Portugal é um país de gente pacata. A guerra colonial matou cerca de oito mil soldados portugueses, uma média de 600 por ano. Todas as mortes são trágicas mas, em comparação, em 2008 morreram por cá 776 pessoas em acidentes de viação. Um primo meu morreu na guerra em África. Segundo me contaram, morreu electrocutado quando se encostou a um candeeiro durante um jogo de bola à chuva.
Salvo excepções como a batalha de La Lys, que em quatro horas matou quase tantos soldados portugueses quantos morreram em 13 anos de guerra colonial, Portugal tem se safo bem da violência. O segredo de uma boa revolução é pôr cravos nas espingardas. É muito mais sensato que desatar aos tiros durante três anos e matar meio milhão de pessoas, como fizeram os nossos vizinhos do lado. Brutos. Para terrorismo separatista temos o Alberto João Jardim. Incomoda um pouco mas é melhor que a ETA, porque se matar alguém será só de vergonha. E as nossas forças armadas têm tão pouco que fazer que, para se entreterem, até têm de disparar contra a polícia (1). É bom sinal.
Os russos não tiveram tanta sorte. A sua história tem sido violenta, quer por serem como são quer pelos vizinhos que lhes entraram pelo país adentro a partir tudo. Cinco milhões de mortos na primeira guerra mundial, uma revolução sangrenta, purgas e fome pela industrialização forçada e depois vinte e cinco milhões de mortos na segunda guerra mundial, com mais uns trocos no Afeganistão e guerra civil. Entre 1941 e 1945 morreram por dia, em média, duas vezes mais russos que o total de soldados portugueses mortos durante a guerra colonial.
Não sei se isto tem alguma coisa a ver com a composição de hinos militares. Talvez seja preciso morrer muita gente para ter compositores com talento. Se for esse o caso ficámos a ganhar, porque nenhum hino vale milhões de vidas. Mas talvez a chefia das nossas forças armadas pudesse aproveitar o talento de algum compositor russo desempregado e arranjar uma musiquinha menos embaraçosa para os nossos militares. Saía mais barato que os submarinos e sempre servia para alguma coisa.
Hino da marinha soviética:
Hino dos fuzileiros portugueses:
1- Rádio Renascença, Marinha dispara contra barco da Polícia Marítima
Vantagem do hino dos nossos fuzileiros: sempre tem metade do tamanho do outro (uf!...).
ResponderEliminarVantagem do hino dos fuzileiros soviéticos: não percebemos uma palavra da letra (uf também!...).
Resultado: emapatados.
Queria dizer empatados.
ResponderEliminarOs primeiros acordes do hino da Marinha russa lembraram-me o tema do Imperador (aos 1:06).
ResponderEliminarE há partes da Battle of Endor II (no YouTube está partida ao meio e é na segunda parte aos 1:13), que também lembram o hino aos 0:28 - 0:40.
Guerra por guerra, prefiro as que são a fingir.
O próprio hino da Rússia é, na minha opinião, um dos mais bem conseguidos em termos musicais. Lembro-me de ser miúdo e durante a transmissão dos jogos olímpicos ficar pasmado a ouvir o hino russo sempre que havia uma medalha de ouro.
ResponderEliminarMas não admira que a Rússia tenha bons hinos. Foi de lá que sairam, só para citar alguns, Rachmaninoff, Rimsky-Korsakov, Mussorgsky, Tchaikovsky, Prokofiev e Scriabin (um tipo não tão conhecido mas que compôs peças e estudos para piano absolutamente fenomenais). Com tanta produção musical de qualidade podem se dar ao luxo de ter bons hinos. Os outros vão-se remediando como podem... :)
Falei de Scriabin e como já não o ouvia há uma série de tempo, fui até ao youtube. Para quem tiver 2'30'' disponíveis, oiçam então um estudo para piano de Scriabin tocado pelo Evgeny Kissin (também ele russo) aqui.
ResponderEliminarVicente,
ResponderEliminar«Vantagem do hino dos nossos fuzileiros: sempre tem metade do tamanho do outro»
Muito menos. É trinta segundos, e depois repete várias vezes.
Ludi,
ResponderEliminarnestas contas sobre a "pacatez" portuguesa, falta-me, para fins de melhor avaliação, o número de africanos e africanas de todos as idades mortos, estropiados, violados etc. durante a guerra colonial e a os resultados em termos de vidas humanas da soi-disante «descolonização».
Cristy:
ResponderEliminar"falta-me, para fins de melhor avaliação, o número de africanos e africanas de todos as idades mortos, estropiados, violados etc."
Tens numeros? Diz-se que a guerra era feita por emboscadas, sem linhas de batalha e com poucas casualidades para ambos os lados. A maior parte dos nossos mortos foram em acidentes, muitos de viação.
Acho que a nossa violencia maior ainda era o regime de apartheide que por la existia e que ninguem hoje fala.
~Pedro Ferreira:
ResponderEliminar", Rachmaninoff, Rimsky-Korsakov, Mussorgsky, Tchaikovsky, Prokofiev e Scriabin"
Grande coisa. Temos o Marco Paulo, os dois carreiras, a agatha - e melhor - Ainda estão vivos.
João,
ResponderEliminarsão números difíceis de apontar com certezas porque - surpresa - na altura ninguém se lembrou de contar. Não convinha. As estimativas conservadores partem de um total de 100 000 angolanos e 25 000 moçambicanos mortos directamente na guerra colonial. Para teres uma ideia: em Janeiro sde 1961 a força aérea portuguesa reagiu ao início da revolta angolana bombardeando umavintena de aldeias: só aí, 7000 mortos.
mas eu pretendia apenas salientar que a pacatez portuguesa é um mito comparável ao do «bom colonialista».
Cristy,
ResponderEliminarEm La Lys o corpo expedicionário português estava reduzido aos magalas, porque os oficiais, com mais dinheiro, já tinham comprado os bilhetes e vindo para casa. Estava prestes a amotinar-se e a uns dias de ser retirado da frente pela situação em que estava. Foi por azar que foram passados a ferro pela ofensiva alemã.
Pensei que isto sugerisse o tom semi-sarcástico do termo pacatez, no sentido de um forte instinto de auto preservação mas que não prescinde do gozo de bater no mais pequeno. Portugal é um país onde se corta os cornos ao touro para não ser tão perigoso espetar-lhe ferros nas costas. É essa pacatez do miúdo sossegadinho num canto a arrancar asas às moscas.
Ainda assim, julgo que se dividires pelos 13 anos de guerra as baixas causadas pelos soldados portugueses nas ex-colónias verás provavelmente que o seu efeito na taxa de mortalidade nesses países foi praticamente nulo. Penso que o maior estrago foi fazer aqueles países à força, sem pensar nos povos que já lá viviam (e nem todos dos quais se davam bem uns com os outros).
Estimando, para a década de 60, uma população de 5 milhões em Angola e uma taxa de mortalidade de 3% por ano (contas por alto), tens 150,000 mortos por ano. Nisto os cerca de 8 mil por ano devido ao conflito fazem pouca diferença. E com uma esperança média de vida à volta dos 40 anos nem sequer deve ter distorcido significativamente a distribuição dos óbitos pelas faixas etárias.
Concordo que o colonialismo foi muito mau. Mas no caso dos portugueses, penso que o pior não terá sido a guerra.
«Concordo que o colonialismo foi muito mau. Mas no caso dos portugueses, penso que o pior não terá sido a guerra.»
ResponderEliminarEnfim... Pelo menos não temos este animal no cadastro.
Vivi parte da minha infância em Moçambique. Não se pode dizer que tenha visto tratar os moçambicanos como hoje todos (?) reconhecem que deveria ter sido. Mas não havia apartheid nenhum. No acesso ao ensino, por exemplo, havia sobretudo diferenças entre remediados (portugueses) e pobres (moçambicanos). Fiz por lá a escola primária, numa escola pública. Só para terem uma ideia, em 30 crianças de uma turma só 4 eram negras. Essas 4 eram muito pobres e das outras 26 nenhuma se pode dizer que o fosse. Havia um grande empenho em fazer os moçambicanos mandar os filhos à escola, o que eles faziam pouco. Mas isto foi já na fase final do Estado Novo (70-74), quando já se estava a ver no que ia dar a guerra e com toda a pressão internacional em cima. É claro que atrás da recusa dos miúdos da minha idade em irem à escola (recusa mais dos pais do que deles) havia uma longa história em que as coisas não eram bem assim.
ResponderEliminarMesmo assim, posso dizer que nunca assisti a uma cena de violência sobre um negro. Muito paternalismo sim. E muita falta de compreensão das diferenças culturais.
Why just concentrating on the relatively recent colonial wars? This is a good example of when selectively ignoring history people can be misled more easily.
ResponderEliminarSince the 15th century until about the end of the 19th century Europeans, and specially the Portuguese, abducted many native Africans, put them into ships and those who managed to survive the long travel were then sold as slaves to work in the big sugar, banana and cotton plantations in the Americas.
The Atlantic Slave Trade:
It is difficult to know the exact numbers but it is estimated that between 1650 and 1900, 10.24 million enslaved Africans arrived in the Americas from the following regions in the following proportions:[34]
* Senegambia (Senegal and The Gambia): 4.8%
* Upper Guinea (Guinea-Bissau, Guinea and Sierra Leone): 4.1%
* Windward Coast (Liberia and Côte d'Ivoire): 1.8%
* Gold Coast (Ghana and east of Côte d'Ivoire): 10.4%
* Bight of Benin (Togo, Benin and Nigeria west of the Niger Delta): 20.2%
* Bight of Biafra (Nigeria east of the Niger Delta, Cameroon, Equatorial Guinea and Gabon): 14.6%
* West Central Africa (Republic of Congo, Democratic Republic of Congo and Angola): 39.4%
* Southeastern Africa (Mozambique and Madagascar): 4.7%
Assuming Guinea-Bissau was 1%, Mozambique 3% and Angola 16% then this represents about 2 million African natives abducted and then sold by the Portuguese. One should not forget that the population then was much smaller than it is today so these numbers mean many small tribes and cultures went extant and the bigger ones were severely disrupted.
In letters written by the Manikongo, Nzinga Mbemba Affonso, to the King João III of Portugal, he writes about the Portuguese traders:
"Each day the traders are kidnapping our people --children of this country, sons of our nobles and vassals, even people of our own family. This corruption and depravity are so widespread that our land is entirely depopulated. We need in this kingdom only priests and schoolteachers, and no merchandise, unless it is wine and flour for Mass. It is our wish that this Kingdom not be a place for the trade or transport of slaves."
Many of our subjects eagerly lust after Portuguese merchandise that your subjects have brought into our domains. To satisfy this inordinate appetite, they seize many of our black free subjects.... They sell them. After having taken these prisoners [to the coast] secretly or at night..... As soon as the captives are in the hands of white men they are branded with a red-hot iron.[42]
Note that the Germans, French, Belgians and English were also involved in this trade and other atrocities.
My guess is that, if humans didn't find cheap energy (oil) and technology extract and use this energy very efficiently there would still be today this slave trade until eventually most of the natives would have gone extinct.
Ludi,
ResponderEliminaracho que a diferença entre os portugueses, os alemães e os belgas está longe de ser de carácter nacional: é apenas de oportunidade. É por isso que defendo leis internacionais vinculativas para todos, parece-me a única maneira de evitar Nambuangongo, Auschwitz e Sarajevo.
O que me irrita é a tentativa de pintar os portugueses como os «menos maus», os «menos racistas», os menos «colonialistas». Acho esta negação da história muito pouco saudável para a saúde mental e social de um país.
"Why just concentrating on the relatively recent colonial wars?"
ResponderEliminarHydrofluoric
only because I was trying to make a specific point and not give a History lesson. The facts are common knowledge. The problem is that they are not acknowledged.
"Portugal é um país de gente pacata"
ResponderEliminarJá li textos mais bem fundamentados neste blog...
O branqueamento de violações dos direitos humanos é em si uma violação dos referidos direitos.
Cristy,
ResponderEliminarNão digo que seja genético ou algo assim, mas penso que concordas que as decisões colectivas tomadas por esses grupos de pessoas a que chamamos nações são afectadas não só pela situação imediata mas também pelas ideologias dominantes, tradições, cultura e história desses grupos. Comparando, por exemplo, Portugal, Espanha e Alemanha em 1935, podemos ver que não foi só por coincidência geográfica que foi a Alemanha a invadir a Polónia quatro anos depois.
No 25 de Abril houve muitos exemplos que ilustram isto. À tarde, uma coluna militar do regime avançou sobre os militares revolucionários no Terreiro do Paço. O brigadeiro que comandava as tropas ordenou que disparassem mas ninguém fez nada e pronto, ficou tudo por ali.
Penso que na maior parte dos países, militares treinados com ordens para atirar sobre outros militares normalmente atiram. Pelo menos alguns, e basta um começar aos tiros para descambar logo em tiroteio por todo o lado. Mas neste caso nem um, e este tipo de coisas aconteceu muitas vezes por todo o país ao longo do dia 25.
Parece-me que a índole pacífica destes soldados faz parte de uma certa indisciplina enraizada na nossa cultura que tem a desvantagem de deixar Portugal na cauda do desenvolvimento económico mas que, em alguns casos, é uma grande vantagem. Julgo que em 99% dos países uma acção como a revolução do 25 de Abril tinha dado meses ou anos de guerra civil. Aqui só nos queixamos da desorganização que veio depois, nem sequer percebendo como é extraordinário um movimento militar dentro das forças armadas, formado sem o conhecimento de boa parte das forças armadas(e.g. o comandante da Gago Coutinho), derrubar um regime praticamente sem violência.
NCM,
ResponderEliminar«O branqueamento de violações dos direitos humanos é em si uma violação dos referidos direitos.»
Concordo. Mas parece-me que também aí a pacatez, essa índole pacífica colectiva na cultura portuguesa, uma das razões para que seja tão fácil esconder essas coisas e ninguém protestar.
O meu ponto não é que se trata sempre de uma virtude. Pode ter consequências más. Faz parte de uma atitude tradicional que fez os militares não dispararem no 25 de Abril ou, nas guerras em África, tirarem as balas dos carregadores extra para levar comida lá dentro, e que também faz aproveitar ao máximo o subsídio de desemprego, não declarar o rendimento todo, meter baixa sempre que podem e assim por diante.
A apatia perante violações dos direitos humanos por parte da polícia ou mesmo do sistema judicial em si (40% das pessoas que aguardam julgamento em prisão preventiva são ilibadas, uma taxa de encarceramento injusto muito além do que devia ser aceitável) provavelmente faz parte da mesma atitude...
"Não digo que seja genético ou algo assim, mas penso que concordas que as decisões colectivas tomadas por esses grupos de pessoas a que chamamos nações são afectadas não só pela situação imediata mas também pelas ideologias dominantes, tradições, cultura e história desses grupos."
ResponderEliminarConcordo absolutamente. E parece-me que nada disto tem a ver com características individuais que tornam qualquer colectivo mais «pacato», «pacífico», «bonzinho» ou seja o que for. Dadas as circunstâncias e as oportunidades, parece-me que somos todos iguais. Especialmente quando se trata de «defender» interesses políticos ou económicos.
E há inúmeros exemplos pelo mundo fora de soldados que se recusaram a atirar sobre civis e de soldados que se juntaram a eles em revoluções contra os seus generais e governantes. No caso do 25 de Abril não foi preciso fazer muitas coisa, e sobretudo não andar (muito) aos tiros, para o regime cair de podre. Já as revoluções do século XIX em Portugal não foram assm muito pacatas.
Como Céptico e Humanista tenho alguma dificuldade em aceitar generalizações comportamentais desta ou daquela nacionalidade.
ResponderEliminar"40% das pessoas que aguardam julgamento em prisão preventiva são ilibadas, uma taxa de encarceramento injusto muito além do que devia ser aceitável" - A acreditar que é realmente feita justiça nos julgamentos...claro!
Repito, já li posts mais bem fundamentados neste blog...
RTP1 - Serviço Público - Anjos e Demónios 10:20 às 10:40, 20 minutos dos meus impostos!
ResponderEliminarUm tipo de óculos e gravata que se diz cientista e acredita em premonições e anjos da guarda!
Ninguém dá um tiro neste gajo?
Se calhar somos mesmo uma grande carneirada...
ResponderEliminarCristy,
ResponderEliminar«Concordo absolutamente. E parece-me que nada disto tem a ver com características individuais que tornam qualquer colectivo mais «pacato»,»
Individuais, não. Mas colectivas, acho que sim. Parece-me que a diversidade de culturas, tradições e factores socio-económicos entre países e dentro de cada país é suficientemente grande para que haja diferenças entre países na propensão para violência militar.
ncm,
ResponderEliminar«Repito, já li posts mais bem fundamentados neste blog...»
Concordo, e fico aliviado que penses assim. Mal de mim se um post cujo objectivo principal era fazer troça do hino dos fuzileiros e pôr aqui uma música que me agrada calhasse ser o mais bem fundamentado do blog :)
Realmente o hino dos fuzos necessita de uma pequena revisão...
ResponderEliminar".. diferenças entre países na propensão para violência militar."
ResponderEliminaressa vais ter que fundamentá-la cientificamente para meu benefício ;-)
A grande desvantagem de termos tido uma revolução pacífica é que muitos dos Sir Humphrey's da outra senhora transitaram placidamente para a nova senhora.
ResponderEliminarNão estou a dizer que teria preferido guerra civil e mortos, não sou assim tão psicopata, mas como nada foi destruído não houve reconstrução.
Parece-me que o "pacato" a que te referes é mesmo a genética canalhice do portugues...As barbaridades fazem-se com carinha de anjo...Mete uma certa repulsa... Ao menos os nordicos é às claras e à bruta.
ResponderEliminarBeijo
Á minha música favorita da banda sonora "caça ao Outubro Vermelho" era essa. Nunca soube que era o hino da marinha russa, mas ouvi-a vezes suficientes para saber cada nota de cor. Estamos sempre a aprender...
ResponderEliminarHá muitos anos atrás, quando jogava Red Alert em multiplayer, punha sempre essa música a tocar ;). Agora foi a nostalgia, faz anos que não faço esses jogos de computador. Tenho saudades.
Hydrofluoric,
ResponderEliminar«Why just concentrating on the relatively recent colonial wars?»
Because the history of a coutry affects its people but not for ever. We follow much of what our parents did, less so our grandparents, and when you go back several centuries things become mostly irrelevant. Slavery is too old in Europe to be a significant social factor anymore.
Besides, albeit politically incorrect, it is important to point out that Europeans did seldom kidnap Africans from their homes. What they did was to pay other locals for slaves. This is not to say that Europeans were blameless, but to point out that slavery was an acceptable business in most cultures in those days, an unfortunate consequence of the universal feeling that, apart from those of our own family or clan, the lives of others are mostly irrelevant. It is only very recently that we have been successful in fighting that mindframe, and only partially at that...