quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Democracia SARL: Parte 1, desigualdade.

Numa troca de posts entre o Henrique Monteiro e o Pedro Abrunhosa, o Pedro alegou que «as democracias ocidentais sucumbiram a outras forças maiores que transformaram os avanços civilizacionais do pós-guerra, para todos, em propriedade de muito poucos: o capital, o lucro, a ganância»(1), ao que o Henrique contrapôs que «nunca houve tanta democracia e participação popular no conjunto dos países do mundo», que «há menos pobreza do que em qualquer outra época» e que isto «deve-se - apesar dos arroubos de Abrunhosa - ao capital, aos mercados, à circulação, à mobilidade»(2). Mais tarde, voltou a frisar que «a pobreza tem diminuído» e acrescentou que «a própria desigualdade no mundo (sublinho no mundo) tem vindo a diminuir»(3). Apesar de não me agradar a retórica do Pedro Abrunhosa, é ao Henrique que gostaria de apontar alguns erros e omissões que, se corrigidos, revelam que as coisas não estão assim tão bem. Vou dividir isto em duas partes. Esta é sobre a ideia de que estamos melhor porque há menos pobreza e menos desigualdade.

Depois de ter aumentado constantemente desde, pelo menos, o século XIX até 2002, o coeficiente de Gini do mundo tem vindo a diminuir ligeiramente na última década (4). É com base nisto que o Henrique afirma que desigualdade tem diminuído. Um erro aqui é o de confundir o coeficiente de Gini com desigualdade. Este valor é um indicador útil por ser objectivo e não depender dos rendimentos totais, mas não corresponde exactamente ao conceito de igualdade. O próprio Henrique, inadvertidamente, demonstra isso quando dá um exemplo de como a pobreza pode diminuir mesmo quando a desigualdade aumenta. «Imaginemos que a pessoa A ganha mil e B ganha 10. Se a B passar a ganhar 20 (aumento de 100%) e a A 1500 (aumento de 50%), apesar de a B ter sido mais aumentada em percentagem, a desigualdade aumentou brutalmente, porque passou de uma diferença de 990 para 1480». É intuitivo que se damos 500 ao mais rico e 10 ao mais pobre estamos a agravar a desigualdade. No entanto, o coeficiente de Gini é ligeiramente menor no segundo caso* porque o mais pobre passou a ter uma percentagem maior da riqueza total. Um exemplo extremo será o de uma aldeia onde só uma pessoa tem dinheiro. Quer essa pessoa tenha 1€ quer tenha um milhão de euros, o coeficiente de Gini será o mesmo (aproximadamente 1). No entanto, intuitivamente a desigualdade é muito menor quando a única pessoa que tem dinheiro apenas tem um euro do que quando tem um milhão. Apesar do coeficiente de Gini ter diminuído ligeiramente na última década, e precisamente porque a riqueza total aumentou muito, não podemos dizer que a desigualdade tenha diminuído. Como mostra o exemplo do Henrique, até pode ter aumentado.

Quanto à tese de que as coisas estão melhores porque a pobreza absoluta está a diminuir, é preciso distinguir dois tipos de problemas. Vamos supor que temos sete mil milhões de pessoas e mil milhões passam fome porque só há comida para alimentar seis mil milhões de pessoas. É uma tragédia mas não há nada a fazer. Não conseguimos semear batatas em Marte e, se não há comida que chegue, vai haver fome. Mas vamos supor que há comida que chegue para todos, que a comida até sobra e se desperdiça (5), mas que, ainda assim, 800 milhões de pessoas passam fome (6). Boa, dirá o Henrique, são menos 200 milhões a passar fome. Mas a tese de que as coisas melhoram ignora que a situação deixa de ser uma tragédia inevitável para se tornar num problema político e social grave. A injustiça e a responsabilidade política não se encontram na diferença entre como as coisas estavam e como estão mas na diferença entre como as coisas estão e como poderiam estar, e nesse aspecto o problema tem se agravado muito. Quanto mais riqueza há no total menos desculpável é que se permita tanto sofrimento apenas por má redistribuição dos recursos.

Um exemplo disto é o resultado de se permitir a participação de fundos de investimento especulativo no mercado de contratos futuros de bens alimentares. Até 1999, este mercado estava fortemente regulado e só empresas com interesse real naqueles bens podiam participar. Mas, graças ao lobbying de grandes grupos financeiros, o mercado foi aberto a fundos de investimento que, por terem muito mais capital disponível, rapidamente inflacionaram os preços para lucrar com a especulação. Entre 2003 e 2011 o investimento anual em contratos derivativos na agricultura aumentou de 3 mil milhões de dólares para 126 mil milhões de dólares (7). Se bem que alguns chamem a isto “criação de riqueza”, o resultado foi que, mesmo descontando a inflação, o preço dos alimentos para o comprador final mais do que duplicou nesta década (8).

Um argumento forte contra a redistribuição é o de que a redução no incentivo para gerar riqueza faz diminuir o tamanho total do bolo. Se não há que chegue para todos, então tentar redistribuir pode agravar o problema. Mas se esse argumento é forte quando os recursos são insuficientes, torna-se tão mais fraco quanto maior for o bolo. Quando 0.7% da população mundial detém quase metade da riqueza total (9) enquanto 12% passa fome estamos claramente fora dessa situação em que o limite era o tamanho do bolo. Assim já compensa redistribuir mesmo à custa do crescimento total. Por exemplo, é evidente que compensa regular os contratos derivativos de bens alimentares para tirar dezenas ou centenas de milhões de pessoas da fome à custa do lucro de alguns bancos e de uma pequena redução no PIB global. Mesmo que se perca “riqueza”, o que não é certo, ganha-se muito mais em troca. Porque é que, com tanta democracia, este tipo de coisas não acontece? Porque, ao contrário do que o Henrique Monteiro defende, a democracia moderna guia-se mais pelo dinheiro do que pelos votos. Mas isso fica para a segunda parte.

*Segundo as minhas contas, 0.829 contra 0.830.

1- Expresso, Pedro Abrunhosa reage a texto de Henrique Monteiro
2- Expresso, Henrique Monteiro responde a Abrunhosa
3- Expresso, O paradoxo da diminuição da pobreza
4- Wikipedia, Gini Coefficient
5- Wikipedia, Food Waste
6- World Hunger, 2013 World Hunger and Poverty Facts and Statistics
7- New Internationalist, The food rush
8- The Independent, Goldman bankers get rich betting on food prices as millions starve
9- Guardian, The world's wealthy: where on earth are the richest 1%?

22 comentários:

  1. Tanto quanto sei os contratos de futuros de mercadorias têm liquidação financeira. Se existisse (existir, não conheço todos os contratos) então podia-se estabelecer uma relação directa entre os preços dos futuros e do mercado à vista, dados que quem negociava no mercado de futuros teria de comprar/vender a mercadoria (milho, trigo, etc.).

    Há estudos empíricos que procuram encontrar relações entre a volatilidade dos preços dos futuros e das mercadorias no mercado à vista. Nalguns casos encontra-se, noutros não. Provavelmente, os fenómenos climáticos têm maior influência nos preços dos mercados à vista do que a especulação financeira mas é políticamente correcto criticar e diabolizar os "mercados".

    Aqui está um estudo empírico realizado no Brasil sobre o mercado da soja:

    http://www.bnb.gov.br/projwebren/exec/artigoRenPDF.aspx?cd_artigo_ren=1231

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  2. se existisse liquidação física... o cansaço é tramado.

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  3. António,

    Tanto quanto sei, a técnica consiste em ir "rolando" esses contratos. Quando um está prestes a atingir maturidade, vendem-no a alguém que precise do milho, do arroz ou da soja e compram outros para o anos seguinte. Como esses fundos de investimento têm muito mais capital disponível do que as empresas transformadoras, conseguem açambarcar o mercado e manipular os preços.

    Pelo que percebi desse artigo, a eficiência do mercado é calculada comparando os preços dos contratos futuros com os preços de mercado dos bens. Mas o problema é precisamente esse: o capital especulativo é tanto que domina por completo os preços e todo o custo é passado ao consumidor final. Por isso o mercado é, nesta definição, eficiente...

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    1. Ludwig,

      Se os contratos de futuros tiverem liquidação física ou se as instituições financeiras detiverem posições importantes no mercado à vista tens razão (dou-te alguns links que comprovam isso). Neste caso, podem-se manipular preços detendo quantidades da mercadoria fisica. A Goldman Sachs foi acusada disso no mercado de alumínio (pesquisei a história no google e os links que indico falam disso). Se só houver liquidação fínanceira e/ou os especuladores não intervierem no mercado à vista pode não existir transmissão total ou parcial das variações dos preços dos futuros para a economia real.

      O que eu pretendi dizer é que muitas vezes fazem-se generalizações pegando em questões particulares e afirmando-se "é tudo assim". Nuns casos será, noutros não. É fácil culpar os especuladores tal como é conveniente culpar os funcionários públicos por todos os males do país, e ambos sabemos que isso não é verdade, porque é politicamente correcto e conveniente encontrar bodes expiatórios que acabam por impedir a verdadeira causa dos problemas.

      Os preços dos produtos podem subir imenso num país com o pretexto da variação dos preços dos futuros mas a verdadeira causa pode ser uma distorção na comercialização baseada em situações de monopólio ou oligopólio que dominam os preços. Pode-se criticar os especuladores mas se eles forem afastados do mercado não há liquidez para negociar os contratos e os produtores que querem efectuar cobertura do risco de variação do preço ficam mais expostos.

      Aqui vão os links, vais apreciá-los porque suportam a tua teoria, sobre a Goldman:

      http://www.zerohedge.com/article/goldman-jpm-have-now-become-commodity-cartel-they-recreate-de-beers-diamond-monopoly

      http://www.zerohedge.com/news/2013-07-23/goldman-responds-accusations-it-manipulates-aluminum-market

      http://www.zerohedge.com/news/2013-08-07/market-parasite-jpmorgan-added-goldman-aluminum-cartel-lawsuit

      http://www.zerohedge.com/news/2014-02-13/vampire-squid-strikes-again-matt-taibbi-takes-blythe-masters-and-banker-commodity-ca

      Este último llink é de ontem e é muito interessante...

      Os links falam do mercado do alumínio. Defendem que houve manipulação de preços com base na posse de mercadoria física. Inferir que isto se passa em todos os mercados de futuros é falacioso e um professor de pensamento crítico não o fará. Mas quando aparecem as evidências não as podemos negar... :-)



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  4. os 3 primeiros links não estão a funcionar, nem o 5º. nada que uma busca no google não tenha resolvido para satisfazer a minha curiosidade.

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  5. Sonas,

    Ooops.. já corrigi. Obrigado pelo aviso.

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  6. António,

    Não é necessário deteres a mercadoria física para manipular os preços pelo mercado de futuros. Basta que quem vá comprar a mercadoria física precise de contratos de futuros. E esse é o caso. Um fabricante de rações ou sumos não pode ir à praça todas as semanas comprar a matéria prima. Tem de organizar as coisas com antecedência e ter contratos que lhe garantam o fornecimento meses antes do fabrico. Eram estas empresas que participavam nos contratos futuros antes da entrada dos bancos.

    Nesta situação, se os bancos compram os contratos futuros com mais antecedência e aumentam os preços por açambarcar o mercado, quando o fabricante precisa de garantir o fornecimento para daqui a três meses (e não tem dinheiro para estar a comprar contratos com um ano de antecedência ou mais) tem de os comprar aos fundos de investimento que agora os detém todos. Ao preço que eles querem.

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  7. António,

    Não é um problema simples, mas há uma premissa recorrente da parte de quem defende que a inflação dos contratos futuros é inconsequente que me parece errada. A premissa é a de que não faz diferença no preço dos bens porque o comércio especulativo dos contratos futuros nunca termina com a aquisição dos bens, livram-se sempre dos contratos antes.

    O problema nisto é que os contratos de aquisição futura são parte integrante do negócio entre os produtores e os transformadores ou revendedores desses bens. Não só para repartir riscos mas também para a gestão dos stocks. Uma empresa que revende trigo pelo mundo tem de gerir armazéns, transporte nos barcos e assim, e isso exige gerir os stocks com meses de antecedência. Ou seja, exige comprar contratos futuros para que possa garantir que terá os bens quando precisa onde precisa.

    Mas se alguém anda a especular com estes contratos e a lucrar com o negócio, esses lucros serão prejuízos para quem ficar com os contratos no fim. Ou seja, para estas empresas que, necessariamente, vão transferir esses custos para os seus clientes. Por isso é que alguém num país que importa trigo vai ter de pagar os lucros dos fundos de investimento que especularam em contratos futuros do trigo.

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    1. 1º os contratos de futuros do petróleo e de derivados deixou de ser manipulado pelo ocidente desde a guerrilha do iraque

      2º os das mercadorias são cada vez mais influenciados pelo mercado asiático que acumula stocks provavelmente superiores aos dos US of A durante o máximo da guerra fria nos anos 80

      se bem que face aos 3 mil milhões de consumidores esses stocks não assegurem mais do que um terço dos 6 meses de reservas dos us of a

      claro que há especulação pois a incerteza aumentou enormemente

      por exemplo quando o teu colega director de instiputo ia acumulando 192 carimbos no passaporte e se queixou da atitude da polícia paquistanesa durante as cheias

      e generalizou dizendo que toda a poliça fazia isso para se armar aos cucos

      o preço dos cereais de pragana aumentara 30% nas grandes cidades e 70 a 80% nas zonas de leito de cheia

      os incêndios nas estepes russas no mesmo ano e a seca e os incêndios na austrália afectaram 8 a 9% das reservas mundiais de cereais apesar de ter sido um ano record na china índia eua e américa do sul

      logo os futuros garantem um mercado muito volátil e não o garantem em absoluto pois os custos de transporte de 20 toneladas de cereais desde calcutá até ao butão são superiores ao custo dos próprios cereais

      daí transportar-se farinha....o que impliga gastos energéticos na transformação

      logo percentualmente a desigualdade mundial é maior do que quando 800 milhões de euro-americanos controlavam 70% dos recursos e do dinheiro virtual mundial?

      no....

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  8. «Por isso é que alguém num país que importa trigo vai ter de pagar os lucros dos fundos de investimento que especularam em contratos futuros do trigo.»

    Ludwig,

    Estive a inteirar-me da saga que motivou este post e tenho pena se os comentários convergirem para este aspecto lateral, até porque dentro da sistema financeiro há muitas coisas que servem apenas para engordar uma pequena corte com prejuízo da maioria das pessoas.

    Mas queria chamar a atenção para um aspecto que me parece estar a fugir às tuas contas. As principais commodities agrícolas na mira da especulação (trigo, soja, açúcar, etc) são produzidas normalmente por grandes empresas que sabem muito bem como ganhar dinheiro. Aqui não podemos pensar no senhor Prudêncio a vender laranja à beira da estrada. A entrada em grande estilo dos fundos especulativos no mercado dos futuros agrícolas, antes frequentado pelos produtores e pelas indústrias de distribuição ou transformação, encontra imediatamente nos produtores um ajustamento do preço.

    Eu vejo isto assim: um contrato estabelece o preço a pagar numa data futura pela tonelada de trigo, e é estabelecido entre o produtor e alguém num grupo de interessados. Se o grupo de interessados incluir fundos de investimento especulativos, parece-me inevitável que o preço do produtor seja pressionado para cima. Não porque o contrato vai mudar muitas vezes de mão a preços diferentes da inicial, ou porque os bancos sorvem com a sua tromba imunda as comissões de tudo o que sejam mercados secundários. A razão mais forte para o preço subir, uma vez que o preço futuro está fixado ao início, é a expectativa de lucro de quem produz o trigo para o vender (e obviamente não está a dormir em pé). Parece-me que é sobretudo no instante do contrato, ainda o bago está verde, que a especulação projecta o seu efeito no preço do ano seguinte.

    Resumindo, não encontro nenhum motivo saudável para as democracias (*) terem permitido a desregulação que abriu a porta dos futuros agrícolas à actividade puramente especulativa. Mas a verdade é que também as grandes empresas agrícolas se estendem por esse novo espaço quando o preço nos novos contratos “dispara”, por motivos que eles lá sabem.

    (*) nem para os farsantes que nos governam, chamem-lhes o que quiserem...

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    1. e não é por tonelada há montantes fixos por contracto no acto

      op 20 Agricultural Futures & Options Contracts
      Rank
      Contract
      Contract Size
      2010
      2011
      % Change
      1
      Cotton No. 1 Futures, ZCE
      5 tonnes....ora não se produzem 430 milhões de tonnes de algodão o desfasamento dos volumes trocados isso sim seria um ponto
      86,955,310
      139,044,152
      59.9%
      2
      White Sugar Futures, ZCE
      10 tonnes
      305,303,131
      128,193,356
      -58.0%
      3
      Rubber Futures, SHFE
      5 tons
      167,414,912
      104,286,399
      -37.7%
      4
      Corn Futures, CBOT
      5,000 bushels
      69,841,420
      79,004,801
      13.1%
      5
      Soy Oil Futures, DCE
      10 tonnes
      91,406,238
      58,012,550
      -36.5%
      6
      Soy Meal Futures, DCE
      10 tonnes
      125,581,888
      50,170,334
      -60.0%
      7
      Soybeans Futures, CBOT
      5,000 bushels
      36,933,960
      45,143,755
      22.2%
      8
      Corn Options on Futures, CBOT
      5,000 bushels
      20,810,260
      28,650,380
      37.7%
      9
      Corn Futures, DCE
      10 tonnes
      35,999,573
      26,849,738
      -25.4%
      10
      No. 1 Soybeans Futures, DCE
      10 tonnes
      37,393,600
      25,239,532
      -32.5%
      11
      Sugar #11 Futures, ICE Futures U.S.
      50 long tons
      29,052,539
      24,629,369
      -15.2%
      12
      Wheat Futures, CBOT
      5,000 bushels
      23,090,255
      24,283,331
      5.2%
      13
      Soybean Oil Futures, CBOT
      60,000 lbs
      20,791,164
      24,156,509
      16.2%
      14
      Palm Oil Futures, DCE
      10 tonnes
      41,799,813
      22,593,961
      -45.9%
      15
      Soybean Meal Futures, CBOT
      100 short tons
      14,052,845
      16,920,194
      20.4%
      16
      Live Cattle Futures, CME
      40,000 lbs
      11,332,739
      13,532,554
      19.4%
      17
      Soybeans Options on Futures, CBOT
      5,000 bushels
      10,046,345
      13,236,367
      31.8%
      18
      Lean Hogs Futures, CME
      40,000 lbs
      8,076,535
      9,969,961
      23.4%
      19
      Guar Seed Futures, NCDEX
      10 tonnes
      10,937,797
      8,998,515
      -17.7%
      20
      Strong Gluten Wheat Futures, ZCE
      10 tonnes
      5,804,642
      7,909,755
      36.3%

      Eliminar
    2. óia seapareceu o gadjo

      Statistical Bale Weights for Cotton

      Data posted by Cotton Outlook.

      Australia


      =


      227 kilos







      Colombia


      =


      233 kilos







      Mexico


      =


      220 kilos







      Nigeria


      =


      185 kilos







      Uganda


      =


      182 kilos







      India/Pakistan


      =


      170 kilos







      South Africa


      =


      200 kilos







      Egypt


      =


      720 lbs


      =


      327 kilos

      Sudan


      =


      420 lbs


      =


      191 kilos

      Tanzania


      =


      400 lbs


      =


      181 kilos

      USA


      =


      480 lbs


      =


      218 kilos

      desregulação porquê? por não existir matéria física?

      se o algodão arder todo numa seca imensa nenhum contrato será honrado

      Eliminar
  9. Bruce,

    O lucro das grandes empresas que produzem esses alimentos não me escapou às contas. Eu estava era a focar as contas no preço desses bens para o consumidor final. Ou seja, o desgraçado que passa fome. Se bem que os lucros dos produtores tenham algum papel aí, esses vinham geralmente da exploração de quem trabalha para eles e de subsídios e não tanto no preço do produto final. Com esta especulação toda, é natural que tenham aproveitado também, mas a causa continua a ser a injecção neste mercado de 40 vezes mais capital do que era normal, e só para especulação.

    «Eu vejo isto assim: um contrato estabelece o preço a pagar numa data futura pela tonelada de trigo, e é estabelecido entre o produtor e alguém num grupo de interessados. Se o grupo de interessados incluir fundos de investimento especulativos, parece-me inevitável que o preço do produtor seja pressionado para cima.»

    Eu acho que não é bem isso.

    Imagina que eu tenho carradas de dinheiro. Contacto todos os produtores de milho e faço contratos com eles para a colheita de 2015. São contratos normais de futuros: quando chegar a colheita, eles comprometem-se a vender-me tantas toneladas a este preço que agora concordamos. Até aqui não fiz nada de especial. Fiz os contratos que eles estão habituados, aos preços de sempre, talvez só um pouco mais cedo do que é costume.

    Lá para Novembro umas multinacionais de sumos e concentrados começam a contactar os produtores de milho no Brazil para fazer contratos sobre as suas colheitas mas eles já têm tudo reservado. Falam com os da Argentina, idem. Na Europa, China e EUA, todas as colheitas até Novembro de 2015 estão já com contratos.

    Tenham calma, digo eu, que eu posso vender os meus contratos. Obviamente, por um preço. E pronto, a partir daí é só levantar os cheques no banco.

    Nota que é preciso muito dinheiro para poder ficar sentado nos contratos meses ou anos para poder fazer esta brincadeira. Isto é coisa para fundos de investimento e não para empresas que produzam o que quer que seja.

    Mas é assim que se explica o aumento do mercado de 3 para 130 mil milhões de dólares quando entrou a malta com muita massa.

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    Respostas
    1. se passa fome nã é o consumidor final

      pois para os que passam fome vão os restos do mercado o impróprio para consumo pá

      o contrato garante um preço mesmo em caso de super-produção

      quem aceita não é obrigado a aceitar

      pode vendê-lo livremente no mercado se tiver cliente

      de resto por aqui há 6000 toneladas de laranja que num têm comprador

      nã compras as laranjas ós famintos pruquê ó krippau?

      social.fascista

      ah esquecia-me o aumento de 3 para 130 mil milhões deve-se ao aumento dos factores de produção e à entrada da ásia em força no mercado dos fturos

      basta ver quem é o 3º consumidor de xocoatl e o 2ºde soja

      Eliminar
  10. de resto pá zinho só 900 milhões de contratos em 2011 foram de futuros agro-industriais
    Futures Industry
    |
    March 2012 deve haver um de 2013
    25
    exchanges, as described later in this article.
    For this year’s volume survey, the FIA
    collected data from 81 exchanges around
    the world. A handful of exchanges were
    added to the FIA’s database in 2011, in
    -
    cluding India’s United Stock Exchange,
    the Indonesia Commodity and Derivatives
    Exchange, and the Singapore Mercantile
    Exchange. In this year’s listing of the 30
    largest exchanges, Borsa Italiana’s deriva
    -
    tives exchange has been combined with
    the London Stock Exchange’s derivatives
    exchange, reflecting the fact that they are
    under common ownership. For the same
    reason the Montreal Exchange and the Bos
    -
    ton Options Exchange are combined under
    the TMX Group. Looking forward, Russia’s
    RTS and Micex will be combined in 2012
    following their merger at the end of 2011.
    Size Matters
    The FIA measures volume by the num
    -
    ber of contracts traded. The advantage of
    this approach is that it gives us a standard
    unit of measurement for contracts that are
    based on a huge range of underlying com
    -
    modities and financial instruments.
    The problem with this metric is that
    contract sizes can differ enormously. At one
    extreme is the Eurodollar futures contract
    traded at CME, which is based on the value
    of interest paid on $1 million. At the other
    extreme are the currency futures traded in
    India, which are based on just $1,000. It
    does not take a lot of money to produce big
    volume numbers with such small contracts.
    As it happens, those tiny Indian FX
    contracts are enormously popular. They
    trade on three exchanges—MCX Stock Ex
    -
    change, the National Stock Exchange of In
    -
    dia, and United Stock Exchange. Last year
    the total volume of U.S. dollar/Indian ru
    -
    pee futures traded on these three exchanges
    reached 1,845.96 million. That was equiva
    -
    lent to almost a fifth of the Asia-Pacific re
    -
    gion’s total volume for the year.
    Another example is the equity options
    market at Australia’s ASX. In May, the ex
    -
    change cut the size of its single stock equity
    options from 1,000 shares per contract to 100
    shares, in order to put the contract size in line
    with international standards and encourage
    more trading by retail investors. The effect of
    this change is that it now takes 10 times as
    many contracts to achieve the same exposure,
    and the typical transaction generates 10 times
    as many contracts traded.
    As a result, ASX jumped up the ex
    -
    Futures Industry
    |
    March 2012
    25
    Global Futures and Options Volume by Category
    Based on the number of contracts traded and/or cleared at 81 exchanges worldwide
    Category
    2010
    2011
    % Change
    Equity Indexes
    7,416,030,134
    8,459,520,735
    14.1%
    Individual Equities
    6,295,265,079
    7,062,363,140
    12.2%
    Interest Rate
    3,202,061,602
    3,491,200,916
    9.0%
    Foreign Currency
    2,525,942,415
    3,147,046,787
    24.6%
    Ag Commodities
    1,305,531,145
    991,422,529
    -24.1%
    Energy Products
    723,614,925
    814,767,491
    12.6%
    Non-Precious Metals
    643,645,225
    435,111,149
    -32.4%
    Precious Metals
    174,943,677
    341,256,129
    95.1%
    Other
    137,655,075
    229,713,692
    66.9%
    TOTAL
    22,424,689,277
    24,972,402,568
    11.4%
    Note: Energy includes contracts based on emissions. Other includes contracts based on commodity
    indices, credit, fertilizer, housing, inflation, lumber, plastics and weather

    em 25 mil milhões deles nas 81

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  11. op 30 Derivatives Exchanges
    Ranked by number of contracts traded and/or cleared
    Rank
    Exchange
    2010
    2011
    % Change
    1
    Korea Exchange
    3,748,861,401
    3,927,956,666
    4.8%
    2
    CME Group (includes CBOT and Nymex)
    3,080,497,016
    3,386,986,678
    9.9%
    3
    Eurex (includes ISE)
    2,642,092,726
    2,821,502,018
    6.8%
    4
    NYSE Euronext (includes U.S. and EU markets)
    2,154,742,282
    2,283,472,810
    6.0%
    5
    National Stock Exchange of India
    1,615,790,692
    2,200,366,650
    36.2%
    6
    BM&FBovespa
    1,413,753,671
    1,500,444,003
    6.1%
    7
    Nasdaq OMX (includes U.S. and Nordic markets)
    1,099,437,223
    1,295,641,151
    17.8%
    8
    CBOE Group (includes CFE and C2)
    1,123,505,008
    1,216,922,087
    8.3%
    9
    Multi Commodity Exchange of India (includes MCX-SX)
    1,081,813,643
    1,196,322,051
    10.6%
    10
    Russia Trading Systems Stock Exchange
    623,992,363
    1,mil e tal milhões a russia aumentou 73% o número de contratos em 2011

    dá garantias de preço às fábricas do bangladesh que produzem a maior parte da tua roupa e compram algodão e linho e fibras obviamente sintéticas

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  12. A BÍBLIA E A ECONOMIA: ALGUMAS NOTAS

    Em matéria de economia, a Bíblia parece ter alguns princípios dignos de nota.

    A economia deve reflectir o carácter de Deus e guiar-se por princípios de bondade, justiça.

    A Bíblia ensina que quem oprime o pobre insulta o Seu Criador.

    A Bíblia enfatiza o uso dos talentos dados por Deus, no sentido da sua multiplicação, numa atitude de iniciativa e criatividade e de respeito por princípios de justiça e integridade. As transacções devem ser verdadeiras e justas.

    Esse ensino encontra-se em toda a Bíblia.

    Também se encontra na Bíblia, logo nos primeiros capítulos de Génesis, a ideia de que o ser humano deve ser verdadeiro, íntegro, amoroso, desenvolvendo a sua actividade laboral cuidando da natureza criada.

    A referência que é feita ao dízimo, igualmente no Génesis, salienta a importância de a criação de riqueza ser levada a cabo numa atitude de subordinação a Deus e de reconhecimento de que a riqueza produzida é uma benção de Deus, devendo por isso ser obtida e gerida de forma correcta.

    O dízimo consistia em reservar um 10% dos rendimentos para o sustento do culto, para a ajuda aos necessitados (v.g. órfãos, viúvas, estrangeiros) e para a realização de eventos festivos envolvendo toda a sociedade.

    O titular dos rendimentos ainda ficava para si com 90% do rendimento. Quem nos dera! A despesa não podia ir além do gerado pelo dízimo.

    O dízimo era um imposto proporcional, justo, moderado, fácil de calcular e de cobrar, algo especialmente importante para um povo que se encontrava no deserto, sem uma administração fiscal.

    Ele era favorável à criação de riqueza, evitando a complexidade labiríntica dos actuais sistemas fiscais que favorecem a evasão e a fraude fiscal (v.g. fuga para os "off-shore's") e sobrecarregam o tecido empresarial e os cidadãos.

    A redistribuição do rendimento era efectuada através da despesa, ajudando os realmente necessitados.

    Na Bíblia proíbe-se os empréstimos usurários ao mesmo tempo que se alerta para os perigos do recurso ao crédito.

    Além disso, estabelece-se, na Bíblia, que de 50 em 50 anos haveria o Ano do Jubileu, em que se redistribuíam as terras, de forma a evitar que as desigualdades económicas e sociais se tornassem intoleráveis.

    Na Bíblia, a economia não é a lei do mais forte.

    A Bíblia não defende, nem o capitalismo sem justiça, nem o comunismo sem liberdade.

    Ela propõe a optimização da liberdade e da justiça, preocupando-se com a criação de riqueza, sem esquecer o amor a Deus e ao próximo, de acordo com princípios de justiça, bondade e verdade.

    Na Bíblia, a criação de riqueza é sempre acompanhada por imperativos de justiça social, solidariedade social e segurança social.

    O dízimo era de 10%. Os mandamentos de Deus eram 10.

    Tudo simples e fácil, possível de ser calculado com os dedos das mãos.

    À medida que nos afastamos de Deus, e a injustiça e a desonestidade se multiplicam, os sistemas fiscal e jurídico tornam-se mais complexos e as relações sociais e económicas tornam-se mais injustas.

    É certo que a Bíblia descreve (sem nunca prescrever) situações de escravatura e opressão.

    Mas as mesmas surgem sempre como consequências do pecado humano e do afastamento dos princípios de justiça e bondade de Deus.

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  13. Ludwig,

    «Com esta especulação toda, é natural que tenham aproveitado também, mas a causa continua a ser a injecção neste mercado de 40 vezes mais capital do que era normal, e só para especulação.»

    Repara no desempenho destes fundos de futuros agrícolas (mutualistas, talvez não seja o tipo de especuladores que referes mas foi o que encontrei numa pesquisa rápida :)

    a) DB Platinum Agriculture Euro R1C Acc, a perder 10% desde 2009;

    b) DB Platinum Agriculture Euro R1C-A Acc, também a perder 10% desde 2009.

    Esta variação contrasta bastante com o Commodity Food Index Monthly Price que no mesmo período subiu cerca de 35%.

    Nestes números eu leio que desde 2009 muita gente viu o preço dos alimentos subir enquanto os especuladores do Credit Suisse foram chamuscados com as unidades de participação a descer. Se contássemos desde 2008, teriam descido cerca de 40%. Claro que era interessante alargar o suporte desta comparação, mas continuo a ter razões para achar que muitas empresas agrícolas a levaram bem levada com a abertura dos futuros ao capital especulativo. A procura “aumentou” maravilhosamente de 3 para 130 mil milhões, como dizes.


    «Imagina que eu tenho carradas de dinheiro. Contacto todos os produtores de milho e faço contratos com eles para a colheita de 2015.»

    É verdade que em teoria essa carrada de dinheiro pode ser reunida para esse efeito. Acontece que quase inevitavelmente os donos do dinheiro terão preços e tempos de venda diferentes uns dos outros. Por isso a motivação do grupo inicial pode não ser a concentração da matéria-prima mas o idílio verdejante da revenda e das comissões, como no caso que apontei acima. O parasitismo pode mais facilmente ocorrer nesta forma do que por via da concertação de preços num mercado gigante como este, e não garante de modo nenhum bons resultados aos futuros compradores na cadeia de especulação.

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    Respostas
    1. non porque as empresas agrícolas são todas de pequena dimensão raras são as que ultrapassam o milhão de toneladas de produção

      já as agro-industriais e as de como se diz transporte e armazenamento de géneros como a extinta EPAC cujos silos se distribuem pelo país

      trafaria incluida podem ter de facto dezenas de milhões de toneladas de armazenamento e distribuição anual ou bienal de veneza

      mas dada a biomassa agrícola mundial e a sua distribuição....o impacto desse número reduzido é pequeno em relação ao gigantesco número de traders online

      alguns deles robots como ocês

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  14. Criacionismo Bíblico (Jónatas), eis aqui um artigo interessante que resume e em parte explica toda a argumentação com o Jónatas nos tem brindado.

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    Respostas
    1. Curiosamente, existem mais dois artigos que explicam a argumentação do Jónatas:
      existem mais psicopatas entre os advogados do que noutras profissões, excepto entre os CEOs, e uma advogada bajulou a sua psicopatia, para explicar o seu sucesso profissional.

      Também nota que o Jónatas fica satisfeito com essas observações. Na sua cabeça, não conseguimos respondê-lo, por isso é que criticam o seu comportamento ignóbil.

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    2. bom e entre os doentes de alzeimher também

      e entre os gajos que tiraram informática atão.....

      e profes unidibersitários basta ler a ar jumentação do poste com viagra atheista

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