quarta-feira, janeiro 06, 2016

Pelo naturalismo.

Após criticar alguns argumentos que defendem a existência de um deus criador sobrenatural (1), vou tentar explicar porque é que o naturalismo é mais plausível. Não vou focar um argumento em particular porque um argumento apenas descreve uma linha de inferências ligando premissas a conclusões. Se imaginarmos todas as hipóteses possíveis como pontos num enorme papel, cada argumento é um traço unindo uma conjectura a outra. Se bem que cada traço seja importante, isso não chega para apurar a verdade. Temos de avaliar o padrão dos traços, quer no desenho quer nas redes de inferências com com que tentamos compreender a realidade. O padrão tem de ser consistente, informativo e corresponder ao que realmente acontece. É assim que proponho comparar estas duas hipóteses: por um lado, a hipótese de que tudo foi criado por actos sobrenaturais de um deus inteligente que nos ama e, por outro lado, a hipótese de que o universo surgiu por processos naturais, sem propósito inteligente e sem se ralar connosco.

Começo pela terceira característica. Espalhadas pelo papel, há infinitas hipóteses que atribuem ao fundamento do universo algum amor por nós. Acerca de deuses sobrenaturais; de civilizações benevolentes de outro universo que, com tecnologia avançada, terão criado este; de leis naturais impessoais que forçam este universo a tratar-nos bem; e incontáveis alternativas presumindo que Algo ou Alguém gosta de nós. Outras hipóteses, também infinitas, são análogas mas com o sentimento inverso. Deuses cruéis, civilizações malévolas, uma natureza que nos quer tramar e essas coisas. Outras conjecturam indiferença, e são estas que mais se adequam ao que observamos. Do arco-íris ao tsunami, do pôr do sol à tuberculose, qualquer que seja processo ou entidade que os tenha criado, não o parece ter feito com maldade nem com amor. Excepto o que é causado por humanos ou alguns outros animais, tudo o que acontece no universo está-se nas tintas para nós. Se queremos desenhar a realidade, é aqui que temos de pôr os traços.

Outro ponto de divergência é o propósito inteligente. Pode-se conjecturar uma criação inteligente natural. Por exemplo, que o nosso universo foi criado por uma civilização muitíssimo avançada que evoluiu por processos naturais num outro universo. E pode-se conjecturar também forças sobrenaturais desprovidas de inteligência ou propósito. Mais uma vez, temos infinitas combinações possíveis. Mas, como o sobrenaturalismo teísta defende que o universo foi criado com propósito e inteligência enquanto o naturalismo tende a defender o contrário, devemos ver como estes tipos de hipóteses se comparam.

Para identificar propósito inteligente é preciso compreender as capacidades do agente e aquilo que o motiva. Não basta olhar para o resultado. É assim que distinguimos a produção de lanças e de teias de aranha, por exemplo. Sabemos que o humano recorre a uma capacidade flexível de aprendizagem e resolução de problemas e que faz a lança porque percebe o jeito que isso lhe dá, enquanto a aranha faz a teia de forma automática, inata, e seguindo uma sequência fixa de movimentos reflexos. Como não podemos observar o hipotético criador inteligente deste universo, as hipóteses acerca do propósito inteligente do universo são impossíveis de detalhar ou distinguir entre si. Em contraste, se o universo surgiu por processos naturais análogos aos que observamos, deverá ser possível seleccionar hipóteses com base nessa observação. E parece ser esse o caso. A física moderna não descobriu exactamente como o universo surgiu mas já consegue excluir muitas possibilidades. É isto que permite à física desenhar a realidade com uma lapiseira fina em vez do rolo de pintar paredes que a teologia tem de usar.

Finalmente, o natural e o sobrenatural. Em teoria, qualquer processo natural pode ser completamente compreendido. Como funciona, o que causa o quê e em que condições o faz. O sobrenatural é um mistério. O livro diz que Deus criou o céu e a terra mas, como apontou o grande filósofo Ricky Gervais, é omisso nos detalhes (2). Conjecturar algo sobrenatural é um beco sem saída e, por isso, o sobrenaturalismo não permite mais do que esboços infantis. A cara é um círculo, os olhos são pontos e a boca uma linha. O naturalismo, descascando os comos e os porquês, vai ao detalhe que houver. À célula, ao átomo, aos quarks e mais além. E se bem que a vantagem metodológica de não assumir deuses, fadas ou milagres não prove que estes não existam, num universo criado por forças sobrenaturais seria inexplicavelmente estranho que o naturalismo, como método, se revelasse tão superior à alternativa.

O que me faz rejeitar a tese de um deus criador bondoso em favor da criação por processos naturais não é um mero argumento dedutivo onde postulo umas premissas e chego à conclusão desejada. O factor decisivo é a diferença entre os padrões das inferências. Entre os desenhos. No boneco naturalista, a maioria dos traços está onde tem de estar para respeitar o que observamos. Exactamente ali, sem poder ser de outra maneira porque está ancorado em observações e ligado a outro, e outro, e mais outro. É assim que se obtém uma explicação consistente, integradora e detalhada de quase tudo, desde o que faz as estrelas brilhar ao funcionamento do cérebro. As crenças no sobrenatural são esboços grosseiros, disjuntos, garatujados onde calha e incapazes de explicar o que quer que seja. É isto que me força a concluir que não há deuses nem milagres e que o universo surgiu por processos naturais. E não é argumentando com uns poucos traços que a apologética cristã resolve este problema. Nem mesmo disfarçando-se de filosofia e salpicando-se de notação científica para parecer mais séria. Qualquer alternativa ao naturalismo tem de nos dar um corpo de conhecimento pelo menos tão detalhado, tão fundamentado na experiência, tão abrangente e firme quanto este que o naturalismo nos deu. Não há nada sequer remotamente parecido com isso na teologia ou na filosofia da religião nem parece provável que alguma vez venha a haver.

1- Contra o naturalismo e Contra o naturalismo, parte 2.
2- Ricky Gervais - The Bible

52 comentários:

  1. Ludwig,

    O problema é sempre o mesmo, e a resposta é sempre muito simples.
    Basta dizer: "Deus pode tudo!" e já está, nem precisa de juntar água, nem mexer ou ir ao micro-ondas...
    É a vantagem de uma resposta que serve sempre para tudo!

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    1. Os evolucionistas dizem: o nada pode tudo!

      Acho que é mais racional dizer que Deus pode tudo do que o nada pode tudo.

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    2. Porquê? Por que há-de ser mais racional? Se fosse verdade que "o nada pode tudo", eu diria que ambas as afirmações são irracionais!
      Felizmente, não há um único Biólogo (a evolução é uma teoria da Biologia!) que diga que "o nada pode tudo", logo não há esse problema.

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  2. Ludwig,

    «O naturalismo, descascando os comos e os porquês, vai ao detalhe que houver. À célula, ao átomo, aos quarks e mais além. E se bem que a vantagem metodológica de não assumir deuses, fadas ou milagres não prove que estes não existam, num universo criado por forças sobrenaturais seria inexplicavelmente estranho que o naturalismo, como método, se revelasse tão superior à alternativa.

    Não confundas naturalismo com ciências da natureza. O naturalismo não é mais do que uma crença, tal como o sobrenaturalismo. As ciências da natureza, essas, correspondem grosso modo ao que dizes.
    Os que defendem e/ou acreditam no sobrenatural não põem em causa as ciências da natureza, nem mais nem menos do que os que não acreditam e contestam a ideia de sobrenatural.
    Se falares de ciências vais encontrar grande consenso. Se falares de sobrenatural, entras num domínio que já requer uma abordagem que, embora não menos meticulosa, séria e rigorosa, deve estar consciente dos limites do conhecimento científico.
    É uma provocação, por exemplo, o título deste post "pelo naturalismo", sobretudo quando nos focamos nos argumentos expostos. Naturalismo é naturalismo e todos somos e a humanidade sempre foi naturalista, que é o modo mais simples e direto de ser. Não há inteligência mais básica e elementar e natural do que essa de ser naturalista, na aceção que referi.
    Mas o homem concluiu, há milhares de anos, que isso não respondia a muitas questões essenciais. E, atualmente, os mais conceituados investigadores continuam a dizer o mesmo, que faltam muitas respostas a perguntas da ordem da natureza e que não sabem se Deus é a resposta a muitas das dúvidas. O homem "naturalista" tornou-se filósofo e religioso, porque o homem é inteligente e não tapa os olhos com a parra com que Adão e Eva taparam os genitais. E a religião foi e é uma extensão e um desafio e (também) uma provocação às ciências. A religião nunca viu problema nas ciências e tem interesse nas descobertas, aliás, vive delas.
    Espera-se, desde o princípio dos tempos, que as ciências expliquem e compreendam a religião (que também é objeto de conhecimento científico).
    E não adianta ser pelo naturalismo ou pelo sobrenaturalismo, porque não se trata de obter o maior número de votos.

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    1. O naturalismo é uma filosofia. Não existe nenhuma experiência científica que prove que o naturalismo é verdade.

      Pelo contrário, as observações científicas mais recentes confirmam que a vida foi criada pelo VERBO, como a Bíblia ensina, na medida em que depende de informação codificada em sequências precisas de nucleótidos.

      Além disso, as observações científicas mostram que o mundo está sujeito à corrupção, como a Bíblia também ensina, sendo as mutações uma manifestação desse mesmo fenómeno já que destroem a informação codificada nos genomas.

      Ora, informação, códigos e informação codificada não são realidades físicas palpáveis.

      Elas são realidades simbólicas e semânticas, constituindo a principal evidência de inteligência e racionalidade.

      Quando os cientistas estudam o DNA e procuram descodificar as suas instruções para depois conseguir editar a informação codificada deteriorada com o objectivo de curar doenças eles estão a reconhecer isso mesmo.

      Eles estão fazer correcções inteligentes no software de que a vida dependente. Eles reconhecem que o bom funcionamento da vida exige o rigoroso funcionamento de hardware e software.

      Em todo o caso, a vida é muito mais complicada, na medida em que os seres vivos foram programados com a capacidade para fazerem cópias de si mesmos (juntando macho e fêmea) ao passo que as máquinas produzidas pelo homem não têm essa capacidade.

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  3. As ciências naturais fazem uso naturalismo metodológico. Daí a afirmação do Ludwig, se não estou em erro.

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    1. As ciências naturais mostram que a energia e a matéria não se criam a si próprias (lei da conservação da energia), que a vida nunca vem da não vida (lei da biogénese) e que a informação codificada nunca surge sem uma inteligência (leis da teoria da informação).

      Os criacionistas nada têm contra as ciências naturais.

      Apenas objectam à especulação e à imaginação evolucionista que nada tem que ver com as ciências naturais.

      Charles Darwin apenas viu o que todos vemos: tentilhões dão tentilhões e iguanas dão iguanas.

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  4. O discurso do Ludwig está hoje reduzido a um baboseiras sobre baboseiras.

    Vejamos:


    "Em teoria, qualquer processo natural pode ser completamente compreendido"

    Como é que é possível compreender o processo natural que terá feito o Universo a partir do nada?

    O nada (entendido como ausência de tudo, incluindo de processos naturais) pode gerar processos naturais criadores do Universo?

    Como? Qual o processo natural a partir do qual o nada (entendido como ausência de natureza e processos naturais) cria o Universo?

    Como se vê, no discurso do Ludwig já não há ciência, filosofia, lógica ou racionalidade.

    Apenas há... tretas!

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  5. Criacionista,

    Só porque não sabemos ainda, não quer dizer que não possamos vir a saber, tal seria incorrer na falácia da ignorância. Como sempre, a palavra chave é "ainda".

    Fico pelo menos agradado que pergunta "como" e não "para quê" ou "por quê", pelo menos vejo uma evolução no pensamento.

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    1. Caro António Carvalho,

      A lei foi dada a Moisés para um povo no deserto, que havia sido libertado da escravatura do Faraó.

      Ela é o testemunho de que Deus se preocupa com os escravos e com os mais fracos e não apenas com a Corte do Rei, como era comum pensar na antiguidade.

      O Faraó julgava-se filho de Rá (Sol), acima de toda a lei.

      Moisés mostrou-lhe que o Criador do Sol se preocupava com as condições de trabalho do povo.

      Quando o povo de Israel saiu do Egipto para o deserto ele não tinha desenvolvido uma consciência de comunidade

      Também não havia Estado politicamente constituído e muito menos Estado social. Estes só surgiram nos últimos séculos, nos países mais influenciados pelo Cristianismo.

      No deserto não havia penitenciárias e não havia um sistema de prestações de segurança social para doentes, idosos, mães solteiras ou crianças.

      Nesse contexto, se um homem tivesse relações sexuais com uma mulher solteira teria que assumir as suas responsabilidades para com ela e para com o filho que nascesse dessa relação.

      A sexualidade era indissociável da responsabilidade. Para o homem isso significava assumir a responsabilidade de alimentar a mulher e de a proteger.

      Por outro lado, não havendo um sistema de pensões de reforma, os filhos deviam cuidar dos pais na sua velhice.

      Por isso, o homem que tivesse relações sexuais com uma mulher solteira assumia responsabilidades também para com os seus pais.

      Não poderia usar a mulher e descartá-la como se fosse uma coisa.

      Tanto mais, que uma vez perdendo a sua virgindade seria mais difícil, naquele tempo, um homem vir a casar com ela e assumir responsabilidades para com ela e com a sua família.

      Globalmente, a Lei de Moisés não foi má para o povo.

      Ela garantiu a subsistência do povo até aos nossos dias, diferentemente do que sucedeu com os povos e as culturas contemporâneas de Israel.

      Os próprios judeus ainda hoje se orgulham da Lei de Moisés, que foi o alicerce de toda a civilização ocidental.

      A Lei de Moisés é fundamental ainda hoje para se perceber o mistério dos judeus, que vem desde Abraão até aos nossos dias.

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    2. «A Lei de Moisés» - interessante referir-se-lhe assim, porque não há nada que evidencie definitivamente que essas leis foram inventadas por alguém que não seja humano. Se Moisés realmente existiu, então é exactamente isso: "Lei de Moisés".
      Mais uma vez, um homem a inventar leis paramelhor conviver com os outros.

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    3. Por um bocado fiquei assustado! Ainda pensei que iria dizer que "a lei do Moisés" dizia como é que o universo veio a existir.

      Depois diz "Os próprios judeus ainda hoje se orgulham da Lei de Moisés". Sempre gostaria de saber o que os israelitas pensam de apedrejar as mulheres adulteras, obrigar a casa-las com o próprio violador, etc.
      Eu sei o que a lei portuguesa diz sobre o caso, e é tão diferente como a água do azeite - lá se foi a base!

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  6. A FÉ CEGA DO NATURALISMO

    As ideias que o Ludwig promove em nome da ciência são as de que o Universo explodiu do nada por acaso, a vida surgiu por acaso, todos nós viemos de um ancestral comum e as espécies evoluem das menos complexas para as mais complexas. Má ciência, má filosofia e má teologia.

    A verdade é que nenhuma dessas afirmações pode ser validada empiricamente, por mais intensamente que se pretenda usar o método científico. Sobre esses alegados factos não existe nenhuma observação directa ou reprodução laboratorial. Sobre elas o método científico nada pode, em última análise, dizer.

    Daí a nossa dependência do Criador, LOGOS, que nos fornece as premissas racionais do conhecimento científico e o critério de verdade (não provisório nem falível) para a avaliação das teorias científicas.

    Nunca ninguém explicou de onde e como surgiu a hipotética singularidade primordial que deu origem a todo o Universo. Trata-se aí de um modelo matemático empiricamente indemonstrado e indemonstrável.

    Também nunca ninguém demonstrou que a vida surgiu por acaso. Isso nunca foi observado por ninguém ou reproduzido em laboratório. A vida é extremamente complexa e necessita de quantidades inabarcáveis de informação codificada dentro dos próprios seres vivos, sendo a probabilidade de ela surgir por acaso virtualmente zero.

    O ancestral comum também nunca foi visto por ninguém, nunca foi encontrado qualquer vestígio fóssil da existência. Ele tem que ser imaginado.

    Na verdade, toda a evidência observável quanto às semelhanças e diferenças genéticas, anatómicas e fisiológicas entre seres vivos é inteiramente compatível com a noção de um Criador Comum.

    Também nunca ninguém viu uma espécie mais complexa a evoluir a partir de uma diferente e uma menos complexa. O que nós observamos são mutações e seleção natural dentro de um mesmo género, degradando e eliminado a informação genética pré-existente.

    O evolucionismo cósmico, químico e biológico defendido pelo Ludwig nada tem de científico. Ele é filosofia pagã, de matriz naturalista, há muito conhecida na história das ideias.

    Trata-se das mesmas ideias já expostas por Epicuro, Leucipo, Demócrito e Lucrécio Tito Caro.

    O naturalismo surge hoje mascarado de ciência, mas não passa de má filosofia mascarada de má ciência.

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  7. Só há um problema com o naturalismo: é uma tese autoderrotante e, assim, irracional (para se ver isso com pormenor vale a pena ler o livro "Where the Conflict Really Lies: Science, Religion, and Naturalism" de Plantinga ou o meu próprio argumento contra o naturalismo que pode ser consultado em http://artigos.domingosfaria.net/dfaria2015.pdf ). Todavia também é argumentável que o naturalismo não é só autoderrotante, mas também é falso. Por exemplo, é possível que o platonismo matemático seja verdadeiro. Pelo menos essa é uma hipótese em aberto e, aliás, muitos matemáticos acreditam que a matemática descreve um domínio matemático não-natural; por exemplo, acreditam que "2+2=4" é verdadeiro pelo modo como as coisas são nessa externa, não-natural, realidade matemática. Mas, assim, se tal realidade matemática existe, então o naturalismo é falso. Do mesmo modo é filosoficamente controverso se "mentes", "valores morais", etc, podem ser acomodamos estritamente no naturalismo. Portanto, a fé no naturalismo não está isenta de sérios problemas.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Tanto quanto se sabe, mentes vêm de cérebros e valores morais idem aspas. Isso pode estar errado? Tanto como tantas outras coisas em ciência - incluindo a própria teoria da evolução. Poder pode, mas tanto quanto sabemos não está.
      Além disso o Ludwig já explicou porque é que a perspectiva do Plantiga (e sua) é falha.

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    3. "Tanto quanto se sabe, mentes vêm de cérebros". É verdade que parece haver correlações entre o cérebro e a mente (isso ninguém duvida). O problema é que isso não explica tudo e é aí que reside o problema. Assim, como acomodar o problema duro da consciência (o chamado "the hard problem of consciousness") à luz do naturalismo? E como resolver o problema dos Qualia? Será que seremos forçados a dizer como Dennett que os Qualia não existem nem sequer podem existir? De igual forma existem outros problemas interessante em meta-ética que colocam dificuldades a uma interpretação naturalista dos valores morais. Volto a salientar: a fé no naturalismo tem muitos problemas sérios.
      E não; o Ludwig não conseguiu explicar de forma bem sucedida de que forma é que o naturalismo pode escapar à autoderrotação. Por isso, o naturalismo continua a ser irracional.

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    4. E se o platonismo em matemática for verdadeiro, o naturalismo é falso.

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    5. Domingos,

      Eu não sou filósofo; tão pouco sou matemático.
      Tendo dito isto, e como já antes tive oportunidade de comentar, o argumento parece-me falacioso. Pelos vistos, não é só a mim, um mero "desenrascado", parece que também muitas mentes "bem pensantes" também assim o consideram, basta uma pesquisa rápida pelo "todo-poderoso" google: https://en.wikipedia.org/wiki/Evolutionary_argument_against_naturalism

      Parece-me que este argumento, tal como outros falham na base mais simples: estabelecer as bases de uma lógica que possa ser aceite ambas as partes (a favor e contra o naturalismo). Sem tal base, que será axiomática por natureza, nunca, parece-me, que seja alguém capaz de mostrar que o naturalismo seja como diz, autoderrotante. Também, e pelos mesmos motivos, nunca alguém será capaz de demonstrar que o sobrenatural não existe. Pode chamar-lhe "conjetura da inconcordância", que eu não cobro direitos.

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  8. Li um pouco sobre a opinião de Dennett e devo dizer que concordo. Também não me parece que isso do naturalismo seja uma questão de fé (em oposição ao que acontece com a religião).

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  9. Domingos,

    «Só há um problema com o naturalismo: é uma tese autoderrotante e, assim, irracional (para se ver isso com pormenor vale a pena ler o livro "Where the Conflict Really Lies: Science, Religion, and Naturalism" de Plantinga ou o meu próprio argumento contra o naturalismo que pode ser consultado em http://artigos.domingosfaria.net/dfaria2015.pdf )»

    Esses argumentos, além de serem exemplo de uma aplicação errada da maximização da verosimilhança (vê aqui) também resultam de uma má compreensão da teoria da evolução e da capacidade humana de resolver problemas (vê aqui).

    «E se o platonismo em matemática for verdadeiro, o naturalismo é falso.»

    E se a minha avó tivesse testículos, seria o meu avô. No entanto, não é. É a minha avó.

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  10. Ludwig,

    "Espalhadas pelo papel, há infinitas hipóteses que atribuem ao fundamento do universo algum amor por nós"

    E na matemática e no método cientifico não? Como explicar esta experiencia da Física Quântica?

    http://www.sciencealert.com/reality-doesn-t-exist-until-we-measure-it-quantum-experiment-confirms

    https://www.youtube.com/watch?v=H6HLjpj4Nt4



    Não digo que seja "amor por nós", mas parece cada vez mais evidente que a vida e a consciência são fundamentais para termos uma completa descrição da realidade.

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  11. Asterixco,

    Uma medição em mecânica quântica não tem nada que ver com consciênia. Vê aqui, por exemplo: Mearurement in quantum mechanics

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  12. "Esses argumentos, além de serem exemplo de uma aplicação errada da maximização da verosimilhança também resultam de uma má compreensão da teoria da evolução e da capacidade humana de resolver problemas". Primeiro, é falso que o meu argumento faça uma aplicação errada da maximização da verosimilhança, uma vez que a conclusão do meu argumento não é que Deus existe nem é que a probabilidade da existência de Deus é maior do que a do naturalismo. Pelo contrário, a minha única conclusão é que o naturalismo é autoderrotante. Por isso estás a fazer um homem de palha quando dizes que "Mas, se Deus nos criou e quis que tivéssemos essa capacidade, então já é certo que assim seja. Por isso, defende o Domingos, devemos concluir que Deus existe". Em segundo lugar, não mostraste que o meu argumento falha pois não conseguiste mostrar que a primeira premissa é falsa. Ou seja, não mostraste que a P(FM|N&E) é alta.

    Além disso, se o platonismo em matemática é verdadeiro, o naturalismo é falso. Por isso, se estás comprometido com o naturalismo terás de mostrar por que razão o platonismo em matemática não é uma posição viável e que todos aqueles matemático que adoptam tal posição estão equivocados.

    Do mesmo modo é filosoficamente controverso se "mente", "consciência", "qualia", etc, podem ser acomodamos estritamente no naturalismo. Como o Thomas Nagel ilustra no seu último livro "Consciousness is the most conspicuous obstacle to a comprehensive naturalism that relies only on the resources of physical science. (...) The appearance of animal consciousness is evidently the result of biological evolution, but this well-supported empirical fact is not yet an explanation — it does not provide understanding, or enable us to see why the result was to be expected or how it came about".

    Acho que fazia bem aos ateu fundamentalistas lerem o seguinte livro, escrito por um ateu (embora não fundamentalista): "Mind and Cosmos: Why the Materialist Neo-Darwinian Conception of Nature is Almost Certainly False" de Thomas Nagel. Neste livro podemos ver um ateu a explicar por que razão o naturalismo é falso e autoderrotante. http://www.amazon.co.uk/Mind-Cosmos-Materialist-Neo-Darwinian-Conception/dp/0199919755/

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    1. Não existem ateus fundamentalistas, porque não existe sobre que ser fundamentalistas. O máximo que se pode dizer é "ateus militantes".

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  13. Parece-me que quem propõe que o platonismo é verdadeiro (ou seja, o domingos) é que tem que resumir as razões pelas quais acha que é verdadeiro, devendo ter sempre em conta o trabalho dos críticos

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  14. "Parece-me que quem propõe que o platonismo é verdadeiro (ou seja, o domingos)...". Nada disso, o que digo é que o platonismo matemático é uma opção em aberto, que pode ser verdadeiro ou falso. Ou melhor, sou agnóstico quanto a isso. Todavia, se estás comprometida com o naturalismo terás de mostrar por que razão o platonismo em matemática não é uma posição viável ou em aberto, e que todos aqueles matemático que adoptam tal posição estão equivocados. Portanto, o ónus recai sobre o naturalista.

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  15. Não, basta-me mostrar porque é que o naturalismo é superior à alternativa. Assim, serão os outros que têm que rever essa história do platonismo. Felizmente, neste texto, o Ludwig já fez um óptimo trabalho :)

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  16. Domingos,

    Vamos supor que o naturalismo é autoderrotante. Corrija-me se estou a pensar mal, mas suponho que propõe que este seja abandonado. Qual é a alternativa que propõe? Não me parece que seja coerente se disser que X não serve e não propõe alternativa.
    Como diria Churchill, pode ser um mau sistema, mas não temos melhor. Eu prefiro algo a nada!

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  17. Ah, e Domingos, não se esqueça que o Ludwig propôs que há outros problemas nos seus argumentos (http://ktreta.blogspot.pt/2015/12/contra-o-naturalismo.html). E acabou de demonstrar que é o melhor que temos.

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    1. *outros problemas que não o da aplicação errada da maximização da verosimilhança

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  18. Vamos colocar as questões da seguinte forma: nós não aceitamos a natureza, o ser da natureza, que é um sendo contra o qual, sendo nós natureza, não era suposto estarmos, mas somos a natureza "suicida", um produto da natureza. O homem não se limita ser e esse é o problema: o homem não é. A natureza que produz o homem não tem, nem precisa de se queixar. O homem também não, a não ser de si próprio, ou da sua natureza, mas isso é completamente estranho à natureza. Ou então temos mais do que uma natureza na natureza e há naturezas que são mais ou menos naturezas do que outras. A natureza, sem o homem, não tinha problema nenhum para resolver e, com o homem, também não, a não ser a tal natureza do homem que é "contra a natureza", ou não aceita a natureza e que não se limita a ser natural, sendo, além disso, moral, religioso, político, mais caracterizado pelo "dever-ser", que o atormenta, do que pelo "ser", que não atormenta nada nem ninguém. A natureza não sabe, nem tem essa coisa do "dever-ser". O ateu e o naturalista também não deviam ter e deviam estar perplexos com o mundo cada vez mais feito/desfeito de dever-ser. A começar pelo ateu e pelo naturalista, que não se limitam a ser, mas têm um discurso, ideias, conceitos, ideais, ideologias, "morais". O porquê dos naturalistas e dos ateus ainda é mais indecifrável, apesar de todo o arsenal científico e técnico disponível, do que o já antiquíssimo porquê dos que acreditam no sobrenatural. E o para quê, o propósito, a finalidade da natureza, até para eles é algo central e imprescindível. Não que eles reconheçam ou apontem, ou acreditem, em alguma finalidade, porque não encontram nenhuma relação causal, necessária, "construtiva", entre os primeiros átomos e o homem. Para eles nada faz sentido, nada tem sentido, tudo é obra do acaso. E também aqui é a natureza a pensar e a dizer sobre si própria que não sabe quem é e que todos os seus poderes lhe vêm como se fosse do nada, que também não sabe o que é e que talvez chame nada ao sobrenatural, às forças, aos poderes, aos fenómenos que não existiam no princípio, no big-bang, e que passaram a existir e que, também hoje, surgem, do nada, para se "acrescentarem" a tudo o que existe. Desde o primeiro minuto do big-bang até à atualidade, tudo foi surgindo sem que existisse antes...criando...as forças, os átomos...etc., etc....E tem de ser a natureza a interrogar-se sobre si própria, através do homem, porque não sabe si própria e nunca agiu em sentido nenhum, com nenhuma finalidade, ou vontade e a própria inteligência e consciência do homem é um puro acaso, nada mais, mas um acaso que descobre que nada é por acaso e que a natureza não se explica a si própria, nem enquanto natureza-homem investigando e refletindo...

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  19. Domingos,

    Domingos,

    «Primeiro, é falso que o meu argumento faça uma aplicação errada da maximização da verosimilhança, uma vez que a conclusão do meu argumento não é que Deus existe nem é que a probabilidade da existência de Deus é maior do que a do naturalismo. Pelo contrário, a minha única conclusão é que o naturalismo é autoderrotante.»

    O teu artigo conclui assim:

    «Deste modo, se alguma destas linhas argumentativas for procedente, consegue-se salvaguardar a crença teísta da autoderrotação ao mesmo tempo que se defende que o naturalismo é autoderrotante.»

    A justificação para isto é que, alegas tu, assumindo o naturalismo estima-se uma probabilidade baixa de uma certa coisa não muito bem definida que assumes ser verdade sem o demonstrar, mas assumindo o teísmo cristão, com Satanás e essas coisas à mistura, tal não acontece. Além dos outros problemas, isto é um exemplo de uma aplicação incorrecta da maximização da verosimilhança porque consideras que o modelo mais simples deve ser rejeitado e não o mais complexo apenas pela verosimilhança sem entrar em conta com os graus de liberdade dos parâmetros.

    «Além disso, se o platonismo em matemática é verdadeiro, o naturalismo é falso.»

    Nem por isso. Mesmo que haja algum sentido no qual se possa dizer que o número 2 ou a multiplicação existem independentemente da existência de seres que contem ou multipliquem – e isso é muito duvidoso – não há razão nenhuma para crer que, nesse caso, o número 2 ou a multiplicação sejam entidades sobrenaturais.

    «Do mesmo modo é filosoficamente controverso se "mente", "consciência", "qualia", etc, podem ser acomodamos estritamente no naturalismo.»

    Também é filosoficamente controverso que tu existas. Filosoficamente, tenho de admitir a possibilidade de isto tudo ser uma ilusão gerada pelo meu cérebro, aqui dentro deste frasco onde me puseram, ligado a uns eléctrodos. Mas essa conversa do “pode ser que” adianta de muito pouco. É por isso que insisto na inferência à melhor explicação em vez da deriva pelo mar infinito de especulações vãs.

    «Acho que fazia bem aos ateu fundamentalistas lerem o seguinte livro, escrito por um ateu (embora não fundamentalista): "Mind and Cosmos: Why the Materialist Neo-Darwinian Conception of Nature is Almost Certainly False" de Thomas Nagel. Neste livro podemos ver um ateu a explicar por que razão o naturalismo é falso e autoderrotante. »

    Não estarás a confundir naturalismo com materialismo? Essa confusão já explicava algumas das coisas que tens alegado...

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  20. Ludwig,

    Primeiro, o princípio da verosimilhança sustenta o seguinte: Se a probabilidade de E dado H1 é superior à probabilidade de E dado H2, então E confirma H1 em detrimento da hipótese rival H2. Ora, no meu argumento não aplico este princípio; pelo contrário apenas concluo o seguinte:
    (C1) Se o naturalismo for verdadeiro, então o naturalismo é autoderrotante.
    (C2) Se o teísmo for verdadeiro, então o teísmo não é autoderrotante.
    Como (C1) e (C2) são condicionais não estou a dizer que o teísmo ou o naturalismo são verdadeiros ou falsos. Só estou a dizer que o naturalismo, se verdadeiro, é autoderrotante enquanto que teísmo, se verdadeiro, parece ter recursos para evitar ter um derrotador [p.e. caso o teísmo seja verdadeiro, pode ser verdade que há uma faculdade fiável que gere crenças teístas de forma fiável]. Mas como costume fazes um "straw man" do meu argumento. No entanto, não é dessa forma que se critica de forma bem sucedida os argumentos. Acho que tens de ler o meu argumento com mais atenção!

    Segundo, estás equivocado quando dizes "Nem por isso" à condicional «se o platonismo em matemática é verdadeiro, o naturalismo é falso». Isto porque de acordo com o platonismo em matemática a matemática descreve um domínio matemático não-natural; por exemplo, sustenta-se que "2+2=4" é verdadeiro pelo modo como as coisas são nessa externa, não-natural, realidade matemática. Mas, assim, se tal realidade matemática existe, então o naturalismo é falso (pois dado o naturalismo não há qualquer domínio não-natural).

    Terceiro, quando digo que "é filosoficamente controverso se "mente", "consciência", "qualia", etc, podem ser acomodamos estritamente no naturalismo" digo que é «controverso» num sentido substantivo, pois se o naturalismo materialista for verdadeiro não conseguimos explicar minimente esses conceitos relevantes de mente ou consciência, tal como sublinham muito bem Nagel ou Chalmers.

    Quarto, "Não estarás a confundir naturalismo com materialismo?". Não confundo esses conceitos, mas parece que se alguém é naturalista, então muito provavelmente é também materialista. Aliás, todos os naturalistas que conheço são materialistas. Não conheço naturalistas dualistas (embora essa seja uma posição possível)!

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  21. Viva António Carvalho,
    Colocou uma questão pertinente!

    "Vamos supor que o naturalismo é autoderrotante. (...) Qual é a alternativa que propõe?"

    Aqui há várias possibilidades. Entre outras, penso que as principais são as seguintes:
    (1) Pampsiquismo
    (2) Teísmo

    A hipótese (1) é aceite, p.e., por Thomas Nagel naquele livro que recomendei ler "Mind and Cosmos". Ele procura mostrar no início do livro que o naturalismo é autoderrotante e, assim, irracional, sendo por isso uma posição que deve ser abandonada. Mais para o fim do livro ele procura mostrar que a alternativa "pampsiquista" é mais plausível que a hipótese naturalista.

    A hipótese (2) é aceite pelos que acreditam no Deus teísta (como os que seguem o judaísmo, cristianismo, ou islamismo). Por exemplo, Plantinga no livro "Where the conflict really lies" procura explicar de forma plausível de que modo o "teísmo" é mais plausível que a hipótese "naturalista". E à semelhança de Nagel também argumenta que o naturalismo é autoderrotante.

    Portanto, tanto Nagel como Plantinga concordam com as críticas ao naturalismo, por isso (1) e (2) são concordantes nas críticas ao naturalismo. Contudo, Nagel e Plantinga discordam quanto à alternativa melhor para substituir o naturalismo.

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  22. Thomas Nagel e Alvin Platinga concordam com as críticas ao naturalismo. Os criacionistas bíblicos concordam com ambos.

    No entanto, os criacionistas acham que não basta dizer, como Thomas Nagel, que a visão naturalista e neo-darwinista do mundo está quase de certeza errada.

    Ela está de certeza errada!!

    Thomas Nagel devia compreender como a teoria da evolução cósmica, química e biológica não passa de filosofia naturalista mascarada de (muito má) ciência.

    Não é por acaso que no livro de Richard Dawkins "The Greatest Show on Earth; Evidence of Evolution" não encontramos uma única evidência (zero, nada) da suposta evolução de partículas para pessoas!

    A energia e a matéria podem transformar-se uma na outra (E=mc^2)mas não se podem criar a si mesmas, como mostra a lei da conservação da energia.

    Logo, alguém teve que as criar.

    Quem criou toda a matéria e energia presentes no Universo também tem na sua mente toda a informação necessária à criação de seres vivos altamente complexos e funcionais com capacidade de reprodução.

    E tem também o poder de codificar, compactar e armazenar toda essa informação (inabarcável pela comunidade científica globalmente considerada) no núcleo da célula, ao mesmo tempo que cria máquinas moleculares (também elas codificadas pelo DNA) para descodificar a informação contida no DNA.

    A vida depende de códigos e informação codificada, a marca da inteligência por excelência.

    Hoje sabe-se que 2 milímetros de DNA contêm tanta informação como uma pilha de livros da Terra até ao Sol.

    Ou seja, quem criou o Universo e a vida é omnipotente e omnisciente.

    As máquinas moleculares que procedem à leitura e execução da informação do DNA só existem porque existe DNA capaz de ser por elas descodificado.

    O que coloca o problema da galinha e do ovo: o que surgiu primeiro? As máquinas moleculares que lêem e executam o DNA? Ou o DNA cuja leitura e execução permite o surgimento dessas mesmas máquinas moleculares?

    Só uma criação sobrenatural e instantânea, como a revelada em Génesis, poderia resolver este problema.

    A Bíblia diz que no princípio, Deus criou os céus e a Terra. Ele tem a informação e o poder de que o Universo e a vida dependem.

    Mas Deus revela-se na História. Ele revelou a Criação e o facto de que o ser humano violou a lei moral, tendo sido condenado a um estado de corrupção e morte, bem corroborado pelas mutações e pela selecção natural.

    A Bíblia (e todas as culturas da antiguidade) refere a ocorrência de um um dilúvio global, o verdadeiro responsável pelos triliões de fósseis existentes nas rochas sedimentares dos cinco continentes (algumas delas incluindo tecidos moles, ligamentos, proteínas, vasos sanguíneos e mesmo DNA de dinossauro).

    Foi depois do dilúvio que os descendentes de Noé se dispersaram e foi depois da dispersão que Deus fez um pacto com Abraão, Isaque e Jacó, tendo criado o povo de Israel e prometido um Messias, um Salvador, que iria salvar o mundo do castigo do pecado.

    Esse Messias seria Jesus Cristo, a figura mais importante da história universal.

    A Bíblia tem respostas precisas e claras quanto à identidade do Criador, que se revela na história através do povo de Abrãao, Isaque e Jacó, do Israel de Jesus Cristo e da Bíblia, o livro de onde nos chega a revelação de Deus.

    Isso significa que a história bíblica é o fio condutor de toda a história universal.

    Não é por acaso que o conflito entre Isaque (isrealitas) e Ismael (árabes) e a questão de Jerusalém, prenunciados no livro de Génesis, continuam a ser as questões mais importantes.

    Os naturalistas, se quiserem, podem continuar distraídos do mundo real e a inventar histórias da carochinha não observadas nem observadas em que sapos se transformam em príncipes ao longo de milhões de anos.

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  23. Domingos,

    «Primeiro, o princípio da verosimilhança sustenta o seguinte: Se a probabilidade de E dado H1 é superior à probabilidade de E dado H2, então E confirma H1 em detrimento da hipótese rival H2. Ora, no meu argumento não aplico este princípio; pelo contrário apenas concluo o seguinte:
    (C1) Se o naturalismo for verdadeiro, então o naturalismo é autoderrotante.
    (C2) Se o teísmo for verdadeiro, então o teísmo não é autoderrotante.»

    Tu argumentas que o naturalismo é autoderrotante porque a sua verosimilhança é baixa e que o teísmo não é autoderrotante porque a sua verosimilhança é alta. Isto é uma aplicação errada do critério da verosimilhança por duas razões.

    Primeiro, a verosimilhança não pode ser usada para avaliar um modelo sem ter em conta os graus de liberdade do modelo. Portanto, é errado estares a comparar o naturalismo com o teísmo apenas pela probabilidade estimada das observações assumindo as premissas sem descontares também a enorme flexibilidade adicional do teísmo.

    E, em segundo lugar, porque «Se a probabilidade de E dado H1 é superior à probabilidade de E dado H2, então E confirma H1 em detrimento da hipótese rival H2» aplica-se apenas à selecção de hipóteses dentro do mesmo modelo, por instanciação dos mesmos parâmetros, e não permite comparar modelos nem avaliar as hipóteses em absoluto, apenas por comparação umas com as outras dentro do mesmo modelo.

    Imagina que lanças a moeda ao ar 100 vezes, obténs 50 caras e 50 coroas e presumes que a probabilidade de cara é de 0.5. A probabilidade de obter 50, assumindo isso, é apenas 8%. E a de obter aquela sequência de 100 lançamentos, é de 1 em 1 seguido de 30 zeros. No entanto, é obviamente disparatado concluir daqui que é autoderrotante a hipótese de que esta moeda tem 50% de probabilidade de calhar cara em cada lançamento.

    O que tu fizeste foi esperar durante quatro mil milhões de anos de evolução num planeta, escolher uma espécie, escolher uma característica da espécie que te parece ser improvável surgir por evolução, e dizer que por isso a hipótese naturalista é autoderrotante. Isto é disparate também.

    Igualmente disparatado é dizeres que a hipótese teísta não é autoderrotante porque a sua verosimilhança é alta. Essa é que é autoderrotante porque exige um número enorme de graus de liberdade para gerar as suas hipóteses. Tal como é autoderrotante a hipótese de que o resultado do lançamento da moeda se deveu a um milagre, porque quando calculas o factor de Bayes disso (ou fazes validação cruzada, ou usas os critérios de informação de Akaike, ou qualquer método minimamente fiável de análise estatística) verás que, por causa da infinitude de graus de liberdade introduzidos pelos milagres, deixa de haver evidência a favor desse modelo.

    Quanto ao platonismo e naturalismo, essa não é uma discussão acerca de como as coisas são mas apenas acerca de como estás a definir os termos. Podemos discutir se 2 é uma entidade ou apenas um atributo de conjuntos ou da relação entre entidades. Esta segunda opção parece-me mais plausível e, por isso, rejeito o platonismo matemático. Essa será uma discussão substancial acerca do que é ou não é. Mas se 2 for uma entidade, discutir se é natural ou não natural é apenas uma discussão acerca do termo “natural” e que não tem nada de substantivo.

    A categoria de sobrenatural como invocada pelo teísmo sempre tem algo de substantivo e não de meramente semântico. Por exemplo, implica desígnio e inescrutabilidade, em oposição ao que normalmente se associa ao naturalismo. Discutir se a realidade é gerida com intenção por processos insecrutáveis é uma discussão substantiva. Mas discutir se o 2 é natural ou não-natural é mero jogo de palavras.

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  24. Ludwig,

    E o «straw man» continua! E eu a pensar que tinhas feito um esforço para não cometer esta falácia... afinal não! Vejamos:

    "Tu argumentas que o naturalismo é autoderrotante porque a sua verosimilhança é baixa e que o teísmo não é autoderrotante porque a sua verosimilhança é alta".
    Não é nada disso (e que tal leres o meu texto com mais atenção?). O que eu argumento é que o naturalismo é autoderrotante porque a P(FM|N&E) é ou baixa ou insondável. Ora, com isto não estou a dizer que a probabilidade de N é baixa ou que a sua verosimilhança é baixa. Pelo contrário, só estou a responder a esta questão: suponhamos que N é verdadeiro em conjunção com E; ora, se isso for o caso, qual é a probabilidade de FM? Eu argumento que a probabilidade de FM nessa situação será ou baixa ou, pelo menos, insondável. Ora, se quiseres mostrar que o naturalismo não é autoderrotante terás de mostrar que a P(FM|N&E) é alta. O que até agora não fizeste minimamente.

    "O que tu fizeste foi esperar durante quatro mil milhões de anos de evolução num planeta, escolher uma espécie, escolher uma característica da espécie que te parece ser improvável surgir por evolução, e dizer que por isso a hipótese naturalista é autoderrotante. Isto é disparate também."
    Ena, mais um «straw man». Tu adoras esta falácia, não? Bater em bonecos de palha é mais fácil, não é? Mais uma vez não é nada disso. O que quero é apenas examinar se o naturalismo é uma crença racional ou irracional, se é uma crença produzida de forma fiável ou não, se é uma crença autoderrotante ou não. A minha análise conclui (de forma parecida ao que concluem Alvin Plantinga, Thomas Nagel, C.S. Lewis, Victor Reppert, Michael Rea, etc, embora com argumentos diferentes) que temos boas razões para considerar essa crença no naturalismo como autoderrotante e, assim, irracional.

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    1. Domingos,

      Diz "O que eu argumento é que o naturalismo é autoderrotante porque a P(FM|N&E) é ou baixa ou insondável."

      Pode por favor elaborar quanto à forma como se pode sondar o sobrenatural ou o pampsiquismo (que já agora parece-me uma forma encapotada de sobrenaturalismo...)?

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  25. Domingos, há uma coisa que não está muito clara aqui nos seus comentários: o que representa FM?

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  26. "o que representa FM?"

    Mas vocês andam a criticar o meu argumento sem o conhecerem? Andam a dizer que o naturalismo é melhor que alternativas mas sem lerem com seriedade as críticas ao naturalismo? Até parece que estão a fazer do naturalismo/ateísmo uma profissão de Fé.

    De qualquer forma, para quem ainda não conhece, o meu argumento está aqui: http://artigos.domingosfaria.net/dfaria2015.pdf

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  27. Oh, Domingos, eu já li os seus textos há bastante tempo, já me passaram n exames pela frente e muitas outras coisas da vida e sinceramente não tenho todo o tempo do mundo para os reler e não são propriamente da máxima importância na minha vida. Mas já que não me fornece esse simples pormenor, terei que o fazer, não é?

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  28. Para isso basta ler a primeira página do artigo meu artigo: http://artigos.domingosfaria.net/dfaria2015.pdf

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  29. Tendo consultado o significado das suas abreviaturas (pois era apenas isso que aqui estava em causa), vejo que, tal como eu pensava, o que o Ludwig disse continua a aplicar-se:

    «Primeiro, a verosimilhança não pode ser usada para avaliar um modelo sem ter em conta os graus de liberdade do modelo. Portanto, é errado estares a comparar o naturalismo com o teísmo apenas pela probabilidade estimada das observações assumindo as premissas sem descontares também a enorme flexibilidade adicional do teísmo.»
    Também, o Ludwig já escreveu sobre as nossas capacidades cognitivas serem fiáveis.

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  30. Domingos,

    Ainda sobre as suas notas, diz:

    "
    (1) Dado o ateísmo, praticamente todos os nossas antepassados que sobreviveram, e por isso que possuíam um comportamento adaptativo, tiveram faculdades que produziam geralmente crenças metafísicas falsas"

    Como é que a crença ou falta dela ajudam ou prejudicam uma espécie a gerar e garantir uma descendência? Creio que o argumento é irrelevante em termos evolutivos, e por isso, falha ao argumentar que a crença ou resulta da evolução ou de uma existência extra natureza. Parece-me, como já tinha antes argumentado, uma falácia do tipo falsa dicotomia.

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  31. Domingos,

    «O que eu argumento é que o naturalismo é autoderrotante porque a P(FM|N&E) é ou baixa ou insondável. Ora, com isto não estou a dizer que a probabilidade de N é baixa ou que a sua verosimilhança é baixa.»

    A verosimilhança é a probabilidade estimada das observações quando se assume a hipótese. A probabilidade P(FM|N&E) é a verosimilhança de N&E. Portanto quando dizes que o naturalismo (mais a evolução) é autoderrotante porque P(FM|N&E) é baixa estás a dizer que é autoderrotante porque a sua verosimilhança é baixa (vê, por favor, o que quer dizer verosimilhança em estatística).

    «Ora, se quiseres mostrar que o naturalismo não é autoderrotante terás de mostrar que a P(FM|N&E) é alta.»

    Não. Há muitos problemas com essa tua conclusão.

    Primeiro, não é verdade que uma hipótese deva ser rejeitada só porque a verosimilhança (a probabilidade do que se observa assumindo a hipótese) é baixa. Por exemplo, a hipótese de uma moeda ter probabilidade 0.5 de calhar cara não deve ser rejeitada só porque a probabilidade de ter dado HTTHTHTHHT é inferior a um em mil.

    Em segundo lugar, não há razões para crer que P(FM|N&E) seja baixa para todas as proposições do tipo que tu consideras M, que incluem o naturalismo. Por exemplo, se a nossa capacidade de encontrar proposições verdadeiras do tipo M for consequência da nossa capacidade de raciocínio simbólico e resolução de problemas, e tendo essas capacidades vantagens evolutivas óbvias, então é apenas uma questão de tempo até que a evolução encontre essa solução. E quatro mil milhões de anos é muito tempo.

    Em terceiro lugar, para avaliar a verosimilhança de uma hipótese, não se pode fazer cherry-picking dos dados. Ou seja, o relevante aqui não é P(FM|N&E) mas sim P(D|N&E), onde D é o conjunto de todos os dados disponíveis acerca dos quais o naturalismo e a teoria da evolução fazem previsões.

    Em quarto lugar, a tua alegação de que a probabilidade de FM dado Deus é alta não resolve o problema da hipótese de Deus ser autoderrotante por causa dos graus de liberdade que tem, permitindo prever uma probabilidade alta para tudo e um par de botas.

    Experimenta modificar o teu argumento substituindo FM por PP, em que PP é a capacidade de programar em Python, e penso que será mais fácil notares estes problemas. Tal como FM, PP também não resulta de uma pressão selectiva directa, pelo que P(PP|N&E) é muito baixa. E, tal como FM, também podemos postular que Deus desejou que fossemos capazes de programar em Python. Mas é evidente que a capacidade de programar em Python é apenas uma aplicação de uma capacidade muito mais genérica – e evolutivamente vantajosa – enquanto que o que Deus deseja é um parâmetro infinitamente flexível que podemos ajustar a tudo.

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  32. «[...]em que PP é a capacidade de programar em Python[...]»

    Uma vez que estamos a falar de lógica, sugiro que em vez de Ptyton, se possa usar Prolog. Tem a vantagem de continuar a usar o "P"...

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    1. Estamos a falar de naturalismo, não de bruxaria ;)

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  33. Ludwig,

    o que te leva sistematicamente a promover o teu ateísmo parece serem as tuas aspirações e não o (teu) conhecimento. Quanto a isso, vejo mal em tentares fazer crer que é o conhecimento. Aspiras a que o naturalismo seja mais um argumento a favor do ateísmo. Mas quando as próprias ciências da natureza são ciências de uma natureza que elas, em última análise, não sabem o que é e não explicam. Ainda se anda a tentar saber o que é a natureza (e esse desiderato parece cada vez mais longe de ser atingido) e já há ciências da natureza. E, pior do que isso, não faltam logo naturalistas a defender que a natureza isto, a natureza aquilo e que têm as chaves para entrar no castelo cuja porta nem sabem se existe. Constato uma grande predisposição ideológica dos ateus para reduzir Deus a uma ideologia e os religiosos a partidários dela, propondo para o seu lugar ideologias às quais, sem nenhuma preocupação de rigor e de espírito crítico, reconhecem entusiasticamente, e até militantemente, pretensões científicas.

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  34. A Bìblia ensina que a vida foi criada pela Palavra.

    As observações científicas confirmam que a vida depende de códigos e informação codificada altamente complexa, que são a evidência mais conclusiva e irrefutável da presença de inteligência.

    Os naturalistas pretendem "refutar" a Bíblia, dizendo que a vida surgiu por acaso. Mas isso é especulação naturalista destituída de qualquer confirmação empírica.


    Em contraposição, os dados realmente observados revelam que:


    "A significant proportion of our genetic infomation encoded in DNA is expressed in a living cell as proteins. In order to synthesize a protein, this information needs to be converted from nucleotide sequence to the language of amino acids. The process of the decoding is called translation, and it involves the distinct nucleic acid molecule, messenger RNA (mRNA) - the "temporary carrier" of the information, which is a copy of one particular gene. Special molecular machine - the ribosome - moves along the mRNA and reads nucleotide triplets. Each triplet encodes a particular amino acid."

    Tudo corroborando e reforçando o que a Bíblia ensina.



    Read more at: http://phys.org/news/2016-01-biologists-facet-mechanism-protein-biosynthesis.html#jCp

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  35. A FÉ AUTORREFURTANTE DO NATURALISMO

    O naturalismo é a crença filosófica segundo a qual o Universo e as suas leis físicas e químicas são tudo o que existe. Esta crença tem vários problemas.

    Em primeiro lugar, ela é impossível de validar intelectualmente.

    Se tudo o que existe é o resultado de leis físicas e químicas, então também a crença naturalista é o resultado de leis físicas e químicas, sendo impossível verificar a verdade dessa crença porque qualquer critério de verdade que pudéssemos pensar seria também o resultado de leis físicas e químicas.

    Seria um paradoxo idêntico ao famoso paradoxo do poeta cretense que afirmava que todos os cretenses são mentirosos.

    Daqui decorre que a crença no naturalismo é incompatível com a crença na razão, na medida em que esta postula a existência de um sujeito espiritual, mental e imaterial, não determinado pelas leis da física e da química, capaz de dirigir de forma intencional os próprios processos cerebrais de pensamento, gerando os seus próprios conceitos e ideias. Na verdade, se o naturalismo fosse verdade, nenhuma teoria científica faria sentido, porque todas elas eram o resultado de processos físicos e químicos.

    Qualquer critério de avaliação proposto seria também resultado dos mesmos processos.

    Em segundo lugar, a crença naturalista é impossível de validar empiricamente.

    Por um lado, não existe qualquer experiência científica que, no laboratório ou no terreno, prove que o Universo é tudo o que existe.

    Por outro lado, se o Universo e as leis da física e da química são tudo o que existe de onde é que eles surgiram? A lei da conservação da energia não admite o surgimento do Universo a partir do nada.

    Não havia processos físicos e químicos antes e para além do surgimento do Universo que pudessem ser causalmente responsáveis pela sua origem.

    Acresce que é impossível testar empiricamente se o Universo sempre existiu, ou se surgiu sem causa, sendo que as leis físicas da entropia, da conservação da energia e da causalidade militam contra essa possibilidade. Não faz sentido dizer que tudo o que existe é determinado pelas leis da física e da química e depois isentar desse processo o próprio Universo (que é tudo o que existe).

    Também aqui impera uma fé irracional e impossível de testar empiricamente.

    Em terceiro lugar, a crença no naturalismo viola absolutamente algumas propriedades observáveis do Universo.

    Desde logo, a vida depende de elevada quantidade e qualidade de códigos e Informação codificada e estes são sempre o produto de uma inteligência, sendo irredutíveis às leis da física e da química. As leis da física e da química não criam sequências de símbolos com significado operacional.

    Por outro lado, a estrutura do Universo e o método para a sua compreensão intelectual obedecem a princípios lógicos e matemáticos universais e intemporais que não estão dependentes das leis da física e da química.

    Diferentemente, a crença num Deus espiritual e racional, criador do Universo, do Homem e da vida, é inteiramente consistente com a regularidade do Universo, com a racionalidade do Homem criado à Sua imagem, com os códigos e a Informação de que a vida depende e com a viabilidade e racionalidade do conhecimento científico. Ela é plenamente racional e autoconsistente.

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  36. Esses tipos de argumentos contra o naturalismo metafísico fazem-me lembrar o argumento criacionista que compara a Bíblia com a Teoria da Evolução: a última é falível e a primeira é inerrável, porque é a Palavra de Deus, que é infalível. A consequência disso é criacionistas não admitirem a possibilidade de mudarem de ideias.

    Acho que mesmo quem desenhou os argumentos contra o naturalismo, percebe que o tal argumento criacionista é ingénuo: uma pessoa falível descreve a sua crença de ter crenças infalíveis, porque acredita que tem como fonte de uma divindade infalível. Suponho que quem inventou os tais argumentos contra o naturalismo, mesmo assim apoia a Teoria da Evolução.

    Para quem é naturalista: quem acredita que o naturalismo não pode estar errado? Prevejo que todos aceitam que pode estar errado, porque "geralmente as nossas faculdades cognitivas com respeito a crenças metafísicas não são fiáveis", mas mesmo assim continuam a ser naturalistas. Aceitamos que o natural realmente existe. O acrescento é o que não se entra em consenso, com entidades desnecessárias. É notório nas ciências, que não implicaria necessariamente uma metodologia naturalista - é assim porque a invocação do sobrenatural foi um fracasso. Mesmo na Antiguidade, os materialistas gregos atomistas chegaram a conclusões de astronomia que se fossem descritas num livro sagrada, seriam usadas como apoio para a religião associada.

    A ideia de que há um ser infalível que nos fez ter conhecimentos metafísicos infalíveis, à imagem de Deus, também tem o mesmo problema: os que acreditam nessa ideia têm crenças opostas que deveriam ser provenientes de Deus. Na práctica, o contra-argumento que coloca o teísmo como uma excepção da tal irracionalidade ateísta, é inútil e irracional. A crença num Deus nem sequer é inapta: crianças selvagem e pelo menos uma tribo parecem não perceber o conceito de Deus. Outra questão é a predisposição, por serem egocêntricas e animistas.

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