Treta da semana (atrasada): a priori, de novo.
Pelas minhas contas, este é o 400º post desta rubrica. Era para ser sobre o Gustavo Santos, mas vou deixá-lo para o 401º e ressuscitar a discussão sobre o conhecimento a priori. Não só para evitar estragar a efeméride com o Gustavo Santos mas também porque descobri que 71% dos filósofos julgam que o conhecimento a priori não é um disparate (1) e, por coincidência, comecei também a discutir isto nos comentários a um dos meus posts (2).
A distinção entre conhecimento a priori e a posteriori é ilusoriamente clara. O conhecimento é a priori se puder ser obtido sem dados empíricos adicionais e a posteriori se for necessário obter mais dados. Um exemplo clássico de conhecimento a priori é “nenhum solteiro é casado”. Para um dado conceito de solteiro e casado, esta afirmação é evidentemente verdadeira mesmo sem ser preciso perguntar aos solteiros se são casados. Um exemplo de conhecimento a posteriori será “nenhum corvo é branco”. Para um certo conceito de corvo, não é evidente se isto é verdade ou não e precisamos de ir observar corvos para tentar testar a hipótese.
Mas esta distinção é ilusória porque a compreensão de todos os conceitos depende de dados empíricos e o que caracteriza uma proposição como verdadeira a priori é simplesmente a decisão arbitrária de considerar que a informação necessária para concluir que é verdadeira faz parte dos conceitos. Vou dar alguns exemplos deste problema. Primeiro, “nenhum solteiro é casado”. A experiência da Ana levou-a a formar um conceito de solteiro com sendo o de uma pessoa que não é casada. Assim, a Ana não precisa de mais informação para concluir que a afirmação é verdadeira. Mas o Pedro é advogado e trata de muitos casos de emigrantes e imigrantes. Na experiência dele, uma pessoa pode ser casada num país mas esse casamento não ser legalmente reconhecido noutro, onde é considerada solteira. Portanto, para o Pedro, essa afirmação não é verdadeira. É possível alguém ser solteiro e casado ao mesmo tempo.
O Pedro não percebe nada de biologia. Não sabe distinguir um corvo de uma gralha preta, não faz ideia da definição biológica de espécie e, para ele, um corvo é simplesmente um pássaro preto e grande. Por isso, com este conceito de corvo, “nenhum corvo é branco” é verdade a priori para o Pedro. Mas a Ana é bióloga. Sabe que corvo, em Português, refere normalmente a espécie Corvus corax e que alguns indivíduos dessa espécie são brancos. Portanto, para a Ana “nenhum corvo é branco” nem sequer é verdade. É possível ser corvo e branco ao mesmo tempo.
É claro que, se os conceitos são diferentes, então as proposições também são diferentes, mesmo quando expressas nas mesmas palavras. Para o Pedro, as frases “nenhum solteiro é casado” e “nenhum corvo é branco” afirmam proposições diferentes daquelas que afirmam quando a Ana as interpreta. Mas para aprendermos alguma coisa daqui temos de ser capazes de fazer esta distinção. Temos de compreender que “nenhum solteiro é casado” é verdadeira para aquele conceito de solteiro mas é falsa para o outro e, como os conceitos são formados pela experiência, essa compreensão também é empírica. O a priori surge apenas como consequência trivial, e irrelevante, de num caso incluirmos no conceito a informação necessária para determinar a verdade da proposição.
É isto que acontece com proposições como “o Super-Homem usa cuecas vermelhas por cima das calças” ou “o hélio foi descoberto no Sol antes de ser encontrado na Terra”. Se considerarmos que o conceito de Super-Homem inclui o seu visual característico e que o conceito de hélio inclui saber que o elemento tem este nome por ter sido primeiro encontrado no Sol então estas afirmações são verdadeiras a priori. Caso contrário são verdadeiras a posteriori. Mas a diferença está unicamente na decisão arbitrária de incluir, ou não, as cuecas do Super-Homem e a descoberta do hélio nos respectivos conceitos. Em qualquer dos casos, os dados empíricos necessários para avaliar a verdade destas proposições são os mesmos, pelo que se trata de uma distinção sem diferença alguma.
O problema epistemológico de distinguir entre verdade a priori e a posteriori é como o de decidir se eu sou pesado demais para a minha altura ou baixo demais para o meu peso. Sim. Sou. E depois da festança ainda vou ficar pior. Boas festas para todos.
Adenda: no Facebook, o Pedro Galvão deu-me um exemplo muito melhor do que estes que usei aqui. Se bem que a intenção dele não tenha sido esta, não resisto aproveitá-lo. O exemplo é “tudo o que é verde tem cor”. Para sabermos que esta afirmação é verdade precisamos de saber, empiricamente, três coisas: que certos estímulos nos fazem sentir ver cor; que coisas verdes reflectem luz numa certa gama de frequências; e que essa gama de frequências de luz é uma que nos faz sentir ver cor. Vamos assumir que o conceito “ter cor” é o de ser capaz de produzir em nós essa sensação. Se o conceito de “ser verde” incluir tanto a propriedade de reflectir luz de certas frequências e a propriedade dessa luz causar a sensação de cor, então a frase “tudo o que é verde tem cor” é verdade a priori porque toda a informação empírica necessária para a avaliar já está nos conceitos. No entanto, se “ser verde” apenas indicar a frequência da luz reflectida sem implicar nada acerca da nossa percepção da cor, então a verdade da afirmação terá de ser determinada a posteriori porque é preciso saber adicionalmente que essa frequência de luz nos causa uma sensação de ver cor. O ponto importante aqui é que aquilo que precisamos de saber empiricamente é sempre o mesmo. Esta distinção apenas separa a decisão arbitrária de definir o conceito de “verde” só em função da frequência da luz e a decisão igualmente arbitrária de incluir nesse conceito a nossa percepção subjectiva da cor.
1- Sean Carroll, What Do Philosophers Believe?, via Facebook
2- No Facebook, O melhor método.
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ResponderEliminarEste texto lembrou-me do seguinte:
ResponderEliminarEm etologia reconhecemos que existem vários tipos de aprendizagem e entre elas alguns etólogos discutem o conceito de aprendizagem latente ( latent learning). Este é um tipo de aprendizagem que se baseia na memorização de inputs que serão utilizados mais tarde na solução dum problema. Por exemplo, eu posso viajar todos os dias de casa para a universidade sem fazer qualquer esforço para memorizar a forma ou cor das casas , o tipo de árvores, ou as lojas nesse caminho, mas se de repente eu preciso dum medicamento posso utilizar-me desse aprendizado latente para ir à farmácia que está nesse percurso.
De certo modo, todos os animais memorizam duma forma inconsciente esta informação, que ao ser puxada para o nível do consciente pode se expressar como uma forma de conhecimento à priori.
Do teu texto entendi que a definição de conhecimento à priori se baseia mais em semântica. Isto é, o significado duma frase como " nenhum homem casado é solteiro" porque a palavra casado e a palavra solteiro são antónimos, ou por exemplo nenhum gato é um cão. Mas o exemplo da Ana e do Pedro já entra numa outra área que nada tem que ver com semântica. Tem a ver com percepção individual baseada na informação adquirida durante a sua vida. Então deste dois exemplos do conceito " conhecimento à priori" são baseados em dois universos diferentes. Conconrdas?
Caso os leitores estejam interessados, estou a ler um livro muito interessante que foca precisamente na forma como adquirimos conhecimento para além do seu armazenamento no cérebro. O livro introduz conceitos de "embodied psychology" e tem por titulo:Beyond the brain. How body and environment shape animal and human minds by Louise Barrett. Trata precisamente de como animais e humanos adquirem este tipo de conhecimento que chamamos à priori.
Boas festas a todos....
ResponderEliminarCat-a-List,
ResponderEliminar«Mas o exemplo da Ana e do Pedro já entra numa outra área que nada tem que ver com semântica. Tem a ver com percepção individual baseada na informação adquirida durante a sua vida.»
Um ponto importante é que a semântica vem precisamente da informação empírica que adquirimos. O mapeamento entre símbolos e conceitos exige experiência. Mais ainda, se queremos que os conceitos sejam acerca da realidade – normalmente é isto que se entende por conhecimento – precisamos também de os mapear em elementos da realidade. Isto também exige experiência.
«Então deste dois exemplos do conceito " conhecimento à priori" são baseados em dois universos diferentes. Conconrdas?»
Não era essa a minha intenção, pelo menos, por isso acho que não concordo :)
O que quero dizer é que, porque a distinção entre conhecimento a priori e a posteriori é apenas a diferença entre os conceitos conterem ou não conterem a informação necessária para determinar a verdade da proposição, e como os conceitos contém a informação que quisermos, essa distinção é irrelevante.
Se o teu conceito de hélio inclui ter dois protões no núcleo, então “o hélio tem dois protões” é uma verdade a priori. Se o teu conceito de hélio não inclui ter dois protões no núcleo, então “o hélio tem dois protões” é uma verdade a posteriori. Mas isto não são universos diferentes e a informação empírica de que precisas para saber se o hélio tem dois protões no núcleo é exactamente a mesma em ambos os casos. A única diferença está na decisão puramente arbitrária de incluir ou não incluir esse dado no conceito de hélio.
OK... então parce que concordamos em geral que não há razão para essa diferença, mas existe uma excepção; o so called instinto! No entanto, comportamentos instintiivos dificilmente seriam classificados pelos filósofos como uma forma de conhecimento.
ResponderEliminarVejamos... um Abutre do Egipto "sabe" que deve colher pedras para partir um ovo de avestruz, mas a selecção do tamanho adequado dessas pedras vem com trial and error, e logo é fruto dum processo de aprendizagem o que leva o Abutre a obter conhecimento adquirido ( ou a posteriori) . Creio que nesta sistuação poderíamos dizer que o Abutre do Egipto tem um certo "conhecimento" à priori que aquela coisa redonda e branca é algo que se pode partir e se pode comer. E ganha um conhecimento à posteriori sobre quais as pedras adequadas para partir o ovo. Não li o que dizem os filsósofos, mas deduzo que eles devem estar a referir-se a tipos de conhecimento que parecem ser inatos. Por exemplo o reconhecimento de emoções atravéz de observação das faces parece ser algo comum em todas as culturas. Se eu fizer uma cara zangada para um bébé, ele vai perceber isso como algo de mau e começa a chorar. Seu eu mostra um sorriso ele imita com riso, parece que o bébé é provido de certo tipo de conhecimento a priori sobre o significado das emoções.
Em resumo, eu creio que apenas nesta conjunção faz sentido falar duma diferença entre estes dois tipos de conhecimento.
ResponderEliminarO que seja conhecimento a priori? Por exemplo 2+2=4; dizem que é uma proposição conhecível a priori. Mas não acredito que alguém possa imaginar/pensar 2, ou quatro, sem qualquer tipo de experiência/percepção...
Se tivesse de escolher um exemplo de conhecimento a priori, arriscaria o de infinito.
Por outro lado, à excepção do objecto do conhecimento matemático (imutável e eterno - como os "ideais" de Platão?), tudo no mundo se transforma e a momentânea percepção sensorial de coisas momentâneas e em transformação, pode ser uma ciência ou a base de uma ciência?
Ao fazer estas referências tento pôr à prova algumas aparências de consistência do meu saber, ou seja, estou a tentar ter espírito crítico/construtivo.
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ResponderEliminarPartilhei no facebook e no blog. Bom Natal a todos.
ResponderEliminarMaria Teodósio
O Natal celebra o nascimento virginal de Jesus! Bom natal para si!
EliminarA CIÊNCIA DOS CORVOS E A DOUTRINA BÍBLICA DA CRIAÇÃO
ResponderEliminarEm vez de uma tagarelice sem sentido sobre corvos e gralhas, o Ludwig devia concentrar-se na ciência dos corvos e ponderar no que a Bíblia ensina.
Os evolucionistas afirmam (sem poderem demonstrar no terreno ou em laboratório) que a vida surgiu por acaso, que as espécies evoluem para outras diferentes e mais complexas e que os chimpanzés e os seres humanos evoluíram de um hipotético (e não identificado) antepassado comum (será um "macaco tagarela"?)
Para defender essa tese invocam as semelhanças anatómicas entre chimpanzés e seres humanos, desvalorizando as diferenças quando elas não interessam à teoria da evolução.
Mas os corvos encarregam-se de mostrar a futilidade das suas especulações.
Os corvos são altamente inteligentes apesar de não terem qualquer proximidade evolutiva ao ser humano, ajudando a demonstrar a implausibilidade das propostas evolucionistas.
Os corvos reagem, nalguns aspectos, de forma idêntica aos seres humanos.
Eles mostram que a inteligência inerente aos seres vivos nada tem que ver com o seu estágio de evolução, corroborando, ao invés, a sua criação inteligente.
Apesar de nada terem de macacos, e à semelhança do que sucede com outras aves, os corvos são exímios na manipulação de ferramentas, conseguindo utilizar várias ao mesmo tempo e, se necessário, modifica-las e adaptá-las.
Nalguns casos, essas ferramentas são usadas para a caça. Os corvos notabilizam-se igualmente como engenheiros no transporte de água.
Eles apresentam pensamento relacional avançado
Como se vê, a elevada capacidade dos corvos nada tem que ver com a sua proximidade aos chimpanzés ou ao Homem, negando a relevância explicativa de um hipotético antepassado comum.
Diferentemente, ela corrobora a inteiramente a ideia de um Criador Comum, que deixou marcas da sua racionalidade e inteligência em tudo o que criou.
1) «Os evolucionistas afirmam[...]que a vida surgiu por acaso, que as espécies evoluem para outras diferentes e mais complexas e que os chimpanzés e os seres humanos evoluíram de um hipotético antepassado comum»
EliminarOnde é que leu, onde é que ouviu dizer que a evolução diz que a vida surgiu por acaso? A vida não surge por acaso, mas surge naturalmente caso as condições e caso haja tempo suficiente para as moléculas se auto-organizarem. Não é definitivamente por acaso!
Onde é que leu, onde é que ouviu dizer que a evolução diz que as espécies evoluem para outras diferentes e mais complexas? A evolução diz que caso existam condições adversas, os seres vivos têm uma pressão ecológica que potencia a sua adaptação. A adaptação de uma espécie não significa que possa dar origem a um ser mais complexo, pode muito bem dar origem a seres mais simples.
Finalmente, a ideia de que os seres humanos e todas as espécies conhecidas têm um antepassado comum, está mais do que evidente (não é de certeza que hipotético!): basta ver que a química, o ADN, e toda a maquinaria celular é similar. Existem genes com a mesma função em seres tão separados como um ser humano e uma bactéria ou uma ameba. A menos que seja mais fácil pensar que o bom Deus fez um esquema base para todos os seres, mas depois, para cada espécie foi fazendo uma espécie de ajuste a gosto. Isto para os seres que existem, incluindo os desconhecidos, os que já não existem conhecidos ou não. A navalha de Occam diz que quando temos duas ideias que possam dar respostas equivalentes, devemos escolher a mais simples, porque é também a mais provável. Eu não tenho dúvidas de qual é a mais simples.
2) «Para defender essa tese invocam as semelhanças anatómicas entre chimpanzés e seres humanos, desvalorizando as diferenças quando elas não interessam à teoria da evolução»
Como já descrevi antes, existem muitos mais argumentos do que os que invoca. Para a tese da criação divina, apresenta apenas o conceito de fé e um livro que tem mais buracos que anos de existência... Se pelo o autor do Levítico conhecesse Lineu já não dizia os disparates que diz (Lv.11) sobre morcegos, sobre coelhos e ruminantes e sobre o número de patas dos insectos. Se o autor do Génesis conhecesse a física da luz, sabia que nunca poderia existir luz antes de existir estrelas, como se diz no capítulo da criação. Isto só para mencionar algumas das ideias erradas sobre o mundo que lá constam!
3) «Os corvos[...]»
Nada do que descreve está contra os preceitos da evolução. Aproveito para fazer uma questão: conhece o conceito de evolução convergente? Pode ser falha minha (e desde já peço desculpa pela ignorância caso não seja como digo), mas tanto quanto sei das ideias criacionistas, não têm nada sequer parecido com o conceito. É pena, porque descreve e prevê tudo o que descreve da inteligência dos corvídeos ou de qualquer outro ser. Na verdade, para a evolução, tal não só é previsível como mesmo espectável.
4) «Como se vê, a elevada capacidade dos corvos nada tem que ver com a sua proximidade aos chimpanzés ou ao Homem, negando a relevância explicativa de um hipotético antepassado comum.»
Não percebi como pode tirar tal conclusão. A minha questão é "o que tem o cú a ver com as calças?" - é claro que não tem! Tal como a existência de mais do que um tipo de inteligência nada tem a dizer sobre a existência de um antepassado comum.
5) «Diferentemente, ela corrobora a inteiramente a ideia de um Criador Comum, que deixou marcas da sua racionalidade e inteligência em tudo o que criou.»
Eu digo exactamente o contrário. Nada do que descreveu, corrobora a ideia de um criador comum. Nem sequer que exista racionalidade e/ou inteligência nos processos naturais que regem a vida.
Nada de novo debaixo do Sol.
Aproveito para desejar a todos um bom 2015, de preferência como menos tretas, se puder ser com um pouco mais de inteligência e de racionalidade, óptimo!
Adenda:
EliminarJá que o Criacionista gosta tanto de artigos, que tal este que relaciona as barbatanas com as mãos?
Que excelente exemplo de evolução: aproveitar o que já existe, e com umas alterações fazer algo de novo!
Já agora: mais um exemplo de evolução desde um ser antigo - porque será que os vertebrados terrestres têm sempre 5 dedos nas mãos e quatro membros? Porque não outro número de dedos e de membros, como por exemplo os insectos? Há dias em que me dava jeito ter mais um par de mãos...
Um artigo interessante sobre novas descobertas sobre o sistema regulatório do genoma, na linha do que os criacionistas dizem sobre a extrema complexidade e funcionalidade do genoma e os efeitos deletérios das mutações nas instruções regulatórias, corroborando inteiramente as doutrinas bíblicas da criação e da corrupção.
ResponderEliminarUm artigo interessante sobre os sistemas regulatórios do genoma, que corrobora inteiramente a visão criacionista do genoma.
Continuo a não perceber como é que este artigo serve de alguma argumentação para os criacionistas, quanto estes, nem sequer conseguem gerar uma linha única de argumentação.
EliminarTemos os que defendem uma Terra jovem, outros nem por isso; temos os que defendem a leitura "à letra" dos textos bíblicos, outros nem por isso; temos os que defendem que Noé levou não indivíduos de cada espécie mas sim uma coisa chamada "género" (não confundir com o género na gramática e muito menos com a classificação biológica), outros nem por isso...
Que grande confusão! Dava jeito que se organizassem, pelo menos dava para perceber a linha de argumentação. Assim, disparam para todo o lado a ver se cola alguma coisa...
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