terça-feira, outubro 24, 2006

Compreensão e Respeito

A publicação no Diário Ateísta do meu post Religião Imoral suscitou os comentários previsíveis: temos que compreender que muitos religiosos não levam à letra os seus textos sagrados, e temos que respeitar as ideias dos religiosos se os queremos persuadir a aceitar as nossas.

Com o primeiro ponto concordo, e era mesmo essa a ideia que queria transmitir. À parte dos fundamentalistas mais fanáticos, os crentes tendem a filtrar as tradições religiosas para que se conformem à sua noção do que é certo e errado. Os que não o fazem são tidos como extremistas. É por isso que digo que não é a religião que nos dá a moral, mas a moral que deve ditar o que aceitamos ou não como religião. A religião como fundamento ético não só é treta como é indesejável e perigosa.

Com o segundo ponto discordo. Imaginem que um político defendia que as mulheres não devem ter cargos de chefia, e que a sua função deve ser ficar em casa a cuidar da família. Ninguém diria que temos que respeitar esta opinião, ou que devemos criticá-la com diplomacia para que o político melhor aceite a opinião contrária. O justo seria expor esta ideia como ridícula e absurda, e mesmo criticar o político por defender tais barbaridades.

Se for um padre é o mesmo. O absurdo não é ser uma ideia política, nem se torna menos absurda por convicção religiosa. Disparate é disparate, venha de onde vier, e merece ser criticado da mesma forma independentemente da origem.

Nem concordo que eu deva ser diplomático para ser persuasivo, pois o meu objectivo não é converter crentes ao ateísmo ou ao cepticismo. O que quero é que todos se sintam livres de criticar as crenças dos outros e obrigados a justificar as suas, quaisquer que sejam, pois é a única forma de coexistirmos pacificamente numa sociedade pluralista e livre. Se nessa sociedade houver mais religiosos que ateus, pouco me importa. Quero lá saber se gostam mais de chocolate ou de baunilha.

11 comentários:

  1. Tudo ideias muito bonitas mas que não pratica.

    Quando achincalha as ideias dos outros ridicularizando-as cria um fosso de incompreensão e fomenta o extremismo. Ninguém gosta de ser gozado e quem o é ou tem um enorme fair-play ou não tem e reage de uma forma violenta.

    Liberdade de expressão não significa nem liberdade para dizermos tudo o que nos vem à cabeça nem liberdade para agredir verbalmente ou por escrito os outros. Vivemos sociedade e temos de escolher a forma como convivemos com os outros: à chapada, aos gritos ou de uma maneira serena e pacífica.

    Há tempos tive uma experiência muito curiosa: construí um site para satirizar o ateísmo. Coisa discreta mas que levantou imediatamente um coro de protestos, insultos e ameaças. Como a minha intenção era provar que sociologicamente estava certo e consegui-o acabei com o site. E ganhei uma aposta com um amigo que entendia serem os ateus mais tolerantes do que os religiosos. Não o são. Há ateus fanáticos e extremistas tal como existem religiosos fanáticos, extremistas e perigosos. Ambos devem ser combatidos filosofica e ideologicamente. Nestas coisas há que ter cabeça fria e bom senso. Geralmente isso não existe.

    Já agora aproveito para lhe fazer uma crítica pessoal. O Ludovico é uma pessoa muito inteligente, culta, tem uma capacidade de raciocinio muito boa, domina as regras da lógica formal de uma forma brilhante, sabe filosofar. Todavia, cai naquilo que eu chamo a armadilha da filosofia moderna: um espartilho que o impede de usar o pensamento de uma forma livre e imaginativa. Está agarrado a conceitos e pré-conceitos que o levam a uma coisa muito comum nos dias de hoje: a soberba intelectual.

    Eu estou no mesmo limbo - a soberba intelectual - que o Ludovico, só que com uma diferença: tenho consciência dele. E esse é o primeiro passo para a libertação do pensamento.

    Liberte o seu. Boa sorte.

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  2. Que engraçado!
    Um tal de João Dias também construiu um site com intenções parecidas.
    Mas esse não levantou coro de protestos nenhum: praticamente ninguém via nem comentava no blogue dele, pelo que acabou por desistir.


    Quanto ao site do António Parente, acabei por nunca o conhecer. Passei totalmente ao lado do tal "coro de protestos" que o António diz ter existido.

    Se existiu tal intolerância por parte de alguns ateus, só o tenho a lamentar. A intolerância é sempre de lamentar, venha de onde vier.

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  3. Jovem João Vasco

    O site "joão dias" teve 2 mil visitas em 10 dias. O dito "joão dias" acabou com o site porque isso foi-lhe aconselhado por amigos. Disseram-lhe, ao "joão dias", que estava a dar demasiada importância ao Diário Ateísta. E o "joão dias" concordou.

    Ora eu lembro-me de ver o jovem João Vasco a "choramingar" no site "joão dias" quanto o dito "joão dias" o decidiu satirizar. O dito "joão dias" acabou com a sátira porque apesar de tudo o gajo tem coração e teve pena da figura trágico-cómica do jovem João Vasco.

    O site satírico "antonio parente" não o conheceu porque foi uma análise de mercado para a qual o jovem João Vasco não foi convidado.

    O site "antónio parente" está online desde o dia 3 de Outubro. Caminha para as mil visitas acumuladas (estatísticas publicadas pelo administrador da plataforma) e tem uma média diária de 50 visitantes. O jovem João Vasco não é o publico alvo do site "antónio parente" e por isso não lhe indico o endereço. Não tenho qualquer interesse em que lá vá "espreitar".

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  4. Caro António,

    Em primeiro lugar, até gosto de ser gozado. A troça, o humor, a sátira, são tudo actividades que considero muito nobres, e capazes de nos dar uma nova forma de vermos os preconceitos que nos limitam.

    Das memórias mais queridas que tenho da minha juventude eram os jantares de família, em que todos gozavamos com todos.

    Liberdade de expressão penso ser a liberdade de nos exprimirmos. Se for aliada à responsabilidade de nos justificarmos, penso que não há necessidade de chapada.

    E se aqueles houver que só sabem responder às criticas com chapadas, são esses que têm que mudar, não eu.

    Quanto à sua experiência, lamento que o tenha levado a fechar o site. Se usar o Blogger.com tem várias opções para filtrar os comentários, e não tem razão para se sentir censurado ou inibido de dizer o que pensa.

    Quanto à minha soberba intelectual, não deve ser assim tanta porque nem consegui perceber o que o António queria dizer com isso... Estou agarrado a conceitos, como todos estamos, mas estou aberto a críticas, e prometo não dar chapadas a ninguém só pelo que escrevem.

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  5. Será este o site?

    http://antonioparente.weblog.com.pt/

    Já agora, por alguma razão não recebo notificações por email de alguns comentários. Por exemplo, recebo as do João Vasco, mas não as do António Parente. Alguém sabe se isso é alguma coisa na configuração do blog?

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  6. Só mais uma questão:

    Não tenho o mínimo interesse em conversar consigo, João Vasco. Sítios que o João Vasco frequente, eu não frequento.

    A partir do momento em que interferiu no meu diálogo com o Ludovico deixo de vir aqui.

    Não tenho nada contra si mas gosto de escolher as pessoas com que me relaciono, mesmo que isso seja numa caixa de comentários de um blogue. E o João Vasco não entra no meu círculo de relações pessoais.

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  7. Esse é um dos sites. O objectivo desse site é ser um arquivo pessoal sobre coisas que me interessam. É um site de copy/paste embora de vez em quando se acenda uma luzinha no meu cérebro e coloque lá qualquer coisinha da minha lavra.

    Tenho outro blogue onde coloco mais opiniões pessoais do que copy/paste. Tem outro endereço mas não o vou divulgar. Não tem interesse para si.

    Depois do desagradável encontro com o jovem João Vasco, deixo de comentar o seu blogue, Ludwig. Não quero que a situação se repita. Vou continuar a ser seu leitor fiel mas deixo a função de comentador residente.

    Felicidades.

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  8. António Parente,
    nesse site que referiu, o seu lado «João Dias» não se limitou a satirizar o ateísmo. Ridicularizou pessoas de uma forma muito pessoal. Lembro-me de uma parte, ficcional, em que falava no «Fusão Carrasco» e outros que tais, todos colaboradores reconhecíveis do DA («Pedro Fatela», etc).
    O João Vasco não gostou e está no seu direito.
    Eu não me importei, e já nem me recordo da alcunha que me atribuiu na sua ficção.

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  9. Ricardo Alves

    Não tenho o mínimo interesse em dialogar consigo neste espaço. Nem neste nem noutro qualquer. Estou extremamente magoado por ter confiado em quem não mereceu a minha confiança, por ter sido enxovalhado como o fui, e enquanto me lembrar disso sinto uma enorme náusea quando o Diário Ateísta aparece por perto, na pessoa de um dos seus redactores.

    Depois do período de nojo talvez consiga voltar a conversar consigo, com o jovem joão vasco ou quem quer que seja. Até lá deixe-me em paz.

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  10. António Parente:

    Não é que tenha pena.

    Não vou é certamente abdicar do meu direito (quando o tiver) de comentar onde me aprouver sobre o que por lá é escrito. Se quiser abdicar do seu direito de responder, é problema seu.

    Boas leituras!

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