domingo, dezembro 29, 2013

Treta da semana (passada): Cacique Cobra Coral.

Um leitor brasileiro enviou-me notícias de uma interessante parceria público-privada no Rio de Janeiro, cujo prefeito acabou de «renovar o contrato com a Fundação Cacique Cobra Coral. Esta fundação tem poderes mentais que desviam a chuva»(1). Segundo o site da fundação, «A Fundação Cacique Cobra Coral foi criada para intervir nos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza. Fundada por Ângelo Scritori e tendo a frente sua filha Adelaide Scritori», uma médium que “incorpora” o espírito do Cacique Cobra Coral, alegadamente o mesmo espírito que já fora «Galileu Galilei e Abraham Lincoln» antes de se tornar cacique. A Adelaide nasceu «acompanhada de uma profecia» do espírito do Padre Cícero que, manifestando-se por intermédio do pai dela, anunciou que a Adelaide teria «poderes para se comunicar com [...] um ente poderoso o suficiente para alterar fenômenos naturais»(2).

Além do ridículo de pagar ao espírito do cacique para levar a chuva para outras bandas, há também um aspecto trágico nesta parvoíce. As chuvas torrenciais no Estado do Rio de Janeiro são um perigo real para muita gente que vive em zonas sensíveis a inundações e derrocadas. Em Janeiro de 2011, por exemplo, morreram mais de novecentas pessoas num só dia de chuva (1). Investir em espiritismos quando há necessidades tão prementes devia ser crime.

Independentemente da gravidade das consequências, não se deve gastar o erário neste tipo de coisas. Nem é por serem fantasia. É legítimo haver investimento público em arte e cultura; não é obrigatório que o Estado invista apenas no que é factual ou útil no sentido prático. E, ao que parece, estas coisas do espiritismo têm muitos adeptos no Brasil, provavelmente ainda mais do que por cá. Mas não se deve gastar dinheiro público nisto porque o investimento presume que há mesmo espíritos com esses poderes, e pessoas especiais que os contactam, sem que haja quaisquer evidências objectivas de que tal premissa seja verdadeira. Não se pode provar que seja falsa, mas nada indica que seja verdade e, por isso, é um mau investimento.

Por cá temos um problema análogo. Não parece tão ridículo, talvez por ser mais discreto ou talvez pelo hábito, mas é fundamentalmente o mesmo. É o dinheiro que o Estado gasta com algumas organizações religiosas, especialmente a Igreja Católica. Desde isenções fiscais ao financiamento da propaganda religiosa nas escolas públicas, passando pelas capelanias dos hospitais e forças armadas, há muito dinheiro que vai dos impostos para estas organizações por uma premissa tão infundada como a da Adelaide falar com o espírito do cacique e este intervir na meteorologia. É a premissa de que os sacerdotes de algumas religiões falam com um Deus que lhes comunica doutrina e, ocasionalmente, faz um milagre ou outro.

Isto não tem nada que ver com a liberdade de crença, que não nego a espíritas ou religiosos, nem com a tradição e cultura de cada povo. Não me choca que o Estado invista na recuperação de mosteiros ou igrejas nem me oporia a uma disciplina sobre religiões na escola pública. Já várias vezes tive de relatar aos meus filhos trechos da Bíblia para poderem perceber referências que surgem em filmes ou livros, por exemplo. As religiões são uma parte significativa da nossa história e cultura e penso que o Estado deve contribuir para preservar essa memória. Mas isso não é o mesmo que pagar professores escolhidos por organizações religiosas, padres em hospitais e quartéis ou espíritas para fazer a chuva parar. Esses investimentos pressupõem mais do que um significado cultural ou valor histórico. Pressupõem que essas pessoas têm mesmo uma ligação especial ao sobrenatural e essa premissa é treta.

1- Jornal do Brasil, Garotinho condena convênio entre Paes e Fundação Cacique Cobra Coral. Obrigado pelo email com o link.
2- Fundação Cacique Cobra Coral, A Fundação

19 comentários:

  1. A igreja católica, com todos os defeitos históricos/humanos, nada tem a haver com espíritas e espiritismos e condena as suas práticas. Quanto às premissas, o Ludwig é que as escolhe. Não querer entender a bíblia e a história da igreja é uma opção do Ludwig. Bíblia e igreja católica têm uma história que relega para planos secundários outras histórias, inclusive a história do Estado. A igreja católica tem funcionado e tem sido "o princípio normativo", a "ideia de direito", o verdadeiro tribunal constitucional, para regimes e sistemas políticos. Por exemplo, os absolutismos políticos tinham como limites "a doutrina da igreja" e a "consciência do monarca". Para não falar no manancial de pedagogia e socialização na virtude e nos círculos virtuosos que os Estados nunca puderam nem quiseram arrebatar-lhe, apesar de estes disporem de recursos financeiros imensamente mais abundantes.
    E isto é um breve apontamento ao fim de um dia que já vai longo.
    Tentar comparar a igreja, que é constituída pelas pessoas, passadas e presentes que dela fazem parte, e por toda a sua acção pré-ordenada à fé em Jesus Cristo, verdadeiro e invencível tribunal de todos os poderes e quereres e fazeres, a uma espírita de "algures", não é propriamente uma ousadia, é algo difícil de qualificar, que não tem ponta por onde se lhe pegue.

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    1. A Igreja Católica nada tem a ver com espíritos e espíritas? Interessante! E com exorcismos também não, com toda a certeza!
      O que é que a bíblia tem para entender? Nada! A não ser a interpretação imparcial que, pelos vistos, só os ateus consegue fazer.
      A ICAR tem funcionado como "princípio normativo"? Não, desde as luzes! Vem a espaços, sorrateiramente, e tropeça qual sonâmbulo esqueleto sobre os restos da sua própria mortalha.
      Fala de recursos financeiros? Pasme-se a arrogância! Eu chamar-lhe-ia idiotice! Sem medos, porque não devo nada se não a mim próprio, Deus do nada e parte do Universo. Falamos aqui da instituição mais poderosa e rica do planeta Terra, for nature's sake!
      O fanatismo que engolis por intermédio de umas hóstias alucinogénias chega a ser digno de dó. Cristo, o tal que haveis coroado sem autorização lhe pedir, teria vergonha de tão reles pelintras que dele se alimentam. Dixit!

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    2. o fanatismo tem várias dimensões ó fanático afanático ufanum

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  2. A CIÊNCIA DOS NEANDERTAIS E O ENSINO BÍBLICO

    A Bíblia ensina que todos os seres vivos foram criados para se reproduzirem de acordo com o seu género. É isso que observamos. Isso significa que homens e macacos são seres de géneros distintos, contemporâneos uns dos outros.

    No entanto, os evolucionistas, para provarem a evolução de macacos para homens (sim, porque o hipotético antepassado comum seria certamente mais próximo do macaco), precisam
    desesperadamente de encontrar os seus macacos-homem e homens-macaco.

    As técnicas são simples: 1) fraude (Homem de Piltdown); 2) mistura errada de fragmentos de macacos, homens e até outros animais (v.g. Homem de Nebraska; Homo Erectus); 3) upgrade humanizador de fósseis de macaco (v.g. Lucy); e, finalmente, downgrade “macaquizador” de verdadeiros seres humanos (v.g. Neandertais).

    Durante muitas décadas os Neandertais foram apresentados pela comunidade evolucionista como o paradigmático homem-macaco, ou homem amacacado, evidência de evolução.

    No entanto, cada vez mais temos evidência de que os Neandertais eram verdadeiros seres humanos, dentro da variabilidade genética e anatómica do género humano.

    Eles tinham capacidade linguística partilhando essa capacidadecom os demais seres humanos.

    Eles falavam como os humanos.

    Eles fabricavam ferramentas e armas.

    Eles eram caçadores sofisticados e destemidos segundo linhas culturais específicas.

    Eles eram bastante avançados, exactamente com os demais seres humanos.

    Eles organizavam o seu espaço.

    Eles reproduzem-se com os seres humanos.

    Na verdade, os Neandertais não se distinguem dos demais seres humanos.

    Daí que sejam vãs as tentativas de encontrar antepassados evolutivos dos Neandertais.

    Não é essa a chave para a sua correta compreensão. Só a fantasia evolucionista (desmentida pela evidência) é que tenta fazer dos Neandertais outra coisa que não seres humanos.

    A resposta para os Neandertais está na variabilidade genética dentro do género humano e que inclui, além deles, pigmeus, aborígenes, zulos, esquimós, masai, etc., etc.

    Trata-se apenas de variações dentro do género humano, como a Bíblia ensina.

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  3. Carlos Soares,

    Eu não estou a comparar a vidente com a Igreja Católica. Estou a criticar a decisão de investir dinheiro público em certas pessoas só pela alegação, infundada, de que essas pessoas têm uma ligação especial com seres sobrenaturais. Serem videntes, padres ou bispos é indiferente.

    O valor histórico e cultural das religiões não é relevante nisto, porque é perfeitamente possível preservar e promover esses valores sem assumir o que quer que seja acerca do sobrenatural.

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  4. Ludwig,

    «Estou a criticar a decisão de investir dinheiro público em certas pessoas só pela alegação, infundada, de que essas pessoas têm uma ligação especial com seres sobrenaturais.»

    E achas que é isso que acontece no caso da igreja católica? Só pela alegação da ligação com seres sobrenaturais? Eu diria que não, que é pelas outras razões sociais e económicas.

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  5. A CIÊNCIA DOS CROCODILOS E A DOUTRINA BÍBLICA DA CRIAÇÃO

    A Bíblia ensina que seres humanos, crocodilos e os dinossauros foram criados na mesma semana.

    E a verdade é que os crocodilos coexistem com seres humanos, assim como coexistiram com os dinossauros, entretanto extintos, havendo disso ampla evidência.

    Os evolucionistas dizem que os dinossauros entretanto evoluíram para aves durante supostos milhões de anos, algo duvidoso e impossível de observar e de testar.

    É fruto apenas da imaginação evolucionista.

    De resto, a evidência é tanta ou tão pouca, que permite afirmar uma coisa e o seu contrário.

    Além disso, não se compreenderia porque é que os dinossauros evoluíram para aves, quando, ao longo desse mesmo tempo, os crocodilos continuaram a ser crocodilos, diversificando apenas dentro do mesmo género.

    Porque é que as pressões selectivas teriam operado tantas diferenças nos dinossauros, ao mesmo tempo que os crocodilos permaneceram iguais a si próprios?

    A está algo para estimular a imaginação evolucionista.

    A verdade é que tudo o que realmente vemos são os seres vivos a reproduzirem-se de acordo com o seu género, tal como a Bíblia ensina.

    Os factos são esses e só esses. Nunca ninguém viu outra coisa.

    Mesmo Darwin só viu tentilhões a “evoluírem” para tentilhões e tartarugas a “evoluírem” para tartarugas.

    Os crocodilos continuam a ser do mesmo género quer quando coexistiam com os dinossauros quer quando coexistem com os seres humanos.

    Eles corroboram o que a Bíblia diz e mostram que a evolução só ocorre mesmo na imaginação dos evolucionistas...

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  6. A CIÊNCIA DA RESISTÊNCIA DAS BACTÉRIAS AOS ANTIBIÓTICOS E A CRIAÇÃO.

    Os evolucionistas apresentam a resistência das bactérias aos antibióticos como “prova” de que as bactérias se poderiam ter transformado em bacteriologistas ao longo de milhões de anos(!).

    No entanto, os seus exemplos mostram, invariavelmente, que as bactérias continuam a “evoluir” para bactérias(!), sendo que os processos envolvidos nessa resistência aos antibióticos em nada provam a evolução de bactérias para bacteriologistas.

    Vejamos a evidência.

    Nalguns casos, a resistência adquire-se diminuindo a capacidade de ingestão tóxicos e dos nutrientes em geral, pondo em causa a capacidade de sobrevivência e reprodução das bactérias a longo prazo.

    Noutros casos, elas tornam-se resistentes aos antibióticos quando sujeitas a pressão. Nestes casos, a bactéria “evolui” para… uma bactéria stressada!

    A resistência também pode ser adquirida através da troca de informação genética pré-existente no DNA, entre bactérias de diferentes espécies, não se criando estruturas e funções inovadoras e mais complexas.

    Nalguns casos, os químicos tóxicos apenas desencadeiam uma espécie de dormência nas bactérias, que dura enquanto subsiste o ataque tóxico, não se criando qualquer estrutura ou função nova e mais complexa.

    Ou seja, nada na resistência das bactérias aos antibióticos prova a origem acidental da vida ou a hipotética transformação de micróbios em microbiologistas ao longo de milhões de anos.

    Em todos os exemplos, bactérias são sempre bactérias, e nalguns casos com as suas capacidades diminuídas, corroborando o que a Bíblia ensina sobre criação e corrupção.

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  7. Embora o tema dos "rainmakers" seja muito interessante, aproveito este tópico que mete "água" para reavivar algo que continua a ser um dos meus cavalos de batalha... "water memory"!

    Eis um curto vídeo de 3 minutos que reaviva o interesse sobre esta questão, que continua a ser largamente ignorada:

    A memória da água

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  8. O vídeo sobre a memória da água, parece corroborar inteiramente o design (super-inteligente) da criação, mostrando que esta não é só matéria e energia, mas também informação.

    Ele é interessante à luz do que a Bíblia ensina sobre o papel da água na Criação:

    Vejamos:

    "No princípio criou Deus o céu e a terra.
    E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
    E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
    E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
    E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
    E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
    E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi."

    Gênesis 1:1-7

    Os criacionistas sempre disseram que a água é uma maravilha de design.

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  9. "Desde isenções fiscais ao financiamento da propaganda religiosa nas escolas públicas, passando pelas capelanias dos hospitais e forças armadas, há muito dinheiro que vai dos impostos para estas organizações"

    Isso é o de menos, Ludwig. Estão bem identificadas e não é disso que vivem. Quem está preocupado com o reconhecimento público dado a essas instituições está mais interessado é em destruir e silenciar essas actividades do que outra coisa. Bem pior é o dinheiro dos impostos que é gasto em salários a quem se serve da sua condição de professor para, qual porta-voz do conhecimento científico, propagandear as ideologias com que simpatiza particularmente.

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  10. Nuno Gaspar,

    O dinheiro que o Estado perde com grupos religiosos, incluindo a contratação de professores e capelães, é significativo. Não é “de menos”, especialmente nas circunstâncias em que vivemos agora.

    Por outro lado, as ideias que cada cidadão exprime a título pessoal não são assunto que diga respeito ao Estado.

    Finalmente, parece-me que este tipo de comentários revela uma grande hipocrisia. Criticas-me por defender o meu ateísmo num blog pessoal, sem qualquer referência institucional, mas não pareces preocupado com iniciativas como esta em que grupos de professores e alunos de uma faculdade pública defendem a sua religião associados à instituição (e com apoio desta). Eu não tenho nada contra que católicos da minha faculdade se associem e usem salas de lá que não estejam ocupadas, tal como não tenho nada contra que haja na minha instituição clubes de teatro, jogos de estratégia ou desporto. Mas eu não ando a defender que deviam cortar o salário a essas pessoas por causa das ideias que defendem a titulo pessoal.

    Achas mesmo que me deviam despedir por ser ateu? Ou achas que eu devia ser despedido por ser um professor incompetente? Volta e meia pões-te com estas insinuações mas parece sempre faltar-te a coragem de dizer algo em concreto...

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  11. Não te faças de vítima, como de costume, Ludwig. O que está em causa não é a condição religiosa de cada um. O que não se pode permitir é que a essas convicções de âmbito religioso, sejam católicas, evangélicas ou ateias, seja atribuída uma autoridade científica que não têm. Nada teria a criticar se, numa disciplina opcional, em vez da presunção de querer ensinar a decidir aquilo em que cada um deve ou não acreditar, se identifique e assuma, por exemplo, a divulgação do pensamento neoateísta. Isso sim, seria dinheiro bem empregue (como aquele que é gasto com professores de Religião e Moral). Tanto mais que tens aqui registadas provas de competência mais do que suficientes para a função.

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  12. Nuno Gaspar,

    Se defendes que o pior é pagarem-me o ordenado, não é difícil julgar que tens algo contra mim. Mas esta afirmação não tem nada que ver comigo:

    «O que não se pode permitir é que a essas convicções de âmbito religioso, sejam católicas, evangélicas ou ateias, seja atribuída uma autoridade científica que não têm.»

    Se um crente religioso defende que a Terra tem 10 mil anos de idade e um geólogo aponta que isso é falso, o geólogo não está a dar autoridade científica a uma convicção religiosa. Está a defender uma posição legitimamente científica.

    Se um espírita defende que canaliza o espírito do Cacique Cobra Coral, um cientista pode dizer que isso é treta porque não há evidências suficientes para sustentar uma afirmação dessas e essa hipótese contradiz o que se sabe de neurologia e fisiologia.

    E quando um católico diz que sabe pela fé que há vida depois da morte, um cientista tem legitimidade científica para apontar que a fé não permite saber tal coisa, e que isso da vida depois da morte é tão implausível como a canalização do Cacique Cobra Coral, exactamente pelas mesmas razões.

    «em vez da presunção de querer ensinar a decidir aquilo em que cada um deve ou não acreditar»

    Como é que propões ensinar ciência sem dizer em que proposições acreditar e quais rejeitar? Achas que a ciência é só um jogo onde se acerta se responder “A Terra tem mais de quatro mil milhões de anos de idade” mas é irrelevante se a pessoa acredita que só tem 10 mil? Achas que a verdade e a honestidade não têm valor em ciência?

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  13. Não tenho nada contra ti, Ludwig, antes pelo contrário. Devo-te muitos momentos intelectualmente estimulantes nos últimos 5 anos. E até teria muito gosto em conhecer-te pessoalmente. Só não acho que o salário de quem faz do ensino da apologia neoateísta profissão seja mais merecido do que o de um capelão num hospital ou de um professor de religião e moral que tanto te incomodam.

    "Se um crente religioso defende que a Terra tem 10 mil anos de idade e um geólogo aponta que isso é falso, o geólogo não está a dar autoridade científica a uma convicção religiosa. Está a defender uma posição legitimamente científica"

    Não interessa para nada se quem defende que a Terra tem 10 mil anos ou 5 mil milhões de anos é crente religioso ou não. Interessam os factos que apresenta para chegar a essa conclusão. Tu é que andas sempre à procura de casos em que quem defende um disparate qualquer possa ter alguma coisa a ver com religião e que isso faça parte do que a caracteriza. Treta.

    "Como é que propões ensinar ciência sem dizer em que proposições acreditar e quais rejeitar? "

    A ciência progride mais com quem desconfia daquilo que alguém que a invoca afirma do que com quem a invocando pretende obrigar a acreditar no que diz.

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  14. «Só não acho que o salário de quem faz do ensino da apologia neoateísta profissão seja mais merecido do que o de um capelão num hospital ou de um professor de religião e moral que tanto te incomodam.»

    Eu também não acho. Se houvesse professores de ateísmo nas escolas públicas nomeados pela Associação Ateísta Portuguesa eu seria contra, mesmo sendo parte da direcção dessa associação.

    Mas não é esse o caso. No meu caso em particular, fui contratado num concurso público, e não por nomeação confessional, e não dou aulas de apologia neoateísta.

    «Não interessa para nada se quem defende que a Terra tem 10 mil anos ou 5 mil milhões de anos é crente religioso ou não. Interessam os factos que apresenta para chegar a essa conclusão.»

    Boa, e bem vindo à discussão racional. É precisamente isso que eu estou a dizer há uma carrada de tempo. Não interessa nada se a pessoa tem fé que Maria era virgem ou não, que o Papa é infalível ou que Deus existe. O que interessa é o facto de não haver evidências concretas que justifiquem concluir essas coisas, e a fé não tem nada que ver com o assunto.

    «A ciência progride mais com quem desconfia daquilo que alguém que a invoca afirma do que com quem a invocando pretende obrigar a acreditar no que diz. »

    Certo. E não é só com o que afirmam invocando a ciência. É o que afirmam, ponto. Desconfiar é sempre bom.

    Só que também é verdade que quando desconfiamos de várias alternativas há algumas que resistem. Podes desconfiar da curvatura da Terra ou da força da gravidade, mas se as puseres à prova vez que o que tem de ceder é a tua desconfiança. É nesses casos que, tentativamente, se encontra algo que mereça ser crença.

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. "Não interessa nada se a pessoa tem fé que Maria era virgem ou não, que o Papa é infalível ou que Deus existe. O que interessa é o facto de não haver evidências concretas que justifiquem concluir essas coisas, e a fé não tem nada que ver com o assunto.

    Alto. Aqui o que há é evidências concretas de que há gente que não tem outras coisas para fazer do que escarnececer e tentar desconstruir códigos e representações de quem partilha visões da vida e da morte diferentes das suas. Sendo a subjectividade o que predomina nestes domínios, a fé tem tudo a ver com o assunto e "cientistas" não têm que meter o bedelho.

    "É nesses casos que, tentativamente, se encontra algo que mereça ser crença"

    Crença não é nada disso. Ninguém consegue acreditar no contrário do que vê.

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