domingo, dezembro 07, 2014

Treta da semana (passada): o cérebro e a verdade.

Num post sobre dez questões aos “evolucionistas”, o Mats pergunta «Se, segundo o neo-Darwinismo, nós mais não somos que uma combinação arbitrária de matéria, energia e processos aleatórios [...] então como é que alguém pode confiar no que eles chamam de “pensamentos racionais” de modo a que estes correctamente lhes indiquem a veracidade do que quer que seja?»(1). A afirmação de que somos uma combinação arbitrária de processos aleatórios é falsa. Os processos que decorrem em nós não são aleatórios; o efeito de uma proteína, membrana ou ácido nucleico está bem determinado pela natureza física de cada molécula. E a teoria da evolução não propõe que estes sistemas sejam uma criação arbitrária. Um problema dos criacionismos, do mais assumido ao mais disfarçado, é ter de presumir que a vontade de um criador omnipotente, omnisciente e inimaginavelmente maior do que nós o levou a criar-nos tal como somos sem qualquer necessidade que o forçasse a isso. É demasiada presunção para a evidência disponível. Mas a evolução não é arbitrária. É como uma avalanche. Nos detalhes, é caótica e imprevisível mas, a uma escala maior, tal como a gravidade e a geometria do terreno determinam por onde a neve escorrega, a selecção natural e o ambiente também forçam o caminho de cada linhagem. Por isso, soluções úteis para problemas comuns, como raízes, olhos, mandíbulas, pernas ou asas, evoluíram independentemente várias vezes.

O nosso corpo e o nosso cérebro não surgiram por mecanismos arbitrários ou aleatórios. Surgiram por quatro mil milhões de anos de aperfeiçoamento da arte de ter mais sucesso reprodutivo do que o vizinho. Isto levou a uma enorme diversificação de soluções, da bactéria ao eucalipto e ao mosquito, entre as quais está a nossa de usar um cérebro grande para se adaptar a situações diferentes. Isto traz-nos, essencialmente, ao argumento de Plantinga contra o naturalismo. Segundo Plantinga, o que podemos esperar da evolução será apenas um cérebro que nos dá crenças úteis para o nosso sucesso reprodutivo mas não necessariamente crenças verdadeiras. No entanto, a evolução dos nossas capacidades cognitivas não decorreu apenas sob pressão para um cérebro poderoso. Outra pressão importante foi a de ter um cérebro barato.

Se bem que um cérebro já pronto à nascença seja uma opção viável em organismos intelectualmente mais simples, para mamíferos, e especialmente para os primatas, isso seria demasiado dispendioso. Por isso, o cérebro de um humano recém-nascido é quase uma massa amorfa de neurónios. Há uma organização grosseira, ditada pelos genes e pelo desenvolvimento embrionário, mas os detalhes estão omissos. Nos primeiros meses nem sequer conseguimos controlar os membros. Mas todos os neurónios são capazes de formar ou eliminar ligações conforme os estímulos que recebem e, assim, adaptar o cérebro às regularidades nos padrões sensoriais. Isto não garante crenças rigorosamente verdadeiras mas a adaptação às correlações na interacção com o ambiente força alguma correspondência entre os modelos neuronais e o ambiente que os moldou. Se aprendemos a atirar pedras atirando pedras, a ideia que formamos da relação entre a trajectória e a força não pode ficar muito longe da realidade que imprimiu no nosso cérebro essa noção durante o treino.

No entanto, Mats e Plantinga estão correctos num ponto importante. A evolução de um cérebro geneticamente barato – que, por isso, se tem de adaptar ao ambiente para aprender – força os modelos mentais a corresponderem aproximadamente à verdade mas não os obriga a corresponder exactamente à verdade. E é precisamente isto que observamos. Sentimos a pedra como sólida e maciça mas, na realidade, trata-se da repulsão eléctrica entre nuvens de electrões na nossa mão e na pedra, ambas feitas de vazio salpicado de pequenas partículas. Parece-nos que a pedra está imóvel mas todos os seus átomos se agitam continuamente. Temos ideia de que a velocidade e posição da pedra, como as de qualquer objecto, são atributos independentes e bem definidos. Não é verdade. São apenas distribuições de valores possíveis e estão interligados de tal forma que estreitar a distribuição de um alarga a distribuição do outro. Durante quase toda a nossa história o cérebro enganou-nos acerca da realidade, dando-nos ideias aproximadamente correctas mas fundamentalmente erradas.

Só nos últimos séculos é que começamos a contornar os defeitos do nosso intelecto delegando em ferramentas boa parte do processamento dos dados. Medindo com relógios, réguas e espectrómetros em vez de “a olho”. Quantificando com álgebra, de forma algorítmica e mecanizada, em vez de nos guiarmos pela intuição. Construindo penosamente modelos simbólicos, parcialmente ininteligíveis, mas que podem ser testados e adaptados à realidade com rigor. Foi assim que chegámos onde estamos agora. Não é de admirar que haja criacionistas como o Mats. O Génesis foi escrito com o conhecimento intuitivo de uma tribo antiga e mesmo à medida das limitações do nosso cérebro. Milhares de anos, criação inteligente, homem feito do barro e essas coisas. Isso é fácil de digerir. A realidade que a ciência nos revela não é algo para o qual o nosso cérebro esteja preparado. Um universo com treze mil milhões de anos. Quatro mil milhões de anos de evolução biológica. A relatividade do tempo. A mecânica quântica. Qualquer criança percebe facilmente que a pedra é sólida mas vai precisar de décadas de treino para perceber o que a pedra realmente é e, no fim, terá apenas uma ideia abstracta daquilo que as equações lhe dizem enquanto o cérebro continua a insistir no erro inicial. Como diria Jack Nicholson, nós não conseguimos lidar com a verdade.

1- Mats, 10 questões que todo evolucionista tem que saber responder.

27 comentários:

  1. Ludwig,

    «Durante quase toda a nossa história o cérebro enganou-nos acerca da realidade, dando-nos ideias aproximadamente correctas mas fundamentalmente erradas.»

    Achas que o cérebro nos engana? E, já agora, que enganamos o nosso cérebro?
    Como é que isso pode ser?

    Entretanto, parece-me que fazes confusão entre ideia de realidade e percepção da realidade. Desde sempre o homem teve necessidade de filosofias e de religiões para "explicar" a realidade percepcionada.
    É patente a diferença entre o que percepcionamos, com os sentidos, e a ideia que fazemos ou podemos fazer daquilo que percepcionamos, mas isso não significa que percepcionamos de modo errado. Pode haver distorção na percepção, por ex., por anomalia ou distúrbio dos sentidos, mas isso não é engano.
    Por outro lado, depois de conheceres a física de partículas continuas a percepcionar a pedra, com os teus olhos e ouvidos e mãos, como percepcionavas antes. A tua mão percepciona igualmente os átomos da pedra, antes e depois de saberes qual é a sua estrutura.O mesmo se diga quanto ao sol girar à volta da terra...
    Em geral, as tuas percepções das coisas não se alteram porque se alterou o teu conhecimento acerca delas.
    Nisto o cérebro funciona como tem de funcionar, ou não funciona, mas isso é outra questão.
    O ser induzido em erro também ocorre com frequência, mas o erro é da ordem das ideias e dos juízos e não das percepções.
    Daí que também seja frequente as nossas ideias e juízos e cálculos sobre a realidade reclamarem ou exigirem percepções que não temos e que procuramos, supondo que há coisas que deviam ou devem estar lá, algures. É o que imagino que acontece muito na quântica, embora aqui na falta de percepções diretas se procurem deteções indiretas...

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    1. Carlos Soares, dizes imensas coisas erradas.
      Por exemplo, isso é falso:
      "Em geral, as tuas percepções das coisas não se alteram porque se alterou o teu conhecimento acerca delas."

      As percepções dos filmes que vi em criança são diferentes daquelas quando vi os mesmos filmes em adulto. Apesar de serem os mesmos, parecem-me muito diferentes. Interpreto-os de forma diferente. Noto mais detalhes. Certos detalhes passaram a ter significado. Há muitos filmes que gosto menos, e outros que gosto mais. A cena da biblioteca dos Ghost Busters era assustadora. O meu pai disse-me: "Faz-te de um homem!", depois de um berro. Também tinha medo do E.T. Ao assistir agora o Alien, vejo o terror da violação, da gravidez e as referências sexuais.

      Eu gostava de ver o He-Man. Passado cerca de 20 anos, voltei a ver algumas cenas, e desiludiram-me imenso. A animação, por exemplo, parece-me patética. Também quando voltei a assistir a série do MacGyver, fiquei muito menos impressionado. Principalmente depois de um episódio dos Myth Busters.

      No National Geographic há um programa chamado Brain Games que mostra vários exemplos. Digo que vou mostrar uma imagem de pato. As pessoas depois vêem um pato na imagem. Digo a outras que vou mostrar um coelho. Elas vêem um coelho.
      Quando encontrei a imagem, a minha mulher disse: "O que é isso? A Sofia fazia um pato melhor que esse!". Eu respondi: "É um coelho.". Ela observou: "Ah, pois é. É um pato."
      http://socrates.berkeley.edu/~kihlstrm/images/Jastrow/JastrowWittgenstein_Duck.jpg

      É óbvio que a tua proposição é falsa... Podes informar-te sobre assunto em artigos de filosofia do conhecimento (Gestalt - estudava-se no 11º ano), em artigos sobre a interacção Homem-Máquina (estudei sobre o assunto na faculdade) e em artigos sobre psicologia (estudava-se no 12º ano).

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    2. Pedro Amaral Couto,

      ou não me fiz entender ou não estás a interpretar-me bem.

      A acepção em que tomamos o termo percepção não é a mesma. No meu comentário, procurei restringir a percepção ao contacto dos sentidos com o exterior.

      O que enfatizo é que o mapeamento cerebral desse contacto, a representação mental desse contacto, o pensamento gerado, estão noutro plano do processo.
      Por sua vez, tudo o que a pessoa possa exprimir, comunicar, sobre isso, já é também algo diferente.
      Apesar da simplificação, ilustra a complexidade do processo de acesso à realidade. Podemos perguntar: qual é o nosso acesso à realidade? É um acesso adequado a quê? A senti-la? A fruí-la? A compreendê-la? A conhecê-la? A explicá-la?
      É que antes de analisarmos a realidade temos o problema do acesso à mesma e o problema da linguagem e da representação e vice-versa.
      Depois há a questão de quem administra a verdade sobre a verdadeira realidade.
      A realidade não é um dado.

      Aliás, pensando bem, a realidade disponível não é toda a realidade, mas a que resta. Se me faço entender, a realidade disponível é algo que fica no fim de um processo imenso de factos indisponíveis.

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    3. Carlos Soares,

      * "percepção" nos dicionários: "Ação ou efeito de perceber", "Capacidade de assimilar através do sentidos ou da inteligência: percepção do sofrimento", "Conceito, noção ou compreensão de algo", "Ato ou resultado de perceber";
      * na filosofia: "é o modo como tomamos consciência dos objectos, em especial daquilo que nos é dado pelos sentidos"
      na psicologia: "função do cérebro que atribui significado aos estímulos cerebrais; é a interpretação, a aquisição, seleção e organização dos estímulos visuais".

      Os sentidos não são alheios ao processamento e representação mental:
      A imagem na retina, a vibração do tímpano e os estímulos da pele e glândulas do olfacto não dependem do conhecimento, mas os sentidos não se restringem a isso. Se leres sobre como funcionam os sentidos (que sabemos existirem mais do que os cinco de Aristóteles), reparas que o sistema nervoso, incluindo o cérebro, estão envolvidos.

      É preciso passar pelo sistema sensorial (no sistema nervoso), para ser processado, interpretado de acordo com o mapa mental, atribuindo significado ao estímulo (percepcionar) afectando a consciência (sentir), que actualiza o próprio mapa mental.
      Sentir é mais como um computador que usa um sensor, do que apenas uma máquina fotográfica de rolo.

      Eu estava a restringir-me aos sentidos com o exterior: as imagens e sons dos filmes e as imagens dos desenhos (não me referia a processos meramente mentais).

      Também podes experimentar com o tacto: não consegues provocar cócegas a ti mesmo, porque já estavas à espera delas. Se te queimares, sem estar à espera, sentes dor. Mas se te preparares muito bem para isso, sentes menos e consegues aguentar-te durante mais tempo. Tenta beliscar-te com muita força. Se te fizerem de surpresa, sentes muito mais dor. A sensação é diferente. A própria sensação difere com a expectativa.

      De qualquer modo, não percebo qual é a relação disso com o que o Ludwig escreveu.
      Ele disse que os nossos modelos mentais, registados no cérebro, não correspondem à realidade. Ou seja, a nossa percepção da realidade não é o mesmo que a realidade. Com o senso-comum, temos modelos mentais que são úteis no dia-a-dia, e, por isso, podemos dizer que são aproximadamente correctas.
      Portanto onde está a tal confusão entre a percepção da realidade e a própria realidade?

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  2. «Não é de admirar que haja criacionistas como o Mats.» Gostei dessa ;)

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    1. Os seres humanos não evoluíram para compreender Mecânica Quântica; Já os Mats não evoluíram para compreender qualquer coisa - apenas para alimentar a parvoíce e a ignorância baseadas no fervor religioso.

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  3. Mesmo suportada na nomeação de dois dos maiores aparelhos do pensamento humano, para além de todas as descobertas e realizações que o homem fez - a teoria da relatividade e a mecânica quântica - a realidade que a ciência nos revela apenas confirma os pressupostos de W.James: Se quiseres saber se uma teoria, ideia ou opinião é verdadeira, procura primeiro acreditar nela e, depois, se ela te fornecer experiências satisfatórias, é porque é verdade. A tua verdade .
    No domínio da mecânica quântica, implicar a Ontologia, como conceito que nasceu e se desenvolveu a partir de um universo filosófico que interpreta a realidade segundo o padrão clássico ( nem poderia ser de outro modo, historicamente), é fundamental . Como poderemos, então, abordar o tema da realidade como se ela fosse um dado irredutível e incontestável sem tribunal de recurso?
    Ontologicamente creditando, bem lá no fundinho, o que é a realidade na sua ultimidade, depois de atravessarmos todas as fronteiras de Planck e de mergulharmos bem dentro dela, no seu âmago?

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    1. Castro Fernandes,

      « o que é a realidade na sua ultimidade, depois de atravessarmos todas as fronteiras de Planck e de mergulharmos bem dentro dela, no seu âmago?»

      Há questões que simplesmente estão fora do âmbito da ciência. Esta que faz, parece-me ser uma delas.
      O que existe para lá da escala de Plank? Irrelevante. O que existia antes do Big Bang? Irrelevante. Existe percepção de tempo ao passar o horizonte de acontecimentos de um buraco negro? Novamente irrelevante.

      Todas estas questões, são interessantes para muitas coisas, mas não para a ciência. São sem dúvida questões metafísicas, e a ciência só se dedica ao físico; o que está para lá do físico (o tal meta) é irrelevante numa perspectiva puramente cientifica.

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  4. O problema da conversa fiada do Ludwig é que dá como demonstrado o que é necessário demonstrar.E por isso, ele nunca sai da estaca zero.

    Uma coisa é dizer que evolução aconteceu ao longo de milhões de anos e que diferente tipos de olhos ou de cérebros evoluiram de forma independente.

    Outrra coisa, bem diderente, é demonstrar que isso realmente aconceteu.

    O que vemos realmente são seres vivos totalmente formados, reproduzindo-se de acordo com o seu género.

    Uma coisa é presumir que o Universo surgiu do nada por acaso e imaginar uma história de evolução cósmica, por sinal amplamente desmentida pelas observações.

    As galáxias maduras, ordenadas em filamentos, e os grupos de quasares, desmentem a evolução cósmica.

    Por seu lado, a vida dependende de códigos e informação codificada, que são a marca, por excelência, de inteligência e racionalidade.

    Nunca ninguém viu a vida a surgir por acaso, em condição alguma.

    Este post apenas nos diz o que já sabemos: que o Ludwig acreita que o Cosmos surgiu do nada por acaso e que a vida surgiu de químicos inorgânicos, e que seres mais simples evoluiram para outros diferentes e mais complexos.

    O problema é que nada disso pode ser comprovado.

    O problema do Ludwig é que a ciencia desmente esse cenário: a energia nunca surge do nada, como mostra a lei da conservação da energía, e a vida nunca surge da não vida, como mostra a lei da biogénese.

    Por seu lado, os seres vivos reproduzem-se de acordo com o seu género, como a Bíblia ensina.

    O cenário de evolução cósmica, química e biológica é pura imaginação naturalista e ateísta, sem qualquer fundaento científico credível.

    Este post é mais um exercício inóquo de alguém que se apresenta a si mesmo como "macaco tagarela" talvez para se candidatar à posição de "elo em falta" ou mesmo de "antepassado comum" dos chimpanzés e dos seres humanos, porque ambas as posições continuam vagas.

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    1. Criacionista,

      Eu ainda não me esqueci que há perguntas sem resposta... Já as encontrou?

      Entretanto, diz:

      «O que vemos realmente são seres vivos totalmente formados, reproduzindo-se de acordo com o seu género.»

      Lembro que há seres vivos que não têm género. Chamam-se hermafroditas. Logo a questão de se reproduzir de acordo com o género, ou é gralha linguística ou simplesmente está errado.

      «Nunca ninguém viu a vida a surgir por acaso, em condição alguma.»

      Já escrevi e volto repetir: onde é que leram (vocês criacionistas!) que a ciência diz que a vida surgiu por acaso? É uma treta de todo o tamanho! Tem pêlos e tudo!

      «O problema é que nada disso pode ser comprovado.»

      O que é preciso para que aceitem as provas? Que a Bíblia seja alterada? Aí já consideravam o caso?
      Diz-se que uma vez um Brâmane disse a Buda: "Mestre o que ensinas não vem nos livros sagrados". Responde Buda, "Então escreve nos livros, para que lá conste!". O Brâmane insistiu: "Mestre o que ensinas é contrário aso livros". Então Buda responde: "Escreve novos livros, assim, já não precisas de te preocupar com o que é a favor ou contra!".

      Acho que esta história pode (deve?) ser também aplicada aos senhores criacionistas.

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  5. A CIÊNCIA DO CÉREBRO HUMANO E A DOUTRINA BÍBLICA DA CRIAÇÃO

    A Bíblia diz que um Deus racional criou a natureza de forma racional e o Homem à Sua imagem, como sujeito moral e racional, dotado de capacidade comunicativa e criativa.

    O cérebro é a máquina mais complexa de todo o Universo, mais complexa e eficiente do que todos os computadores existentes no mundo.

    Deus investiu nele marcas óbvias da sua omnisciência e omnipotência.

    O cérebro humano atesta a singularidade humana evidenciando a programação de um código epigenético específico, distinto do dos outros seres vivos.

    Deus dotou o cérebro, de complexas e integradas interligações e também de intracomunicações, permitindo categorizar a informação e processá-la inteligentemente.

    Ao mesmo tempo, o cérebro possibilita uma consciência reflexiva e introspetiva dessas operações.

    O funcionamento cerebral lembra os padrões da ciência da computação e comunicação criados pelo homem, embora transcenda em muito a sua sofisticação.

    O pensamento envolve ondas cerebrais perfeitamente sincronizadas.

    A complexidade do cérebro é extrema, até ao inimaginável, já que cada neurónio têm o seu próprio DNA!

    Mesmo noutras espécies, a precisão dos circuitos neurológicos é assombrosa.

    Graças ao cérebro, e às suas complexas e engenhosas conexões neuronais, o ser humano é distingue-se dos animais pela sua capacidade de se interessar por diversos temas (v.g teologia, filosofia, política, direito, literatura, arte) de se adaptar a inúmeras situaçõese de responder a desafios novos e inesperados.

    Em todos esses processos, ele vai regenerando as ligações neuronais.

    Mesmo aqueles que atribuem tudo à evolução (sem nunca a terem observado!) reconhecem a unicidade e singularidade do cérebro humano.

    Nunca ninguém viu um chimpanzé e um ser humano a evoluírem a partir de um hipotético antepassado comum.

    No entanto, trata-se de seres vivos de diferentes géneros, dotados de cérebros distintos que se desenvolvem de forma distinta.

    Os cientistas que procuram criar computadores imitando o cérebro humano não deixam nada ao acaso.

    Naturalmente que, por causa da corrupção que afeta toda a natureza, o cérebro está sujeito a decaimento.

    Ele vai perdendo capacidades, em vez de evoluir.



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    1. Criacionista,

      Diz:
      «A Bíblia diz que um Deus racional criou a natureza de forma racional»

      Qual deus? Marduk? Quetzalcóatl? Osíris? Porque não todos? Porque não, nenhum deles?

      «Deus investiu nele marcas óbvias da sua omnisciência e omnipotência»

      Nisso estamos de acordo. Afinal, a existência da demência, do autismo, do alzeimer, parkinson... enfim, acho que já percebeu a ideia, deve ser obra do demo...

      «O pensamento envolve ondas cerebrais perfeitamente sincronizadas.»

      Certo, mais uma vez, desse ser obra de um demiurgo surfista. Eu sempre desconfiei dessa malta que só quer bons spots e gajas e uns fumos...

      «Nunca ninguém viu um chimpanzé e um ser humano a evoluírem a partir de um hipotético antepassado comum.»

      Em abono da verdade, deve-se referir, que também nunca que eu saiba viu um deus a criar um ser à sua imagem... O mais próximo são sem dúvida os auto-retratos do Picasso, em especial da fase cubista: aquela cena de sobrepor as várias perspectivas numa só imagem...!

      «Naturalmente que, por causa da corrupção que afeta toda a natureza, o cérebro está sujeito a decaimento.»

      Nos dias actuais, a corrupção tem os dia contados! Basta ver a quantidade de corruptos a encher a prisão. Amigos: é desta que o país vai para frente!


      Enfim, caro "Criacionista", nada de novo na frente ocidental!

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    2. As suas questões são básicas e de resposta simples.

      A Bíblia diz quem foi o Criador: Jesus Cristo, o LOGOS incarnado, tal como se diz em João 1, por sinal a figura mais influente da história universal.

      Aí se explica:

      "No princípio era o Verbo (LOGOS), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez."

      Não admira, por isso, que a vida dependa de códigos e informação codificada, em quantidade, qualidade, densidade e miniaturização que transcende toda a capacidade científica e tecnológica humana.

      Faz todo o sentido!

      As doenças que nos afetam são evidência de corrupção e não de evolução, tal como a Bíblia ensina. Por causa do pecado, Deus amaldiçoou a sua criação e a doenças e a morte entraram no mundo.

      A Bíblia explica isso, de Génesis ao Apocalipse.

      Nunca ninguém viu Deus a criar o homem à Sua imagem, mas Deus revelou isso através da Bíblia, o livro mais infuente na história da humanidade, e de Jesus, a pessoa mais influente na história da humanidade.

      Muitas pessoas presenciaram os milagres e a ressurreição de Cisto, tendo relatado detalhadamente através de escritos independentes.

      Diferentemente, a origem acidental da vida ou a transformação de um género noutro diferente e mais complexo nunca foi visto ou relatado por ninguém!

      A referência à corrupção física e moral só faz sentido se existir um padrão objetivo e universal de moralidade e saúde física.

      Ela não faz sentido para quem pensar que tudo é o resultado de processos irracionais e aleatórios e milhões de anos de crueldade predatória.

      A Bíblia afirma que existe esse padrão e que o ser humano violou as suas normas, enfrentando por isso o juizo de Deus e a morte.

      O perdão de Jesus é a única maneira de escapar ao julgamento e à condenação.

      A Bíblia explica:

      "Quem nele crê não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no Nome do Filho unigênito de Deus." (João 3;18)



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    3. Criacionista,

      «As suas questões são básicas e de resposta simples.»

      Pelo contrário meu caro. Fazer colagem de textos bíblicos e de todo insuficiente. Também poderia fazer o mesmo com outros texto religiosos. A questão permanece sem resposta: não tem forma de demonstrar que foi o deus A ou B que fez ou que deixou de fazer. É por isso que a criação enquanto acto divino tem de ficar fora do âmbito da ciência .

      «Muitas pessoas presenciaram os milagres e a ressurreição de Cisto, tendo relatado detalhadamente através de escritos independentes.»

      Embora como cristão até gostasse que fosse verdade, o facto é que o Novo testamento é a única fonte histórica. Mas se conhecer tais relatos, eu agradeço que os enumere, afinal a ideia é aprender sempre que possível.

      «Ela não faz sentido para quem pensar que tudo é o resultado de processos irracionais e aleatórios e milhões de anos de crueldade predatória.»

      A ciência e em especial a evolução não fala de tais processos. Essa ideia é pura invenção dos criacionistas. Gostaria que me desmentisse apresentado textos cientificos que corroborem a sua tese, já os pedi várias vezes e volto a pedir, Gostava de os ver.

      «A Bíblia explica»

      Para um livro que tem tantos erros científicos (a sua versão já está revista, corrigida e evoluída? ou ainda diz que os morcegos são aves?), não podemos esperar grandes ensinamentos de lá. Sempre defendi que a Bíbilia como manual de ciências é muito má, mas para um livro com a idade que tem, que é fruto da sua época, menos mal.

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    4. António Carvalho:

      "«A Bíblia diz que um Deus racional criou a natureza de forma racional»

      Qual deus? Marduk? Quetzalcóatl? Osíris? Porque não todos? Porque não, nenhum deles?"


      Se o Jónatas se identifica como Cristão, qual é o Deus que tu achas que ele tem em mente?

      A questão permanece sem resposta: não tem forma de demonstrar que foi o deus A ou B que fez ou que deixou de fazer. É por isso que a criação enquanto acto divino tem de ficar fora do âmbito da ciência ."

      Qual "ciência" A dos ateus, dos agnósticos, dos Cristãos, dos muçulmanos?

      Porque não todos? Porque não a ciência deles todos?

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  6. " Enfim,caro criacionista, nada de novo na frente ocidental !", advoga com enfado António Carvalho. "
    Creio que não", respondo eu. Afinal, a minha rua continua a ser melhor que a tua.
    Nunca mais acaba. Santo desperdício.
    E quanto à realidade, caro António, as novas que me trás já são matusaleneanas(?). "
    Há questões que simplesmente estão fora do âmbito da ciência." António, dixit;
    " O que existe para lá da escala de Plank? Irrelevante. António, dixit;
    O que existia antes do Big Bang? Irrelevante." António, dixit ;
    Buracos negros ou brancos, é tudo irrelevante. Pertence ao domínio da especulação, "São sem dúvida questões metafísicas, e a ciência só se dedica ao físico". António, dixit
    Fisico? À realidade, não é? E lá voltamos nós ao argumento circular: o que é a realidade ? Na verdade, não sei não . Nem ninguém. Será que ela existe ou é apenas um simulacro, se calhar, tal como eu ?
    Afirma o Solipsismo :
    O que há de mais subversivo nesta espécie de simulacro que se auto-proclama de "ser humano", é a sua espantosa e despudorada habilidade para promulgar a sua própria existência. E a sua arrogância vai tão longe quanto o facto de inventar uma realidade que ele sente que o cerca e nela perceber padrões e regularidades que, afinal, são padrões e regularidades de coisa nenhuma. Enfim, de inventar uma memória cujo único fito é o de apenas autenticá-lo, de construir uma personagem, um eu para que o plano seja perfeito. Ou seja, esta coisa virtual, que julga produzir e instaurar sentido, ancorada, como se percebe, numa narrativa de devir imaginário, acaba depois por rematar todo este rocambolesco cambalacho ontológico com uma projecção final ,da ordem do sagrado e por isso transcendental, para sua eterna glória e salvação.

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    1. Castro Fernandes,

      A ver se percebi o seu texto, muito elaborado, mas essencialmente anódino..,

      A ciência, desde os seus primeiros passos na Grécia antiga, teve de base uma premissa: explicar o mundo sem necessidade de recorrer ao sobrenatural, isso inclui a religião e todos os fenómenos metafísicos.
      É por isso que há questões que simplesmente não têm espaço na ciência - são de uma natureza que à ciência nada diz, nada acrescenta.
      A própria questão do que é realidade não é do âmbito da ciência. Há certamente quem se dedique a estudar todas essas coisas, mas chamar a essas actividades científicas, é abusar do termo.

      Eu não trago novidades sobre a realidade, nem pretendo, logo não percebo a critica que me faz.

      Quanto ao "enfado", bem, com um texto tão hermético, tão elaborado e no entanto tão vazio, tão a despropósito, que posso eu dizer? Parece que levou a minha critica para um espaço pessoal que nunca foi meu intuito. Devo dizer que, se não está à espera de receber comentários, mais vale que não publique o que quer que seja. Mas é só a minha opinião, vale o que vale, e eu não a quero empolar.

      De minha parte, não pretendo prossegui um debate que nada tem a ver com o propósito do post do Ludwig, e por respeito, por aqui me fico.

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    2. António Carvalho:

      "A ciência, desde os seus primeiros passos na Grécia antiga, teve de base uma premissa: explicar o mundo sem necessidade de recorrer ao sobrenatural"

      A ciência nunca teve de base essa "premissa". O Naturalismo, sim. É importante que não confundas uma filosofia (Naturalismo) com um método (ciência).

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  7. O CÉREBRO E A EXISTÊNCIA DO LUDWI

    O Ludwig é de opinião de que não existe vida para além da morte, porque o nosso eu está irremediavelmente dependente do nosso cérebro, pelo que morrendo este morre o nosso eu.

    Mas será mesmo assim? Mais uma vez o Ludwig resvala para o discurso contraditório e auto-refutante.

    Se não existe um Ludwig para além do seu corpo e do seu cérebro, então todos os seus pensamentos, ideias, opiniões, escolhas e acções não são imputáveis ao Ludwig como pessoa, mas sim, em última análise, aos seus estados cerebrais e à sua fisiologia neurológica.

    Se assim é, não vale a pena perder o nosso tempo a discutir com neurónios e sinapses, nervos e músculos.

    Em vão encontraremos aí um sujeito autónomo e responsável. Do mesmo modo, se estamos totalmente dependentes do nosso corpo e cérebro como podemos dizer que estamos sujeitos a deveres de moralidade e racionalidade?

    O Ludwig só pode dizer que é livre e responsável se existir um Ludwig irredutível ao seu cérebro, que possa ser responsável pelas decisões que faz, pelas ideias que aceita, pelos movimentos do seu corpo, pelas aulas que dá, pela maneira como trata os outros, etc.

    Nesse caso, o Ludwig pode ser julgado por Deus e condenado pela violação das suas normas. Mas também pode aceitar o perdão e a salvação através de Jesus Cristo e receber um corpo incorruptível como o que Jesus Cristo mostrou aos seus contemporâneos depois da ressurreição.

    Será isto impossível para Deus? E será isso tão difícil de entender?

    Uma coisa é certa. Todos os dias nós próprios salvamos informação e transferimos de computadores velhos para novos.

    O nosso eu não se reduz a matéria e à energia, sendo constituído fundamentalmente por informação. Deus, que é criador, armazenador e transferidor de informação codificada por excelência, pode salvar-nos, restaurar-nos e dar-nos nova vida num corpo incorruptível para viver eternamente com Ele.

    Quando Jesus Cristo ressuscitou, para espanto dos seus contemporâneos, veio mostrar-nos que Deus tem o poder de perdoar os nossos pecados e de restaurar a nossa relação com Ele.

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  8. A CIÊNCIA DAS MUTAÇÕES NO CÉREBRO HUMANO E A DOUTRINA DA CRIAÇÃO E CORRUPÇÃO

    O cérebro humano é uma maravilha de design, sendo considerado mais complexo do que todos os computadores existentes no mundo.

    Ele depende de informação codificada em quantidade, qualidade, densidade e miniaturização que transcende toda a capacidade tecnológica humana.

    A criação de informação codificada, juntamente com a capacidade de descodificação, leitura e execução da mesma, é uma capacidade inerentemente racional e mental.

    As mutações, diferentemente, introduzem ruído que destrói e distorce a informação, causando problemas de leitura e execução e toda a sorte de disfunções.

    O cérebro tem inúmeras marcas de design,como a capacidade de se reiniciar depois de uma anestesia.

    Essa capacidade estava lá desde a criação, quando Deus anestesiou Adão para criar
    Eva a partir do seu material genético. No entanto, por causa da Queda e da corrupção subsequente, também o cérebro sofre os efeitos deletérios das mutações.

    O cérebro é tão complexo e tão dependente de informação codificada complexa e especificada que uma pequena mutação pode deitar tudo a perder, nomeadamente do ponto de vista da capacidade intelectual.

    Por vezes uma única mutação tem consequências negativas no desenvolvimento cerebral.

    É caso para perguntar como é que a acumulação de mutações ao longo de milhões de anos poderia transformar o cérebro de um proto-macaco no cérebro de um ser humano capaz de criar toda a sorte de máquinas e dispositivos tecnológicos.

    O que a Bíblia ensina sobre a criação e a corrupção do Homem permite compreender muito bem os dados empíricos que a ciência recolhe acerca do cérebro humano.

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    1. Criacionista,

      Eu volto a insistir: como pode convencer alguém que não é crente na Bíblia, que tem uma cultura até totalmente contrária aos ensinamentos da Bíblia, alguém para quem a fé nada diz? Como lhe pode dizer que toda a sua cultura religiosa, que é ancestral que vem desde há milhares de anos, está errada, mas que a sua cultura que é Cristã, até mais recentes em termos históricos é a que está certa?

      A sua perspectiva é uma luta de culturas: a minha fé contra as outras fés, porque a minha é melhor (até tem origem no logos e tudo!), mas a tua fé (ou falta dela) é algo de totalmente ignóbil.

      É por isso que o seu discurso não serve como ciência, porque julga os outros pelo que acreditam ou deixam de acreditar. É também por isso, porque a ciência tem de permanecer fora do âmbito religioso.

      Eu volto a lembrar, que argumentar com trechos da Bíblia não é uma boa forma de debater. Afinal, há aqueles a quem a Bíblia nada diz, logo tem de arranjar argumentos fora da Bíblia, pode ser?

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  9. António Carvalho,

    «Afinal, há aqueles a quem a Bíblia nada diz, logo tem de arranjar argumentos fora da Bíblia, pode ser?»

    Estranho este trecho. Não pude deixar de comentar. Àqueles a quem a Bíblia nada diz? Porquê? Porque não a lêm ou, ouvindo falar dela, não entendem? Ou porque estão à espera que a bíblia lhes fale? Argumentos fora da bíblia para que a bíblia lhes diga algo?
    Aproveito ainda para referir que os trechos da bíblia não são argumentos propriamente ditos, mas ao serem apresentados como propostas de ensinamento, ou mesmo como factos, abertos a contestação, como não podia deixar de ser, têm ou pretendem ter muito mais força do que a dos argumentos.

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  10. «A ciência nunca teve de base essa "premissa"»

    Concordo com o Lucas. Excluir o sobrenatural das explicações científicas não resulta de nenhuma premissa ou preconceito contra deuses, diabos e afins. Resulta simplesmente da constatação, sistemática, repetida e permanente, de que esses elementos só reduzem a capacidade de explicar e que as melhores explicações são sempre as que os excluem.

    O que acontece, aparentemente, é que vivemos num universo que não tem essas trapalhices e, por isso, quanto mais compreendemos a realidade menos disso vai aparecendo nas explicações.

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  11. "Excluir o sobrenatural das explicações científicas não resulta de nenhuma premissa ou preconceito contra deuses, diabos e afins."

    O "sobrenatural" nunca foi excluído da ciência.

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  12. O Sobrenatural nunca foi excluído da ciência secular, porque nunca esteve nela - nunca foi científico.

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  13. Meu caro António, não apenas não o conheço, porque não tive esse ensejo, como as suas ideias não me provocam qualquer tipo de animosidade ou urticária ( sem ponta de ironia ). Pode ficar descansado . E longe de mim tentar desrespeitá-lo, quanto mais atrever-me a produzir sentença. Que disparate!
    Quando aludi o facto do António ter ficado enfadado com o universo congelado do discurso do Criacionista ( nada de novo , a mesma "cassete" ) , a intenção era tão-somente a de sublinhar a incoerência da sua afirmação uma vez que , do meu ponto de vista, ( desculpe-me ) também o seu discurso enferma da mesma patologia: nada de novo na sua frente oriental . Afinal, a minha rua continua a ser melhor que a tua quando, em boa verdade, há tanto "mundo" à nossa volta . Santo desperdício. Porquê andar a vida toda a discutir o sexo dos anjos? Por isso, muito embora tenha percebido o contrário, não senti nenhuma espécie de desconforto com a crítica que me fez . Tenha a absoluta certeza que eu não andarei por esse lugar. O meu prazer e conforto são as ideias e a Pedagogia reivindicadas na inteira abertura do acto de conhecer e de aprender - "Sei apenas que nada sei" -, e de ser apenas nessa condição que aqui muito humildemente me encontro.
    Quanto ao facto de me ter espraiado no vazio - "Um texto anódino, um texto que nada tem a ver com o propósito do post do Ludwig"- , será realmente assim?
    Caro amigo, se bem entendi, o móbil do crime encontra-se, como não diria melhor o senhor de La Palisse, no próprio título que dá origem ao post do Ludwig: O cérebro e a verdade. É que tanto um conceito como outro implicam-se mutuamente e apontam para um metadiscurso, que são narrativas, como muito bem saberá, através das quais a humanidade se interpreta a si própria - " Durante quase toda a nossa história o cérebro enganou-nos acerca da realidade; qualquer criança percebe facilmente que a pedra é sólida mas vai precisar de décadas de treino para perceber o que a pedra realmente é ." Ludwig, dixit .

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  14. E foi aqui, exactamente aqui, no plano da efabulação gerada pelo cérebro que eu peguei o touro pelos cornos. A realidade de que o nosso cérebro fala ( o objecto do conhecimento ), afinal, parece nunca estar em conformidade com a representação que dele fazemos ( o sujeito cognoscente ). Vamos produzindo representações da realidade de acordo com o conhecimento e cultura de cada época. E eu até poderia dizer que são representações cada vez mais aproximadas da realidade, ou da verdade, cada vez mais progressivas e diferentes. Mas será? - "Só nos últimos séculos é que começamos a contornar os defeitos do nosso intelecto delegando em ferramentas boa parte do processamento dos dados. Foi assim que chegámos onde estamos agora" Ludwig, dixit .
    E no agora ( hoje, ou pelo menos a partir do princípio do século passado para cá ), a ideia que temos da realidade, suportada precisamente pelas descobertas mais arrojadas do cógito, com a participação das tais ferramentas indispensáveis de apoio, como por exemplo e mais recentemente, o " Large Hadron Collider", aponta mais para um vazio ( não o vazio quântico, que é reduto de todas as potencialidades e "materialidades") , um não-ser, do que outra coisa qualquer - exceptuando, naturalmente, aquela " deriva da realidade"que sentencia o senso comum, muito embora seja nela que nos " movemos ( nascemos, vivemos e morremos ) " todos os dias da nossa vida - a realidade é aquilo que vejo e sinto.
    Eu bem sei ,António, que a metafísica não é objecto da ciência, isso será mais do domínio das perplexidades e da especulação, pelo menos antevista no quotidiano dos laboratórios e nos grandes centros de investigação. Mas parece ser esse o seu objectivo último, como acabam por revelar, filosoficamente, todos os grandes homens da ciência. Uma demanda ao Graal da física, a busca do tijolo básico que estrutura a realidade, que parece ele próprio transformar-se apenas em "informação", com o enredo final da teoria de tudo, é a proposta arcana da ciência .
    Afinal, de que tudo isto é feito, ou seja, o que é a realidade ? Pelo meio, como atrás referi, lá aparece inscrito no mote do homo-faber, a cozer-se com um quotidiano, o ditame sempre conviniente do W. James a causticar o vulgo: se te sentes confortável no teu pensamento sobre a realidade ( a tua realidade e a tua verdade ) , não ligues ao resto. Só que o resto é tudo.

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