quarta-feira, fevereiro 17, 2016

Ciência, transportes e tretas.

Nos poucos séculos desde que se reconheceu o seu potencial, a ciência tem acelerado imenso a nossa compreensão da realidade. Mas o fervilhar constante de descobertas científicas e avanços tecnológicos é uma situação inédita na história da humanidade. Durante centenas de milénios, o normal foi cada um morrer numa sociedade com o mesmo conhecimento e tecnologia que tinha quando nascera. Até recentemente, o progresso foi raro, pontual e imprevisível. Esta mudança rápida e a impiedade com que a ciência desmascara tretas causam conflitos com tradições influentes que nos chegam de outros tempos. Reconhecendo a insensatez de contradizer a ciência perante audiências mais esclarecidas, os defensores destas tradições tentam disfarçar o conflito de várias maneiras. Por exemplo, a astrologia faz muitas contas para parecer científica. O criacionismo inventa uma diferença entre “ciência operacional” e “ciência histórica” para alegar que o rigor objectivo da ciência só se aplica ao presente, enquanto que o passado pode ser explicado pela fé e por milagres. A teologia diz ser uma via paralela de conhecimento e ter regras próprias. Assim, quando propõe que uma certa mulher engravidou virgem por intervenção divina, a biologia, medicina ou fisiologia não têm nada que ver com o assunto. Só se a alegação vier de outra religião, acerca de outra mulher e de outro deus, é que já se pode usar a ciência para desmascarar tal crendice como superstição de pessoas ignorantes.

Além da diversidade dos truques e da arbitrariedade destes critérios, a ciência é demasiado complexa para se detalhar facilmente o que cabe lá dentro e o que fica de fora. Lakatos até propôs que não se delimitasse a ciência pelos detalhes de cada momento mas apenas pelo decurso do processo, que será científico se produz conhecimento e não-científico se só protege ideias ultrapassadas. Por isso, não é razoável procurar uma lista de verificação com detalhes onde possamos marcar as caixinhas e decidir se algo é ou não é ciência. O melhor antídoto para os truques das tretas é uma noção clara do que faz a ciência ser o que é.

O conceito de “meios de transporte” tem de abarcar coisas muito diferentes, de mulas a aviões e de petroleiros a patins. Por isso, é fútil tentar delimitar este conceito por detalhes como tamanho, combustível ou número de rodas. Mas é fácil percebê-lo considerando o propósito de ajudar a transportar coisas. Assim, se alguém alegar que uma estátua de mármore é um meio de transporte porque tem a forma de um avião ou que o carro do Papa não é um meio de transporte porque é teológico, basta recordar esse propósito para rejeitar de imediato ambas as hipóteses.

Com a ciência passa-se o mesmo. A ciência é o método que usamos para compreender coisas tão diversas como a estrutura social do antigo Egipto, os mecanismos de formação das estrelas, os critérios de selecção sexual nos chimpanzés ou a taxa de mutações das histonas de levedura. Tal como no conceito de meios de transporte, também no de ciência não adianta ir à pesca de detalhes. Apesar de cada um destes problemas ser abordado com métodos detalhados e bem estabelecidos, o que há de comum entre todos não são esses detalhes. É o propósito de maximizar a probabilidade de encontrar as explicações que melhor se aproximam da realidade. Daqui surge o tal esboço do “método científico”, um ciclo permanente de conjecturas, previsões, recolha de dados, testes, selecção de alternativas e assim por diante. Mas a forma correcta de pensar na ciência não é como uma receita com passos fixos. A ciência é um processo orientado pelo objectivo de compreender a realidade e tudo o resto é mera consequência disso.

É verdade que, em muitos casos, a ciência exige tecnologia de ponta, estatística sofisticada, imensa gente e muito dinheiro. Só assim se consegue a informação necessária para compreender a estrutura do átomo ou o que acontece dentro das estrelas. Mas o avião a jacto ser rápido e caro não impede a bicicleta de ser o meio de transporte mais adequado em certas situações. Mesmo sem aceleradores de partículas ou doutoramentos em estatística, a ciência também serve para avaliar as alegações dos padres, dos astrólogos e dos vendedores de banha da cobra. Há muitos casos em que não é preciso ferramentas sofisticadas para encontrar a melhor explicação. Por exemplo, há muita gente que acredita que extraterrestres raptam pessoas para lhes mexer no recto, outros que Deus ditou o Corão a Maomé e outros ainda que as almas dos rebeldes que Xenu matou andam coladas às nossas. Quem defende estas coisas explica que acredita porque é verdade. Mas, como as evidências indicam que a adopção de crenças falsas é muito mais provável do que qualquer uma destas alegações, uma avaliação imparcial e objectiva das alternativas revela uma explicação melhor. Esta gente anda enganada. É verdade que esta análise está para o que se faz no CERN como uma carroça está para um foguetão. Mas uma carroça também é um meio de transporte e é útil em muitos casos onde um foguetão não serve.

A ideia de que todos podem fazer ciência – a procura sistemática, imparcial e objectiva pela melhor explicação – é péssima para a propagação de tretas. Não é por acaso que, ao longo de quase toda a história, e ainda hoje em muitos sítios, era meio caminho andado para a prisão ou a fogueira. Agora que a ciência tem tal utilidade prática que é inviável reprimi-la ou ignorá-la, além da sua aplicação imunizar contra a maioria das tretas, até a noção do que é a ciência tem um efeito protector porque torna mais difícil disfarçar o conflito. Quem julgar que ciência é fazer contas ou trabalhar num laboratório pode facilmente ser convencido de que a astrologia é ciência ou que a ciência não pode criticar a teologia. Mas quem perceber que não é preciso jactos, asas e velocidade supersónica para ser um meio de transporte já não vai enfiar esse barrete.

12 comentários:

  1. «Mas uma carroça também é um meio de transporte e é útil em muitos casos onde um foguetão não serve.

    A ideia de que todos podem fazer ciência – a procura sistemática, imparcial e objectiva pela melhor explicação – é péssima para a propagação de tretas. Não é por acaso que, ao longo de quase toda a história, e ainda hoje em muitos sítios, era meio caminho andado para a prisão ou a fogueira.»

    - É como quando se interpreta uma lei - dispõe o n.º 2 do art.º 9.º do Código Civil que "Não pode, porém, ser considerado pelo intérprete o pensamento legislativo que não tenha na letra da lei um mínimo de correspondência verbal, ainda que imperfeitamente expresso."

    Pois... Todos podemos (e devemos) interpretar a lei (e fazer ciência).

    O que me confunde um pouco é que se desvalorize tanto o efeito placebo (e o "nocebo") - se é um efeito placebo, não precisa também de ser explicado, como costuma não ser, abandonando-se os inanes às tretas das demais pseudociências?

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    1. Os criacionistas nada têm contra a ciência. Pelo contrário!

      Apenas dizem que não existem provas científicas da evolução!

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    2. Criacionismo Bíblico, não confundas usufruto da ciência com não ter nada contra a ciência: tu detestas ciência, tal como o rapazinho que joga video-jogos sofisticados em 3D detesta matemática.

      A ciência não é um mero monte de dados ou observações, nem um instrumento para defender dogmas - quem não tem nada contra ciência, não a despreza em detrimento de um livro que consideram infalível, nem anda a fazer "cherry picking" para esse efeito, nem anda a mostrar vídeos de um par de leigos que nunca fizeram qualquer investigação científica. Também vais mostrar-me vídeos para mostrar que tu é que sabes como fazer um programa informático, mas eu não?

      E existem imensas provas científicas da evolução descobertas e aceites por ateus, agnósticos, budistas, hindus, muçulmanos, judeus, cristãos, etc:
      * Evolution (explicação do que se trata)
      * Falsifying Phylogeny II: Evolutionary Law
      * What is the Evidence for Evolution?
      * Your Genes: More Virus than Human
      * Evidence for Evolution: Pseudogenes (and the platypus)
      * Evolution Primer #3: How Do We Know Evolution Happens?
      * Proof of Evolution - Part 4 Embryology
      * Evolution: It's a Thing - Crash Course Biology #20
      * The Evidence For Evolution Made Easy
      * (1/3) The light of evolution: What would be lost
      * Evolution: Genetic Evidence - Endogenous RetroVirus
      * Facts Of Evolution (Cassiopeia Project)
      * Kent Hovind vs Molecular Geneticist Nice Beat Down!

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    3. Tudo argumentos mais ultrapassados e mais do que refutados. Mais vale acompanhar observações mais recentes sobre informação codificada no genoma, que corrobora uma criação hiper-inteligente seguida de corrupção, tal como se encontra no Génesis 1 a 3.

      O que eles dizem que corrobora a CRIAÇÃO HIPER-INTELIGENTE:

      "DNA, RNA, protein -- the end. Or is it? Until recently, the pattern used to encode genetic information into our cells was considered to be relatively straightforward: four letters (A,G,C,T) for DNA and four (A,G,C,U) for RNA. This equation, however, turned out to be oversimplified -- RNA was holding out."


      "RNA molecules have a wide variety of functions, including storage of genetic information as well as catalytic, structural, and regulatory activities. This is in contrast to the important but one-dimensional function of DNA in encoding genetic information."

      "The 140 or so different modifications that decorate RNA increase significantly the vocabulary of RNA and enable the various types of RNA, including mRNA, rRNA, tRNA, siRNA, miRNA and, lncRNA, to implement their versatile activities,"

      Thousands of genes are decorated by this modification, allowing cells to regulate the expression of proteins needed for key biological processes."

      O que eles dizem que corrobora a CORRUPÇÃO:

      "We expect disruption of this new regulatory mechanism to be associated with disease states such as cancer and neurodegenerative disorders,"

      "The research groups are currently studying the cellular processes involved in "writing" and "erasing" m1A, as well as the biochemical pathways regulated by this new RNA modification. In the future, they plan to explore the role of m1A methylation in embryonic development and its involvement in cancer and neurodegenerative disorders."

      Conclusão: especulações evolucionistas à parte, os dados genéticos realmente observados corroboram o que a Bíblia ensina sobre CRIAÇÃO HIPER-INTELIGENTE e CORRUPÇÃO.

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    4. Na verdade, os estudos genéticos apenas mostram a existência entre uma relação clara e inequívoca entre mutações e corrupção, doenças e morte, corroborando Génesis 3.

      O que eles dizem que corrobora a CORRUPÇÃO:

      "This new model not only provides clues into the process of mutation, but also helps discover possible genetic risk factors that influence complex human diseases, such as autism spectrum disorder."


      "When they applied their model to these data, they found an improvement over existing methods for predicting which rare or new mutations were associated with human disease."


      "We were able to refine the focus somewhat on likely pathogenic variants for follow-up work, though we'll need quite a bit more work to correctly pinpoint the right variants and genes for autism or even Alzheimer's disease where sequencing data is readily available,"

      Ou seja, mutações, sim. Corrupção, sim. Evolução de bactérias para bacteriologistas, não.

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    5. Criacionismo Bíblico,

      deves conhecer o argumento da banana, de Ray Comfort. Cometes muitos dos mesmos erros desse argumento.

      Ray Comfort enumerou várias características da banana, comparando-a com designs criados por humanos, concluindo que é uma criação de Deus para usufruto dos humanos. Mas apenas usou uma anomalia como uma amostra tendenciosa e subjectiva para um argumento idiota.

      A veracidade da teoria da evolução implica que existem obstáculos para os seres-vivos, como as doenças. Tu fazes o mesmo que Comfort pegando apenas nas mutações malignas, ignorando aquelas que são benéficas para a propagação das espécies. O que dizes corroborar a "corrupção" não é um problema para a evolução, que também explica muito melhor tudo o resto sem "cherry picking".

      Mas afinal onde existe esse conceito de corrupção na Bíblia? O consumo do fruto proibido e a saída de Adão e Eva do jardim apenas implicou:
      * capacidade de distinguir o bem do mal (gen 3:5,7,22),
      * aos humanos, inimizade entre mulher e serpente (gen 3:15),
      * dores de parto e domínio do macho (gen 3:16),
      * muito trabalho para aceder ao alimento (gen 3:17,18,19),
      * impedimento ao consumo do fruto da vida eterna (gen 3:22)

      Não se refere a algo como mutações, câncro ou doenças, por isso apenas um alucinado pode achar que essas coisas corroboram a tua crença. Seja como for, se a corrupção for a existência de doenças, então isso não é nada de especial em estar referido num documento da Antiguidade. É óbvio que existem doenças e era normal inventar explicações "ad hoc" para elas. Mais impressionante foram induções sobre o Cosmo de Demócrito a partir da sua ideia de átomo.

      Mas o conceito evangélico de corrupção não é apenas sobre doenças: também deve haver uma degradação progressiva ao longo dos tempos da saúde, da longevidade e do intelecto da humanidade. Que eu saiba, acontece exactamente o contrário, de acordo com as estatísticas de mortalidade, esperança média de vida, número de doenças, educação e invenções.

      Mais alguma coisa?

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  2. Porque é que uma abordagem científica haveria de obrigar a ignorar o efeito placebo? À excepção das salsichas, não me parece que compreender uma coisa a torne menos agradável...

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    1. LUDWIG KRIPPAHL (LK) ENCONTRA O FILÓSOFO SÓCRATES E DIALOGA COM ELE SOBRE AS ORIGENS


      LK: Sabes Sócrates, estou convencido de que os micróbios se transformaram em microbiologistas ao longo de milhões de anos e que os criacionistas fazem alegações infundadas acerca dos factos.

      Sócrates: A sério? Grandes afirmações exigem grandes evidências!! Quais são as tuas? Se forem realmente boas, convencerão certamente os criacionistas!

      LK: É simples! O meu “método científico”, o meu “naturalismo metodológico”, o meu “empírico”, a minha “abordagem dos problemas” e o “consenso dos biólogos” são infalíveis. Se os criacionistas soubessem bioquímica, biologia molecular, genética, geologia, etc., poderiam observar que:

      1) moscas dão… moscas!

      2) morcegos dão… morcegos!

      3) gaivotas dão… gaivotas!

      4) bactérias dão… bactérias!

      5) escaravelhos dão… escaravelhos!

      6) tentilhões dão… tentilhões!

      7) celecantos dão… celecantos (mesmo durante supostos milhões de anos)!

      8) guppies dão… guppies!

      9) lagartos dão… lagartos!

      10) pelicanos dão… pelicanos (mesmo durante supostos 30 milhões de anos)!

      11) grilos dão… grilos (mesmo durante supostos 100 milhões de anos)!

      12) coelhos dão… coelhos!

      Sócrates: Mas, espera lá! Não é isso que a Bíblia ensina, em Génesis 1, quando afirma, dez vezes (!), que os seres vivos se reproduzem de acordo com o seu género? Os teus exemplos nada mais fazem do que confirmar a Bíblia!

      LK: Sim, mas os órgãos perdem funções, total ou parcialmente, (v.g. função reprodutiva) existem parasitas no corpo humano e muitos seres vivos morrem por não serem suficientemente aptos…

      Sócrates: Mas…espera lá! A perda total ou parcial de funções não é o que Génesis 3 ensina, quando afirma que a natureza foi amaldiçoada e está corrompida por causa do pecado humano? E não é isso que explica os parasitas no corpo humano ou a morte dos menos aptos? Tudo isso que dizes confirma Génesis 3!

      Afinal, os teus exemplos de “método científico”, “naturalismo metodológico”, “empírico”, “abordagem dos problemas” e “consenso dos biólogos” apenas corroboram o que a Bíblia ensina!! Como queres que os criacionistas mudem de posição se os teus argumentos lhes dão continuamente razão?

      Não consegues dar um único exemplo que demonstre realmente a verdade daquilo em que acreditas?

      LK: …a chuva cria informação codificada…

      Sócrates: pois, pois… e as gotas formam sequências com informação precisa que o guarda-chuva transcreve, traduz, copia e executa para criar as máquinas que fabricam disparates no teu cérebro…

      …olha Ludwig, não passas de um sofista e de má qualidade… …o teu pensamento crítico deixa muito a desejar… … se fosses meu aluno em Atenas tinhas chumbado a epistemologia, lógica e crítica…

      …e já agora, conhece-te a ti mesmo antes de te autodenominares “macaco tagarela”…







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    2. Genial o das "salsichas"...

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  3. A CIÊNCIA VISTA À LUZ DA BÍBLIA

    Por vezes diz-se neste bloq a ciência tem um método neutro de obtenção de conhecimento que lhe permite estabelecer a verdade infalível e definitiva sobre o Universo, a vida e o homem.

    Mas hoje sabemos que nem a ciência é neutra, objetiva, infalível e definitiva.

    A seleção de dados e a sua interpretação está sujeita a pré-compreensões, ideologias, paradigmas, modelos e hipóteses.

    A sua recolha e análise está sujeita a falhas intelectuais e técnicas.

    Como as observações são limitadas, os resultados são provisórios e não definitivos.

    Ainda assim, quando todas as observações apontam no mesmo sentido é possível induzir algumas leis científicas (v.g. conservação da energia, entropia, biogénese).

    Por sinal, todas elas corroboram o que a Bíblia ensina.

    A Bíblia fornece algumas indicações importantes acerca da ciência.

    Em primeiro lugar, ela começa por estabelecer e justificar as pressuposições de que a ciência depende para ser viável.

    Antes mesmo de começar as suas investigações, o cientista tem que postular a inteligibilidade racional do Universo e a sua própria capacidade racional para o compreender.

    Ele tem que postular a validade universal das leis da lógica e da matemática.

    A Bíblia, ao afirmar que o Universo foi criado de forma racional por um Deus racional, eterno e omnipresente que se revela como LOGOS, e que o Homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, com criatividade e capacidade racional de pensamento abstrato e lógico, estabelece as pressuposições de que a ciência depende.

    Mesmo quem não acredita na Bíblia tem que ir pedir emprestadas essas pressuposições à visão bíblica do mundo para poder fazer ciência, porque elas não se deduzem da premissa de que o Universo, a vida e o homem, incluindo o cérebro humano, são o resultado de processos cegos, aleatórios e irracionais.

    Como Deus é um ser moral e racional e o homem foi criado à Sua imagem e semelhança, o cientista está sujeito a deveres de racionalidade e moralidade ao fazer ciência.

    Estes deveres também não se deduzem da ideia de que o Universo e a vida surgiram por acaso e o homem é o resultado de milhões de anos de crueldade predatória, violência, doenças e morte.

    Como Deus é verdadeiro, a ciência está sujeita a um dever de verdade acima de tudo.

    Essa verdade deve ser, logicamente, construída a partir da Verdade da revelação divina.

    Como Deus criou o Homem à sua imagem e a natureza com a sua imagem, cheia de evidência de design e propósito, a ciência tem certamente que respeitar a dignidade humana e a integridade da natureza.

    Como o Homem está corrompido e pecaminoso a ciência necessita de mecanismos de discussão, debate e correção que permitam refutar afirmações falsas e impedir a utilização do conhecimento para fazer o mal.

    O astrofísico Johannes Kepler dizia que a ciência consiste em “pensar os pensamentos de Deus depois de Deus”.

    A biomimética mostra que muita da ciência hoje consiste em fazer engenharia reversa daquilo que Deus criou.

    Se a Bíblia é realmente a Palavra de Deus, segue-se logicamente que ela é o padrão pelo qual a ciência humana e o método científico desenvolvido pelo homem devem ser avaliados e não o contrário.

    A Ciência moderna triunfou depois da Reforma Protestante e da redescoberta da Bíblia, por sinal nos países mais influenciados por este movimento.

    Não existe qualquer incompatibilidade entre a ciência e a Bíblia. Esta afirma que “o temor de Deus é o princípio de toda a sabedoria”.

    A visão bíblica da ciência é, na realidade, a mais científica, na medida em que, edificando o Universo, a vida e o homem sobre o LOGOS, ela é a mais lógica e racional.

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  4. Ludwig,

    (muitas/a maioria) Das pessoas que recorrem à astrologia não pretendem estar a recorrer a uma ciência, mas fazem-no na mesma. A tua argumentação só mostra que para muita gente (maioria das pessoas na Terra) a ciência por si só não as satisfaz como humanas na busca pelo conhecimento, e muito menos pela busca da verdade. Pode ser estranho para ti mas a Ciência está cá sem censura há já muito tempo e nem por isso as pessoas desistiram de procurar por outros meios outras coisas que a ciência não lhes dá.

    Por exemplo, a experiência de uma pessoa que visita um museu de arte contemporânea tem pouco ou nada de científico. No entanto as sensações, impressões e pensamentos que origina essa visita são uma verdade, num plano que a ciência pouco ou nada pode descrever.

    Uma pessoa que se apaixona por outra experiencia uma verdade que vai muito mais além de química/física e condicionalismo ou apetência genético-natural. Depois de tudo estudado e analisado, o que a ciência pode descrever de uma paixão assim é uma visão que pouco ou nada interessa dizer em relação à realidade dessa experiência. Há verdades que são mais do que biologia ou astrofísica.

    Insistes nessa lógica argumentativa e insistes em argumentar só um lado da questão.

    Não obstante, concordo obviamente que o inverso também é verdade: para descrever o clima da terra recorro à ciência e não aos deuses do Olimpo. Para "adivinhar" se sobrevivo a uma operação ao fígado recorro à medicina e à estatística e probabilística, e não à cartomancia ou ao professor bambo.

    Mas para saber quanto gosto do meu clube de futebol não recorro a alguma escala matemática centígrada. Para adivinhar o futuro não recorro a nada. É lógico.

    Eu não recorro nem estou familiarizado com a astrologia mas o que me parece é que muitas das pessoas que o fazem procuram nela qualquer coisa que não um resultado científico.

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