O terror da cópia.
Um leitor que assina Asterixco criticou o meu post sobre o bloqueio de sites porque defende a legitimidade e o respeito pelos monopólios dos autores (1). Os seus comentários ilustram bem como o apoio a este sistema assenta numa compreensão defeituosa do problema. Logo a começar pelo pseudónimo. Presumo que o leitor não tenha pago licença à Éditions Albert-René para divulgar uma criação derivada de obras detidas pela editora. E concordo que seria absurdo ter de o fazer. Mas, para concordarmos nisto, temos de abandonar a ideia de um “direito de autor” abstracto que justifique quaisquer restrições. Em vez disso, temos de reconhecer que o direito de gerir um negócio não permite violar direitos de terceiros. É por isso que o direito da editora a fazer negócio não pode impedir o leitor de assinar comentários com o pseudónimo que entender. Uma vez arrumado esse espantalho do “direito de autor” omnipotente, é fácil perceber também que o direito ao negócio não justifica restringir o acesso a sites na Web, proibir a troca de ficheiros ou impedir que as pessoas usem o seu equipamento, em suas casas, como bem entenderem.
Mas Asterixco levantou um ponto concreto que merece ser descascado em mais detalhe. «A pirataria [...] causa desemprego e precariedade […] por exemplo na área do áudio visual, já que em muitos casos a venda de cópias ou os direitos pela reprodução das mesmas é o único meio de subsistência.» Refere também um “estudo” da MPAA segundo o qual «só no Brasil se perderam 90 mil postos de trabalho devido à pirataria, para alem de 976 milhões de reais perdidos em impostos». Antes de mais, é preciso notar que estas contas são uma aldrabice. Essencialmente, estas estimativas equivalem a um restaurante contabilizar como prejuízo o valor comercial de todas as refeições que as pessoas do bairro comam em casa, usando depois esse número para estimar quantos postos de trabalho haveria se todas essas refeições fossem comidas no restaurante aos preços que o restaurante quisesse cobrar. Dá valores impressionantes mas que não querem dizer nada.
É preciso também apontar a circularidade do raciocínio aqui implícito. Copiar, por si, é um acto legítimo. É a copiar que aprendemos a falar, a vestir, a escrever, a cozinhar e até a criar. E prejudicar um negócio por não comprar é igualmente legítimo. É até parte fundamental do mercado livre e do capitalismo, porque favorecer quem oferece os melhores produtos ou serviços implica deixar falir o resto. Mas, neste caso, a perda de negócio é apresentada como uma injustiça, em vez de um direito do consumidor gastar o dinheiro noutras coisas, porque é causada pela “pirataria”, que se presume ser uma cópia ilegítima. No entanto, quando se tenta averiguar porque é que a cópia do CD é ilegítima quando a cópia de expressões algébricas, números, linguagem, receitas e imensas outras coisas é legítima, a justificação acaba por dar a volta e chegar ao ponto inicial. Estraga o negócio. Ou seja, é ilegítimo copiar só porque quem copia não compra e é ilegítimo não comprar só porque quem não compra copia. Afinal, a causa não causada não é Deus. É o copyright.
Mas vamos pôr de lado a aldrabice contabilística e a petição de princípio para focar o que realmente se passa. Se é fácil copiar então há menos disposição por parte do comprador para pagar pela cópia. Este problema ocorre sempre que a tecnologia facilita algo que anteriormente era difícil e que, por isso, perde valor como negócio. Aconteceu com quem vendia gelo ou água da fonte. Aconteceu com quem vendia legumes na rua, com sapateiros, e alfaiates, e amoladores. Aconteceu com quem vendia o seu trabalho na agricultura, quando lavrar, semear e colher era difícil. Só em Portugal, perdeu-se milhões de empregos na agricultura por causa da mecanização. Fazendo as contas como Asterixco propõe, a pior “pirataria” será lavrar a terra com o tractor.
O problema daqueles para quem «a venda de cópias ou os direitos pela reprodução das mesmas é o único meio de subsistência» é o mesmo problema que tantos enfrentaram quando a tecnologia tornou o seu produto extremamente barato. Um problema que nunca se resolveu com legislação ou proibições, apesar de se ter tentado*. Uma solução é fazerem como faz quem vende iogurtes. O iogurte também é fácil de copiar. Basta misturar em leite morno e esperar. Por isso, quem quer fazer negócio da venda do iogurte, vende-o suficientemente barato para não compensar o trabalho de copiar. É esta a razão do sucesso de serviços de streaming e subscrição ou de modelos de negócio como o YouTube. São convenientes e suficientemente baratos para valer a pena. Em alternativa, podem esquecer a abordagem de ganhar pela cópia – copiar é algo que todos podem fazer, pelo que é mau negócio – e passar a cobrar pelo que fazem e que mais ninguém faz. Pelo serviço de criar algo novo. Se são bons artistas e capazes de criar obras únicas que as pessoas desejem, cobrem por isso que a criatividade não se consegue copiar.
Seja como for, o negócio de vender cópias é apenas isso. Um negócio. Não é arte, não merece protecção e não confere direitos especiais. Asterixco diz que o mercado não funciona se «a oferta é copiada e entregue à borla à procura». É verdade. É por isso que a tabuada do ratinho já não dá grande lucro. Mas isso é um problema de mercado e não um problema legal. Proibir a partilha de ficheiros com os computadores para proteger a venda de cópias de músicas é tão absurdo como proibir as contas com o telemóvel para proteger a venda de tabuadas.
* Um exemplo disto foi o Red Flag Act de 1865, que obrigava os automóveis a circular sempre precedidos de um homem, a pé, empunhando uma bandeira vermelha. Julgavam os empresários dos caminhos de ferro que esta lei iria garantir-lhes os lucros no negócio dos transportes.
1- Treta da Semana: conduta errónea.
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ResponderEliminarLudwig,
ResponderEliminarEu não tenho nada contra a tecnologia nem contra a livre concorrência. Tenho sim preocupações com a arte e com os artistas, bem como de outas profissões que se movam no meio digital ou cujo produto do seu trabalho seja passível de ser digitalizado e copiado.
Tenho também preocupações sociais com o emprego e os salários que acho deverem ser defendidos a todo custo. Tu preocupas-te com as crianças poderem "sacar" desenhos animados, eu preocupo-me com as crianças dos productores de desenhos animados terem o que comer e com a continuação de existir quem faça desenhos animados.
Posto isto, volto a repetir que a cópia é prejudicial para a economia e para os criadores e por isso que não é tolerada pelos legisladores como tu gostarias.
Os argumentos que apresentas, também não consigo concordar com eles:
"... é o mesmo problema que tantos enfrentaram quando a tecnologia tornou o seu produto extremamente barato"
Não tenho nada contra a tecnologia baixar o preço do producto, isso é o mercado a funcionar. Agora isso não tem nada a ver com cópia, onde o produto deixa de ter valor algum.
"... É até parte fundamental do mercado livre e do capitalismo, porque favorecer quem oferece os melhores produtos ou serviços implica deixar falir o resto"
Aqui fazes uma grande confusão, começas por falar nos beneficios da cópia e depois dizes que a oferta de melhores productos e serviços favorecem o capitalismo e o mercado. Mas a cópia é um producto ou um serviço??
os exemplos que apresentas como o tractor e o automóvel também não têm nada a ver com pirataria. Tem a ver com novas tecnologias que ou tornam as anteriores obsoletas, ou que lhes fazem concorrência. o que é diferente da música, livros ou desenhos animados. Tudo isso não deixou de ser consumido, nem se tornou obsoleto e se há coisa a que os artistas estão habituados è a concorrerem uns com os outros .
Quato á tabuada do ratinho nem sei o que isso é, no entanto tambén não acho comparável. Não há ninguem a criar novas tabuadas, como há a fazer novas musicas ou novos filmes. Há pessoas a "descobrir" ciência e são pagas para o efeito, normalmente até com fundos publicos. Mas descobrir é diferente de criar e produzir.
Às veses também comparas coisas pelas quais as pessoas sempre estiveram dispostas a pagar enquanto não lhes era oferecido à borla, com coisas que as pessoas nunca estariam nem nunca estiveram dispostas a pagar. Eu também não sei por que raio pago por batatas ou por salsa e não pago por ervas daninhas . É assim a vida... mas quanto a receitas deve haver algumas que valem uma fortuna como a do pastel de Belém por ex. E há quem venda livros de receitas , tudo depende do mercado tem é de haver procura. Agora a cópia é uma distorção do mercado , é dar a oferta à borla à procura e isso nunca será tolerado no capitalismo.
No fundo tu e os que pensam como tu gostavam que a internet fosse socialista enquanto o mundo é capitalista. li há dias uma entrevista interessante a esse respeito de um tipo que tu até deves considerar, o fundador do pirate bay. Os argumentos dele até consigo entender. Ele é um socialista assumido e quis começar a implantar o socialismo pela internet. Já percebeu que é impossível e que primeiro tem de se mudar a sociedade. O seu maior sonho é que a maiorias das profissões sejam substituídas por robots e inteligencia artificial, causando um enorme desemprego. Isso Faria "rebentar" o capitalismo e aí sim poderia ser possível um mundo novo.
Aí concordaria contigo, em produzir para oferecer. Num mundo novo , que não este. Agora o que tu defendes, uma internet socialista num mundo capitalista não faz sentido .Aliás concordo como o Peter quando ele diz que internet se transformou numa ferramenta capitalista. Agora tens empresas como o youtube, uber, facebook e spotify que ele apelida de ultra capitalistas porque não produzem nada e enriquecem á custa dos produtos dos outros .
Deixo-te o link para a entrevista:
http://motherboard.vice.com/read/pirate-bay-founder-peter-sunde-i-have-given-up
"Antes de mais, é preciso notar que estas contas são uma aldrabice. Essencialmente, estas estimativas equivalem a um restaurante contabilizar como prejuízo o valor comercial de todas as refeições que as pessoas do bairro comam em casa, usando depois esse número para estimar quantos postos de trabalho haveria se todas essas refeições fossem comidas no restaurante aos preços que o restaurante quisesse cobrar. Dá valores impressionantes mas que não querem dizer nada. "
ResponderEliminarNão, o equivalente seria roubar a comida de cada restaurante e oferece-la a borla em casa das pessoas ou onde lhes apetecesse comer.
Este números não são projeções do que poderia acontecer, são números de empregos que existiram e deixaram de existir. Não percebo como é que um facto pode ser uma aldrabice
Roubar comida do restaurante e oferece-la à borla em casa das pessoas é o equivalente a assaltar uma editora, roubar CD's e distribuí-los gratuitamente, o que ninguém contesta ser ilegal.
EliminarCopiar um CD será equivalente a ir ao restaurante, usufruir de uma refeição inovadora saída da criatividade do Chef, e depois passar a cozinhá-la em casa, algo que nem o Asterixco certamente considera ilegal. A tecnologia representa aqui a facilidade com que se consegue reproduzir a refeição em casa.
É assim que uma aldrabice, disfarçada de facto, é de facto uma aldrabice.
"Copiar um CD será equivalente a ir ao restaurante, usufruir de uma refeição inovadora saída da criatividade do Chef, e depois passar a cozinhá-la em casa"
EliminarNão, isso seria o equivalente ao Humberto ouvir uma musica, depois convidar os amigos para tocar baixo, bateria e guitarra etc. e depois tocarem vocês essa música em casa. Isso de facto ninguem considera ilegal
OK. Se tivesses escrito isso em vez da aldrabice que escreveste (sugestão de semelhança entre violação de copyright e furto), eu não tinha dito nada.....
EliminarÉ o problema das analogias. De qualquer forma ambos são actos criminosos previstos na lei, por isso a tua aldrabice é maior que minha.
EliminarUm video interessante sobre o mistério dos judeus, cuja origem é explicada está em Génesis.
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ResponderEliminarLudwig,
ResponderEliminar"Além da resposta no meu último post, recomendo também isto:
...When somebody walks into a store and agrees to exchange money for a good? Then, and only then, is somebody entitled to money. Only then."
Este senhor esquece-se de referir que só existem produtos nas lojas se não se permitirem cópias. Que existem proteções para todos os produtos,não só para os culturais. Precisamente porque o capitalismo depende do negócio e do empreendedorismo. Acho que habilmente ele "dá a volta ao texo".
Por exemplo de um ponto de vista económico capitalista, se eu copiar uma t-shirt e a vender online a uma fração do preço da original isso deveria ser legal para ti?
Asterixco,
ResponderEliminarContinuas a confundir coisas fundamentalmente diferentes.
Eu também «Tenho sim preocupações com a arte e com os artistas, bem como de outas profissões». E, em todas as profissões, acho que as pessoas têm o direito de negociar o pagamento pelo seu trabalho e receber em conformidade. Mas ninguém tem o direito de receber dinheiro só porque fez um trabalho. Se varreres a tua rua toda e depois fores à junta de freguesia pedir dinheiro por isso vão-se rir de ti, e com razão, porque ninguém te encomendou a obra.
Portanto, tal como sou a favor que se financie programas de vacinação, escolas, polícia e investigação científica, também sou a favor que se financie o trabalho dos artistas como algo que tem valor para a sociedade. Mas isso não tem nada que ver com o negócio. Por exemplo, sou a favor de investimento público em professores e médicos mas se alguém quiser montar um colégio ou uma clínica privada não tem direito a leis especiais para garantir o seu lucro. O ensino e a saúde são importantes mas o negócio feito à volta disso é apenas um negócio como qualquer outro. Portanto, sou a favor de mais investimento público em cursos de arte, espectáculos e cultura, mas sou contra leis especiais para que quem queira fazer negócio disso tenha mais lucro à custa dos direitos dos outros.
Também baralhas a cópia com o roubo. Se inventares um jogo de cartas, roubo é tirar-te as cartas porque ficas sem elas. Mas de me ensinares o jogo e eu ensinar a outras pessoas e às tantas andarem todos a jogar, podes ter perdido a oportunidade de vender as regras a 5€ cada um mas não te roubaram nada. Continuas exactamente com tudo o que tinhas. E seria um erro criar uma lei que proibisse as pessoas de jogar com as suas cartas ao jogo que entendessem só para que tu pudesses vender mais cópias das tuas regras.
«Não tenho nada contra a tecnologia baixar o preço do producto, isso é o mercado a funcionar. Agora isso não tem nada a ver com cópia, onde o produto deixa de ter valor algum.»
Achas que devia ser proibido fazermos cubos de gelo no congelador para que os cubos de gelo mantenham o valor comercial que tinham antes de haver congeladores domésticos? Há imensas coisas que a tecnologia fez ficar sem valor algum. A resposta mais sensata é deixar que o mercado se adapte e que quem comercializava essas coisas passe a viver de outra coisa qualquer.
«Este senhor esquece-se de referir que só existem produtos nas lojas se não se permitirem cópias.»
Certo. É por isso também que já não se vende cubos de gelo. É demasiado fácil copiá-los em casa para que valha a pena vender-se.
Mas, dado que o valor comercial da cópia é nulo, então a solução óbvia para os comerciantes é venderem outra coisa. Por exemplo, os artistas que quiserem fazer da sua arte um negócio devem vender o serviço de criar, cujo valor é grande, em vez do serviço de copiar, que não tem valor nenhum.
«No fundo tu e os que pensam como tu gostavam que a internet fosse socialista enquanto o mundo é capitalista.»
Outra confusão. O que eu sou contra é que se crie leis proteccionistas que, em violação dos direitos pessoais, sirvam apenas para inflacionar algo que já não tem valor. Não faz sentido vender cópias de música tal como não faz sentido vender cubos de gelo. E não faz sentido criar leis que censuram e proíbem as pessoas de usar os seus computadores livremente só para que essas coisas que não têm valor passem a ter algum. Isto não é socialismo nem capitalismo. É mero bom senso.
Eu compro gelo... Sacadas dele. Não me importo nada de pagar, é-me mais cómodo do que encher o congelador de sacos e de tabuleiros :)
ResponderEliminarTambém uso Spotify e compro Vinyl, o ultimo porque me oferece uma mais valia que o digital não tem.
Se bem que acho que existe um grande problema para mim responsável por grande parte da pirataria. A discrepância entre o valor do trabalho do homem comum e o preço do entretenimento (muitas vezes artificialmente inflacionado).
A maioria trabalha em excesso e ganha pouco, e o entretenimento é caro e tem um enorme valor para a quem ele acede já que é o seu escape. Deveremos impedir as pessoas de ler, ver e ouvir só porque simplesmente não tem capacidade financeira para adquirir?
Space Jaguar,
EliminarTendo em conta o preço dos instrumentos, salas de ensaio,estúdios de gravação, técnico de som, horas de trabalho, etc. comprar uma musica por 1 euro ou pagar 10 euros pela assinatura do spotify para ouvir o numero de musicas que te apetecer parece-te caro nos dias que correm? Quanto custa um saco de gelo? :) Claro que o vinil ou o cd são mais caros mas também são mas caros de produzir.
Caro é o preço das rendas, da eletricidade , da gasolina, do peixe , tudo coisas que pessoas (incluindo os artistas)têm de pagar para sobreviver e trabalhar. E se não tiverem dinheiro para isso devem poder roubar?
Não Ludwig, tu é que continuas a confundir as coisas e agora percebo melhor as tuas razões ideológicas. O problema é que são completamente impossíveis e até nefastas para a arte e para a criação.Impossíveis porque os estados não têm dinheiro para financiar a arte, a criação e a inovação nesses moldes. Para quê por o estado a financiar álbuns de musica, pintura, software, desenhos animados etc.? Isso já foi testado precisamente no comunismo soviético sem grandes resultados para o bem estar das pessoas. Nefastas porque não há nada pior para a arte do que arranjarmos juízes para decidir o que é arte e não é , o que deve ser financiado e o que não deve. A arte deve ser livre de juízes porque grande parte dela surge como contracorrente . O Beebop por exemplo surgiu como oposição ao swing tocado pelos brancos . Quem seriam os juízes nessa altura? O que seria feitos de músicos excepcionais como Charlie Parker ou Miles Davis? Se calhar teriam existido na mesma mas com vidas miseráveis, como aconteceu a tantos outros no passado . Penso que que este sistema baseado na aceitação do publico e no mercado é para já o melhor possível. Permitir que só alguns eleitos tivessem hipótese de ser artistas seria quanto a mim uma péssima solução para a sociedade.
ResponderEliminarConcordo que o estado financie grande projectos como uma orquestra ou uma companhia de bailado nacionais, que seriam sempre impossíveis de serem rentáveis, mas nada mais do que isso
Depois não gostas de leis protetoras dos produtores e criadores .Só gostas de serviços encomendados. Mas são os produtos que mais contribuem para a criação de riqueza. Basta vêr os países onde há melhores condições de vida. Ou têm recursos naturais ou têm grandes productos e inovação como a Mercedes, a Apple e até pasme-se, produtos culturais como o cinema e a música. Só criando riqueza se consegue apoiar o ensino artístico ou financiar a cultura e nesse campo estamos de acordo.
No post anterior fiz-te uma pergunta a que não respondeste. Dizes que a cópia não deve ser ilegal se for para usufruir ou partilhar, mas e se for pra vender?
É que economicamente para a criação de riqueza, o download ou o Streaming ilegal é mais nefasto do que a contrafação. Porque o prejuízo é idêntico em ambos, prejudica o negócio do produtor. No entanto os primeiros não criam qualquer salário ou posto de trabalho, enquanto que se venderes muitas t-shirts contrafeitas ainda podes alimentar e empregar pessoas.Mas repito, o prejuízo é idêntico em ambas logo economicamente não faz sentido estar a favor duma e contra outra.
Só não digo que és socialista porque prezas muito a tua propriedade privada :) Mas quanto a restrições à propriedade privada já existem há muitos seculos. Pensa em terra por ex. Quando compras um bocado de terra vem com montes de restrições de utilização .
Outra confusão comum é que informação digital não tem valor independentemente do que seja. Mas acho que se estivermos a falar do teu saldo digital e se com a meu computador privado deslocar parte dele para a minha conta, o caso muda de figura, não? :)
Quanto a mim, bom senso é ter estas coisas em conta.
«Para quê por o estado a financiar álbuns de musica, pintura, software, desenhos animados etc.?»
ResponderEliminarExacto.
Imagina que eu queria ganhar dinheiro a inventar jogos de cartas. Só que tenho um problema. Invento o jogo, é muito porreiro, cobro ao meu vizinho 5€ para lhe explicar as regras mas depois ele ensina à família, esses ensinam a outros e ao fim de uns dias toda a gente aqui no bairro está a jogar o meu jogo sem me pagar.
Então eu peço ao Estado que intervenha. Que crie leis para proibir as pessoas de jogar às cartas sem pagar ao autor do jogo. Depois, que use o dinheiro dos contribuintes para pagar a polícias que fiscalizem os jogos de cartas, pagar a prisão de quem viola essa lei, pagar tribunais, pagar a quem fiscalize sites na internet que possam partilhar regras dos jogos de cartas e isso tudo. Ou seja, que o Estado venha financiar o meu negócio que, de tão mau que é, não se aguenta sozinho sem uma carrada de leis e um polícia em casa de cada pessoa.
Para quê isso, perguntas tu. Pois também eu. Para nada. É estupidez. É isso que também penso daqueles que, para venderem cópias de músicas, querem este tipo de leis e este tipo de financiamento.
Se é para o Estado financiar a arte e a cultura, que o faça de forma transparente, decente e sem atropelar direitos de ninguém. Que invista em educação artística nas escolas. Que subsidie jovens artistas que queiram mostrar o que valem. Que financie exposições, museus, espectáculos e assim. Essas coisas que já faz, mas que pode fazer mais se a sociedade achar que é preciso mais. Mas é errado subsidiar a indústria da cópia com legislação repressiva, não só porque a cópia não tem nada que ver com a criatividade artística como porque esse tipo de legislação é a pior forma de subsídio.
«O que seria feitos de músicos excepcionais como Charlie Parker ou Miles Davis?»
Hoje em dia, com a tecnologia que torna praticamente gratuita a cópia e a distribuição, artistas excepcionais não têm dificuldade em chegar ao seu público e a convencer milhares ou milhões de pessoas a pagarem-lhes. É por isso que um tipo como o PewDiePie consegue ganhar sete milhões de euros por ano só em publicidade no YouTube. Ao contrário do que aconteceu ao Charlie Parker, no tempo em que estava completamente dependente das editoras como intermediário entre ele e o público, editoras que ficavam com os direitos exclusivos de cópia e deixaram o músico morrer na miséria.
O negócio da cópia não é arte. É o negócio da cópia e nada mais.
«Dizes que a cópia não deve ser ilegal se for para usufruir ou partilhar, mas e se for pra vender?»
Não tenho opinião formada acerca disso. É como com os restaurantes. Uma lei que proíba as pessoas de fazer comida em casa para subsidiar os restaurantes seria claramente ilegítima, porque violaria direitos pessoais de propriedade só para safar o negócio de alguns. O mesmo se passa com uma lei que proíba as pessoas de partilhar ficheiros para subsidiar as editoras de discos. Mas uma lei que exija um pagamento de uma licença a quem quiser abrir um restaurante, ou que regule a forma como confeccionam os alimentos, ou quantas pessoas podem ter na sala, ou se podem fumar ou não, isso não tem o mesmo problema porque são para regular uma actividade comercial e não infringem os direitos pessoais de cada um. Por isso, se bem que ache desnecessário haver uma lei que proíba pessoas de vender CD, também não me choca se houver. Essa parte preocupa-me tanto como as licenças dos taxistas ou os regulamentos do serviço de pastelaria.
Ok mais analogias:)
ResponderEliminarE eu pergunto, quantos empregos vão originar essas regras de cartas, quantos impostos vão gerar , quantas pessoas vão sustentar?
Qual é o interesse da sociedade em proteger isso?
Eu estou a falar de economia e comecei todo este debate de ideias por dizer que a cópia prejudica a economia. Tu disseste que era absurdo , falso e o diabo a quatro . No entanto o que acho é não percebes como funciona o capitalismo, como se cria riqueza e de como dessa criação de riqueza depende o bem estar da sociedade. Por isso não tens opinião formada sobre a contrafação e tens essa ideia errada sobre a pirataria digital. Por isso não compreendes a legislação. Por isso fazes analogias atrás de analogia que não têm nada a ver com o caso concreto das leis anti pirataria, da contrafação e de outras proteções que servem para ajudar a que haja empreendedores , criadores, inovação , productos, criação de riqueza e bem estar social. É isso que o legislador protege e bem, antes dos teus direitos pessoais. Porque são bens sociais mais importantes , é muito mais importante para qualquer mortal ter um emprego e um salario do que ter acesso ao pirate bay.
"Hoje em dia, com a tecnologia que torna praticamente gratuita a cópia e a distribuição, artistas excepcionais não têm dificuldade em chegar ao seu público e a convencer milhares ou milhões de pessoas a pagarem-lhes."
Nada mais falso, há muito tempo que os artistas não tinham tantas dificuldades em subsistir. Havia muitas coisas a criticar em relação as editoras, mas nada comparável com o youtube ou o spotify . Não investem um centavo na criação artística, pagam miseravelmente e ganham milhões. Toda a promoção e markting que é necessária para furar neste mar de informação é a cargo dos próprios artistas. Neste momento a musica voltou a ser uma coisa de elites, salvo raras excepções só os meninos ricos conseguem . Até o tipo do pirate bay compreende que estas empresas são ultra neo-liberais , não percebo que não te faça confusão e aches muito bem assim.
Em minha opinião seria mais fácil aos artistas negociarem estes valores se não existisse pirataria, porque teriam margem negocial . Assim sabem que mesmo que não cedam a estas plataformas, o seu trabalho vai andar a circular à mesma na internet, por isso acabam por ceder.
Tens aqui links para artistas como Tom york ou David Byrn. Suponho que não os aches maus artistas
https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/david-byrne-tambem-critica-servicos-de-streaming-1608907
http://discodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=56454
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ResponderEliminar"O negócio da cópia não é arte. É o negócio da cópia e nada mais."
ResponderEliminarCerto, o negócio da cópia não é arte, é o modelo de negócio dos autores, a sua venda e os direitos da sua reprodução. Cada cópia tem um contrato de utilização tal como um terreno que adquires . Tem porquê? Porque é bom para a sociedade pelos motivos que já expliquei, tanto sociais como económicos.
"Que subsidie jovens artistas que queiram mostrar o que valem"
Com que dinheiro? com o dos impostos das cópias e da contrafação? e a que artistas? escolhe-se à sorte? Tu conheces a área cientifica e aí pode-se atribuir bolsas aos melhores (existem notas), agora na arte quem são os melhores? quem decide isso? Não se pode comparar o que não é comparável.
«E eu pergunto, quantos empregos vão originar essas regras de cartas, quantos impostos vão gerar , quantas pessoas vão sustentar?
ResponderEliminarQual é o interesse da sociedade em proteger isso?
Eu estou a falar de economia»
E eu estou a dizer que isso não importa. Por duas razões.
Primeiro, porque independentemente de quantos empregos, impostos e lucros se pudesse gerar proibindo as pessoas de usar as cartas de que são proprietárias para jogar sem pagar licença, não seria aceitável fazê-lo porque isso violaria os direitos de propriedade que as pessoas têm sobre as suas cartas.
E, em segundo lugar, porque essa medida iria criar lucros e empregos numa parte da economia mês sem criar nada de novo. Seria apenas à custa de proibir algo e obrigar as pessoas a pagar para evitar a proibição. Isto é mau para a economia porque causa distorções no preço e ineficiências económicas ao obrigar as pessoas a gastar recursos com coisas que necessitariam de menos recursos para obter o mesmo efeito. Economicamente, a concessão de monopólios é algo a evitar.
«No entanto o que acho é não percebes como funciona o capitalismo, como se cria riqueza e de como dessa criação de riqueza depende o bem estar da sociedade.»
Percebo o suficiente para compreender que não é economicamente eficiente criar um negócio à base de proibições. O negócio deve ser reflexo de transacções livres entre os agentes económicos envolvidos. Por exemplo, promover o negócio da restauração proibindo as pessoas de fazer comida em casa seria, além de imoral, economicamente ineficiente. É preferível deixar que os restaurantes compitam livremente com a alternativa muito mais barata de cozinhar em casa, o que incentiva a que ofereçam algo de mais valor ou que cobrem preços suficientemente baixos para haver procura.
«Nada mais falso, há muito tempo que os artistas não tinham tantas dificuldades em subsistir. »
O que é que isso quer dizer? Que morrem à fome? Que não conseguem criar obras de arte? Como é que defines “artista”? Essa afirmação é tão vaga e acerca de um problema tão complexo que dá para tudo e mais um par de botas.
Mas se olhares para os números agregados, a evolução não parece justificar alarmismos. Houve uma queda na venda de cópias, naturalmente, porque a cópia já não vale nada, mas tem havido uma subida enorme nas vendas de bilhetes para espectáculos e de serviços de streaming por subscrição, além da possibilidade do artista receber directamente rendimentos por publicidade ou crowdfunding.
Mas nota que o aspecto económico não é o mais importante. Este é o ponto que insistes em ignorar: independentemente do negócio estar melhor ou pior, é ilegítimo fazer negócio à custa de violar os direitos de propriedade que os outros têm sobre os objectos físicos que adquiriram. Seja a proibi-los de jogar cartas, cozinhar, fazer iogurte ou copiar ficheiros.
Insistes em comparar bens culturais a serviços. Ensinar regras, cozinhar ou fazer iogurtes não tem nada a ver com arte nem com bens culturais. Eu não te consigo explicar a minha canção, o meu quadro ou o meu filme e mesmo que consiga não vais usufruir nada com isso.
EliminarPara que usufruas do meu bem cultura eu tenho de o produzir e é aí que entra a parte económica da coisa. Isso acarreta custos, e exige o trabalho de muitas pessoas nalguns casos. No mínimo tens de comparar isso é ao baralho de cartas ou à comida feita e mesmo assim é uma analogia muito incompleta.
"não seria aceitável fazê-lo porque isso violaria os direitos de propriedade que as pessoas têm sobre as suas cartas"
Os direitos que as pessoas têm sobre as suas cartas são proporcionais aos que os autores e criadores têm sobre as suas obras. Quando colidem, vencem aqueles que o legislador entenda que são os mais benéficos para a sociedade. Aí entram vários factores e um dos mais importantes é o económico, mesmo que isso não te agrade é assim que funciona e já expliquei porquê varias vezes porquê. O tipo do Pirate Bay já percebeu, mas a ti custa a entrar.
É engraçado a ideia que os tipos do partido pirata têm de economia. O peter do Pirate bay é a favor da pirataria porque isso defende o Socialismo, o Rick do Torrentfreak é a favor da pirataria porque isso defende o capitalismo. É a demonstração da confusão que vai naquelas cabeças.
O que mais me entristece é ver gente bem formada em Portugal a defender estas fantasias. Que só devemos produzir se nos encomendarem, que se deve permitir pirataria e contrafação.
Portugal precisa do contrário de gente que crie productos interessantes para a sociedade e que consiga fazer disso negócio mesmo que ninguém lhe encomende, só porque tem uma boa ideia e decide pô-la em prática. Infelizmente noto que o nosso ensino não está para aí virado e que não vamos sair da cepa torta tão cedo.
Aqui todos conhecemos grandes empresas tecnológicas cheias de bons engenheiros, programadores e criativos que faliram por causa desse pensamento.Em vez de aproveitarem os seus talentos e recursos para tentar ser uma Apple, só produziam se lhes encomendassem .Depois o estado fechou a torneira e foi o que se viu .
É muito fácil querermos salários iguais aos da Alemanha, mas os salário não sobem por decreto e sim se houver muita oferta de emprego. Por alguma razão os Alemães não brincam em serviço, se
fazes downloads ilegais recebes uma multa em casa.
"Cofundador do Pirate Bay criou a ‘máquina eterna de pirataria’"
ResponderEliminar«Peter Sunde desenvolveu uma máquina que faz cem cópias por segundo de uma música. Essa máquina vai depois fazendo uma contagem do total de cópias já realizadas, apresentando também um cálculo do valor que alegadamente a editora teria perdido com as tais cópias. O objetivo? Mostrar que uma cópia digital não resulta obrigatoriamente num prejuízo direto e nos valores que a indústria reclama.»
[...]
http://tek.sapo.pt/noticias/computadores/artigo/cofundador_do_pirate_bay_criou_a_maquina_eterna_de_pirataria-45511zbs.html
Esta maquina obviamente não prova nada, já que não é capaz de usufruir de nenhuma cópia, não representando por isso possíveis compradores.
Eliminar"Ao todo tenciona fazer 13 máquinas como projeto artístico, esperando pelo caminho vender mais algumas."
vender? não deveria partilhar? Então e o Socialismo?
Este criminoso foi condenado a 8 meses de prisão e a milhões de euros de indemnização à indústria. Recorreu para o Supremo tribunal Sueco e para o Tribunal Europeu Dos Direitos Humanos. Em ambos os tribunais o recurso foi negado, sendo considerado "Inadmissível". Ou seja, a pirataria é considerada um crime pelo tribunal dos Direitos Humanos. É necessário escrever mais alguma coisa sobre este assunto?
"vender? não deveria partilhar? Então e o Socialismo?"
Eliminarcontinuas com as aldrabices? ou ainda não aprendeste nada?
O criminoso em questão viu ser-lhe reconhecido pelo tribunal dos direitos humanos que os seus direitos humanos, mais concretamente a liberdade de expressão, tinham sido violados, mas optou por considerar que os direitos de monopólio da cópia se sobrepunham aos direitos humanos (!?!?!?!?).
Agora falta julgar o criminoso que anda por aqui a escrever em nome de uma empresa de telecomunicações.....
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EliminarPortanto quem não pensa como tu é um aldrabão, não interessa se sou eu, se é um legislador , se um juiz do tribunal dos direitos Humanos... Enfim, grande democrata que temos aqui, confesso que contigo ainda não aprendi nada de jeito.
Eliminar"mas optou por considerar que os direitos de monopólio da cópia se sobrepunham aos direitos humanos (!?!?!?!?) "
Artigo 27 da declaração universal dos Direitos humanos:
"2. Everyone has the right to the protection of the moral and material interests resulting from any scientific, literary or artistic production of which he is the author."
http://www.youthforhumanrights.org/what-are-human-rights/videos/copyright.html
Quanto a telecomunicações, não fazia ideia antes de mencionares o assunto e de googlar o nome, de qualquer forma o copyright tem a ver com propriedade intelectual e não se aplica a nomes.
Eu só te chamei aldrabão a ti. Não consegues mesmo parar de aldrabar......
EliminarÉ sempre boa ideia lembrares que o copyright faz parte da declaração dos direitos humanos. Já a liberdade de expressão e a privacidade ao comunicar não é necessário. Todos intuem que deve lá estar algures.....
Asterixco
Reconheço que não tenho uma ideia clara sobre o assunto. Algumas coisas parecem-me bem que possam ter associadas direitos especiais, e outros não; o problema é estabelecer uma regra de jeito que seja clara e prática.
ResponderEliminarMas também reconheço que possa ser o mercado a decidir se há ou não espaço para esses direitos, pois a partir do momento em que um produto deixa de ter interesse para o mercado, o produtor tende a embaratecer como contra medida.
Talvez seja esta para já a melhor proposta.
Entretanto, recomendo esta sessão no TED www.ted.com/talks/william_noel_revealing_the_lost_codex_of_archimedes que nos lembra de como é importante a partilha de informação, em especial para evitar que se perca.
Pois bem entao vou brincar um pouco .
ResponderEliminarHipoteticamente eu tenho um jogo Destiny , muito bem pago , ou entao um péssimo negocio mas adiante . O cachorro destroi me o jogo . Eu , recorrendo a EULA trato de pedir uma copia do jogo , nao sei como esta a eula atualmente mas deve estar sem "c" em atualmente . Manda me um original !
Como conseguir que me enviem uma cópia???
Asterixco,
ResponderEliminar«Insistes em comparar bens culturais a serviços. »
Sim. Supõe que o Asdrúbal compõe uma música. Reúne uns amigos músicos, vão para o estudo, gravam a música numa representação digital num disco rígido. Depois copiam essa representação para uns milhares de CD e vendem os CD.
O que o Asdrúbal e os amigos fizeram de cultural não é uns milhares de rodelas de plástico com uma película óptica perfurada. Esses “bens culturais” não são o relevante aqui, até porque qualquer pessoa faz disso em casa facilmente, ou nem quer o CD para nada porque põe tudo no leitor de mp3.
O contributo cultural do Asdrúbal e dos amigos foi o serviço de compor e tocar a música. O resto é mera cópia, bens de consumo de produção automatizada e sem qualquer valor por si. A única coisa de valor aqui foi o serviço de criação da música e não o serviço de cópia nem os pedaços de plástico onde a cópia é transportada.
«Para que usufruas do meu bem cultura eu tenho de o produzir»
Precisamente. É esse o serviço de valor. E é esse que tu fazes melhor do que os outros e pelo qual podes cobrar. A cópia toda a gente faz. Basta ctrl-c, ctrl-v. Isso, obviamente, não pode dar um bom negócio.
«Os direitos que as pessoas têm sobre as suas cartas são proporcionais aos que os autores e criadores têm sobre as suas obras.»
Também concordo. Os direitos que eu tenho sobre este texto são análogos aos direitos que tu tens sobre o bolo que fizeste. Que inclui o direito de não me virem cá a casa apagar isto do computador, ou o direito de não te irem aí a casa comer o teu bolo. Mas não inclui o direito de proibir as pessoas de ler, copiar, citar ou criar algo derivado das cópias deste texto que as pessoas façam nos seus computadores uma vez que publique o texto e o torne acessível a outros. Tal como seres dono do bolo que fizeste não de tá o direito de proibir outros de fazer um bolo igual se souberem a receita.
Essencialmente, o direito de propriedade sobre uma coisa é o direito de usufruir dessa coisas sem interferência de terceiros. É tu, quando estás sozinho, poderes fazer o que quiseres com aquilo que é teu. Não é o direito de proibir terceiros de fazer o que querem com o que é deles só porque o que é deles é uma cópia do que é teu. Isso não são direitos de propriedade. São abusos.
"porque qualquer pessoa faz disso em casa facilmente, ou nem quer o CD para nada porque põe tudo no leitor de mp3."
ResponderEliminarMas põe tudo o quê? Se fôr as musicas que faz em casa está tudo certo, agora se for o serviço, o trabalho, a ideia, a obra, ou o que lhe queiras chamar ; de outra pessoa , está a copiar uma coisa que não lhe pertence e à qual só tem acesso porque o dono lhe permitiu dentro de determinadas condições . Isso tem valor na cópia , não é só o custo do suporte.
"Não é o direito de proibir terceiros de fazer o que querem com o que é deles só porque o que é deles é uma cópia do que é teu"
O Problema aqui é que os direitos colidem . Tu achas que o direito de propriedade é inquestionável e que se sobrepõe a todos os outros, mas de facto não é assim. O direito à propriedade é um dos direitos humanos mais controversos, :
"A right to property is recognised in Article 17 of the Universal Declaration of Human Rights but is not recognised in the International Covenant on Civil and Political Rights or the International Covenant on Economic, Social and Cultural Rights.[2] The European Convention on Human Rights, in Protocol 1, article 1 acknowledges a right for natural and legal persons to "peaceful enjoyment of his possessions", subject to the "general interest or to secure the payment of taxes".
https://en.wikipedia.org/wiki/Right_to_property
É aos legisladores que cabe decidir o que é melhor para a sociedade quando há colisão de interesses ou direitos. Obviamente e como já referi anteriormente, os factores económicos são decisivos, até porque em certo tipo de economias os direitos de propriedade nem fariam sentido.