não compensa, tais serão os remorsos.

1- BBC, Mexico drug war: US sting 'let cartels buy guns', via o Friendfeed do Henry Winckelmann
2- Torrentfreak, Canadian BitTorrent User Fined $60,000 By U.S. Court.
3-Josh Gerstein, Under the Radar Feds' policy on reading WikiLeaks docs 'incoherent,' critics say
4- Andy Worthington, WikiLeaks and the 22 Children of Guantánamo
5- Joe Falkoner, Close to US$500k stolen in first major Bitcoin theft
6- Jacob Sioan, Pentagon Admits $6 Billion In Cash Was Stolen In Iraq
7- Mail Online, Revealed: How Citigroup hackers broke in 'through the front door' using bank's website
8- Expresso, Justiça: Futuros magistrados apanhados a copiar em teste "punidos" com nota 10, via o Hugo Monteiro no Facebook.
9- Público, Alunos do CEJ serão avaliados de novo

36 comentários:

  1. «Nos EUA, agentes da polícia que vigiavam vendas de armas aos traficantes de droga mexicanos não tiveram autorização para prender ninguém. Centenas de armas de fogo foram parar às mão dos cartéis (1). Possivelmente, uma das razões para isto é a justiça estadunidense estar a perseguir criminosos mais perigosos, como o canadiano que partilhou filmes pornográficos.»

    Discordo da ideia que passas aqui segundo a qual a "guerra à droga" enfrenta problemas por falta de recursos, em parte porque alguns são desviados para combater as infracções ao copyright.

    Na verdade, a "guerra à droga" é um sorvedouro de recursos também ele muito preocupante.

    Se não tiveram autorizações pode ter sido por várias razões, mas actualmente com os patriot acts todos, a privacidade das pessoas certamente não anda protegida em excesso, e não se pode dizer que os agentes da autoridade estejam de mãos e pés atados.

    E a guerra às drogas conforme tem vindo a ser travada nos EUA é apenas uma versão mais sórdida e prolongada da "Lei Seca". Enchem as prisões de inocentes, e (em certos estados) a consumidores casuais chegam a dar penas tão pesadas como a violadores. É asqueroso.

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  2. E também é de referir o que um tribunal disse aos copyright trolls da pornografia.

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  3. ó kamarada da tetrollogia da tetologia ou do tetris da treta

    a pornografia mata mais gente de fome

    do que a droga que geralmente não mata de fome mas de fartura

    logo agarrar esses pornógrafos e armar esses barões da droga

    está certo

    barões sem armas ou talibans desarmados ficam com buracos na tola

    e bão dormir com os fish's

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  4. mal y soit qui baron y pense

    este Burn hay é o banqueiro Narc ista

    ou o Barão dos link's?

    assassinado: Barão mais que vermelho mas com o capitalismo na banca

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  5. João Vasco,

    A “guerra às droga” é realmente um disparate e desperdício, e se legalizassem as drogas estes cartéis ficavam sem dinheiro. Ainda assim, a venda de armas a organizações criminosas é um problema diferente.

    Quanto à dos recursos jurídicos, foi em linha com a de espreitar pelo cabo de rede. É um exagero, mas que aponta para um problema real. Há muita gente a perder tempo com processos de treta e a desperdiçar o sistema judicial em coisas sem interesse social.

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  6. Francisco,

    Esqueci-me dessa, é verdade. Mas acho que ficava a destoar neste post :)

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  7. "O Pentágono também levou 12 mil milhões de dólares para o Iraque e agora só sabem de metade do dinheiro (6). É o que dá estas modernices de usar moedas e notas em vez de pagar tudo com o cartão de crédito, que deixa sempre o nome e a morada guardados."

    Se com a marcação de notas é lento e dificil seguir o rastro ao dinheiro, o que podes concluir daqui com sarcasmo mas plausibilidade é que com BScoins iria desaparecer todo o dinheiro e não apenas metade.

    Estas a defender uma asneira com outra asneira em vez de tentares propor um sistema que a resolva.

    Propões legalizar o traffico de drogas? Não estou a perceber... Achas mesmo que miudos com 14 e 15 anos têm responsabilidade suficiente e visão para decidirem se entram no mundo da heroina ou não?

    O resto do post está fixe. Mas um bocadinho negro demais. Tiveste de aturar algum aluno criacionista recentemente?

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  8. João,

    «Estas a defender uma asneira com outra asneira em vez de tentares propor um sistema que a resolva.»

    Não. Estou a apontar que a possibilidade de fazer transacções anónimas é algo que faz parte daquilo que temos sempre usado como dinheiro, seja as cebolas dos Egípcios, o sal dos Romanos, os dobrões de ouro dos conquistadores e as notas de hoje.

    O problema não está nessa possibilidade, mas sim em alguns usos que lhe dão se não tiverem cuidado.

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  9. João,

    «Propões legalizar o traffico de drogas?»

    Basicamente, sim. Não por achar que as drogas são uma coisa boa, mas porque os efeitos secundários da tentativa de reprimir esse tráfico por força legal são piores ainda, resultando apenas numa fonte de rendimento milionária para os criminosos.

    «Achas mesmo que miudos com 14 e 15 anos têm responsabilidade suficiente e visão para decidirem se entram no mundo da heroina ou não?»

    Não. Nem da heroína, nem dos filmes pornográficos, nem do alcool, nem do tabaco, nem das tatuagens, nem do paraquedismo, nem da militância política e nem da religião. Mas também não me dá para proibir isso tudo aos adultos só porque as crianças não têm maturidade para o fazer.

    E mesmo com a heroína ilegal acaba por haver muitas crianças que são metidas nisso à força. Por exemplo, os adolescentes que os cartéis mexicanos usam como assassinos provavelmente também não têm responsabilidade para decidir essas coisas. E esses cartéis são financiados pela guerra às drogas, que lhes dá uma margem de lucro brutal.

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  11. A guerra ao tabaco está a ser ganha, a guerra às drogas a ser perdida (nos EUA).

    E a primeira viola menos as nossas liberdades, e tem um custo quase nulo (tendo em conta as receitas dos impostos associados).

    Mas mesmo sem legalizar as drogas, o mínimo bom senso aconselharia a pelo menos descriminalizar o consumo, como acontece por cá em Portugal, a este respeito um exemplo para todo o mundo desenvolvido (eu creio que o que nos conduziu a essa política foi mesmo a falta de alternativas - temos as prisões cheias a abarrotar, e falta de recursos para construir e manter mais, não nos podemos dar ao luxo de ter uma política absurda a esse respeito)

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  12. Ludwig:

    " Estou a apontar que a possibilidade de fazer transacções anónimas é algo que faz parte daquilo que temos sempre usado como dinheiro, seja as cebolas dos Egípcios, o sal dos Romanos, os dobrões de ouro dos conquistadores e as notas de hoje."

    ad antiquitatem

    "Não por achar que as drogas são uma coisa boa, mas porque os efeitos secundários da tentativa de reprimir esse tráfico por força legal são piores ainda, resultando apenas numa fonte de rendimento milionária para os criminosos."

    Podes fundamentar isto?

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  13. Tinha uma resposta mais elaborada mas isto comeu-a. Nota só que na Holanda estão a caminhar na direção inversa. E que as liberdades de uns não justificam os riscos de outros.

    Sobretudo se forem liberdades de auto-destruição e consumo de recursos sociais (com a saude, a incompetencia, etc).

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. "e as notas de hoje."

    As notas de hoje estão marcadas com numeros. Ja para não falar que quem levantar muito dinheiro em notas chama logo a atenção.

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  16. João:

    Na Holanda estão a caminhar na direcção errada.

    «E que as liberdades de uns não justificam os riscos de outros.»

    Tu acreditas que devemos proteger pessoas mentalmente sãs, adultas, maiores e vacinadas delas próprias.
    Eu acho que isso é geralmente imoral.

    Mas além da questão da moralidade existe a questão da eficácia. A "lei seca" era imoral, mas mais que isso muito ineficaz.

    Na Holanda começaram a DAR heroína a quem quisesse. Era só uma questão de ir para umas salas de chuto do governo, e receber a dose. Os traficantes ficaram sem receita, porque qualquer cliente pode ter o produto de borla. Mas como o ambiente de consumo é triste e degradante, não tem qualquer apelo para novos consumidores, e não existe ninguém interessado em criar novos consumidores, visto que é impossível fazer dinheiro dessa forma.
    Moral da história: o consumo está a cair a pique.

    Cá em Portugal o consumo de heroína também está a cair, mesmo que não tão depressa.
    Com a descriminalização evitamos gastar uma série de recursos da nossa justiça já tão entupida, as nossas prisões a abarrotar (prisioneiros saem caros ao estado), e sinceramente um consumidor de heroína está melhor num centro de reabilitação (para onde pode ser obrigado a ir) do que numa prisão onde bem sabemos como a tendência é para agravar o vício, e arranjar novos problemas (com a partilha de seringas e tudo o mais).

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  17. João,

    «As notas de hoje estão marcadas com numeros.»

    As bitcoins também. Mais ainda, a rede bitcoin mantém um registo público de todas as transacções. É impossível transferires bitcoins sem que essa transferência fique publicamente registada.

    No entanto, o que permite roubar notas e bitcoins não tem nada que ver com isto. Tem que ver com não terem o nome e a morada do dono associadas. Se quiseres roubar dinheiro por transferência bancária é mais difícil porque fica registado o nome do destinatário.

    E eu não estou a dizer que isto é bom por ser antigo. No post estou apenas a ridicularizar quem se opõe à moeda criptográfica por uma suposta inovação que já tem milheres de anos. Temos um sistema de troca que não associa a cada moeda o nome e a morada do dono. Grande novidade...

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  18. Joao Vasco:

    "Ludwig:

    "Tu acreditas que devemos proteger pessoas mentalmente sãs, adultas, maiores e vacinadas delas próprias.
    Eu acho que isso é geralmente imoral. "

    Satisfaz-me o geralmente. Aí estou de acordo. Geralmente é. Mas quando assumes uma grande informação, lucidez e capacidade de planeamento igualmente elevada para todos só porque são adultos estás a cometer um erro. É obvio que ha uns que tem de proteger os outros de si proprios em situações especificas, independente da idade. Se não protegeres as pessoas delas proprias dentro de pouco tempo não tens planeta.

    Optar por coisas que destruiem a saude em pouco tempo enquanto incapacitam uma pessoa e lhe tiram a capacidade de pensar não me parece que seja uma escolha que possa ser considerada muito lucida ainda que possa ser feita por pessoas normalmente lucidas (e pior, por pessoas que se arrependem e não conseguem voltar atras) . Por um lado, por outro não é motivo para por as pessoas que a rodeiam em risco ( a falta de lucidez é um problema para todos). Por outro ainda e relativamente ao facil acesso, não sei porque has de colocar os jovens em risco, só para que os desesperados e loucos possam ter aquilo a que chamas liberdade.

    A informação do que tenho acerca do que se passa na holanda é precisamente a oposta. É que estão a pensar acabar com a liberdade de queimar neuronios por causa do mau ambiente que isso esta a trazer a toda a holanda, sobretudo pelo tipo de pessoas que isso atrai. E adivinha. Não sao trabalhadores sofisticados com familias estaveis e integradas na sociedade.

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  19. Joao Vasco:

    "e sinceramente um consumidor de heroína está melhor num centro de reabilitação (para onde pode ser obrigado a ir"

    Isso também estou de acordo. Não penso que seja lucido penalizar o consumo. Apenas o traffico. Podemos distinguir entre uma coisa e outra com ajuda de uma coisa chamada aritmética.

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  20. Luwig:

    "É impossível transferires bitcoins sem que essa transferência fique publicamente registada."

    Sim, mas isso é tudo o que sabes. Nunca vais saber para onde foi, quem fez, etc.

    Por isso o paypal ja não compra bitcoins. As pessoas diziam que as Bitcoins nunca tinham chegado e era impossivel provar que as receberam.

    Lá está a transparecia. É como o Jack the Ripper. TOda a gente sabe que ele matou pessoas. Mas ninguem sabe quem é, de onde veio ou para onde foi.

    "No entanto, o que permite roubar notas e bitcoins não tem nada que ver com isto. "

    Claro que tem. Seja para o que for. Pagar droga, fugir a impostos, fingir roubos ao proprio computador, etc.


    "No post estou apenas a ridicularizar quem se opõe à moeda criptográfica por uma suposta inovação que já tem milheres de anos. "

    Mas quem é que se opoe por ser um invenção com milhares de anos? Isso é... Strawman. Eu oponho-me porque é ainda menos transparente que o dinheiro e de um modo exagerado. Não porque o dinheiro seja absolutamente visível e a coisa mais bem feita do mundo. Decide-te afinal o que queres usar para ridicularizares os que pensam como eu. E se achas que a idade não é documento deixa-a em paz.

    "Temos um sistema de troca que não associa a cada moeda o nome e a morada do dono. Grande novidade... "

    Mas temos um sistema de troca que tem caminhado no sentido de conseguir tal associação. E que neste momento o permite em muitos aspectos.

    E se não gostas disso era isso que devias estar a argumentar em vez de tentares perder tempo a ridicularizar espantalhos.

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  21. PS: Da tua bibliografia de pensamento critico achei o Alec Fisher muito bom. Mas estou a meio de um chamado "asking the right questions" que me parece fraquinho, sobretudo nos exemplos.

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  22. «Se não protegeres as pessoas delas proprias dentro de pouco tempo não tens planeta. »

    Discordo.

    Acredito que se proteges as pessoas delas próprias estás a invadir a sua liberdade, sem a desculpa de o fazeres em nome da liberdade de terceiros.

    E isso incorre em dois problemas importantes:

    a) sujeitas-te a que a maioria acredite que algo que (a teu ver) não te faz mal é-te extremamente prejudicial.
    Por exemplo, se a maioria acreditar que ao não ires à missa todos os domingos podes estar a pôr a tua alma em risco, arriscando-te ao supremos castigo do sofrimento eterno, coisa que nenhum ser racional faria (e nota que esta crença já foi dominante), então é dever dessa maioria obrigar-te a ir à missa aos domingos, suprimir o discurso que possa levar outros à descrença, etc..
    Sujeitas-te, no fundo, à ditadura das maiorias, com tudo o que de opressivo e imoral elas têm

    b) não encorajas uma postura racional em relação às escolhas pessoais. Afinal, é muito mais importante que as pessoas sejam responsáveis e consequentes em relação às suas escolhas, se sofrerão as más consequências das que fizerem.
    Numa sociedade livre haverão muitas decisões irracionais, mas precisamente porque são permitidas haverá um forte incentivo para desenvolver a racionalidade no que diz respeito às diferentes decisões. Em termos sociais, é de esperar que estes incentivos se traduzam numa capacidade cada vez maior de lidar com as diferentes escolhas.
    Um exemplo disto é a forma como as pessoas vão sendo cada vez mais imunes aos truques sujos da publicidade, que tentam capitalizar certos aspectos irracionais do pensamento, para afectar irracionalmente os padrões de consumo das pessoas.
    Ainda somos muito vulneráveis, mas deixem a publicidade continuar, e desenvolvamos esta imunidade cada vez mais.

    A prova de que podes dar liberdade às pessoas de se prejudicar a elas próprias sem teres uma situação altamente destrutiva é a questão do tabaco e do álcool. Em ambos os casos as pessoas são livres de consumir, existindo algumas regulamentações que fazem sentido (proteger e educar os menores, cobrar externalidades, etc..) e em ambos os casos cada vez os problemas associados estão mais reduzidos.

    Porque as sociedades adaptam-se a essa liberdade, e desenvolvem mecanismos adequados para lidar com ela. Bem menos mortíferos e injustos que a repressão directa.

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  23. « por causa do mau ambiente que isso esta a trazer a toda a holanda, sobretudo pelo tipo de pessoas que isso atrai. E adivinha. Não sao trabalhadores sofisticados com familias estaveis e integradas na sociedade.»

    O que se passa na Holanda corresponde a outra confirmação da minha tese. Na Holanda é legar fumar cannabis, mas poucos são os holandeses que fumam (não se "destruiram" com a liberdade para o fazer).
    O que acontece é que eles não gostam do tipo de turismo que atrai, e da imagem que passa a respeito do país, bem distante da realidade.

    Mas assim que sentirem no bolso os efeitos económicos da diminuição do turismo que essa nova política vai acarretar, acredito que vão considerar que fizeram asneira. Mas isso é irrelevante, porque na Holanda não está em jogo o problema dos efeitos da legalização em relação aos cidadãos, se consomem mais, menos, etc, mas sim a gestão do turismo e da imagem.

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  24. Joao Vasco:

    "Acredito que se proteges as pessoas delas próprias estás a invadir a sua liberdade, sem a desculpa de o fazeres em nome da liberdade de terceiros."

    Isso é se partires do principio que as escolha que fizeram foi consciente e ponderada.

    "a) sujeitas-te a que a maioria acredite que algo que (a teu ver) não te faz mal é-te extremamente prejudicial."

    Tens sempre de confiar no discernimento de terceiros quando funcionas em democracia. Isso não é novidade. E conto que esse descirnimento seja suficiente para perceberem a extensão do tipo de coisas que não devem estar sobre a mesa como opções válidas.

    Por outro lado, a droga é um problema para terceiros. (incapcidade funcional, doença, etc)

    "Sujeitas-te, no fundo, à ditadura das maiorias, com tudo o que de opressivo e imoral elas têm"

    Sim, por isso acredito que a razão e a discussão são importantes e a unica maneira de fazermos as coisas. O perigo não é a derrapagem de fazer uma lei que impede de ter drogares com heroina e acabar a obrigar-me a ir à Igreja. A arma da democracia tem de ser a racionalidade. No mimino quem se quer drogar devia mostrar que é capaz de sustentar essa vida, que sabe que pode ser irreversivel e que lhe vai dar cabo da saude. Só assim saberias se é uma escolha consciente.

    "b) não encorajas uma postura racional em relação às escolhas pessoais."

    Não podia estar mais em desacordo. Encorajo essa postura. Se houver um grupo muito grande a argumentar para se poderem drogar, estou disposto a entrar na discussão em vez de os silenciar. Encorajo mesmo a que quem se quer drogar apresente racionalmente as razões para o fazer em respeito à droga em questão tal como faz um médico ao receitar um medicamento ou quando um inspector tira uma carne de circulação.

    "Afinal, é muito mais importante que as pessoas sejam responsáveis e consequentes em relação às suas escolhas"

    Sem duvida. Mas não são. Geralmente são, graças a deus, mas as excepções prejudicam todos inclusivé os proprios.

    "Numa sociedade livre haverão muitas decisões irracionais,"

    Sim. TEmos de tentar minoriza-las através da discussão racional e sem medo de impor limites com medo em derrapagens e abusos de poder.

    "Um exemplo disto é a forma como as pessoas vão sendo cada vez mais imunes aos truques sujos da publicidade,"

    Estão a ficar desensibilizadas e não a aprender. A prova é que a inovação na publicidade dá resultado. Se pensar que a publicidade não vende estas muito, muito enganado.

    Mas olha, eu sei que não podes proibir toda a publicidade. Mas no momento presente tens de proibir alguma. Existe demasiada publicidade enganosa sem que alguem diga que é mentira.

    O tabaco e o alcool são uma questão muito complexa para meter no mesmo saco um do outro ou neste das drogas. Não podes proibir sem causar um grande transtorno na sociedade. Mas tens de impor regras, senão é um descalabro. E tem sido. O numero de arrependidos do tabaco é enorme, quase sempre de gente que começou a fumar por juventude ou pressão social inadmissivel.

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  25. Joao Vasco:

    Na Holanda além do turismo de gente que eles não querem há o problema das drogas pesadas. É que eles legalizaram umas mas descobriram que no pacote vêm as outras e também não as querem.

    Parece-me que é uma boa razão para não lhes seguir as pisadas. Quanto à economia... Eles têm muito, mas muito mais fontes de rendimento. São excelentes comerciantes, como os Luxemburgueses. Mas sabem fazer mais coisas como os ALemães.

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  26. João,

    «Por isso o paypal ja não compra bitcoins. As pessoas diziam que as Bitcoins nunca tinham chegado e era impossivel provar que as receberam.»

    Estás redondamente enganado. Se tu deres um endereço para onde transferir bitcoins e alguém transferir para lá essas bitcoins, toda a gente na rede pode ver que foram transferidas para esse endereço. Mais uma vez, repito: todas as transacções estão registadas, e qualquer pessoa pode verificar se a transacção foi feita ou não.

    O PayPal tem uma política de não aceitar transacções para serviços financeiros como câmbio e decidiu que a compra de bitcoins é um destes tipos de serviço

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  27. João,

    «estou a meio de um chamado "asking the right questions" que me parece fraquinho, sobretudo nos exemplos.»

    O do Alec Fisher é porreiro porque tem substância e é pequeno. O asking the right questions tem principalmente a virtude de ser pequeno :)

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  28. Ludwig:

    Estive a investigar a tua alegação do Paypal e está officialmente correcta. Mas encontrei um site (ex-coinpal acho eu) que diz que isso aconteceu, (PP declarar o BTC como ecurrency,) por causa de varios "chargebacks" e não quiseram aceitar o risco de continuar.

    Isto é altamente especulativo.

    Mas numa das tuas ligações tinha lido (e podes confirmar aqui: https://en.bitcoin.it/wiki/FAQ#How_can_I_get_Bitcoins?) indica precisamente que a razão é a que te referia. Podes ir ver.

    Agora, seja qual for a razão para a negação do paypal a colaborar na venda, parece que a minha alegação de que houve fraudes está bem referenciada em vários locais e existe alguma preocupação com a confiança exigida de parte a parte nas transações.

    Não me perdi a verificar os pormenores, mas parece que saber o numero da carteira de destino não resolve tudo.

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  29. João,

    Esse problema é do PayPal. O PayPal não tem maneira de saber se recebeste a encomenda ou não. Seja um livro, bitcoins ou uma mota de água. Portanto, por vezes vai dar razão a uma queixa fraudulenta e reverter a transferência em dinheiro para o vendedor. Como as transferências em bitcoins são irreversíveis, o vendedor fica sem poder fazer nada. Mas isso é apenas porque o PayPal se deixa enganar.

    «Não me perdi a verificar os pormenores, mas parece que saber o numero da carteira de destino não resolve tudo.«

    Claro que não "resolve tudo". Mas os problemas do bitcoin não são diferentes dos de pagar a dinheiro. E é possível criar intermediários para gerir transacções, tal como se faz com o PayPal, VISA, etc. O que a moeda criptográfica tem de diferente é que permite também fazer transacções electrónicas sem intermediários.

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  30. "Na Holanda além do turismo de gente que eles não querem há o problema das drogas pesadas. É que eles legalizaram umas mas descobriram que no pacote vêm as outras e também não as querem."

    Por acaso as drogas pesadas não parecem ser um problema de maior. A qualquer dia da semana estão mais carochos na av. da liberdade que no dam e afins...

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  31. Passaram todos com 10 valores (8). É para aprenderem. E agora estão a considerar obrigá-los a repetir os exames (9)

    só agora reparei que os nºs estavam ligados às referências bibliográficas

    vejamos ó krippahlista militante o que garante o valor aos bit con's

    o nº de pessoal existente na ´pirâmide

    é mais fácil que cunhar moeda

    e dá mais dinheiro com menos risco

    excepto para os que ficam na base...é igual a qualquer pirâmide

    idem para o actual sistema ecu no mi cu

    ó naif da gestão de bit con's

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  32. a pornografia de graça na internet já há

    o consumo da paga não diminui por isso

    e sinceramente quem é que vai pagar aquelas miúdas giras para representarem em filmes com kripps cheio's de bolachinhas de chocoatl
    acumuladas nas partes moles

    ó aanarkas da pornographia
    é a única coisa que libertou milhões de muçulmanos e outros manos
    da opressão da playbuoy buy hoy

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  33. Nada resolve tudo.

    Mas este problema não resolve. A juntar aos problemas ja referidos...

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  34. Sem identificação inequivoca entre carteiras e individuos vais ter muitos problemas do género dos que já existem e aconteceram como Paypal.

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  35. João,

    «Mas este problema não resolve. A juntar aos problemas ja referidos... »

    Mas os problemas que tu tens referido são um bocado treta.

    Pensa nas moedas de um euro. Podem ser usadas para comprar droga ou pagar a criminosos, mas também podem ser usadas para tu comprares coisas legítimas sem que andem a bisbilhotar na tua vida. Porque quando dás a moeda de um euro ninguém precisa saber o teu nome e morada. Dás a moeda, dão-te o que compraste, e pronto.

    O problema das moedas de euro é que são pesadas e difíceis de transportar. Se quiseres comprar coisas na China é lixado mandar para lá uma palete de moedas de um euro.

    Uma forma de resolver esse problema é criar uma rede de bancos e governos que guardam os teus dados pessoais e criam uma conta para ti, depois transferem dinheiro entre si e, se aprovarem a transacção que tu queres fazer, deixam-te usar essa rede para poderes comprar algo que venha da China. Mas isso resolve o problema de transportar as moedas à custa da vantagem principal de usar moedas: permitir transacções anónimas entre as partes envolvidas, sem exigir mediadores, identificação, etc.

    As moedas criptográficas são outra forma de resolver o problema do transporte sem alterar as outras propriedades das moedas de metal. Penso que a tua dificuldade maior é perceber isto. Tu estás a ver isto como se fosse um cartão de crédito anónimo ou um cheque sem assinatura e a inventar uma data de problemas, quando na verdade a moeda criptográfica visa ser uma moeda como qualquer outra mas com a propriedade adicional de se poder enviar por email.

    Se houvesse uma maneira de enviar moedas por email, com certeza que haveria muita gente a fazer negócios ilícitos com isso. Mas se pensares bem verás que a possibilidade de enviar moedas por email é, no geral, uma grande vantagem e não um problema.

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  36. Legal meo Legal

    e qual é a diferença de as mandar por transferência bancária?

    mais fácil de enviar os euros quando isto voltar para o escudo?

    mais fácil de se subverter o papel da moeda e dos câmbios

    especulando com moedas virtuais

    o écu ou o euro antes de 2001 eram moedas virtuais

    logo nada de novo, os sírios estão transferindo fundos para a banca britânica e suiça via net...se já há pessoal a aceder a esses meios de transferência muito mais do que ás contas de email

    de relembrar que já houve duas contas banda de Barbar e outras
    e em 1ano e um mês foram capturadas/inutilizadas várias

    fiabilidade do sistema
    credibilidade

    e finalmente persistência

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