Jónatas Machado, Fé e Ciência
Continuando o comentário ao artigo de Jónatas Machado (JM) de 8 de Setembro no jornal «O Público», proponho que JM erra ao afirmar:
«A querela entre evolucionistas e criacionistas bíblicos não é entre fé e ciência, mas sim entre duas visões do mundo: a bíblica e a naturalista.»
Para ver porque é um erro, vamos supor que encontrávamos um texto escrito por Darwin, no qual este denunciava toda a teoria da evolução como fraude, e afirmava uma fé absoluta no criacionismo bíblico. Tal achado teria algum interesse histórico, mas nenhum efeito na biologia moderna. Ninguém tem fé em Darwin, e a teoria da evolução é suportada pela evidência e pelo seu poder explicativo, e não pelas palavras de ninguém (o lema da Real Sociedade de Londres desde 1660).
Por outro lado, suponhamos encontrar um texto escrito por Jesus, no qual este denunciava o criacionismo como falso, e afirmava que todos os seres vivos tinham surgido por processos naturais, sem intervenção divina. Qualquer criacionista que aceitasse este texto de Jesus teria que deixar de ser criacionista. Ao contrário do que JM defende, o criacionismo bíblico assenta exclusivamente na fé.
Por isso este conflito é entre fé e ciência. A ciência é naturalista apenas porque as evidências indicam um mundo natural, e o criacionismo bíblico não é mais que a fé na interpretação literal de um livro crido como a revelação dum deus criador.
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