Ligações perigosas.
Paulo Santos é porta-voz do MAPINET*, um “movimento cívico” que «nasceu quase espontaneamente fruto de uma maior consciencialização de algumas pessoas que dependem económicamente (sic) das indústrias culturais»(1). Essas pessoas são a Associação do Comércio Audiovisual de Portugal, a Associación de Empresas del Video, a Associação para a Gestão da Cópia Privada, a Federação de Editores de Videogramas e outras que tal (2). Segundo o Paulo Santos, «A pirataria na Internet ajuda a financiar grupos terroristas e está ligado (sic) com o crime organizado.»(3)
Esta ligação absurda entre a partilha de ficheiros e terrorismo é mais uma fantasia do mundo dos Mapinetas, onde um grupo de associações de cobrança é um “movimento cívico”. O problema da indústria de distribuição é que o CD e o DVD são obsoletos. Podemos ter centenas de filmes num HDD, milhares de músicas no telemóvel e descarregar qualquer coisa em poucos minutos com um click. Culpam os clientes e forçam leis cada vez mais coercivas mas continuam a perder negócio porque já não servem para nada.
É verdade que, como um CD gravável é cem vezes mais barato que um CD de música, vender CD copiados era dinheiro fácil, com menos riscos que vender droga ou assaltar bancos. Mas isto era consequência dos monopólios sobre a distribuição. Um mercado livre e competitivo não permite a margem de lucro obscena que atrai os criminosos. Era por isso que estes vendiam CD copiados em vez de batatas ou pastéis de nata. Mas isso era dantes. Até nisto os Mapinetas estão desactualizados.
Hoje, nem ao preço da uva mijona se vende música em CD, e os jogos e filmes vão pelo mesmo caminho. Por causa da Internet, que afecta todos os distribuidores. Dentro ou fora da lei. A cópia pirata dava dinheiro antes da banda larga e dos discos de terabyte. Há uns anos via muitas vezes filmes e música pirata à venda à entrada do Metro. Mas a partilha de ficheiros acabou com esse negócio (4). Agora os vendedores à entrada do Metro vendem fruta, pão e bolos. Ou guarda-chuvas, quando está mau tempo. Ninguém quer comprar rodelas de plástico.
O Paulo Santos diz que «Em Portugal, o MAPiNET e as entidades que estão no MAPiNET têm indicações claras de que há ligações perigosíssimas.» E há mesmo. Não na partilha de ficheiros nem na venda de cópias ilegais, que já não dá dinheiro. As “ligações perigosíssimas” são entre as sociedades de cobrança e os legisladores.
É isso que faz com que a lei trate qualquer cópia como um crime económico e dê aos distribuidores acesso a informação privada apenas por acusarem alguém (5). É por isso que leis contra a nossa liberdade pessoal são negociadas à porta fechada, como se fossem meros tratados comerciais (6). E são essas ligações perigosas que nos podem sujeitar ao sistema preferido dos Mapinetas: «Pretende-se um aviso, um segundo aviso e, depois, eventualmente, cortar aquele acesso». Avisam e pronto, ficamos sem o meio de comunicação mais importante que temos. Que não serve só para falarmos ou consultar coisas. É onde pagamos os impostos, nos registamos como eleitores, requisitamos cartões de crédito, pagamos contas e vamos às compras.
Querem o poder de nos privar disto só com a acusação de não lhes comprarmos o que querem vender. Coisas que não nos interessa comprar e que valem muito menos que as liberdades que nos querem tirar. E sem juízes nem julgamento, só com a queixa. A partilha de ficheiros não está a financiar o crime organizado. É quem quer restringir o aceso à cultura que está a organizar com os nossos legisladores algo mais perigoso que muitos crimes. A repressão pela força da lei. É esta ligação perigosa que temos de quebrar.
1- MAPiNET, Manifesto
2- MAPiNET, Membros
3- TVI-24, 21-4-09, Pirataria na Internet ajuda a financiar terrorismo. Obrigado pelo email com o link.
4- TorrentFreak, 17-3-08, P2P File-Sharing Ruins Physical Piracy Business
5- IP Justice, 9-3-09, EU Passes Dangerous IP Law, Despite MEP’s Conflict of Interest, “Midnight Knocks” by Recording Industry Executives Get Go-Ahead
6- Wikipedia, ACTA
A propósito 2
ResponderEliminarSempre que impérios estão perto do fim, tendo ainda alguma influência mas gastos e enfraquecidos, começa o seu uso da força em todas as direcções, para tudo o que acham que os ameaça.
ResponderEliminarEsperemos apenas que este império não seja excepção. Pois todos já lhe viram o fim, excepto os próprios.
Infelizmente essa gente do MAPINet não permite comentários no seu blog. Gostava de lhes perguntar porque será que eu, que ainda vou comprando uns DVDs, sou chamado de ladrão sempre que me apetece vê-los e nem sequer posso passar à frente desse lixo que antecede o filme.
ResponderEliminarEnfim. Eu é que devo ser urso por comprá-los.
DARWIN E A CÓPIA DE IDEIAS
ResponderEliminarA ideia de selecção natural, longe de ter sido uma descoberta científica de Charles Darwin, já tinha sido proposta por outros autores.
Assim sucedeu, entre outros, com o próprio Erasmus Darwin, avô de Charles Darwin, o geólogo James Hutton, o médico William Wells, o naturalista Patrick Mathew e o químico e zoólogo criacionista inglês Edwin Blyth.
Este último foi, talvez, para além do avô, quem em maior medida influenciou Charles Darwin em matéria de selecção natural.
Pouco depois de ter publicado a sua obra A Origem das Espécies, Charles Darwin foi acusado de não reconhecer a influência do pensamento destes autores.
Na 6ª e última edição da sua obra, depois de muitas críticas, Charles Darwin lá acabou por reconhecer que antes dele 34 autores tinham escrito sobre a selecção natural.
Actualmente alguns sustentam que Charles Darwin plagiou Edwin Blyth e apropriou-se indevidamente do trabalho de Alfred Russel Wallace.
Convém lembrar que os criacionistas não negam nem as mutações, nem a selecção natural, nem as variações adaptativas nem a especiação.
Apenas afirmam que nenhum desses mecanismos consegue criar e codificar informação genética em qualidade, quantidade e diversidade que consiga transformar partículas em pessoas.
P.S. Ludwig, continue a atirar berlindes para o chão até conseguir sequências de berlindes que codifiquem instruções capazes de ser copiadas, transcritas, traduzidas, lidas e executadas para assegurarem a produção e reprodução de organismos.
A propósito 3 ?
ResponderEliminarHoje não me sinto inspirado, mas tenho a sensação que se restringirem o acesso por causa das cópias acabaremos a ser vasculhados em todos os nosso acessos por um motivo ou por outro.
ResponderEliminarE isso não era nada bonito, até porque gosto da minha privacidade : ()
Pressinto que com o aumento da importância económica da china e do oriente como um bloco, a net será muito diferente daqui a uns anos. Esses países tem uma noção diferente da liberdade, e hão-de conseguir impor a sua visão de como deve ser a net, livre de ideias sem controle etc.
Alias o recente vasculhamento de PC e bases de dados a propósito do dalailama ou lá como se chama a abantesma de roupão, só demonstrou que há mais a mexer-se do que parece.
O tempo dos governos sem grande capacidade de intervir na net acabou. Os governos , pelo menos de alguns países deixaram a fase de ingenuidade e estão mais capazes e maduros. A própria net está mais madura.,
Tenho uma péssima sensação de que podemos estar a viver os últimos anos dourados do acesso com o mínimo de regras, o west digital acabou, vai começar a grande regulamentação.
Aliás já não é a primeira vez que se ouve falar do grande plano de controle total e sem dificuldade. A ideia é simples e eficaz, a criação de uma net de alta velocidade onde o acesso seja muito controlado e o progressivo abandono da net como a conhecemos. As empresas deixam de investir nos servidores e bases de dados e acabou a festa.Alias há necessidade de novas gamas de IP , há necessidade de novas tecnologias e os paradigmas de acesso devem estar prestes a mudar.
Espero estar a ser exagerado mas vamos ter de partilha ficheiros por ondas de rádio :) também dá, é mais lento ....
E fundar um partido em portugal ??? HUMMMMM
ResponderEliminarIsso já me abriu o apetite, é insano, louco, ousado, humoristico , arrojado, e sobretudo podia juntar uns pandegos com piada.
E a bandeira do partido....teria ser a clássica caveira com as tíbias.
E ter-se direito a tempo de antena...
Bem eu voto já na criação de um partido português pelos direitos na net, já já
afinal, mesmo cheio de sono, inspirei-me
Uma coisa que me preocupa numa "three-strikes law" é quem é que decide o que é uma infracção da lei:
ResponderEliminar(a) um tribunal imparcial ou
(b) uma organização privada com interesses económicos?
Governo da Malásia Fecha Site Torrent.
ResponderEliminarBritish Telecom bloqueia acesso a Pirate Bay.
ResponderEliminarParlamento protege acesso de utilizadores à Internet
ResponderEliminarO Parlamento Europeu mostrou-se a favor de não impor restrições aos direitos e liberdades fundamentais dos internautas sem uma ordem judicial, «excepto quando está em perigo a segurança pública»
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Tecnologia/Interior.aspx?content_id=132892
Peço desculpa por divulgar aqui, mas uma vez que não há contacto de email disponibilizado
ResponderEliminarVenho por este meio divulgar o simpósio "environome: sequencing the environment", organizado pela 12ª edição do programa doutoral gabba.
Para mais informações
http://www.environome.pt.vu/
http://gabba12.freehostia.com/gabbasimp01.pdf
Eu não acho que estejamos tão mal como alguns apregoam. Parece-me aliás que toda esta reacção por parte de governos e ditas associações "civis" como sarcasticamente (e bem) o Ludwig fala delas, é uma reacção tão natural como quixotesca. A verdade
ResponderEliminaré que não têm quaisquer hipóteses de ganhar a luta, a tecnologia está a desfavor do controle total e a internet foi desenhada especialmente para sobreviver ao controle e à censura.
E eu não vejo o "abate" de alguns piratas como o pirate bay como um sinal de novos tempos negros que se avizinham, pelo contrário, vejo como as últimas reacções de uma ideia de civilização e copyright que teima em não morrer, embora já lhe tenham retirado o seu oxigénio... é uma questão de tempo.
Lembro por exemplo o abate do Napster, que teve um suposto impacto "brutal", mas se fizéssemos um gráfico de mp3 pirateados antes e depois do abate do Napster veríamos um "blip" muito subtil naquilo que é uma curva exponencial e imparável.
Do mesmo modo, e tendo em conta os inúmeros sites de torrent trackers que existem, o bloqueio do Pirate Bay por parte da BT é apenas politiquice da mais palerma que há (mas faz notícias). No fundo o que se quer é meter medo.
Toda esta conversa do big brother e afins é necessária, pois temos de estar sempre atentos às barbaridades que nos queiram impôr, mas estou calmo porque tudo indicia que a tendência é imparável.
Não que não me irrite com alguns filósofos como o Desidério que nem sequer percebem as nuances de toda esta discussão (parece-me estúpido que uma pessoa tão culta possa ser tão intransigente e reaccionária imitando a posição oficial da EMI ou da Microsoft). Mas isso são hobbies meus ;), por assim dizer.
Por exemplo, temos esta notícia fulgurante:
ResponderEliminarAttack on MP3 Piracy EscalatesUmas citações giras,
"We have filed civil suits against five Internet music pirates," said Susan Lewis, a spokeswoman for the RIAA. "In three of the cases, we received injunctions which stopped their illegal activity, and in two of the cases in addition to permanent injunctions, we also received some monetary damages, and the defendants also were required to perform some community service."
Lewis and Creighton both said that their efforts have helped reduce the amount of pirated music available on the Net..
Alguém quer adivinhar a idade da notícia?
Ela é de 1999. Tem dez anos.
Relax, people ;).
Li algures (gizmodo? consumerist?) que a RIAA estava com muitas dificuldades financeiras que estava a despedir mais que muita gente.
ResponderEliminarParece que algumas das associadas não andam a pagar as cotas. Umas por estarem também com dificuldades outras porque não se entendem (entre elas) com a venda de música online através do iTunes, da amazon e de outros players nessa área.
as comadres já se estão a zangar portantos...
E isso quer dizer que a coisa estará perto do fim e o paradigma a mudar não tarda nada.
mama eu quero,
ResponderEliminarNão sejas também demasiado optimista :). Roma não foi construída num dia. Estas porcarias ainda vão durar...
Não outros 10 anos.
ResponderEliminarOs gráficos de facturação (não vou procurar mas li num "livro" :)) estão a cair a pique. Se traçares a mediana em 10 anos não resta nada.
Por isso vão ter de arrebitar a pestana antes disso.
Epá fui procurar mas não encontro.
ResponderEliminarContudo encontrei isto que mostra alguns números até 2000.
Mas não me parece fiável já que o gráfico cai mais depressa do que o outro que vi (números até 2007) e hoje as vendas online são bem mais expressivas.
Por esse gráfico aí em cima já tinham todos fechado as portas em 2009.
AH! O gráfico é acerca de "non-cd sales".
ResponderEliminarEsquece.
Eu espero que a net fique o local mais ou menos aberto que é por muitos e bons anos.
ResponderEliminarEu acredito que vivemos um renascimento cultural , nós estamos tão metido no meio desta mudança que nem nos apercebemos dos impactos.
Bom ou mau , os Magalhães são distribuídos e o impacto de toda uma geração começar a trabalhar com pcs desde o início trará uma cascata de novidades, suponho que nem todas boas, suponho que a maioria sim como sempre foram as novidades tecnologicas. Nós somos os últimos exemplares que tiveram de fazer sacrifícios para comprar um PC. Para esta nova geração, e ainda bem, eles serão como o caderno diário.
>Se soubermos sobreviver aos tempos complicados, o futuro será um lugar muito curioso.
P.S: Lembro-me das imensas críticas que se fazia ás calculadoras, que as pessoas já não sabiam fazer contas etc
três décadas passadas , continuamos a desenhar aviões, a planear aterragens em marte e os problemas da educação não passam sequer perto das calculadoras.
Afinal parece que o Juiz que presidiu ao julgamento do caso Pirate Bay fez carreira como advogado ao serviço de empresas com interesses na protecção do copyright.
ResponderEliminarAqui
Consequências do desfecho do julgamento
ResponderEliminarCaso Pirate Bay: Julgamento Poderá Ser Repetido....
ResponderEliminarISP's Suecos Ignoram Pedidos de Bloqueio ao Pirate Bay.
Europa amplia período de protecção aos direitos de autor
ResponderEliminarSe é possível prender uma pessoa (tirando-lhe a liberdade), caçar uma carta de condução (tirando-lhe o direito à mobilidade rodoviária autosuficiente), penhorar salários (afectando a sua liberdade económica), porque é que quem comete crimes na internet pode ficar impune?
ResponderEliminarDefender isto é coisa que nunca vou perceber. Isso e porque é que se insiste em manter a internet neste limbo legal intocável.
Se na vida real, para o crime há punição e que é bem mais grave do que a mera ausência de internet ao fim de três (!) avisos, porque é que aqui é diferente?
Talvez porque na vida real, nós estejamos do lado dos que protestam quando não há polícia na rua e aqui fazemos coisas que sabemos perfeitamente que contrariam a lei.
A isso chama-se tudo menos coerência.
E a bem dessa coerência, vou ficar à espera do processo-crime que o Ludwig irá colocar contra a Associação Nacional de Restaurantes por colocar restrições no acesso à comida; à Associação Nacional de Farmácias por colocar restrições no acesso aos medicamentos ou a todos os jornais por colocarem restrições no acesso à informação.
ResponderEliminarOu ao Estado Português por permitir a repressão por força da lei, essa anormalidade. Mas aconselho-o a não sugerir a repressão por ausência da lei, tenho a certeza que não fará mais do que fazer sorrir quem o ouvir.
"Se é possível prender uma pessoa (tirando-lhe a liberdade), caçar uma carta de condução (tirando-lhe o direito à mobilidade rodoviária autosuficiente), penhorar salários (afectando a sua liberdade económica), porque é que quem comete crimes na internet pode ficar impune?"
ResponderEliminarPorque em primeiro lugar tem que se perceber se são crimes.
Já se sabe que se é crime não é permitido, pela definição da coisa.
No entanto aqui, e para ser simplista qb há dois problemas:
1) crime porque ?
2) qual o meio de prova ?
Ás tantas porque não mandatos de busca a casa das pessoas em buscas de cópias, DVD piratas, calças contrafeitas, etc .
Divertido não ?
E depois, como isto é um crime até muitas vezes feito por adolescentes, poderíamos baixar a idade para os 12 anos ou menos, e mandar para prisões adolescentes e crianças.
Eu proponho campos de trabalho forçado. Mas eu sou um liberal..
Anónimo,
ResponderEliminar«Se na vida real, para o crime há punição e que é bem mais grave do que a mera ausência de internet ao fim de três (!) avisos, porque é que aqui é diferente?»
Porque, na vida real, se alguém publica uma lista de 001010101101... e outros a copiam não é crime. Porque é que na internet há de ser crime?
Se defende o corte de internet, logo o acesso à sociedade de informação, então é normal que pense assim.
ResponderEliminarPor exemplo, além do que já foi dito neste blog sobre as implicações de proibição de acesso à web, se me cortam o acesso à internet por ter baixado coisas nos torrents o mais certo é a minha empresa vir abaixo (tudo é feito online) e lá vão mais uns quantos para o desemprego (não são nada poucos) e mais uns fornecedores e clientes afectados pelo buraco criado.
Mas isso são miudezas concerteza.
Bruxelas Contra Lei da Pirataria Francesa.
ResponderEliminarAnónimo,
ResponderEliminarMais uma coisa. Os castigos que a lei impõe resultam de um processo judicial independente onde o acusado tem oportunidade de se defender e é assumido inocente até provado culpado.
O "três avisos e corta-se" é um processo controlado pelo queixoso sem supervisão independente e sem direito a recurso legal que viola os fundamentos mais elementares da justiça.
Siga o link que o Mário Miguel aqui pôs agora mesmo.
Nuvens de fumo : Crime, pois claro, e de usurpação. E se o google não lhe arranjar uma paginazinha a explicar porque é que é crime pegar em algo que não é nosso e que usamos sem pagar, sem perguntar a quem a fez se a podemos usar ou sequer pagar o que ele nos pede. Se acha que a isto se chama "direito à cultura", não sei que lhe diga.
ResponderEliminarE olhe que já há rusgas sim. Ou acha que não é por violarem os direitos de autor que se vai aos mercados apanhar as tshirts da Ralph Lauren? Mas claro, aí já é crime, como podia não ser? Eles são quase todos ciganos e você o mais certo é chamarem-lhe doutor antes do primeiro nome. A única diferença entre uma coisa e outra é que eles pegam no trabalho dos outros e vendem-no e você usa para proveito próprio. É diferente, claro que é. Não deixam é ambos de partir do mesmo local.
Ludwig : diga o que me acabou de dizer a um qualquer agente numa qualquer operação stop. Peça um tribunal por todas os excessos de velocidade ou estacionamentos em cima do passeio. Exija para as multas das operações stop o mesmo que exige para a internet - um tribunal. Acho que assim percebe melhor o ridículo do que está pedir.
ResponderEliminarÉ que continuo sem perceber a sua noção de que a internet é um direito superior ao da mobilidade rodoviária. Se até a carta de condução leva pontos e esses pontos são determinados a maioria deles por entidades não-judiciais (como a PSP, a GNR ou a DGV), porque é que a Internet é diferente?
Porque é que o Ludwig valora mais a Internet, onde nunca ninguém morreu por a usar, do que as estradas, onde as nossas estatísticas são o que são?
Não seja, por isso, mais papista que o Papa porque isto é simples e já lho disse. O que você quer é que tudo se mantenha como está porque estão do lado usurpador. Tudo bem, está no seu direito. Não me venha é com as justificações pueris de areia para a cara de que a internet é um direito inalienável do cidadão. Porque você sabe muito bem que, no limite, seria inalienável apenas para aqueles quem a pudesse pagar em primeiro lugar.
Anónimo,
ResponderEliminar«Porque é que o Ludwig valora mais a Internet, onde nunca ninguém morreu por a usar, do que as estradas, onde as nossas estatísticas são o que são?»
Precisamente. Sendo as estradas uma via pública onde uma infracção pode matar alguém, considero aceitável a vigilância por parte da polícia, que tira muito poucos direitos em troca de uma segurança considerável.
Nos telefones considero o contrário. Não aceito que a polícia escute todas as conversas não vá alguém violar o copyright de uma canção tocando-a pelo telefone ao amigo, ou o copyright de um poema declamando-o pelo telefone. Nesse caso o custo para a privacidade é enorme e o benefício para a nossa segurança é nulo. Essa é uma aplicação incorrecta das forças de segurança.
A internet é como o telefone, não como as estradas. É um sitio onde pessoas comunicam entre si. Em vez de ligarmos o nosso telefone ao do outro e trocar impulsos elétricos que são convertidos em voz, ligamos os computadores e trocamos bits. Mas, à parte da tecnologia, é comunicação entre dois pontos á mesma (mesmo quando acede a uma página como a do Google -- é entre o seu computador e um dos servidores do Google, tal como seria se telefonasse para lá).
Por isso concordo que tirem a carta a quem conduz bêbado (preservando-lhe o direito de recorrer a tribunal e mantendo a presunção de inocência). Mas acho inaceitável cortar o telefone a alguém porque está a ter conversas indecentes ou a cantar músicas, e sem sequer recorrer ao tribunal.
Não aceito andem a bisbilhotar cartas a ver têm fotocópias de livros. Não aceito que escutem telefonemas ou que cortem o telefone por declamar poemas. E não aceito que cortem a internet a alguém por trocar ficheiros.
Se isso lhe estraga o negócio, tenho pena, mas não estou disposto a ceder os meus direitos só para lhe encher os bolsos.
"Se isso lhe estraga o negócio, tenho pena, mas não estou disposto a ceder os meus direitos só para lhe encher os bolsos."
ResponderEliminarNão se preocupe com o meu negócio. Sou esperto o suficiente para saber que com tanto ladrão sem ponta de vergonha ou justiça capaz de os deter, isto não é área onde eu e ninguém se deve meter. Pois, há-de ser mesmo uma área livre. Livre de tudo e mais alguma coisa. Deserta mesmo.
A questão aqui é que não são seus, caro Ludwig. Os direitos que você anda para aí a clamar que são livres ou que deviam ser livres não são seus. Nunca foram.
Bela noção de liberdade e igualdade a sua - com os direitos dos outros violados posso eu bem desde que eu beneficie disso, agora não toquem nos meus, apesar desses direitos que eu quero defendidos violarem nitidamente os direitos de outros.
E olhe que apesar de não me estragar o negócio a mim, o que parece é que com a sua campanha absolutamente indefensável, o único negócio que não sai nunca estragado é mesmo o seu.
É que os "direitos" que você diz que deviam ser livres só estão a encher os seus bolsos, a si que não fez absolutamente nada para os criar, ter, fomentar ou defender. A enchê-los porque desses seus bolsos, com a internet, passou a sacar tudo. Passou a pilhar tudo.
E anda você aqui alegremente a defender a liberdade, os direitos, a igualdade. Voltaire deve estar orgulhoso de si e da sua lata.
Anónimo,
ResponderEliminarPrimeiro, porque continua anónimo? Se é para fazer um comentário só ainda percebo, mas se é para conversar, além de pouco educado, faz suspeitar que tem vergonha da posição que defende...
O direito que eu defendo ser de todos é o direito de partilhar informação. Não é o direito de roubar carros, ao contrário do que diz o Tozé Brito. É o direito de copiar informação e ideias. Se aprendo um exercício bom para não ter dores nas costas tenho direito de o dizer. Se compro um livro tenho o direito de o ler em voz alta para os meus filhos.
O direito que o anónimo defende como sendo um direito do autor é o direito de proibir isto. Esse direito é um falso direito. Não é por escrever um livro que tenho o direito de proibir alguém de o ler em voz alta, emprestar, dar, ou vender em segunda mão. E também não tenho o direito de proibir que distribuam uma descrição numérica do meu livro, porque também isso é informação em abstracto que não é minha nem de ninguém.
Quanto ao que eu faço para criar, como professor e investigador produzo, provavelmente, mais material susceptivel de copyright que a maioria das pessoas. Mas como julgo essa lei ilegítima e indecente, não é disso que vivo. Cobro pelo meu trabalho mas não proibo a ninguém o acesso ou a divulgação da informação.