sexta-feira, outubro 13, 2017

Agora Nós e ateísmo.

A produção do programa Agora Nós, da RTP-1, convidou a Associação Ateísta Portuguesa a participar num debate informal sobre a fé e o ateísmo. Eu vou lá estar, em representação do meu ateísmo, com a ressalva de que o meu ateísmo não é necessariamente representativo de mais ateísmo nenhum. O outro convidado será um sacerdote da Igreja Católica e a nossa conversa será hoje, Sexta-feira 13, por volta das 16:20, durante o programa. Penso que a gravação ficará depois disponível no site do Agora Nós.

21 comentários:

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  3. Emagreceste uns quantos quilos desde a última vez que te vi numa gravação :)

    Andas a alface, não?

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  4. Boas Ludwig,

    Foi impressão minha, ou escapaste de dar a explicação ao José Pedro Vasconcelos sobre a diferença entre ateu e agnóstico. Já agora, se tiveres uma oportunidade, podes sempre tentar dar a tua perspectiva :)
    A minha, já agora, é muito simples, e parte da construção de ambas as palavras: ateu e agnóstico. Ateu - é o que não tem deus/deuses, literamente sem deus e é uma posição religiosa, i.e., se tem ou não religião. Agnóstico - é o que não tem conhecimento sobre a existência de deus/deuses, e é uma posição filosófica, que em nada afeta a posição religiosa. Tanto quando saiba é perfeitamente possivel a existência de alguém religioso (teísta?) e agnóstico, bem como ateu e agnóstico. E já tenho visto neste blog pessoas a defenderem ideias como: se não tens a certeza, então és agnóstico e não ateu, o que me parece uma ideia errada.

    Por outro lado, se me permites, e uma vez que a peça atiça essa curiosidade, fala um pouco das tuas conversas com o que me pareceu ser o padre mais ateu da parte ocidental da galáxia e arredores.

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  6. Quando se fala de Deus, seja o Deus das religiões (que é de extrema complexidade e riqueza), seja o Deus dos filósofos (que é uma espécie de incógnita de uma equação cuja consistência tem resistido a todas as tentativas de rejeição), seja o Deus (que não é Deus, mas que são os pressupostos de inteligibilidade) de quem acredita que tudo o que conhecemos procede e funciona de modos cuja explicação e compreensão vamos descobrindo, está em questão qualquer coisa que transcende os limites do conhecimento, mas não só, porque não se trata apenas da explicação das coisas, do mundo e de nós, mas essencialmente do encontro com o criador, o obreiro, a inteligência, o projeto, o quê, quem, quando, como, porquê, para quê... algo de que não prescindimos e até necessitamos para a nossa identidade, para a explicação de nós, para nos identificarmos a nós mesmos, enquanto pessoas, enquanto humanidade, que se mira a um espelho que devolve mais interrogações do que respostas e tudo isto faz sentido, sempre fez, tudo isto é racional e incontornável.
    O Deus das religiões, como não podia deixar de ser, é o mais problemático de todos, porque faz parte e influencia e determina, como nenhum outro, a própria organização político-social e a cultura dos povos que o adotam.
    É uma espécie de referencial e matriz valorativa de condutas e comportamentos que foi ganhando caráter de justificação e fundamento para a própria estrutura normativa das sociedades, e foi sendo plasmado em normas que, em algumas sociedades, até tiveram ou ainda têm, força jurídica.
    Este Deus é, sem dúvida, muito perigoso e foi, durante muitos séculos, devastador e incontrolável. É um Deus que se coloca, ou é colocado, ao serviço de grupos, de exércitos, de ideologias, de poderes, de desumanidades...É demasiado humano.
    O Deus dos outros não é menos Deus, nem menos humano e não me parece tão perigoso.

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  7. Maria Madalena Teodósio,

    Obrigado mas, infelizmente, acho que tenho mantido o mesmo peso já há uns anos. É verdade que como principalmente vegetais, mas como isso inclui chocolate e muitas bolachas, o efeito acaba por não ser o desejado :)

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    1. Então provavelmente tens menos massa gorda e mais músculo (pelo menos em certos sítios).

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  8. António,

    «Foi impressão minha, ou escapaste de dar a explicação ao José Pedro Vasconcelos sobre a diferença entre ateu e agnóstico.»

    Sim. Estas coisas exigem atenção ao tempo que temos para responder. Um ou dois minutos e cortam-nos a palavra, pelo que é preciso escolher os alvos certos. Por isso, quando ele misturou o agnosticismo com a espiritualidade, decidir apontar só à espiritualidade. A coisa do agnosticismo exige mais tempo.

    Quanto à conversa que tivemos antes daquele segmento foi agradável – ele é simpático – mas não falámos nada de sério. Mas acho que tens razão. Ele é demasiado sincero e honesto na sua fé para ser religioso :)

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    1. Ludwig, que tal discutires essa questão do agnosticismo no próximo post?

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    2. Também concordo. Seria um tema bem interessante, nem que seja para ver o que outros pensam do assunto :)

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  9. Carlos,

    «está em questão qualquer coisa que transcende os limites do conhecimento»

    Sim, mas nota que os limites do conhecimento não são estáticos. Hoje abrangem muito mais conhecimento do que há mil anos atrás.

    E nota-se que, conforme os limites do conhecimento expandem, vai-se esgotando o espaço para os deuses. Por exemplo, hoje o nosso conhecimento abrange quase tudo o que tem utilidade prática no quotidiano, desde a meteorologia à medicina, aos transportes e à roupa que vestimos. O resultado disso é que, pela primeira vez na história, começa a ser consensual entre os crentes que os deuses não têm utilidade prática. Não curam, não protegem das tempestades, não ajudam a reduzir os acidentes, não garantem boas colheitas nem nada disso.

    Penso que quem olhar imparcialmente para este padrão não pode senão desconfiar que isto dos deuses é tudo ficção.

    «não se trata apenas da explicação das coisas, do mundo e de nós, mas essencialmente do encontro com o criador, o obreiro, a inteligência, o projeto, o quê, quem, quando, como, porquê, para quê.»

    Mas isso só faz sentido se esse criador realmente existir. Se for um ser meramente fictício, ninguém quer meter-se nesse “encontro” ao engano. E apurar se esse ser realmente existe é um trabalho de explicação, como é para todos os casos em que temos de distinguir entre o que existe e o que é fantasia.

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    1. Experiências recentes levadas a cabo no Centro Europeu de Investigação Nuclear (CERN) confirmaram, com elevada precisão técnológica, que o Universo tal como existe não tem qualquer explicação ceintífica, não devendo existir de acordo com os modelos teóricos dominantes.

      Estes resultados, empíricos e não especulativos, são muito interessantes porque são inteiramente consistentes com a ideia de que Deus (e não o Big Bang) criou o Universo.

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  10. "está em questão qualquer coisa que transcende os limites do conhecimento"

    Tudo transcende os limites do conhecimento. Não sabemos tudo sobre tudo, ainda. Mas não é por isso que temos liberdade para criarmos afirmações arbitrarias e sem justificação para tornar tudo ainda mais confuso e depois pedir para pasmar com isso. Pelo menos se presamos alguma honestidade intelectual. O que não se sabe não justifica a crença. Isso devia estar enterrado desde a pré-história. A ordem devia ser outra, a justificação leva ao conhecimento e este então à crença. Senão acabamos com uma salgalhada de entidades extraordinárias capazes de criar mundos mas inexistentes para todos os efeitos.

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    1. O que não é arbitrário e sem justificação é, por exemplo, os limites do conhecimento. Ou, ainda, o facto (qual é a arbitrariedade dos factos?) do sofrimento, da dor, da felicidade, da crença de que o sofrimento não é, não pode ser, em vão, tal como não é, nem pode ser, em vão, que existe o universo, porque nada é em vão e, mais importante, ninguém acredita no vão. Podemos sempre decidir enterrar crenças e descrenças, como quem enterra mortos ou vivos, que a nossa decisão não altera nada sobre a verdade, não temos qualquer poder de interferência sobre as leis que regem o universo e uma dessas leis, suponho, é que as crenças e as descrenças não são parte delas, mas regem-se por elas. Esta ordem não é normativa. Dever ou não dever haver crenças é uma falsa questão. Justificar uma crença, ou tentar justificar uma crença, é o que tem feito avançar o conhecimento e é, justamente, acerca do que não se sabe. Para mim, o mais importante continua a ser, depois de tantos anos a calcorrear este esplendoroso planeta (escandalosamente ardente, ou ardido), que é um incrível cemitério, carregado de vida e de sofrimento, não aquilo que sei, mas o que não sei e o que não se sabe. De cada vez que alguém me apresenta um deus, as coisas mudam, e mudam de cada vez que um deus morre. O que me interessam, verdadeiramente, não são os significados matemáticos das coisas, por mais instrumental que seja a acústica, enquanto ramo da física.
      Basta-me a música, quando não se ouve mais nada.

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    2. "Justificar uma crença, ou tentar justificar uma crença, é o que tem feito avançar o conhecimento"

      Nop. Isso é andar ao contrário. Por isso acabas a dizer teleologias injustificadas, contradições desnecessárias, e vulgaridades. (por esta ordem).

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  11. "E nota-se que, conforme os limites do conhecimento expandem, vai-se esgotando o espaço para os deuses. "

    Ladies and Gentlemen,
    please give a warm welcome,
    to the one and only
    GOD OF THE GAPS.


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  12. "A coisa do agnosticismo exige mais tempo."

    Estás a assustar-me. Agnósticos convictos como eu ficam sempre nervosos quando o naturalismo é apresentado como uma coisa misteriosa.

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  14. Ludwig Krippahl primeiro quero lhe parabenizar pelo seu ateísmo, e segundo gostaria aqui de deixar claro que se "deus" realmente existisse como na Bíblia ou algum escrito sagrado ou pseudo sagrado, ele seria mais bipolar do que minha ex esposa. Muito bom o seu Blog !

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    1. DEUS, AS NORMAS MORAIS E AS CONSEQUÊNCIAS DA SUA VIOLAÇÃO

      A Bíblia é clara. Deus criou o Universo de forma ordenada, sistemática e racional, sem morte e sofrimento. E criou o homem livre e responsável, tendo-lhe dito que no dia em que pecasse começaria a morrer.

      O ser humano pecou e a morte e a maldição entraram no mundo, afetando toda a natureza criada, tal como Deus havia determinado.

      A Bíblia limita-se a narrar a maldade que o homem causou desde então e o modo como Deus reage ao pecado humano.

      É interessante notar que, logo que pecou, imediatamente Adão culpou Eva e Deus pelas suas próprias escolhas, coisa que desde então o ser humano nunca se cansou de fazer.

      Ele gosta de ter liberdade para recusar Deus e as suas normas morais, embora quando as consequências dos seus atos são más, ele então opta por culpar Deus.

      Todos os dias vemos os seres humanos a tentarem passar para outros as suas próprias responsabilidades.

      Neste ponto, a posição dos ateus é particularmente interessante porque triplamente contraditória.

      Por um lado, os ateus dizem que não acreditam em Deus, embora isso não encerre a de modo algum a questão.

      É que, por outro lado, eles passam a sua vida a responsabilizar Deus por todas as condutas e consequências da maldade humana.

      Ao mesmo tempo, ao negarem a existência de Deus reconhecem que o ser humano é afinal o causador de toda a maldade e das suas consequências.

      No entanto, na medida em que os ateus acreditam que o ser humano foi o resultado de um processo aleatório, irracional e amoral de milhões de anos de predação, crueldade, sofrimento e morte, eles não dispõem de um padrão objetivo de moralidade para fundamentar a maldade e imoralidade da conduta humana. Meteram-se num labirinto do qual não conseguem sair.

      Importa sublinhar que o que o simples facto de alguém dizer que Deus é imoral e injusto é um exercício inútil porque auto-refutante.

      Só pode dizer isso quem acredita na existência de um padrão eterno e universal de moralidade e justiça, aplicável a Deus.

      Ora, Deus é o único cuja natureza pode ser esse padrão eterno e universal de moralidade e justiça e o único com autoridade para sancionar ou perdoar a violação desse padrão.

      É isso mesmo que a Bíblia, um conjunto de 66 livros escritos ao longo de cerca de 2000 anos, consistentemente ensina.

      Mas ela ensina ainda que Deus é amor, no sentido de que, tendo criado os seres humanos livres e responsáveis, ainda assim levou sobre si o castigo devido pelos nossos pecados e venceu a morte e a maldição através da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, por sinal o evento mais marcante e influente da história universal.

      Através de Jesus, podemos ter vida e eterna com Deus mesmo sem realmente o merecermos.

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