Treta da semana: diz que é proibido despedir.
Por um post do Ricardo Schiappa (1) fui ter a uma série de três do Carlos Santos, no Simplex, onde este “desmonta” a política económica do Bloco de Esquerda (2). O Simplex é um blog com bons conteúdos, mas sem um script para retirar bolds e pontos de exclamação custa muito a ler. Quase se vê os perdigotos a bater no lado de lá do ecrã. O que é pena. Este de hoje é sobre a infeliz tendência para perder a calma e a objectividade quando se discute política.
A primeira crítica do Carlos Santos é que o BE só vai investir na requalificação urbana e que, por isso, não conseguirá recuperar a economia. A inferência parece-me correcta mas discordo da premissa. O programa eleitoral do BE tem 110 páginas (3). O capítulo sobre a economia tem 11, divididas em oito pontos que cobrem desde as pensões à justiça fiscal. Um destes é sobre o «investimento público para a reabilitação urbana». Não é razoável ler isto como indicando que não haverá qualquer investimento além de arranjar casas velhas. Até porque há vários exemplos noutros capítulos. Na política ambiental vem explícito o compromisso na modernização da rede ferroviária e no financiamento público da investigação em energias renováveis, o capítulo sobre a educação defende o aumento das bolsas para investigadores e alunos em formação avançada e quem ler mais que as 11 páginas sobre a economia certamente encontrará outros exemplos onde o BE se compromete a promover o investimento público.
Concordo com o Carlos Santos que o BE não tem uma solução para a crise económica. Mas também não vejo essa solução mágica nos outros partidos. E nem todos os problemas do país são económicos. Mesmo os investimentos públicos que possam trazer benefícios económicos muitas vezes se justificam por mais que o retorno financeiro. A investigação em instituições públicas e a modernização da CP não são apenas bons negócios. São algo com valor por si e, por isso, até me parece positivo o BE reconhecer que o governo deve fazer mais que contar quantos euros cada coisa lhe rende.
A segunda crítica do Carlos Santos é que não temos dinheiro para alargar o Complemento Solidário para Idosos. Também não sei se temos. Aceito que o Carlos Santos possa ter razão. Mas, ao contrário do Carlos Santos, acho que vale a pena tentar mesmo que exija algum esforço. O Carlos Santos pergunta se «é legítimo esperar que alguém que as circunstâncias da vida colocaram na pobreza aos 30 anos possa ter a expectativa de viver o resto da vida à custa de um subsídio, sem lhe exigir que melhore as suas qualificações em programas de formação profissional?» Penso que a pergunta era retórica mas a minha resposta é sim. Não é uma situação boa mas a alternativa é pior. Condenar a preguiça com a morte pela fome parece-me excessivo. Por isso acho que esta segunda crítica apenas o reflecte uma divergência de valores. O Carlos acha que quem não trabalha deve passar fome. Eu acho que se não quer trabalhar, paciência, não vamos deixar ninguém morrer por causa disso.
E a terceira é mesmo treta. No terceiro post da série (2), o Carlos Santos escreve que o programa eleitoral do BE diz «expressamente que serão proibidos os despedimentos nas empresas que tiverem resultados positivos (página 47).»* Depois demonstra – persuasivamente, admito – que tal proibição seria ruinosa para a economia. Mas o que está escrito no programa eleitoral do BE, na página 47 do pdf, é «A proibição dos despedimentos colectivos em empresas com resultados positivos». Foi azar o “colectivos” ter ficado colado no clipboard quando o Carlos fez copy e paste. Porque se perdeu uma palavra crucial.
O despedimento colectivo não é qualquer despedimento. É uma forma de despedir empregados em grupo, evitando algumas obrigações contratuais, e que se pode justificar pela necessidade de fechar uma parte da empresa. Mas é apenas um dos processos de despedimento e não é o fim da economia se as empresas só puderem despedir os empregados desta forma em caso de necessidade. Se a empresa tem resultados positivos e quer despedir empregados é razoável que tenha de negociar com cada um os termos da cessação do seu contracto, em vez de simplesmente correr com todos ao preço de um salário por cada ano de trabalho.
Concordo que as propostas económicas no programa do BE não inspiram muita confiança. Mas a crítica do Carlos Santos é repreensível por uma deturpação difícil de desculpar como acidental. E o Carlos Santos nem é excepção. É a norma. Em todo o espectro político, o aproximar das eleições parece levar muitos a guardar o cérebro na gaveta e decidir tudo por quem grita mais alto ou usa o bold mais carregado. É de lamentar a miséria de escolha que nos obriga a procurar o partido menos mau por não haver nenhum bom. É preocupante que, em toda a campanha, os únicos cartazes que não soam a aldrabice sejam os dos Gato Fedorento (4). Mas a triste realidade é que enquanto não encararmos estes problemas de uma forma honesta e racional, enquanto isto for mais um campeonato para cada um torcer pela sua equipa, é exactamente esta a política que merecemos.
* Omiti o bold por considerar que, pelo menos neste blog, os leitores avaliam os argumentos mais pelo que lá está escrito que pela formatação e tipo de letra.
1- Ricardo Schiappa, ainda sobre a desilusão...
2- Carlos Santos:
A estagnação como inevitável resultado da política económica do BE, I
A estagnação como inevitável resultado da política económica do BE, II
A estagnação como inevitável resultado da política económica do BE, III
E o Nuvens de Fumo indicou este, que é o mesmo que o primeiro dos três acima, mas lê-se melhor portque não tem bolds...
3- Bloco de Esquerda, Programa Eleitoral
4- Gato Fedorento regressam segunda-feira para "esmiuçar" a campanha eleitoral
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ResponderEliminarLudwig, seu vermelhusco:)
ResponderEliminar«Eu acho que se não quer trabalhar, paciência, não vamos deixar ninguém morrer por causa disso.»
Mas há um problema. Toda a gente quer viver à custa do estado, e vão tentar se as deixarem, no entanto não se dão conta que o estado vive à custa das pessoas.
Mário Miguel
ResponderEliminar«Mas há um problema. Toda a gente quer viver à custa do estado, e vão tentar se as deixarem»
Eu nunca fui na conversa de algums comunistas radicais que todos podemos viver em harmonia cada um trabalhando o que quiser e partilhando tudo por igual.
Mas também não me convence a ideia dos capitalistas ferrenhos que toda a gente é terrivelmente pregiçosa e ninguém quer fazer nada a não ser que ganhe balúrdios ou que esteja em perigo de morrer à fome.
O que eu acho é que as pessoas que, dada a oportunidade, viveriam com um rendimento de subsistência a vida toda só para não ter emprego são precisamente as pessoas mais dispensáveis na nossa economia. Por isso acho que nos aguentamos bem deixando-as viver a vida como querem em vez de as levar a gamar coisas, assaltar pessoas, andar aos tiros por causa da droga e assim.
PS: Dantes não tinhas profile no blogger pois não?
Ludwig,
ResponderEliminarEu até concordo com parcialmente com as tuas justificações, no entanto eu acho que as pessoas são mais preguiçosas do que tu implicitamente queres fazer passar, és uma optimista nato, e fundamentalmente o que me parece é que o sistema actual, que já está a rebentar pela costuras em termos a apoio social, não ia suporta isso.
Acho que isso seria um incentivo ao relaxe, no entanto concordo que isso poderia ter lugar, só no caso de não comprometer outros apoios e os critérios para ser beneficiário desse apoio serem o mais rigorosos possível.
E se o estado encontrasse trabalho adequado às valências de quem usufruía do apoio (e não o obrigasse a deslocar-se significativamente do local de residência ou o emprego em causa implicasse transtornos significativos que não o trabalhar:)), este, ou aceitava ou perdia o apoio.
«PS: Dantes não tinhas profile no blogger pois não?»
Não tinha, mas a partir de certa altura quis acompanhar posts antigos e simultaneamente andaram a fazer-se passar por mim (informei-te inclusive e tu apagaste o comentário), o que me fez usar o perfil. No entanto como sou preguiçoso (lá está:)) por vezes não comento registado.
Mário Miguel,
ResponderEliminar«Eu até concordo com parcialmente com as tuas justificações, no entanto eu acho que as pessoas são mais preguiçosas do que tu implicitamente queres fazer passar»
Pode ser. Pode não ser. Vamos concordar que, enquanto não se tentar, não sabemos se dá ou não.
Agora a questão é se arriscamos a tentar. E aí é escolher entre dois riscos: o risco de estar a condenar pessoas à miséria sem necessidade para isso, e o risco de gastar uma data de dinheiro e não conseguir garantir isto para todos.
Eu prefiro o segundo risco.
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ResponderEliminar«O que eu acho é que as pessoas que, dada a oportunidade, viveriam com um rendimento de subsistência a vida toda só para não ter emprego são precisamente as pessoas mais dispensáveis na nossa economia. Por isso acho que nos aguentamos bem deixando-as viver a vida como querem em vez de as levar a gamar coisas, assaltar pessoas, andar aos tiros por causa da droga e assim.»
ResponderEliminarNão podia concordar mais.
E, conhecendo a natureza humana, são poucas. A maior parte das pessoas não quer apenas comer, quer ter um bom computador, uma televisão decente, e passar umas férias com algum luxo.
Uma experiência curiosa é Berlim. Tem um elevadíssimo desemprego (acho que excede os 20%), mas elevados apoios sociais a quem está nessa situação.
Com o tempo disponível que muita gente tem, as pessoas envolvem-se em actividades culturais que também acabam por enriquecer a sua comunidade. A economia de mercado e as formas de vida "alternativas" vivem numa harmonia que me surpreendeu bastante pela positiva.
Ludwig,
ResponderEliminarOK, mas só mesmo um grupo piloto, representativo, para testar isso. E na realidade acho que não há forma de implementar devido ao estado miserável da segurança social.
No entanto quando falas das pessoas que de dedicam ao crime por causa da falta de trabalho, o problema mantém-se, ficando depois esse pessoal criminoso à mesma sem trabalho, pois a solução só contempla o rendimento, e assim fica à mesma a porta aberta para actividades ilícitas que estão de mãos dadas com o "fazer nenhum".
Mas apesar de concordar com o Ludwig neste ponto em relação à economia, discordo da ideia geral de que o programa do BE não representa uma proposta muito pior que a dos partidos do centrão.
ResponderEliminarEu acredito que as propostas económicas do PSD seriam um pesadelo para o país, mas ao menos não provocariam o desemprego que resultaria da implementação das prpostas do BE.
Quer dizer... não é que as propostas do BE provocassem despedimentos por si, até podiam estancar alguns.
Mas tornariam muito mais difícil o investimento e a criação de novo emprego, o que iria piorar bastante o balanço entre empregos criados e destruídos, e aumentar muito a nossa taxa de desemprego a longo prazo.
Por si podia não ser o fim do mundo (acabei de dar o caso de Berlim, em que existe uma qualidade de vida elevada, apesar da alta taxa de desemprego), não fosse o caso de não sermos a Alemanha nem a Suécia: não teríamos forma de evitar que o aumento do desemprego fosse diminuir ainda mais a nossa prosperidade e qualidade de vida.
«No entanto quando falas das pessoas que de dedicam ao crime por causa da falta de trabalho, o problema mantém-se, ficando depois esse pessoal criminoso à mesma sem trabalho, pois a solução só contempla o rendimento, e assim fica à mesma a porta aberta para actividades ilícitas que estão de mãos dadas com o "fazer nenhum".»
ResponderEliminarOs estudos mostram que a criminalidade é muito mais sensível aos apoios sociais à pobreza do que ao aumento das penas, ou de efectivos policiais.
Na verdade, para os valores que já temos, mesmo uma duplicação de efectivos teria - tanto quanto se pode prever - um efeito menor na criminalidade que um aumento ligeiro das prestações sociais.
Infelizmente não posso dar as fontes, mas não estou a inventar, li isto recentemente, e estava bem fundamentado.
Não é por acaso que existe uma quase proporcionalidade entre o nível de desigualdade e o número de prisioneiros, ou outros indicadores de criminalidade (homicídios por mil habitantes por ano, etc...).
Mário Miguel,
ResponderEliminar«No entanto quando falas das pessoas que de dedicam ao crime por causa da falta de trabalho, o problema mantém-se»
Eu acho que não é a falta de trabalho que leva as pessoas ao crime. É, entre outras coisas, a falta de dinheiro. O ócio, por si só, é inofensivo.
A falta de dinheiro, a falta de perspectivas de ter rendimentos no futuro e factores culturais que marginalizam essas pessoas parecem-me os mais importantes.
É uma das razões pelas quais defendo um rendimento universal. Dar dinheiro, garantir que vão continuar a ter esse rendimento, e dar o mesmo a todos para não marginalizar uns como parasitas dos outros.
Além disso, se uma pessoa não tem nada ir para a prisão não é minimamente dissuasor. Não tem nada a perder com isso. Mas se lhe deres um rendimento garantido já tem algo a perder.
João Vasco,
ResponderEliminar«Mas tornariam muito mais difícil o investimento e a criação de novo emprego, o que iria piorar bastante o balanço entre empregos criados e destruídos, e aumentar muito a nossa taxa de desemprego a longo prazo.»
A mim parece-me que nessas deduções há alguns saltos precipitados. Eu não vejo como sendo tão simples prever o efeito no desemprego de um programa como o do BE, que aborda uma data de coisas (qual o impacto da requalificação urbana na industria do turismo? Que efeito tem esse investimento público na economia? Qual o impacto de financiar a investigação pública de tecnologia para energias renováveis, libertando assim essa tecnologia das restrições de patentes privadas? etc...)
Há muita coisa no programa do BE que não me parece boa ideia. Mas daí até dizer que este faz mais desemprego que aquele vai um passo longo e complexo.
«não teríamos forma de evitar que o aumento do desemprego fosse diminuir ainda mais a nossa prosperidade e qualidade de vida.»
Mas a taxa de desemprego é apenas um de muitos factores. E com uma boa política de apoio social até nem é dos mais importantes.
Outra questão na criação de novos empregos para vencer a crise é quem vai ficar com os novoso empregos. Foram despedidos operários com 20 anos de trabalho e família para sustentar, e agora criam-se novos postos de trabalho para recém-licenciados que, mais cedo ou mais tarde, arranjariam trabalho à mesma.
Nota que, do ponto de vista social, mais vale ter 10% de desempregados porque quem acaba um curso demora dois ou três anos a arranjar emprego do que 5% de desempregados que são pessoas com 45 anos que ninguém vai empregar.
Já agora, João Vasco, considera uma medida como a de usar software open source e tecnologias abertas no estado, com incentivos para a criação de empresas locais de apoio técnico, reduzir a dependência de tecnologias proprietárias, etc. Achas que isto teria um impacto irrelevante na economia e na produtividade?
ResponderEliminarJoão Vasco,
ResponderEliminarjustamente na Alemanha houve uma reforma profunda do sistema de subsídio de desemprego em 2005 (conhecida pela reforma Hartz,que é o nome de um gestor de topo da Volkswagen que acabou desepedido por corrupção, só um aparte). O cerne da reforma foi uma redução drástica dos subsídios de desemprego. Este ronda os 400 euros, mais ajudas para pagar a renda de casa. Não é muito dinheiro para viver na Alemanha, nem em Berlim, que até é das cidades maus baratas A ideia por trás foi justamente: cortem-lhes o dinheiro para que eles comecem a arranjar emprego. Além disso introduziu-se o - meu ver abusivo - 1 Euro Job: o que isto quer dizer é que se fores dessempregado na categoria Hartz IV és obrogado a aceitar um trabalho qualquer (limpar parques, e coisas assim básicas) por um euro por hora. Senão cortam-te o subsídio. Na sequência, o desemprego baixou e quase todos os analistas disseram que (também) foi o resultado da reforma. Eu desconfio que não: o emprego subiu com o boom económico, como acontece sempre, e agora vai baixar na crise (depois das eleições aqui, quando terminarem os subsídiso maciços às empresas para subvencionar a redução dos horários de trabalho e evitar despeedimentos), como acontece sempre. A verdade é que na categoria Hartz IV, que é aquela de que estamos a falar, caem sobretudo os «casos perdidos». Não interessa se lhes cortam ou lhes aumentam o dinheiro, é a gente que não quer ou não pode trabalhar.
Desculpem estar a aborrecer-vos como isto, mas acho que é uma experiência que demonstra bem que haverá sempre quem não queira trabalhar e, nas democracias, não se podendo recorrer à escravatura, é melhor nem perder tempo com elas. A solução do Ludwig talvez seja viável. Digo talvez, porque não sei quantificar a percentagem de pessoas que optaria por trabalhar «na mesma». E tudo dependeria desse equilíbrio.
Cristy
«Já agora, João Vasco, considera uma medida como a de usar software open source e tecnologias abertas no estado, com incentivos para a criação de empresas locais de apoio técnico, reduzir a dependência de tecnologias proprietárias, etc.»
ResponderEliminarEm relação a isso vão ser feitas perguntas aos candidatos pela ANSOL nesse sentido.
ResponderEliminar: o que isto quer dizer é que se fores dessempregado na categoria Hartz IV és obrogado a aceitar um trabalho qualquer (limpar parques, e coisas assim básicas) por um euro por hora.
Eu nunca aceitaria trabalhar a varrer ruas, não por achar que não é merecedor, mas porque nunca me sujeitaria a ser visto por ex-colegas/subordinados.
Para além de humilhante não tem qualquer benefício para a sociedade. cá o Guterres tentou implementar uma coisa dessas e falhou, o que o pessoal faz é mostrar-se completamente desinteressado nos trabalhos.
Mas obrigar as pessoas a trabalhar é simplesmente ridículo. Já agora a limpar fossas não ??? Isto ainda não é uma caserna. Ou quem sabe a desminar Angola....
Haja pachorra
O BE quer acabar com as deduções e quer nacionalizar empresas.
ResponderEliminarFaz lembrar o pREC, e estamos no séc XXI : ))
Anónimo,
ResponderEliminarSim, foi por causa dessa acção da ANSOL que me lembrei do exemplo. Mas obrigado à mesma pelo aviso.
Nuvens,
ResponderEliminarTenho visto muita gente a falar mal do BE por isso. Dá um bom chavão. Vão-nos tirar as deduções!
Mas o principio nem é disparatado. Eu tenho um angioma rubi num ombro. É uma bolinha encarnada e feia mas inofensiva, que quero tirar porque me incomoda quando tiro a mochila. Como não é urgente, se for pelo SNS vou estar uma data de tempo à espera. Para não me chatear vou a uma clínica privada e despacho isto.
E se bem que vá aproveitar a lei como a temos para pagar menos impostos, não me parece fazer muito sentido que isto seja deduzido por motivos de saúde.
E é fiscalmente injusto, porque este tipo de deduções só se vai aplicar a quem tem dinheiro para ir ao médico particular. Os outros terão de se ficar pelo SNS. Ou seja, esta dedução é um subsidio do estado para quem recorre aos médicos privados...
LK
ResponderEliminarEsse é um ponto de vista, mas:
Tenho necessidade de um consulta de oftalmologia ou de medicina dentária, ou mesmo de alergologia, são áreas não fatais usualmente mas que provocam baixas e causam cansaço e perda de capacidade. Nomeadamente as alergias.
Se esperar pelo público… bom , estaria muito tempo sem dúvida à espera e dentária não existe, seria injusto não poder deduzir as minhas despesas, mas existe uma outra questão, uma pessoa que vai ao privado poupa ao estado, do seu próprio dinheiro , o custa da consulta. É uma outra forma de ver as coisas.
Ontem Jerónimo de Sousa foi contra a proposta do BE relativamente às deduções, a esmagadora maioria das pessoa depende (infelizmente) desse dinheiro para férias, casa, etc
O BE nesse aspecto esteve muito mal, atacar a classe média não é forma de crescer eleitoralmente
Por outro lado a questão mais importante é evitar neste momento que a instabilidade se instale. Vamos andando e vamos vendo, isto até ao fim ainda vai aquecer
LK
ResponderEliminarNotar que eu gosto da política e sempre gostei, como exercício quer de retórica quer como exercício de cidadania.
Acho que necessitaríamos de mais políticos como JS e FL para aumentar a qualidade do debate e assim fazer com que mais pessoas se sintam mobilizadas.
O que tenho receio é o cinzentismo
e tacanhez de MFl, o poupadinho, o não podemos, não sonseguimos, o cortar na SS para privatizar e depois dizer que não, o querer privatiazar o sector das reformas e depois dizer que não. O programa escondido, omisso, mal feito.
São esses os medos que acho que as pessoas deveriam ter , mas eu não tenho uma posição imparcial, isso é certo : )))
Desculpem estar a aborrecer-vos como isto, mas acho que é uma experiência que demonstra bem que haverá sempre quem não queira trabalhar e, nas democracias, não se podendo recorrer à escravatura, é melhor nem perder tempo com elas.
ResponderEliminarUmm, há pessoas que não querem trabalhar ou há pessoas que não se querem sujeitar a funções degradantes que só beneficiam os empregadores em termos da "mais-valia" que poderá retirar dessa mão de obra? A verdade pura e simples é que ninguém saberá até prova em contrário. E desconfio que se trata mais de um estereótipo atingindo determinadas raças (ciganos em particular) do que outra coisa. Uma boa parte dos distúrbios sociais gerados nessas camadas problemáticas da população deve-se frequentemente ao facto do trabalho - uma relação salarial com um empregador apenas interessado em extrair lucro para sim mediante a menor remuneração da mão de obra - não ser encarado por essas populações como o único modo de vida. Existe algo mais importante como o cuidado pelos outros (familiares, amigos), o respeito pelas tradições culturais ou pura e simplesmente a festa, a música. É uma pena que os tecnocratas ainda não tenham compreendido isso.
Nuvens,
ResponderEliminar«Se esperar pelo público… bom , estaria muito tempo sem dúvida à espera e dentária não existe, seria injusto não poder deduzir as minhas despesas»
Talvez. Mas é menos injusto do que seria se não tivesses dinheiro para o privado e não tivesses o serviço no público porque o pessoal que tem dinheiro para o privado leva dinheiro do estado em reembolsos.
Nota que o programa do BE não é simplesmente cortar as deduções. É melhorar o SNS também. Se isto é praticável ou não, também me questiono. Mas não é razoável que, por um lado, critiquem o seu plano de ambicioso porque o estado não tem dinheiro que chegue e, por outro, os classifiquem de ladrões por quererem que o estado recolha o dinheiro que precisa...
«, mas existe uma outra questão, uma pessoa que vai ao privado poupa ao estado, do seu próprio dinheiro , o custa da consulta. É uma outra forma de ver as coisas.»
É uma forma completamente errada de ver as coisas. Porque é ver o estado como uma loja à qual tu pagaste um serviço em adiantado -- e.g. de saúde -- e agora pedes um reembolso porque não o usaste.
O estado não é uma loja. É uma vaquinha onde se junta o dinheiro de todos para repartir por todos. E nisto não faz sentido pedir reembolsos só porque não usaste o serviço.
Se tu queres ir ao médico privado e tens dinheiro para isso, bom para ti e mais sobra para quem tem menos sorte.
Agora generaliza esse teu raciocínio: toda a gente que tem dinheiro para pagar um serviço ou bem por si tem o direito de ser reembolsado pelo estado e não pagar esse serviço ao estado. As únicas pessoas que sobram são as que não têm dinheiro e lá se vai o estado...
Nuvens,
ResponderEliminar«Acho que necessitaríamos de mais políticos como JS»
Ah, sim... o grande Jô Soares...
:-)
Lk
ResponderEliminarLOLL a do JS está boa.
Mas repara que o problema no SNS é que não pode dar resposta a todas as pessoas e é um injustiça que sejam as pessoas que não são ricas que vão ser as mais prejudicadas. É a classe média que não pode por motivos profissionais recorrer aos serviços do estado, perder manhas e tarde etc.
Seja como for , sou 100% a fav or de uma maior investimento no público em detrimento do privado.
O conhecimento, a capacidade e as economias de escala estão no público. O privado é para a consulta de ginecologia , urologia e afins : )))
urgências, exames, coisas a sério eu quero ir para um hospital público. Por muito que me aborreça poder levar com as visitas das famílias ciganas ( xenofobia detectada !!) prefiro a ir para uma clínica e depois se algo corre mal ir ter com a dita família.
Mas não poder deduzir despesas é simplesmente abusivo.
Lembro-me de um grande show que esse JS deu há 4 anos sobre o tema "política de rigor".
ResponderEliminarInfelizmente só lhe deram a maioria absoluta. Não houve condições.
Eu estive numa empresa algures no país, a trabalhar na área florestal. Uma curiosidade era a dificuldade de encontrar manobradores de máquinas e manobradores que trabalhassem. Se pensarem que um manobrador de um forwarder pode ganhar por mês mais que um quadro superior ( cerca de 40 euros hora) , podemos perguntar :porque raio não há mais?
ResponderEliminarOs centros de empregos não respondiam, e sobretudo não há pessoal novo a querer. No entanto é preciso reparar que também a procura é pouca e irregular, por isso ninguém quer arriscar um profissão onde o trabalho é bem pago mas muito variável.
Vi uma vez um programa francês sobre uma tese de doutoramento que fazia a seguinte pergunta: os empresários dizem que as pessoas não querem trabalhar , mas ouvimos os trabalhadores e eles dizem que não conseguem encontrar emprego. Onde está a explicação ?
E foi um horror, contrataram vários actores para fingirem serem candidatos a empregos, forjaram os CVs e mandaram, sendo que :
Um era negro, outro do norte de África, o outro gordo, uma mulher , um deficiente , um tipo mais velho, etc
O resumo é que a discriminação leva imensos empregadores a desprezarem candidatos excelentes sem sequer os entrevistarem. A melhor de todas era a rapariga, que era de um suposto bairro problemático mas com um CV do melhor. forma enviados milhares de CV e os resultados foram claríssimos, há uma grande culpa dos empregadores na forma como seleccionam os CV, resultado de preconceito profundo.
Por cá é o mesmo, eu já vi departamentos de RH a andarem a mostrar CV a rirem e a gozar ….sem comentários. Um porque meteu uma foto, o outro porque enviou um CD , aquele porque tinha um olho besgo e acreditem que esse pessoal logo à partida está meio condenado.
É triste mas é a vida :(
Bruce
ResponderEliminarVá, o governo fez a meu ver um excelente trabalho, mas não é possível fazer tudo ao mesmo tempo.
As coisas são complexas e lentas.
Meteu-se avaliação nos professores e saiu tudo à rua. Enfim...
Nuvens, fala-me em:
ResponderEliminarsistema bancário;
combustíveis;
entidades reguladores;
offshores com Alberto João;
offshores sem Alberto João;
licenciamentos de grandes superfícies;
protecção às MPMEs;
concursos públicos;
àreas ribeirinhas para as câmaras municipais;
autismo parlamentar em geral;
ministro Jamé em particular;
Já agora diz-me quem é o ministro do Ambiente.
Escuto.
Bruce
ResponderEliminarNuvens, fala-me em:
sistema bancário;
Foi salvo como prometido, um dos melhores superar a crise. Olha para Espanha e observa o Horro
combustíveis;
Liberalizados a entidade da concorrência não encontra sinais de cartelização. Posição dominante da Galp é conhecida mas não se pode alterar a realidade por decreto.
entidades reguladores;
Funcionam mal sem dúvida mas é uma questão legislativa complexa. Não tenho uma opinião fechada sobre esse tema.
offshores com Alberto João;
offshores sem Alberto João;
OP combate tem de ser feito globalmente, se fechares a da Madeira, o dinheiro sai de lá e vai para as Mauricias ou qualquer coisas do género . O ataque tem de ser mundial e está a ser coordenado. é preciso calma e perceber que estas coisas demoram tempo.
licenciamentos de grandes superfícies;
Sou contra, mas percebo o dilema para a criação de emprego.
Admito que não tem havido desde sempre uma política de integração.
Nota: o comércio tradicional pouco mudou , moro no centro de Lisboa e quem dinamiza aqui as coisas são paquistaneses, indianos, nepaleses, chineses etc. Se estão à espera que o governos resolva os problemas dos privados quem ganha será sempre o grande "capital"
protecção às MPMEs;
desculpa, foram criadas e esgotadas e de novo criadas várias linhas de crédito. Mas não havendo procura não se pode esperar milagres.
concursos públicos;
Não sei sobre que falas, podes especificar ?
àreas ribeirinhas para as câmaras municipais;
Aqui em Lisboa menos que bom, mas não tenho muito conhecimentos nesta matéria. De qualquer forma dou de barato que Lisboa tem uma das mais bonitas áreas ribeirinhas diria da europa, é lindo, e não posso usufruir desse bem que acho que deveria ser público.
autismo parlamentar em geral;
Não concordo, o PM foi ao parlamento todos os 15 dias, a falta de capacidade da oposição é que não prestigiou muito a coisa. Tirando o PP, e o FL a maioria dos parlamentares ...não comento : )
ministro Jamé em particular;
Fraco, mas mais por não ser um político profissional, é mau exigir esse tipo de prestação sempre senão acabamos só com Snatanas lopes. E isso nem a brincar : )
Já agora diz-me quem é o ministro do Ambiente.
Francisco Nunes Correia ?
Mas de facto um ilustre desconhecido, mas é um daqueles cargos que se tudo correr bem não se ouve falar.
ab
Nuvens, lancei-te uma “provocação” como brincadeira e este não me parece o blogue certo para teimar sobre estas coisas. É que temos ambos opiniões muito subjectivas... O sistema bancário foi salvo como prometido? Quer isto dizer que os “baixos” lucros da banca nos devem preocupar a todos? E deixá-los pagar menos impostos do que tu ou eu, inclusivamente aquela organização de vigaristas que deu pelo nome de BPN?
ResponderEliminarSobre a cartelização ou falta dela, o que devemos na minha modesta opinião é não esquecer o mais importante: o mercado não está a funcionar, com prejuízo grave para toda a gente e com o governo a fingir que não dá por nada. E é isso que o PS vai continuar a fazer, não por ser “muito complexo” pensar em soluções. As entidades reguladoras não funcionam porque não querem, ou porque não têm motivo para existir. Agora existir e não funcionar é que nos sai caro demais a todos. Já agora, o amigo do Manuel Pinho não está em situação ilegal por acumulação de funções?
Das offshores (bem sei que não somos nós a mandar no mundo financeiro...) ocorre-me apenas a facilidade em desejar que pelo menos a família do JS faça o que os outros também deveriam fazer por imposição legal: declarar tudo às finanças em Portugal...
O licenciamento de grandes superfícies foi desde o início apontado como um punhal no coração do pequeno comércio e pequenos produtores que não se podem sujeitar ao calendário de pagamentos deste sistema (a 60 dias ou mais) e não têm envergadura produtiva suficiente para os fornecer e, por isso, desaparecem da paisagem sem tempo sequer para um último suspiro. Isto não é apoiar aquilo que todos os políticos dizem ser o maior empregador português: as micro, pequenas e médias empresas. Muitos agricultores também já foram ao fundo por não suportarem a pressão de preços desses grandes amigos da economia.
«concursos públicos;
Não sei sobre que falas, podes especificar ?»
Falo dos que não são realizados, ou, sendo, se destinam aos mesmos contemplados. Mais uma vez jogo apenas com base numa reserva íntima, reconheço, que tenho para os empreendimentos absolutamente desnecessários. Por isso não posso gabar-me de ter argumentos fortes nem soluções ideais. Ao contrário do que parece anunciar-se nos blogues como o Simplex que desatam a desdenhar do “inimigo” e a escovar o grande líder.
A sério que não consigo.
«Francisco Nunes Correia ?
ResponderEliminarMas de facto um ilustre desconhecido, mas é um daqueles cargos que se tudo correr bem não se ouve falar.»
Este ano já ardeu o dobro da floresta do ano passado. A TV não mostra, o povinho não vê. Mas o problema existe.
(sorry, juro que foi o último desabafo :)
Bruce
ResponderEliminarEu penso que o nosso ilustre anfitrião ao escolher o tema todo encostadinho à política imaginava que não falaríamos de criacionismo.
Sem menosprezar a imensa criatividade de certas pessoas, tenho como quase certa a pertinência dos comentários.LOLLL
Bruce
ResponderEliminarPor isso não posso gabar-me de ter argumentos fortes nem soluções ideais.
Eu gosto muito de boa política porque é uma área da actividade humana onde não existem soluções óptimas. Como o LK refere no seu post sobre dilemas e problemas sem solução linear.
Repara que , a meu ver, o facto de não termos uma solução na ponta da língua, o que é válido para uma imensidão de casos, não nos deixa espaço livre para nos desculparmos de tomar uma posição. Claro que para descortinar onde penso que está a verdade, o pensamento correcto, a formula certa tento usar conceitos como justiça, equidade, ética, estabilidade como linhas directoras de um pensamento de fundo.
No caso da saúde sei que o ideal ( para mim ) seria um SNS que a todos desse resposta, mas não existe. Por isso devemos atender em primeiro lugar os mais necessitados, mas não é justo que pessoas que ganham o que eu ganho sejam consideradas classe média alta, simplesmente não sou e as deduções de despesas que faço no privado ajudam-me e permitem-me folga para consumir mais. Um equilíbrio entre uma postura totalmente demagógica que parte do princípio que todos podem ter acesso igual ao SNS já e uma política que diz que quem pode paga e quem não pode espera pode existir. A que temos está perto de ser a possível, mas pode e deve ser melhorada. Mas há mais, há a ideia de não de desinvestir no SNS, e essa ideia parece-me só ser afirmada com convicção e certeza pelo PS. O PSD afirma que não é para mexer , mas não sei se não cortaria lentamente os fundos com a desculpa da crise. Ao não saber, não me serve.
BE quer o oposto, quer um sistema impossível, ideal mas isso só é possível aumentando o OE.
Como é que se pode fazer isso: ou aumentando os impostos ou aumentando o PIB. Os impostos estão postos de parte uma vez que a carga fiscal já está no limite máximo comportável , então só se pode crescendo.
Ora para crescer necessitamos de ideias , projectos, formas de . mais uma vez sinto que os planos do BE não cumprem a exigência de uma economia muito aberta, muito necessitada de apoio e não da turbulência de uma nacionalizações .
Mas isto em política é uma questão de como se defende e não se se defende, porque tudo é defensável : )))
Notar que ao dizer (PSD) que quer diminuir a TSU e complementar com o OE, isto quer dizer que quando voltarmos a ter de manter o deficit em menos de 3% alguma coisa vai ter de se cortar. Aposto que seria a ida para os PPR privados. Eu não só sou contra como me recuso a mudar de paradigma de poupança. Não confio nas empresas financeiras , basta ver o que sucedeu , milhões de pessoas ficaram com os fundos de pensões na miséria. É intolerável que tal possa ser imposto, obrigar as pessoas a uma lotaria onde só se pode perder .
ab
ResponderEliminarDas offshores (bem sei que não somos nós a mandar no mundo financeiro...) ocorre-me apenas a facilidade em desejar que pelo menos a família do JS faça o que os outros também deveriam fazer por imposição legal: declarar tudo às finanças em Portugal...
Eu espero que as finanças os chamem, porque ninguém declara o que tem em Off shores, a ideia é essa....
Mas isso nada tem que ver com o PM, ai a família!!!, já dizia napoleão...
«Eu gosto muito de boa política porque é uma área da actividade humana onde não existem soluções óptimas.»
ResponderEliminarHavendo interesses divergentes na mesma democracia, nunca há soluções óptimas. O que pode haver são soluções sérias. Esta evidência exclui
i) o sectarismo
ii) políticos de relação complexa com a seriedade
iii) a parte do eleitorado que não faz ideia do que estou a falar
Assim seria a “boa política”, do outro lado do espelho :)
Ludwig:
ResponderEliminar«Eu não vejo como sendo tão simples prever o efeito no desemprego de um programa como o do BE, que aborda uma data de coisas (qual o impacto da requalificação urbana na industria do turismo? Que efeito tem esse investimento público na economia? Qual o impacto de financiar a investigação pública de tecnologia para energias renováveis, libertando assim essa tecnologia das restrições de patentes privadas? etc...)»
Prever o desemprego causado por um programa como o do BE não é uma questão política, é uma questão técnica.
E aí, creio que é difícil encontrares um economista que acredite na economia de mercado que negue que esse programa teria esse efeito (aumento do desemprego).
E creio que mesmo economistas que rejeitam a economia de mercado podem convir que esse programa aumentaria o desemprego no longo prazo. Mas acrescentariam que o problema está na economia de mercado em si, e não no programa, que é um programa "justo" e que as regras estruturantes da economia em portugal (o capital poder deter o meios de produção) é que teria de mudar. Acho que é isto que o Louçã defende, se encostado entre a espada e a parede.
Porque o BE propõe mais investimento público, mas este não é inesgotável. Podes aumentá-lo numa altura de aperto, mas não podes fazer depender dele o crescimento da economia, sob pena de ires empobrcendo sucessivamente.
Quanto ao investimento privado, o aumento da carga fiscal proposto pelo bloco, a maior rigidez laboral proposta (com essa proibição de despedimentos colectivos, por exemplo), o medo das nacionalizações, e principalmente o medo de acções futuras, fazem com que se actualmente já é difícil encontrar quem queira investir em Portugal em vez de noutro lado, nessa situação seria quase impossível.
LK
ResponderEliminarQuanto ao post uma correcção, o cartaz do BE dizia, preto no branco, quem tem lucros não pode despedir.
Depois no programa tratam de emendar o aspecto revolucionário da coisa :D
O problema do bloco é simples, é genético. Na sua matriz profunda tem uma cangalhada de radicais de ultra esquerda , que vieram do PSR e outros epifenómenos de esquerda , alguns conheço muito bem quer o que pensam quer o que, principalmente , não pensam. Essa base de apoio tem força e sobretudo das duas uma:
ResponderEliminarou o bloco aspira a ser governo, assume uma posição de espelho do PP e garante soluções racionais, mas perde a base radical que saltará ou para o PCP ou para um novo partido, ou não, radicaliza, continua num discurso irrealista , até pode crescer mas está metido na forma dos dois dígitos.
Dilemas dilemas… tudo são dilemas…
Voão Vasco
ResponderEliminarPortugal não atrai investimento e de certa forma ainda bem, foram as economias mais exportadoras as que mais tombaram …
Esta crise é inversa ás outra , é uma crise de procura, e não de factores de produção que encareceram.
Nuvens de Fumo:
ResponderEliminarTu estás a falar de um problema conjuntural, e eu estou a falar de um problema estrutural.
O PS foi... longe demais na procura de investimento externo - que o diga o código do trabalho aprovado. Mas foi eficaz, diga-se. Se não fosse a crise iam conseguir a promessa dos 150 000 postos de trabalho líquidos.
De qualquer forma, temos de convir que a situação era difícil, mesmo tendo essa procura de investimento contituído uma prioridade, a coisa não foi nada fácil.
O BE vai muito, muito, muito, mais longe, mas no sentido oposto. Dificultando significativamente a captação de investimento. E não creio que isto (a captação de investimento seria dificultada caso as propostas do Bloco entrassem em vigor) seja um assunto polémico entre economistas. Mesmo aqueles que possam apoiar o bloco, que geralmente não acreditam na economia de mercado (como o Louçã).
João Vasco,
ResponderEliminar« creio que é difícil encontrares um economista que acredite na economia de mercado que negue que esse programa teria esse efeito (aumento do desemprego).»
Vou assumir que tens razão. A minha questão então é como posso distinguir entre duas possibilidades. A primeira é que esse economista fez uma estimativa quantitativa razoável das várias consequências daquilo que o BE e outros partidos, como o PS, querem implementar e, dentro da margem de erro, do BE prevê-se mais desemprego.
A outra é que o economista simplesmente escolheu umas cerejas que podia apresentar como fundamentando aquilo que decidiu à partida por pura orientação ideológica.
Os posts que critiquei neste parece-me estar claramente nesta segunda categoria, porque dizer que vai ser uma desgraça porque o BE só vai investir em renovar casas e vai proibir os despedimentos só não é ridículo por ser tão desonesto.
Sabes de algum sítio onde se faça uma análise minimamente quantitativa que possa dizer que um é melhor que o outro?
Por exemplo, sabes se o investimento em energias renováveis é mais favorável à nossa economia que um investimento semelhante na recuperação de zonas degradadas e consequente valorização do seu potencial turistico? Ou se, economicamente, é melhor investir num TGV para espanha que melhorar a rede nacional? Ou se, a longo prazo, nos dá mais proveito investir em investigação pública evitando os problemas de patentes privadas, ou se é melhor fazê-lo no sector privado?
A impressão que tenho é que não há um único economista capaz de responder sequer a uma destas perguntas com margens de erro aceitáveis, porque as incógnitas são enormes. A ideia que, tudo somado, dá uma resposta tão evidente como isso que tu sugeres parece-me incorrecta.
Podes dar uma ideia dos teus cálculos?
Nuvens,
ResponderEliminar«Quanto ao post uma correcção, o cartaz do BE dizia, preto no branco, quem tem lucros não pode despedir.»
Não me parece que tenha de corrigir o post. Acho que fui bastante claro quanto ao que penso dos cartazes :)
João Vasco,
ResponderEliminarQual é a vantagem da economia de mercado em monopólios naturais nos quais os preços têm de ser regulados pelo estado por não ser possível haver concorrência?
LK
ResponderEliminarDesculpa mas deixa-me dar-te uma ideia, quando tens um problema urbanístico, que se caracteriza pelo facto de as pessoas viverem nos arredores, e teres mais casas que famílias, vais arranjar casas abandonadas para quem ? classe média não é
Eu moro como já disse no centro de Lisboa. Aqui há imensas casas degradadas, mas são palacetes, aquilo não é para classe média ir morar, as que tem sido reconstruídas e há belíssimas, são condomínios fechadíssimos, com vistas fantásticas. Mais ainda, mesmo que fossem arranjadas quem iria para lá morar ? transferia-se a crise para os subúrbios ? não percebo a lógica das casas e da recuperação.
Mais , o tipo de empresa a que esta medida pisca o olho é a do pato bravo que deu cabo do mercado. Eu percebo o que Fl quer fazer, seduzir o construtor civil com a ideia de recuperar aquele casario todo, apenas que depois de inflacionar o preço das casas no centro mais do que ele está. Mas não me parece muito correcto, principalmente para quem tanto combate a fuga fiscal ir buscar uma medida que beneficia as empresas que mais fogem. Eu só espero que no meu tempo de vida nunca haja um terramoto aqui em Lisboa, muitas fortunas feitas na poupança de material iriam mostrara as suas fraquezas.
Francamente acho a ideia sem pés nem cabeça.
Mais ainda, esta medida implicaria uma de duas coisas, ou a expropriação que é coisa para demorar dois séculos, ou a iniciativa privada. Mas existe um bom motivo para as casa estarem a cair, as pessoas não querem investir
ResponderEliminarQual é a vantagem da economia de mercado em monopólios naturais nos quais os preços têm de ser regulados pelo estado por não ser possível haver concorrência?
A vantagem é a de não sair do dinheiro do contribuinte a mama dos tachos e ir-se buscar nos impostos os benefícios.
Mas admito ser uma questão ideológica.
Poderia ter sido pensada antes da privatização, não foi, agora ficaria caríssimo nacionalizar, falta contabilizar esse preço
MAiores prejudicados ??
pequenos accionistas , FL não explicou o que lhes iria acontecer, nem ele deve saber o que dizer
LK
ResponderEliminarDesculpa mas as questões sobre o TGV foram debatidas técnicamente, os tipos da CP explicaram o seguinte:
é possível, gastando tanto, melhorar a linha nacional. Como ? fazendo mais duas linhas ao lado das actuais.
Porque : o limite de circulação foi atingido.
Não parece ser muito racional duplicar o que já há !!!
Ludwig:
ResponderEliminar«Sabes de algum sítio onde se faça uma análise minimamente quantitativa que possa dizer que um é melhor que o outro?»
Peço-te que procures o seguinte, que eu sei que existe mas já não sei onde.
Já foram feitos vários estudos que procuraram conhecer as principais causas que afastam o investimento externo.
Existem duas razões principais: a morosidade da justiça, e a rigidez da legislação laboral. No nosso caso a carga fiscal sobre as empresas não é tão grave que vá repelir o investimento, mas também não é tão baixa que sirva como atractivo forte.
Estas conclusões não são de um estudo algures, são de sucessivos estudos e inquéritos.
Posto isto, se mantiveres tudo igual, e aumentares a carga fiscal sobre as empresas e tornares mais rígida a legislação laboral, o que se espera que aconteça?
Mas depois existem factores que um estudo não pode medir. Cada vez que nacionalizas uma empresa lucrativa sem ser numa situação de emergência, tu estás a aumentar o risco associado a qualquer investimento no país.
Bem ou mal, isso acontece.
Quanto ao investimento público devo dizer o seguinte. Uma coisa é atender a uma crise, e aumentar o investimento público sem aumentar a carga fiscal correspondente. A crise é de procura, o estado endivida-se, mas essa é a melhor solução.
No longo prazo, e em termos estruturais, esta solução não serve. Aí, o investimento público terá de estar associado ao aumento da carga fiscal correspondente. E aí, não podemos contar que ambos os efeitos associados façam aumentar o investimento privado de forma sustentável...
«Qual é a vantagem da economia de mercado em monopólios naturais nos quais os preços têm de ser regulados pelo estado por não ser possível haver concorrência?»
ResponderEliminarEsse é um debate económico interessante.
De um lado existe quem acredita que se diminui a corrupção (os gestores e o staff não são nomeados para satisfazer favores políticos), aumenta a inovação, e no geral a empresa - mesmo que cobrasse o mesmo aos consumidores - teria mais lucro.
E que se o estado somasse a receita fiscal aos juros do capital que obteve com a privatização obteria mais que com os lucros da empresa.
Obviamente existe quem discorde.
Isto é uma questão técnica, e eu não tenho competência para saber quem tem razão.
Quer dizer, é uma questão técnica *apenas* se assumirmos uma regulação forte que não tenha medo de impôr preços aos privados. Se entrarmos em linha de conta com a fragilidade destas autoridades, pode ser também uma questão política.
Mas sobre este assunto não tenho grandes certezas.
Mas quero acrescentar o seguinte, mesmo que eu fosse contra a privatização da GALP (como te disse não tenho opinião formada), isso não quer dizer que seja agora a favor da sua nacionalização (aqui já tenho e sou contra).
ResponderEliminarComo já disse, existe um custo acrescido nas nacionalizações de uma empresa lucrativa sem uma situação muito pontual que a justifique: a confiança.
É mais difícil investirem em Portugal se existir medo de que empresas lucrativas sejam nacionalizadas.
Podes dizer que é diferente por ser monopólio natural, mas a verdade é que o medo existe à mesma. Quem é capaz de nacionalizar A pode vir a nacionalizar B.
LK
ResponderEliminarMais ainda, quando se cai numa posição de monopólio tem de ser o estado a regular os preços, se o estado éo detentor do monopólio estamos mal : )
Repara que já todos estes serviços estiveram do lado do estado e não eram mais baratos.
As chamadas locais eram caras, e pagava-se mais para lisboa :S
Lembro-me disso por causa do início da net e o que tinha de pagar por causa das ligações.
Pois e era do estado, por isso é pura demagogia achar que o estado iria fazer agora o que nunca fez.
Caro,
ResponderEliminarPermita-me esgrimir uma defesa contra o que chama de treta da minha parte. Eu desconheço, sem ser por justa causa, a possibilidade de despedimento individual em Portugal a trabalhadores dependentes. Juridicamente penso não ser possível. Por isso omiti o "colectivo": é a única forma de despedimento que vejo.
Carlos Santos
Só para dizer que eu também não tive relações sexuais com Monica Lewinsky.
ResponderEliminarObrigado.
«E que se o estado somasse a receita fiscal aos juros do capital que obteve com a privatização obteria mais que com os lucros da empresa.»
ResponderEliminarReceita fiscal por via da empresa, obviamente. E tendo em conta o possível lucro acrescido devido a ganhos de eficiência.
«No nosso caso a carga fiscal sobre as empresas não é tão grave que vá repelir o investimento, mas também não é tão baixa que sirva como atractivo forte.»
ResponderEliminarA carga fiscal não é elevada face à média da zona euro, mas é muito elevada face aos países que têm o mesmo grau de desenvolvimento (PIB per capita e capital humano).
É por isso que pequenas economias como Irlanda e os países de Leste conseguem atrair IDE: baixíssimas taxas de IRC, suportadas por um Estado relativamente contido.
Carlos Santos,
ResponderEliminar«Eu desconheço, sem ser por justa causa, a possibilidade de despedimento individual em Portugal a trabalhadores dependentes. Juridicamente penso não ser possível.»
Qualquer pode ser cessado por comum acordo -- esta deve ser, aliás, a via preferencial para o fazer sem litígio. E se conhecia a possibilidade de despedimento por justa causa, penso que devia tê-lo mencionado. É que quem não tiver lido o programa do BE e leia no seu texto «Louçã sugere antes a via mais fácil: a ilegalização do despedimento.» pode ficar com uma ideia diferente.
Mas, além disso, a lei 7 de 2009 mantém outras duas formas de despedimento, além de por mútuo acordo e por justa causa. O despedimento por extinção do posto de trabalho e o despedimento por inadaptação.
Ou seja, proibindo o despedimento colectivo, é legal aínda, dependendo das circunstâncias, que a empresa se livre de um empregado chegando a acordo com ele, por justa causa, por extinção do seu posto de trabalho e por o empregado não estar adaptado ao seu cargo.
Parece-me que a realidade está bastante longe do que descreve no seu texto...
Nuvens,
ResponderEliminar«são palacetes, aquilo não é para classe média ir morar, as que tem sido reconstruídas e há belíssimas, são condomínios fechadíssimos, com vistas fantásticas.»
Dada a importância do turismo na nossa economia, não me parece nada má ideia investir na recuperação dessas propriedades.
PR:
ResponderEliminarEm qualquer desses países os níveis de literacia são muito diferentes (e superiores).
Quanto à Irlanda, existem outras condicionantes que ajudaram à captação de investimento externo (a língua, as ligações a muito capital norte-americano, etc...).
Mas é verdade que uma coisa que faz esses países apanharem muito investimento é o facto de terem um IRC muito baixo. É uma boa razão para não aumentarmos muito o nosso, mas se todos os países tentarem competir por essa via, no fim nenhum deles é muito atractivo, e entretanto todos os estados perdem receita fiscal.
Manter o nível de fiscalidade para as empresas em Portugal parece-me um bom compromisso. Incentive-se o investimento melhorando cada vez mais a justiça, e aumentando as nossas qualificações (ambas as coisas têm sido feitas, mas não dão frutos numa legislatura).
São "investimentos" a médio-longo prazo.
ResponderEliminarNuvens,
ResponderEliminar«Porque : o limite de circulação foi atingido.
Não parece ser muito racional duplicar o que já há !!!»
O limite de circulação foi atingido porque a mesma linha dá para o alfa pendular, os comboios da cimpor e tudo o resto. Parece-me que não ter duas linhas é que é pouco racional...
Vocês a falar de economia e emprego fazem lembrar o Jónatas a falar de ciência.
ResponderEliminar;)
Não se zanguem com este anónimo.
O microfone ficou ligado - Bastidores do Debate Louçã vs Sócrates na RTP1.
ResponderEliminarLudwig:
ResponderEliminarDe onde queres tirar o dinheiro para o ordenado universal?
João Vasco,
ResponderEliminar«Manter o nível de fiscalidade para as empresas em Portugal parece-me um bom compromisso. Incentive-se o investimento melhorando cada vez mais a justiça, e aumentando as nossas qualificações (ambas as coisas têm sido feitas, mas não dão frutos numa legislatura).»
Concordo que esses factores também são importantes. Acontece que é muito mais fácil descer impostos do que reformar a justiça ou melhorar os níveis de educação.
No primeiro caso, ainda não vi ninguém com um projecto credível de reforma da justiça. E o problema não é de agora.
Quanto à educação, nota que o maior problema nem está naquilo que o ensino oferece mas no que os alunos fazem dele. Um exemplo: é conhecido o enorme diferencial de salários entre os cursos de ciências duras e os de ciências sociais mas grande parte dos alunos continua a querer fugir à matemática.
Devo ter uma costela qualquer de voyer, porque achei esse video uma delícia, eh!eh!eh!
ResponderEliminarDe que falam os líderes políticos quando ninguém está a ver? Como falam? São pessoas normais? Este video ajuda a responder a essas perguntas, lol. Só gostava que fosse mais longo e estivesse lá mais gente.
Ainda me estou a rir do "seu maroto".
PR:
ResponderEliminarClaro que é mais "fácil" captar investimento cortando os impostos.
A grande questão é saber o que se corta em termos de custos do estado para pagar o diferencial. Não vale responder "corta-se o desperdício", que ninguém tem a "manutenção do desperdício" no seu programa eleitoral. Claro que uns podem ser mais eficazes que outros a tentar diminuí-lo, mas esta diminuição é sempre gradual.
Portanto, a única forma seria cortar no investimento público ou nas prestações sociais.
Cortar no investimento público poderia não ser disparatado (depende da rentabilidade/necessidade do investimento em questão) noutra altura do campeonato. Mas nesta fase é suicídio.
Quanto às prestações sociais, este deixa de ser um problema económico para passar a ser um problema político. Captar mais investimento em prejuízo doutros países europeus, para piorar o SNS, o sistema educativo, baixar as reformas ou subsídios de desemprego, o número de polícias ou a eficácia da justiça, hum... não creio que seja boa ideia.
Acho que é melhor captar esse investimento da maneira "difícil". Diplomacia económica, investimento forte em I&D, em educação, reformas na justiça, simplificação das burocracias e custos administrativos, etc... A boa notícia é que tudo isto tem acontecido. E já tem tido ténues reflexos.
O João perguntou ao Ludwig:
ResponderEliminar"De onde queres tirar o dinheiro para o ordenado universal?"
Em relação a isso, uma soiução passa por taxar uma pequena percentagem a quem não produz riqueza para a sociedade (ex: transacções bolsistas regidas unicamente pela lógica da extração de capital através da especulação e outro tipo de riqueza improdutiva). Agora, é óbvio que medidas desse tipo apenas funcionarão plenamente se e quando houver um esforço de cooperação internacional. Mas enquanto isso, podem ser feitas pequenas medidas nesse sentido. Entretanto, é possível aplicar uma medida mais prática como deixar de financiar sectores da actividade económica que pura e simplesmente não sobreviveriam se fossem deixados à sorte do mercado. Um bom exemplo disso em Portugal é a produção agrícola por não ser suficientemente competitiva; no caso dos EUA a indústria automóvel inclui-se nesse grupo.
No entanto, admito que é irrealista conciliar leis que dificultam o despedimento (seja ele colectivo, seja individual) com um rendimento universal para todos os cidadãos. Mas eu acho que esta segunda medida faz muito mais sentido do que a primeira. Se os patrões querem despedir os empregados por "dá cá aquela palha", deixem-nos despedir à vontade! Se isso implica mais precarização, etc., não vejo qual o inconveniente. Desde que isso implique, como o Ludwig já referiu, que os destituídos de capital corram o risco de cair na pobreza apenas porque são "inaptos", coxos, homossexuais, lésbicas, porque têm formação e aptidão para funções úteis à sociedade e ao seu bem-estar pessoal mas que deixaram de ser valorizadas pelo mercado.
Esta é a minha visão pessoal de não economista do tema :-)
João,
ResponderEliminar«De onde queres tirar o dinheiro para o ordenado universal?»
Eu proponho esse ordenado universal como O (singular) contributo financeiro do estado para com os cidadãos. Substitui subsidio de desemprego, rendimento mínimo, pensões obrigatórias (pode haver um complemento baseado em contribuições opcionais), etc.
E esse rendimento será igual para todos e de valor ajustável conforme a economia o permitir.
Usando apenas o dinheiro que é agora distribuido em carradas de coisas diferentes, pelas contas por alto que fiz dava uns 200€ por mês por pessoa. Mas como isto pode vir acompanhado de um aumento nos impostos de quem não precisa deste dinheiro, penso que sem grandes extremismos dava para chegar aos 400€ ou coisa assim.
Se a sociedade achar que deve ser mais ou menos, é fácil. Nem há contas complicadas a fazer nem há uns a decidir quanto calha aos outros, visto ser igual para todos. E é explicitamente uma redistribuição em vez de um subsidio de pobreza ou algo do género.
Miguel Caetano,
ResponderEliminar«Se os patrões querem despedir os empregados por "dá cá aquela palha", deixem-nos despedir à vontade! Se isso implica mais precarização, etc., não vejo qual o inconveniente.»
Já agora aproveito a deixa :)
O que eu proponho não é que os patrões possam despedir como queiram. É que se reduza as restrições aos contratos de trabalho. Mas depois, se querem despedir, têm de o fazer de acordo com o estipulado no contrato.
Penso que com um rendimento garantido e sindicatos os trabalhadores não estarão em tão grande desvantagem nas negociações. Se, a par disso, retirarmos coisas como os despedimentos colectivos, que efectivamente permitem os empregadores ignorar as promessas que façam nos contratos de trabalho, pode-se conseguir um sistema mais versátil, justo, e economicamente eficiente.
No fundo, a ideia que tenho é que a situação ideal para um mercado livre é quando os intervenientes têm o mesmo poder negocial e não há nada a restringir-lhes as negociações. É isso que penso se devia tentar aproximar no mercado de trabalho.
O que se faz, infelizmente, é o contrário. Mantém-se o trabalhador menos qualificado entre a espada e a parede e depois força-se a coisa com coletes de força nos contratos.
Querem saber para onde estão virados nestas legislativas?
ResponderEliminarVer a aplicação da SIC:
Bussola Eleitoral para as legislativas.
Miguel Caetano,
ResponderEliminarhá gente que quer trabalhar e não encontra emprego, há gente que não quer trabalhar nem à lei da bala, há gente que não pode trabalhar, há gente apenas disposta a trabalhar em condições específicas, há gente disposta a aceitar qualquer emprego, em suma, há de tudo. Mas reduzir o problema do desemprego à avidez de lucro da classe patronal não é muito produtivo como premissa para uma procura por soluções.
Cristy
João VAsco
ResponderEliminarParti-me a rir com a entoação que O PM dá quando fala da Manuela, então não foi ? não é fã ?
LOLLL
Muito bom momento de humor
LK
ResponderEliminarDe volta Às casas , o problema da proposta do BE é que não dinamiza a economia, seria um enterro de dinheiro.
E eu que tenho uma casa abandonada ao pé da minha bem queria ver esses problemas resolvidos, mas não acredito que seja assim
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPelo que percebi, no DN pode existir uma maioria PS/BE :S
ResponderEliminar37+11=48% ?? não sei se dá mas anda muito lá perto
ResponderEliminarNo fundo, a ideia que tenho é que a situação ideal para um mercado livre é quando os intervenientes têm o mesmo poder negocial e não há nada a restringir-lhes as negociações.
Isso implicaria que ambas as partes tivessem poder igual, o que não é mínimamente verdade.
Os patrões tem o poder quase todo na mão, e mais em épocas de crise onde a procura por trabalho é muito alta.
podem desta forma baixar os salários e podem ainda aumentar sem limite as horas de trabalho e é apra quem quer...
Foi um salto civilizacional o fim da escravatura, uma contratação livre era voltar a esse estado de obscurantismo
Sobre o TGV, devo dizer que é uma treta total. Entre Lisboa e Porto, não consegue melhorar os tempos mais do que meia hora (de 3h para 2:30h ou semelhante), e não compensa minimamente o investimento. Foram feitos vários estudos que indicam que, na melhor das hipóteses, ou seja considerando um bom crescimento económico de Portugal nas próximas décadas (LOL), o retorno do TGV é inferior a metade do investimento que nele se faz.
ResponderEliminarPor outro lado, quem é cliente do TGV? Um bilhete Lisboa-Madrid custará 100 euros, segundo esses mesmos estudos. Não estamos a falar portanto da classe média, estamos a falar de viagens de negócios ou de ricos. Considerando o tempo que se gasta no combóio entre Lisboa e Madrid e o tempo num avião, não vejo melhorias que justifiquem o investimento.
Sobre o investimento no tecido urbano, li por aí uns comentários extremamente ignorantes. A requalificação urbana é uma emergência em Portugal por várias razões. Primeira, de ordem da organização urbanística, onde temos imensos espaços vazios nos centros urbanos, podres, espaços de potencial criminalidade, câncros que afuguentam qualquer comércio ou actividade empresarial do tecido urbano. Isto é grave, porque o tecido urbano só é eficiente se a malha for coesa e não tiver demasiados cancros deste tipo. Os transportes públicos, as infrastruturas, etc., só são viáveis se a malha estiver saudável.
Não é por acaso que somos o país europeu com mais "centros comerciais" por pessoa. O comércio fugiu do centro da cidade, empobrecendo-a, com consequências sociais graves. O turismo sofre também, como é óbvio, e a fragmentação urbana tem consequências nefastas na qualidade de vida. Os planeadores urbanísticos já nem sabem o que hão de fazer na metrópole de Lisboa.
Por isso é importantíssimo requalificar o centro das urbes e das suburbes, dar-lhe qualidade de vida (jardins, parques, equipamentos colectivos), reparar ou reconstruir os edifícios antigos. Aquilo que o Nuvens fala, da gentrificação do interior da urbe não resulta da actividade estatal ou camarária na requalificação, mas sim da sua ausência. A criação de "guetos" ricos no interior das urbes é outro cancro, pois esvazia ainda mais a malha urbana. Um dos projectos mais interessantes que houve em portugal foi precisamente o Pólis, que acertou na mouche em vários casos (embora se tenha feito asneiras). Seria preciso continuar com o processo e arranjar maneira de acabar com a vergonha das rendas.
Foi um salto civilizacional o fim da escravatura, uma contratação livre era voltar a esse estado de obscurantismo
ResponderEliminarUma contratação livre é recibos verdes que já existe e é legal. Eu estou em recibos verdes já há alguns anos, e nem estou nada mal, comparando com muitos da minha profissão.
Aquilo que acontece é que devido a esta ideia de que não podemos voltar atrás e tal, cria-se uma economia "paralela" onde este voltar atrás já é realidade há anos, mas uma coisa curiosa é que as pessoas ainda discutem como se não existisse. Como se o meu contrato não existisse, como se eu não fosse "trabalhador por conta doutrem".
Fala à vontade, mas não estás a falar de Portugal.
eu já trabalhei muitas vezes a recibos verdes, mas existe uma diferença, uma coisa é ganhar bem a recibos verdes o que permite descontar para a SS e ainda poder usufruir do facto de se poder meter despesas, outra coisa é receber 700 euros a recibos verdes, que é uma armadilha , já lá metido s.almoço e tudo. As pessoas para aumentarem o seu disponível dispensam a SS. No futuro vai-se pagar caro esta porcaria, quando uma quantidade imensa de pessoas estiver na miséria À conta de não ter podido descontar para a reforma.
ResponderEliminarParece ser mais do que óbvio, e até hoje foi o PS que ainda mexeu qq coisa nesse cancro que é a contratação mais liberal do mundo.
Mais ainda, Rverdes não tem 13 nem 14 mês , resumindo é uma roubalheira para a esmagadora maioria. No meu caso ganhava muito bem , nunca m equeixei, mas esse não pode ser a bitola sobre o assunto.
Aposto que houve escravos bem tratados que achavam melhor a escravatura que a vida em África...
Aquilo que acontece é que devido a esta ideia de que não podemos voltar atrás e tal,
ResponderEliminarPrecisamente porque podemos voltar atrás é que se deve combater a ilegalidade dos falsos recibos verdes
Sobre a requalificação urbana, vai daqui um abraço para o Barba. É insuportável que as relações gordurosas entre governos, autarquias e construtores continue a destruir a qualidade de vida das pessoas. Só um grande burro não percebe a diferença entre viver numa cidade pensada para as pessoas e numa selva urbana. As consequências dessa diferença projectam-se nos habitantes muito para lá de onde a vista alcança... mas os poetas em geral e os lisboetas em particular preferem cantar as gaivotas.
ResponderEliminar«Uma contratação livre é recibos verdes que já existe e é legal.»
Falta referir o maná deste grande governo socialista: as empresas de trabalho temporário. Neste caso junta-se a precariedade com a percentagem do vencimento cobrada pelo contratante intermédio. É do melhor que há.
João Vasco,
Estive a ver o vídeo que o Mário Miguel indicou e também me estou a rir com dificuldade em parar. Mas é do teu comentário sobre ele. Revês-te num idiota?
«Uma contratação livre é recibos verdes que já existe e é legal.»
ResponderEliminarè legal se cumprir os pressupostos como:
liberdade de horários... e chega para eliminar a maioria dos contratos, colocando-os na ilegalidade.
Isto distorce o mercado, e é precisamente o que não interessa
Cristy,
ResponderEliminarreduzir o problema do desemprego à avidez de lucro da classe patronal não é muito produtivo como premissa para uma procura por soluções.
Se não é o único factor, é um dos mais importantes. Não acredita? Leia esta notícia relativa aos Estados Unidos: embora se preveja que a taxa de desemprego continue a aumentar até pelo menos 2010, prevê-se que a recuperação económica em termos do PIB seja já alcançada este ano. Já agora, não sei se tem consciência disso mas é bastante frequente que o preço das acções de uma empresa cotada em bolsa suba sempre que esta decide efectuar "redundâncias". Aliás, o desempenho financeiro de uma companhia é muitas vezes proporcionalmente inverso ao peso do seu quadro de pessoal. Penso que essa tendência continuará a acentuar-se no futuro. Portanto, o capital anda muitas vezes dissociado do trabalho. Digo isto sem falsos moralismos. Aceitando isto, podemos raciocinar melhor em termos que vão para além dos conceitos tradicionais que valorizam o trabalho por conta de outrem a todo o custo.
ERRATA do meu comentário anterior:
ResponderEliminarLamento ter usado a expressão “grande burro” sobre o dilema construir/destruir cidades. Trata-se para mim de um tema de importância central no que toca ao futuro do país. Daí os nervos. Em vez de “grande burro” leiam por favor “muito distraído”.
Eu achei piada ao vídeo que o Mário Miguel referiu, mas não vi lá nada de especial. São duas pessoas que se conhecem há anos, colegas de profissão, a trocar umas piadas, ambos nervosos, antes do debate.
ResponderEliminarNa verdade, acho que esse vídeo tem uma coisa muito boa. Mostra-nos que por trás daquela fachada de vozeirão político e abanar do dedo há pessoas. Seres humanos.
Barba,
ResponderEliminar«Uma contratação livre é recibos verdes que já existe e é legal.»
Os recibos verdes, na prática, são trabalho sem contrato, à tarefa. Não é uma forma de contratação.
Uma contratação livre será dar mais latitude ao tipo de contratos (salários, duração, clausulas para terminação antecipada do contrato, regalias, etc), e depois obrigar as partes a cumprí-lo.
Isto não quer dizer que valha tudo. Mas quanto menos desesperado estiver o candidato (por exemplo, por ter já um rendimento garantido pelo estado) mais equilibrada será a negociação e mais latitude podemos dar ao que é permitido contratuar.
E penso que isso seria melhor para a economia. Mas vou ver se organizo um post, depois de coçar aqui uma comichão criacionista...
Ah, finalmente encontrei. É um vídeo de reconciliação. Use-se o talento natural do engenheiro para restaurar o prumo pombalino do ordenamento urbano. Agora é que é!
ResponderEliminarPê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se!
(Ludwig, não é nada disso que vejo no vídeo. Vejo o Sócrates a experimentar uma piadinha como quem amanteiga um adversário, e a sua expressão seguinte mostra bem que não há assim tanta confiança entre ambos. É que há piadinhas e há piadinhas. Reparo no entanto como Sócrates conhece bem Judite de Sousa. Já agora, qual é a dúvida sobre a “natureza humana” de um líder partidário?)
Bruce
ResponderEliminarLOLLL
Ludwig,
ResponderEliminar«Eu achei piada ao vídeo que o Mário Miguel referiu, mas não vi lá nada de especial.»
Igualmente. Foi nesse sentido que eu publiquei aqui o vídeo. No entanto, agora que o revi e só depois do o publicar ter visto tanta polémica sobe isso noutros sítios, até já saiu em jornais na versão online, como o SOL e o Correio da Manhã, posso só especular uma coisa. Talvez Sócrates tenha feito um bocadinho de mind game para desestabilizar o Louçã, nem que seja inconscientemente, pois ele, no fundo, atacou sempre o Louçã mesmo estando na palhaçada, com uma ironia incisiva. Mas pode ser imaginação minha. Mas mesmo que isso seja verdade, tendo sido feito conscientemente, não vejo grande mal à mesma.
João Vasco,
ResponderEliminar«Cortar no investimento público poderia não ser disparatado noutra altura do campeonato. Mas nesta fase é suicídio.»
Se estivermos a falar de requalificar escolas até ao final do ano, também sou contra o corte no investimento (apesar de o grau de despesa ser, até agora, muito reduzido).
Se estamos a falar de investir no TGV a partir de 2010, sou contra. É um investimento ao qual todos os estudos apontam um prejuízo líquido e que vai implicar um aumento da despesa pública brutal nos próximos 30 anos.
E isto já não são só despesas de investimento (que até tendem a diminuir, à medida que os privados entrarem com a sua parte). São sobretudo despesas correntes: juros da dívida e subsídios à operação da rede (o TGV tem lucro garantido ao operador).
«Acho que é melhor captar esse investimento da maneira "difícil". Diplomacia económica, investimento forte em I&D, em educação, reformas na justiça, simplificação das burocracias e custos administrativos, etc... A boa notícia é que tudo isto tem acontecido. E já tem tido ténues reflexos»
Eu acho que essa é a má notícia: de facto, tudo isso já tem sido feito. Portugal já é dos que gasta mais em educação, tem feito diplomacia económica e tem o maior rácio da Europa em termos de investimento público em I&D/investimento total.
O problema é que não há resultados para isso. O crescimento económico é uma miséria e não há perspectivas de melhoria. A OCDE prevê mesmo uma taxa média de crescimento de 1,5 ao ano entre 2011 e 2017.
«A grande questão é saber o que se corta em termos de custos do estado para pagar o diferencial. Não vale responder "corta-se o desperdício", que ninguém tem a "manutenção do desperdício" no seu programa eleitoral»
Esse é um dos grandes problemas da expansão do 'monstro'. As despesas tornaram-se tão fixas que qualquer corte parece impossível.
Por exemplo, sabemos que Portugal é um dos países com o maior rácio professores/estudantes. Isto denuncia uma falta de eficácia gritante, mas qualquer proposta de corte tende a ser vista como desinvestimento na educação.
A solução é introduzir mecanismos que permitam aos serviços concorrerem uns com os outros, tendo autonomia para fazerem cortes na despesa e ficarem com uma parte dos lucros daí decorrentes (não estou com isto a dizer que a aplicação destes modelos seja fácil).
Ainda assim, há muito por onde cortar: subsídios no sector dos transportes (só geram ineficiências), benefícios fiscais injustificados (ver aqui: http://ventosueste.blogspot.com/2009/09/beneficios-fiscais.html), estágios profissionais pagos pelo estado, programas de habitação jovem e outras medidinhas várias que se limitam a pescar votos em sectores específicos.
Quando escrevi o meu comentário não tinha visto o do Bruce aqui em "11-09-2009 13:58", que em parte relata o que eu disse (acho).
ResponderEliminarAinda assim, há muito por onde cortar:
ResponderEliminarPrémio Nóbel à vista...
Eu não faço ideia nenhuma de onde se possa cortar. Numa época de grande carência e instabilidade para as pessoas, cortar a pouca folga que estas tenham é um disparate imenso.
Sem consumo não há retoma...
Bruce,
ResponderEliminar« Já agora, qual é a dúvida sobre a “natureza humana” de um líder partidário?»
Conscientemente, nenhuma. Se que não têm outra hipótese.
Mas, inconscientemente, apanhou-me de surpresa ver o Sócrates assim. Um pouco como ver os fantoches na cavaqueira antes do espetáculo.
Com o Louçã já tinha tido esta agradável surpresa quando naquela troca de emails sobre os direitos de autor.
Eu:
ResponderEliminar«Conscientemente, nenhuma. Se que não têm outra hipótese.»
Aquele "Se" é um "Sei" amputado...
Querem falar directamente com os deputados? Ir aqui.
ResponderEliminarDá igualmente para ver as conversas deles com quem os interpela.
MAs os deputados usam o twitter ?um destes dias inventam o hemiciclo virtual: no conforto do lar podem fazer a mesma figura que a maioria faz na AR. LOLLL
ResponderEliminarMiguel Caetano,
ResponderEliminarpenso que é fácil entendera relação entre subida das acções e os despedimentos nas SAs: Qualquer redução da despesa aumenta os lucros. E os seres humanios - felizmente - são o maior factor de custos. Mas não se apoquente, porque se forem todos mandados embora, o lucro pode ser fabuloso durante umas semanas, mas depois acaba-se de vez ;-)
Mais a sério: também isto não tem nada a ver com o empresário papão e a pobre vítima do trabalhador. As SA são um caso à parte,e, interessanemtemente, a minoria. Na Alemanha - e estou convencida que também nem Portugal - as empresas familiares é que são a coluna vertebral da economia. E nem sequer são as grandes, mas as PMEs. Mal de Portugal - onde a Sonae e a Mota Engil já são consideradas «grandes empresas», se assim não fosse. E aqui a minha experiência pessoal é totalmente outra: os terríveis patrões estão interessados em ter um pessoal feliz e satisfeito. Primeiro, porque não são parvos, e sabem que só assim garantem um aumento de produtividade. E depois, porque são seres humanos, aos quais custa despedir, porque sabem muito bem o drama que isso representa ou pode representar. É seimplesmente ridículo fazer essa divisãp entre papões e vítimas - "honrosas" excepções à parte, claro.
De resto, o exemplo que me apontou, que é nos Estados Unidos da América onde, já se sabe, a protecção social não é parecida da Europa, só serve para reforçar a posição defendida pelo dono do blogue: se os trabalhadores todos tivessem um vencimento básico intocável mandavam o patrão explorador às urtigas.
Cristy
Cristy
ResponderEliminarEm portugal os patrões e a sua média da quarta classe em termos de formação , deixam-me sempre com a suspeição que a maioria é ... como dizer...limitada do ponto de vista cognitivo :))
É um cenário muito pouco animador.
eu quase sempre trabalhei e trabalho em grandes empresas ( felizmente ) a única vez que trabalhei numa PME fui-me embora ao fim de 6 meses. Não há paciência para aturar o bronco de BMW à porta pago com o empréstimo da empresa( caso verídico) e a começar a não pagar ao pessoal e a cortar em coisas fundamentais como papel da impressora, despesas de custo etc
Claro que na altura pude negociar a coisa de forma linear, " não há dinheiro, não há palhaços" e fui-me. Mas nem todas as pessoas tem a mesma sorte.
Odeio simplesmente este tipo de "empresário" que no fundo é o que eu tecnicamente chamo Um merdas.
enfim, estas coisas irritam-me, porque quando se trabalha em locais mais ou menos organizados, com metas, com objectivos, com planos de carreira etc, e quando se olha e compara o amadorismo bacoco da PME fica-se revoltado.
Por isso, não tenho nenhuma simpatia pelas PME e pelos seus donos
Artigo sobre a liberalização das drogas em portugal como exemplo, à semelhança de outro publicado na economist
ResponderEliminara ler , eu pelo menos gostei
newscientist
economist
Plane-loads of foreign students would head for the Algarve to smoke marijuana, predicted Paulo Portas, leader of the People’s Party. Portugal, he said, was offering “sun, beaches and any drug you like.”
Paulinho das feiras aparece em todas...
Cristy,
ResponderEliminarMais a sério: também isto não tem nada a ver com o empresário papão e a pobre vítima do trabalhador. As SA são um caso à parte,e, interessanemtemente, a minoria. Na Alemanha - e estou convencida que também nem Portugal - as empresas familiares é que são a coluna vertebral da economia.
Mas será que são elas que lideram em termos de inovação e desenvolvimento económico duradouro? Não tenho a certeza, mas penso que no que se refere à lista Fortune 500 das 500 maiores empresas do mundo, as companhias de tecnologia como a Google são aquelas que tem uma menor proporção entre o volume total de receitas e o número total de funcionários. Tenho impressão que isso também se passa com as empresas de biotecnologia. São companhias que conseguem extrair maior riqueza com menos custos com mão de obra. Devemos dar mais margem de manobra a estas companhias ou recompensar as empresas familiares que muitas vezes subsistem à custa de subsídios apenas porque no seu todo empregam mais pessoas mas que não conseguem subsistir por conta própria nas condições de mercado actuais? Esta é uma questão fundamental que faz com que esse "vencimento básico intocável" seja essencial. Penso que isto é, afinal de contas, algo com o qual concordamos ;-)
amigas do portas
ResponderEliminarO video do portas está muito interessante, se tirassem de lá o próprio melhor ficavam, e se a amenina de cor-de-rosa tivesse um saquito na cabeça também não ficava mal, de resto está divino e a primeira menina, meu Deus, faz-me repensar o voto.
ResponderEliminarJá querem "fazer a folha" a quem deixou escapar o vídeo do Sócrates vs Louçã, ver aqui.
ResponderEliminarNuvens,
ResponderEliminaré como eu digo, a minha experiência com as PMEs em Portugal é limitada. Mas tenho uma cunhada em Portygal que é empresária e não tem corninhos, não usa tridente e nem sequer anda de BMW
;-)
Cristy
Miguel Caetano,
ResponderEliminarclaro que concordamos. A minha única dúvida é se o sistema é financiável. Mas para isso, penso, ele teria que ser posto em prática. Com a teoria não vamos lá.
Cristy
Nuvens,
ResponderEliminaré verdade, outra experiência em Portugal: quando tinha 17 anos trabalhei um ano na empresa do meu avô. Éramos dois empregados. E o meu patrão era um querido. Para os dois. o outro empregado, que não era da fam«ilia, ficou a empresa. Tenho um monte de saudades desse meu patrão ;-)
Cristy
«É de lamentar a miséria de escolha que nos obriga a procurar o partido menos mau por não haver nenhum bom.»
ResponderEliminarVivemos num sistema democrático (mais ou menos) e se o Ludwig não gosta das escolhas que lhe são propostas tem duas alternativas:
1- Aderir a um partido em que se reveja e trabalhar no seio do mesmo para o mudar
2- Juntar-se a outros descontentes com o sistema actual, recolher cinco mil assinaturas e fundar um novo partido que apresente propostas novas.
Claro que quer uma ou outra das opções dão muito mais trabalho que o tipico lamentar, mas garanto-lhe que a postura "cosumista" dos partidos como se fossem champôos ou qualquer outro produto de consumo é que não vai mudar a situação. A política não se pode nem deve limitar ao acto de escolha sobre o representante mas sim a uma actividade participativa na mesma.. senão corremos o risco (que se está cada vez mais a tornar real) de tudo se tornar num circo
Gonçalo,
ResponderEliminarConcordo que a nossa intervenção como cidadãos deve ser mais que votar e calar. E concordo que devemos fazer um esforço para alterar as coisas "por dentro".
Onde discordo é que só haja essas duas alternativas. Uma que me parece melhor é, nem fazendo parte de um partido nem formando outro, tentar guiar os partidos pelo voto e pela discussão pública. É isso que faço aqui.
Isto porque não me parece boa solução termos dúzias ou centenas de partidos, cada um a lutar pelas suas coisinhas. Parece-me mais razoável tentar chegar a soluções de compromisso que equilibrem várias opiniões diferentes, e onde os partidos sejam apenas expressão de algumas divergências profundas e irreconciliáveis.
E porque não há nenhum partido ao qual eu queira pertencer. Todos têm coisas boas e coisas más e, ideologicamente, estou dividido entre os partidos em assuntos diferentes.
Por isso acho que, para mim, a melhor alternativa é esta que escolhi. Discutir publicamente as minhas ideias, ouvir as opiniões de outros e tentar compreender melhor a situação, e usar a discussão pública e o meu voto para pressionar os partidos.
Ludwig:
ResponderEliminarSobre o debate, concordo contigo. A piada que eu achei foi mesmo essa.
PR:
ResponderEliminarSobre o TGV e outros investimentos que tais.
Discutir se valem a pena, se vão ser rentáveis ou não, parece-me uma discussão ingrata.
Ingrata porque somos todos muito ignorantes face ao que está em cima da mesa, porque essas são questões técnicas extremamente complexas.
Existem estudos "custo-benefício" que concluem pela elevada rentabilidade desses projectos. Mas existem boas razões para desconfiar das conclusões desses estudos, visto que podem existir muitos interesses em fazer o estudo para justificar a decisão a posteriori, em vez de condicionar a decisão às conclusões de estudos imparciais.
Mas as mesmas razões que me levam a receber com cepticismo as conclusões dos estudos, também me levam a receber com cepticismo muitas das críticas que lhes são feitas. Quando vêm de fontes informadas, também não são imparciais. Parece que só partes interessadas têm os recursos para estudar o assunto a fundo.
A "conversa de café" de um lado e de outro (é essencial/é um desperdício) assentam na repetição de vários chavões que já comprovei errados por diversas vezes. Resta-me a ignorância.
Mas isso não vai influenciar o meu voto. É preciso não esquecer que tanto Sócrates como MFL querem o TGV. Sócrates quer já, e MFL quer adiar e dar a entender que o cancela, apenas em busca de dividendos eleitorais. Mas foi ela que se comprometeu com Espanha (sabendo bem da situação orçamental do país...), foi ela que deu luz verde ao projecto. Ela nunca disse que o ia cancelar, e não o vai fazer. Vai adiar uns anitos, para quando esse investimento ainda se justificar menos que agora.
Se cortar NESSES investimentos seria uma boa opção ou não (adiar é péssima), isso não sei. Nem estou em condições de discutir.
Sobre os outros investimentos (justiça, I&D, etc) não aumentarem o PIB, isso não acontece de hoje para amanhã.
As exportações para China, Angola, Líbia, etc... mais que duplicaram, e a nossa balança comercial no que diz respeito aos bens tecnológicos é positiva pela primeira vez desde que o indicador existe (e possivelmente desde há boas centenas de anos...). Mas uma legislatura é pouco para conhecer as consequências desse tipo de investimentos estruturantes.
Por fim, quanto ao exemplo dado dos cortes no número de professores, isso tem acontecido. O número de funcionários púlbicos tem estado a diminuir no geral, e o número de professores em particular.
Mas aqui esta alteração também tem de ser muito gradual, porque a lei a isso o obriga.
De qualquer forma, tão cedo um governo não se atreve a fazer um emagrecimento tão drástico. Os dividendos eleitorais dessa dieta são bastante penosos...
Bruce Lose:
ResponderEliminarNão sou nada fã do Sócrates (mas sim, penso votar PS).
Alguns dos meus pensamentos sobre esse assunto estão aqui:
http://esquerda-republicana.blogspot.com/2009/08/desilusao-e-revolta.html
(desculpa a publicidade, Ludwig)
João,
ResponderEliminarEu também acho que, realisticamente, um governo liderado pelo PS é o melhor que podemos esperar para a próxima legislatura.
Mas acho importante que o PS não tenha rédea solta, porque esta demonstrou que não conseguem lidar bem com o poder quando chegam à implementação...
Ludwig:
ResponderEliminarQualquer que seja o governo que sai destas eleições não terá redea solta. Maiorias absolutas estão fora de questão, e mesmo possíveis alianças entre dois partidos serão minoritárias (excepto um bloco central, que parece improvável dadas as declarações de MFL sobre o assunto).
PS e PSD estão quase empatados.
ResponderEliminarJoão Vasco,
ResponderEliminarÉ verdade que a decisão de avançar ou não com investimentos públicos do calibre do TGV exige uma perícia técnica bastante fina. Ainda assim, não estamos completamente no escuro.
Por exemplo, dos três estudos que até agora foram publicados acerca do TGV, todos concluem que haverá um prejuízo operacional. Ou seja, mesmo que o investimento fosse de borla, ainda assim a simples operação da rede não seria rentável.
O último estudo (da RAVE, que foi apresentado de forma mais pormenorizada) conclui que a rentabilidade económica é positiva, mas fá-lo admitindo externalidades elevadíssimas. Mesmo assim, a taxa de retorno é inferior à que a Comissão Europeia recomenda para empreendimentos desta envergadura.
Depois, o modelo de financiamento do TGV vai ser de "lucro garantido", com o estado a subsidiar as despesas correntes do operador. O que é no mínimo curioso, já que o Governo afirma que a partir de 2014 ou 2015 a operação já vai dar lucro (mas então para quê garantias?).
Isto ainda seria compreensível se Portugal estivesse especialmente mal qualificado a nível de infra-estruturas. Mas todos os relatórios internacionais (OCDE, FMI, etc.) mostram que Portugal já é dos países mais bem servidos a esse nível.
Obviamente, isto não garante que o TGV seja necessariamente um 'barrete'. Mas levanta sérias dúvidas quanto à avaliação que se possa fazer da questão. À qual se deve ainda somar o registo histórico pouco abonatório das grandes obras públicas (desde as auto-estradas vazias até aos estádios do euro).
Quanto ao resto, há muito que se lhe diga. Por exemplo, as exportações para Angola já estão a crescer a uma taxa constante desde há muito tempo. O Sócrates apenas aproveitou a boleia.
Onde a diplomacia económica se nota mais é no diálogo com países 'caudilhistas', onde contactos governamentais podem de facto abrir muitas portas. Mas até aí o tiro tem saído pela culatra (basta ver os recentes episódios com a Venezuela).
Grande parte destes "feitos" do Governo são pura propaganda. De que é que adianta exportar mais se esse aumento é pago com subsídios retirados ao rendimento nacional? Uma balança tecnológica melhorada à conta de apoios à Quimonda não revela nada a não ser que estamos a subsidiar a tecnologia alheia.
PR:
ResponderEliminarCom a mesma convicção que me estás a dar esses factos, já outros me deram factos opostos (dizendo que os mesmos se encontram nos estudos que referiste). A discussão acerca do TGV já a travei com apoiantes e detractores, sempre contrapondo cepticismo às convicções que me são manifestadas.
Quanto a ir ver os próprios esudos, cheguei a dar uma espreitadela no estudo que concluia que Alcochete era melor que a Lota, na altura tive essa disponibilidade (continuo favorável a Portela + 1 by the way). Mas a minha disponibilidade não é elástica, e por isso não procurei os estudos sobre o TGV. Se tiverem a mesma qualidade que aquele que li (como alegam os detractores, e eu tendo a acreditar), seria tempo perdido, mas manter-me-ia na ignorância.
Sei apenas que para Portugal é mais importante que a para Europa central (Alemanha, França, etc...) o investimento em infraesturas de comunicação transnacionais, precisamente porque somos mais periféricos. Ou seja, de acordo com a teoria que deu a Krugman o Nobel, se Portugal fosse exactamente igual à Alemanha (as pessoas, as instituições, o comportamento, etc..) ainda assim seríamos um país menos rico, com um ordenado médio inferior, simplesmente devido ao facto de estarmos mais periféricos. A nossa mão de obra só conseguiria "equilibrar" os mercados vendendo mais barato, mesmo assumindo que teria a mesma qualidade. A única forma de atenuar esta diferença seria apostar ao máximo nas tais infraesturas de comunicação transnacionais, que dimuissem estes custos de transporte.
Isto não é um argumento favorável ao TGV - é apenas para dizer que realmente deve existir mais investimento que noutros países menos periféricos, e mesmo assim nem sequer é o caso: França, Alemanha, Bélgica, Holanda, etc. têm maior densidade de linhas férreas e rodoviárias.
A Irlanda e os países nórdicos seguiram outra solução: a venda de bens que não se transportam (investigação, etc...). Mas essa não nos está acessível a médio prazo (os níveis de literacia demoram muito tempo a mudar).
Mas está a ser feito o possível para adoptar também essa estratégia.
De resto, as nossas exportações têm subido, mas não apenas à custa de subsídios.
Um exemplo elucidativo é o número de patentes registadas, que tem vindo a subir em flecha. Isto não é meia dúzia de empresas seleccionadas, é mesmo uma mudança estruturante no sistema. Começam a surgir cada vez mais empresas, pequenas muitas delas, que apostam na inovação.
O problema é que quando se faz este tipo de mudanças, gastar muito mais a financiar a actividade científica, fazer reformas na justiça, apostar nas energias renováveis, etc.. os benefícios não surgem ao fim de uma legislatura.
Quer dizer, alguns sim - afinal fomos dos primeiros países a saír da recessão técnica. Mas creio que os principais benefícios de algumas destas medidas demoram muito mais a tornar-se visíveis.
@Ludwig:
ResponderEliminarEssa é a posição mais confortavel e a posição mais facilitista, lamento dizer-lhe. Num pais onde toda a gente tem opinião sobre tudo, infelizmente são poucos os que gostam de arregaçar as mangas e trabalhar para uma efectiva mudança. Como se costuma dizer, "talk is cheap"...
Porque o problema de pertencer a um partido politico é que tal obriga a assumir compromissos, a aceitar tomar uma posição que nem sempre é fácil, em vez de nos mantermos no conforto intelectual do comentador de sofá que vê o jogo de futebol e diz que o treinador devia ser substituido. Não digo que não seja importante que o Ludwig expresse a sua opinião sobre os partidos e os seus programas, e que se dê ao trabalho de ler os mesmos ao contrário de muitos portugueses. Mas lamento dizer-lhe que tal não vai muito mais longe da posição assumida pela maioria dos portugueses em que passam a vida a lamentar-se que "eles são todos os mesmos".. Cada vez mais se assume uma postura meramente "consumidora" dos partidos, o que é gravissimo e é em grande parte a causa do estado em que estamos e para a politica espetáculo para a qual caminhamos.
Se o cidadão trata a participação politica numa mera escolha como quem compra o melhor desodorizante, será depois de estranhar que nos tentem vender opiniões politicas como quem vende sabonetes?
Já agora, não é por existirem inumeros partidos politicos que não se possa chegar a um consenso qual tal se justifique. Agora, é obvio que existem visões de sociedade antagónicas que poderão impedir que esses consensos se alcancem em muitas situações, não lhe parece?
E volto a reforçar.. se o Ludwig não gosta da situação em que está, então participe de uma forma mais activa.. Ou se o Ludwig não gosta da forma como funciona um programa em software livre é daqueles que apenas se limita a queixar que o software livre é uma merda ou arregaça as mangas e tenta melhorar o mesmo participando nas melhorias do código?
PS: Já agora, esta caixa de comentários não funcioa bem aqui no meu firefox 3.5 e tive que recorrer à treta do Internet Explorer 8.
Gonçalo,
ResponderEliminarEu acho que a participação na sociedade, e até na política, não se restringe à associação partidária ou à candidatura a lugares eleitos. Mas penso que esta discussão merece um post. Stay tuned :)
Quanto ao problema com os comentários, testei agora com o firefox (3.5.2) e funcionou bem...