sábado, outubro 03, 2015

Reflexão.

Usar o dia de reflexão para decidir em quem votar é como estudar para o exame só na véspera. Não é o ideal, mas é melhor que nada. Este post não é para quem já está decidido, porque hoje não se vai convencer ninguém a mudar de ideias. Este post é para aqueles que acham que não vale a pena votar porque os partidos são todos a mesma coisa ou para aqueles que vão votar contrariados porque acham que só assim o seu voto é útil. A esses proponho que reflictam de uma forma diferente.

Amanhã vamos votar em partidos. Mas vamos eleger pessoas. Em cada círculo eleitoral, cada partido apresenta uma lista e é dessas listas que os nossos votos vão eleger quem vai para a Assembleia da República. E mesmo que os partidos pareçam todos a mesma coisa, devia ser fácil perceber que a Mariana Mortágua não é o Paulo Portas, nem o Rui Tavares é o Passos Coelho, nem o Marinho Pinto é o Jerónimo de Sousa. O número de deputados por círculo eleitoral varia conforme o número de eleitores, de 2 em Portalegre a 47 em Lisboa, mas dá cerca de um deputado por cada cinquenta mil eleitores. É esse o valor do voto de cada um. Não é muito, mas é alguma coisa e faz diferença. Faz diferença porque mesmo que os partidos pareçam todos o mesmo as pessoas claramente não são. Por isso, a quem está indeciso, recomendo dar uma olhada nas listas para o seu círculo eleitoral. Facilmente deverá notar alguma diferença.

Quanto àqueles que preferiam votar num partido pequeno mas vão votar num partido grande por lhes parecer mais útil, gostava de apontar que os deputados podem fazer muito mais do que votar leis. A Mariana Mortágua, por exemplo, votou quase sempre vencida no hemiciclo mas fez um trabalho muito melhor na Assembleia da República do que os batalhões de fantoches que só lá vão levantar o braço a mando das direcções partidárias. A julgar pela prestação no Parlamento Europeu, também não é razoável assumir que o Rui Tavares e o Marinho Pinto vão fazer a mesma falta no nosso. Os deputados participam em comissões que elaboram as propostas e os projectos de lei em detalhe, e nessas coisas os detalhes contam. Os deputados intervêm no Parlamento (2), elaboram pareceres e relatórios, ouvem os eleitores e associações quando há discussões sobre propostas de legislação e fazem uma data de coisas que, tudo somado, têm bastante impacto na forma como o país funciona. Por isso não faz sentido votar num partido só porque vai ter mais deputados do que outro. Faz muito mais sentido votar nas pessoas que queremos que nos representem na Assembleia da República.

Assim, para este dia de reflexão, recomendo que consultem as listas de candidatos ao vosso círculo eleitoral. Se não sabem quem são as pessoas, procurem no Google. Quanto mais não seja para evitar votar naquele que acha que os idosos são uma praga ou no outro que diz que é preciso mentir para ganhar votos.

E se, mesmo assim, ainda estiverem indecisos, votem nuns que nunca lá tenham estado. Se é só para por rabos nas cadeiras, ao menos que se vá mudando os rabos. Não façam é como os quatro milhões de eleitores que não votaram em 2011 por acharem que os seus votos valiam menos que os dois milhões do PSD ou os seiscentos mil do CDS (3).

1- CNE, Mapa de deputados e sua distribuição pelos círculos eleitorais
2- Os que lá vão. Há uns, como um tal Carlos Páscoa Gonçalves, do PSD, que nem para isso parecem ter muita disponibilidade: Presenças a Reuniões Plenárias
3- RTP, Legislativas 2011

3 comentários:

  1. Ainda bem que o Jerónimo de Sousa não é o mesmo que o Marinho Pinto. Para demagogo já basta o último.

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    1. Certo. O Jerónimo é mais do tipo saudosista... O Alentejo ainda vai voltar a ser nosso, camarada!

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  2. Infelizmente foi precisamente isso que os portugueses fizeram: ficar em casa porque achavam que o voto deles não contava para nada...

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