Os Monty Python não querem que os fãs ponham clips dos seus filmes e séries no YouTube para todos verem à borla. Por isso vão tomar medidas drásticas e acabar com essa pirataria das suas obras.
Porque são tipos inteligentes compreendem que a Internet não é uma rede de revenda mas uma forma de comunicação entre pessoas, tão adequada à censura para fins comerciais como o telefone ou as cartas. E porque, excepcionalmente, neste caso são os artistas que controlam os direitos sobre as suas obras, os Monty Python têm a liberdade de se aproveitar disso. Pôr os clips no YouTube é pôr milhões de pessoas a falar deles, a mostrar aos amigos e a descobrir e interessar-se pelos Monty Python. Não são vendas que perdem. São fãs que ganham.
The Monty Python Channel on YouTube
Via The Pirate's Dilemma.
Editado às 11:00:
Também via The Pirate's Dilemma, este aviso no DVD do filme Futurama: Bender's Game.
Ludwig,
ResponderEliminar«But we want something in return.
None of your driveling, mindless comments. Instead, we want you to click on the links, buy our movies & TV shows and soften our pain and disgust at being ripped off all these years.»
LOL! Esses "movies & TV shows" não são à borla, portanto, um isco não inocente ou altruísta. Não-há-almoços-grátis.
Mário Miguel,
ResponderEliminarAcho que todos concordamos que não se pode viver do ar. O ponto do Ludwig é que o negócio pode ser viável sem restringir a cópia "não autorizada".
Concordando ou não, este exemplo suporta o seu argumento.
Mas exemplos avulsos valem menos que estudos económicos relevantes. Será que há algum por aí que sustente a tese do Ludwig?
As posições de economistas não afectos a editoras que até agora se pronunciaram que eu tenha conhecido são contrárias ao que o Ludwig afirma. Mas a verdade é que ainda não tives acesso a nenhum estudo sério, um palpite, mesmo vindo de um profissional, não passa disso.
João Vasco,
ResponderEliminarMas quando afirmas que:
«o negócio pode ser viável sem restringir a cópia "não autorizada»
repara que para os "movies & TV shows" não funciona, certo? Ou passou-te alguma coisa ao lado? Acho que fui pouco claro...
Parece que há vibiliadde sem restringir a cópia "não autorizada", mas isso é uma ilusão, pois só o é para o isco (pequenos clips). O que é relevante - séries e filmes inteiros com boa qualidade - estão EFECTIVAMENTE abrangidos pela restrição à cópia "não autorizada", de facto essa ilusão dos Monty Puthon funciona e bem, vê-se pela primeira parte da tua resposta.
Logo, este exemplo NÃO suporta, como queres afirmar, o seu (do Ludwig) argumento. Mas sim, o contrário.
Vasco e Ludwig,
ResponderEliminarJá discuti arduamente sobre isto na altura em que tu eu, o António e o Ludwig, escrevemos furiosamente quilómetros sobre esta matéria, mas há algo que eu nunca deixei claro, que é o facto que eu defendo que o autor dê tudo, TUDO mesmo: a obra a casa o carro a mulher o periquito, o diabo… Isso, eu não me oponho, mesmo que o mercado fique de forma que me desagrade enquanto consumidor – Obras com investimento inicial avultado poderiam não ser viáveis etc… , visto que é um direito de quem produz fazer o que lhe der na veneta.
Mas quem quiser “proteger” a obras de entretenimento com as condições mais exóticas que existam (só compra que quer), terá o direito de o fazer – e é aqui que Ludwig ainda não me deu uma razão convivente para não o fazer – pois em última instância o autor poderá optar pela derradeira decisão de fazer a obra na sua mente e não a divulgar - o malandro;) -, será que teria o direito de lhe abrir os miolos para a sacar de lá? Parece-me que não. Então porque é que o autor tem o direito de impedir a divulgação do que ele criou na sua mente, em termos de entretenimento, – atitude mais radical e mais limitativa de todas em relação ao consumidor que aí tem opção ZERO de negociação de fazer o que quer que seja com a obra na mioleira do autor – tendo portanto controle total da sua obra criada, e depois de sair da sua cabeça cá para fora, perde esse automáticamente esse direito?
E se o autor depende de algo anterior (nada é realmente novo) isso também não é argumento contra, pois se os antecessores não exigem nada ao que criaram as obras subsequentes, fica implícito que concedem essa utilização de parte ou de toda a obra, caso contrário: exijam. Mas como se vê, isso não tem sido impedimento significativo, ocorrendo pontualmente.
Mas que fique claro que não sou, nem tenho argumento que o sustentassem de forma justa, que seja tudo à “borla”.
Mas como se sabe, de alguma forma ou de outra, não há almoços grátis, infelizmente.
Eu continuo a dizer que o Ludovico tem esta guerra contra o copyright apenas porque não quer admitir que não está correcto quando puxa um filmito ou uma musiquita. :)
ResponderEliminarEm relação a esta medida dos Monthy Pithon, o Mário Miguel disse tudo: pequenos clips e tal, num formato pouco confortável se se pretende ver um filme. Penso que eles ainda não colocaram toda a filmografia e séries disponíveis na net par download ou colocaram?
Sem entrar em filosofias volto a dizer: se alguém resolve dar o fruto do seu trabalho de forma gratuita, é livre de o fazer e eu agradeço. Mas se quiser ser pago por isso, é o seu direito e tanto melhor/pior para ele.
Mário Miguel e Wyrm,
ResponderEliminarVocês continuam a confundir o direito de propriedade com um hipotético (e disparatado) direito de proibir os outros de trocar certas informações.
A minha posição é que a censura é inaceitável na nossa sociedade. É um custo demasiado grande, moral e social, dar a uns o poder de proibir outros de divulgar informação pública. E isso mesmo que inviabilizasse o negócio associado à produção artística. Informação não pode ser propriedade.
Mas o que casos como este demonstram é que a comunicação livre não inviabiliza a inovação artística. Na verdade, parece-me que será o contrário. A liberdade de expressão e de acesso à informação é por si um incentivo forte à criatividade.
João Vasco,
ResponderEliminar«Mas exemplos avulsos valem menos que estudos económicos relevantes. Será que há algum por aí que sustente a tese do Ludwig?»
Uma coisa é saber se existem métodos alternativos que sejam economicamente viáveis. Eu acho que sim - há oferta de produtos de cultura, há procura, então há mercado.
Outra é saber se essas alternativas são tão lucrativas como o paradigma existente. Nesse aspecto, acho que é difícil encontrar um ainda mais lucrativo do que aquele em que a escassez é forçada - o actual.
Desde que a cultura tenha um lugar garantido - admitindo que é possível manter um nível semelhante de produção cultural num sistema alternativo - é irrelevante se as "distribuidoras de cultura" têm mais ou menos lucro (é relevante no que toca à colecta de impostos, mas não no que toca à cultura).
Portanto a questão de haver ou não estudos económicos que apoiem as ideias do Ludwig é um pouco irrelevante porque todos esses estudos dirão provavelmente que este sistema é o mais atraente e que uma transição seria difícil e imprevisível.
Eu acho que a perspectiva da transmissão de informação, que é um dos argumentos do Ludwig, não é muito convincente pelas razões que apontaste. Mas o fundo do argumento mantém-se.
O sistema em que vivemos está a tornar-se aberrante porque a lei protege o modelo económico acima de tudo.
Eu tenho o direito de trocar informação com outras pessoas desde que sobre essa informação não caiam preocupações de sigilo ou privacidade. Se isso leva ao prejuízo de empresas, a culpa não é minha nem da informação - é do sistema em que as empresas operam.
Sempre tivémos esse direito. Acontece simplesmente que impedir que se fotocopiassem livros há 30 anos atrás tinha uma razão de ser. Hoje em dia, impedi-lo tem mais desvantagens do que vantagens e o direito de transmitir ideias fala mais alto.
«Mas se quiser ser pago por isso, é o seu direito e tanto melhor/pior para ele.»
ResponderEliminarPior para ele se pedir mais do que é razoável.
Pedir que não se assine, ou lucre com, o trabalho alheio é um mínimo. Impedir que se troque informação em abstracto com uma margem de lucro nulo não é aceitável.
Francisco,
ResponderEliminar«Eu acho que a perspectiva da transmissão de informação, que é um dos argumentos do Ludwig, não é muito convincente pelas razões que apontaste.»
O meu argumento não é que a arte seja apenas informação em abstracto. Histórias, filmes, músicas, pinturas, etc são mais que informação, até porque se convertes tudo em 0s e 1s perde a graça.
Mas o meu argumento é que aquilo que se partilha nas redes é apenas informação. 0s e 1s. E isso importa porque em informação digital é impossível traçar barreiras entre o que é uma coisa e outra, porque já é do domínio público e porque nunca se pode restringir uma expressão de algo sem restringir todas as expressões desse algo -- e isso é censura.
«Mas o meu argumento é que aquilo que se partilha nas redes é apenas informação.»
ResponderEliminarMas um qualquer livro impresso em português também é só informação em suporte físico. A encadernação dá jeito.
Eu acho que as fotocópias deviam ser permitidas tanto quanto a partilha de dados. O facto de ser mais óbvio não é razão para proibir as fotocópias.
Se eu e qualquer português tem acesso livre às bibliotecas públicas e todos as obras lá incluídas (literatura, música e cinema), porque é que partilhar a mesma informação cá fora deveria ser crime? Não faz sentido.
Então as bibliotecas só são possíveis porque existe uma barreira natural à fluidez de circulação da informação que possuem? Porque às vezes não dá jeito ir à biblioteca, porque o livro foi requisitado, porque o CD está riscado? Essa dificuldade de acesso é a única razão para as editoras condescenderem a existência de bibliotecas públicas?
Na internet já não pode haver bibliotecas? Não tem lógica nenhuma...
«Na internet já não pode haver bibliotecas? Não tem lógica nenhuma...»
ResponderEliminarExistirem bibliotecas na internet (pelo menos com o mesmo modelo de funcionamento das bibliotecas do mundo "real") é que não tem grande lógica. Isto por causa do problema da escassez: um livro físico não pode ser usado por várias pessoas ao mesmo tempo; para o fazerem serem precisas várias copias do dito livro, e no mundo físico o copiar tem custos. Na internet por outro lado, o copiar é essencialmente de borla, por isso não há razão para que várias pessoas não possam usar um dado pedaço de informação ao mesmo tempo--ao fim e ao cabo, duplicá-la é trivial. Afinal de contas, o objectivo de desenvolver a internet foi permitir uma mais eficiente partilha de informação, e isto foi muito antes de alguém ter ouvido falar em P2P ou outros que tais...
Caro Oscar Pereira,
ResponderEliminar«Existirem bibliotecas na internet (pelo menos com o mesmo modelo de funcionamento das bibliotecas do mundo "real") é que não tem grande lógica.»
Como assim? O objectivo das bibliotecas públicas não é o de garantir o acesso livre à cultura? Minimizar custos de acesso? Reduzir a escassez?
«Isto por causa do problema da escassez: um livro físico não pode ser usado por várias pessoas ao mesmo tempo; para o fazerem serem precisas várias copias do dito livro, e no mundo físico o copiar tem custos.»
Então pelo facto de não existir o problema da escassez as bibliotecas não fazem sentido? Eu acho que fazem ainda mais sentido! A escassez é justamente o problema.
Francisco,
ResponderEliminarConcordo com a ideia de uma biblioteca digital. O acesso á cultura e informação tem um valor muito superior ao lucro dos distribuidores, e era até a única justificação para o copyright no tempo em que sem copyright ninguém iria distribuir os conteudos. Hoje distribuem-se gratuitamente.
«Mas um qualquer livro impresso em português também é só informação em suporte físico. A encadernação dá jeito.»
A diferença é importante porque o suporte físico é algo que podemos especificar e regular independentemente da informação. Por exemplo, podes ter leis que regulam a afixação de cartazes ou colocação de outdoors sem limitar significativamente a liberdade de expressão porque não proíbes a expressão das mesmas ideias de outras formas. Podes também regular a exploração comercial de livros sem proibir a troca da informação que eles contêm.
O problema no conteudo digital é que, ao lidar com informação codificada de forma abstracta e arbitrária, não podemos fazer distinções dessas. Ou se permite a troca de informação ou então tem que se censurar, que é proibir todas as formas de trocar certa informação.
Eu concordo que as fotocópias deviam ser permitidas. Só que uma lei a proibir fotocópias não tem nenhum problema de princípio porque é específica para as fotocópias.
Uma lei que proíba a troca de informação digital que especifique conteudos "protegidos" tem o problema de ser matematicamente impossivel distinguir o que é proibido do que é permitido e o problema de proibir a informação em si em vez de regular apenas uma forma de a representar.
"A minha posição é que a censura é inaceitável na nossa sociedade. É um custo demasiado grande, moral e social, dar a uns o poder de proibir outros de divulgar informação pública."
ResponderEliminarCensura? Mas estás a falar do quê. Acho que invocar papões no meio de um debate é uma tecnica que tem nome mas nõa me lembro qual. Agora desculpa, mas a informação, lá por ser um bem imaterial não é publica. É publica quando o criador dessa informação a torna publica. Mas é uma escolha pessoal.
"Informação não pode ser propriedade."
Porquê? Eu componho uma música, ela é minha e pronto. Se eu a quiser dar gratuitamente dou, se não quiser, não dou. Quem quiser usufruir do fruto do meu esforço deve ter a moral para me compensar por isso. Se acha que o preço que eu peço é demasiado alto, tem a escolha de não ouvir a minha música.
"A liberdade de expressão e de acesso à informação é por si um incentivo forte à criatividade."
A tua vontade de ganhar argumentos é por vezes irracional. O que tem a ver censura e liberdade de expressão com o sacar musicas e filmes da net sem qualquer tipo de compensação para quem as disponibilizou. Os teus argumentos apenas fazem sentido se falares de pautas, argumentos, etc. Penso que ninguém te vai processar se tu sacares a pauta de uma musica e a resolveres tocar, ou se sacares um argumento de um filme e o partilhares.
Mas é completamente diferente, e imoral, usufruires gratuitamente de uma música ou de um filme que tiveram custos de produção. É que não estás a aceder à ideia. Estás a aceder ao fruto de um investimento em tecnicos, equipamento, actores, musicos, etc. que pegaram numa ideia e a concretizaram daquela maneira. Isso tem de ser compensado, mas não te impede de acederes às pautas e aos argumentos.
Perdoa-me por dizer-te isto mas acho que és simplesmente desonesto nesta questão do copyright. Comparas alhos com bugalhos (por exemplo divulgação científica com música como se ambas as áreas, do ponto de vista do retorno para o criador, tivessem algo a ver uma com a outra) e até já consideras um atentado à liberdade de expressão o facto de alguns não quererem que as suas obras sejam usufruidas por um individuo sem que sejam compensados.
Partilhar uma ideia é uma coisa. Partilhar a concretização dessa ideia é outra.
"Ou se permite a troca de informação ou então tem que se censurar, que é proibir todas as formas de trocar certa informação."
ResponderEliminarNovamente, uma outra tecnica de debate que não me recordo o nome.
Não se trata de 8 ou 80, tudo ou nada. Trata-se apenas de não achar que lá porque o fruto do trabalho de alguém é intangível este é obrigatóriamente do domínio público.
"Uma lei que proíba a troca de informação digital que especifique conteudos "protegidos" tem o problema de ser matematicamente impossivel distinguir o que é proibido do que é permitido e o problema de proibir a informação em si em vez de regular apenas uma forma de a representar."
Não não é. É tecnológicamente possivel, ainda que dificil, bloquear no ISP mp3 e mpgs porque o mesmo ficheiro de uma mesma música tem a mesma estrutura e esta pode ser identificada e bloqueada. É claro que eu seria contra isso porque a partir daí a nossa privacidade seria ainda mais violada que o que já é.
Mas é para onde caminhamos, e todos aqueles que acham que "liberdade de expressão" implica poder sacar da mula o ultimo cd da britney spears apenas estão a dar argumentos para que a internet seja cada vez mais controlada. E isso assusta-me.
Querem filmes e musica? Adquiram-nos de forma legítima e se é caro são livres de não o fazer. É que acho que o futuro da humanidade e da troca de informação não depende da distribuição gratuíta da "musica" da britney, ou depende?
Peço desculpa pela parede de texto.
ResponderEliminarMas pelo menos é on-topic e não sobre gatinhos cósmicos :)
Wyrm,
ResponderEliminar«Censura? Mas estás a falar do quê.»
De censura. Da proibição de transmitir a informação X de qualquer forma que seja expressa, em vez da proibição de transmitir X de uma forma específica deixando em aberto a possibilidade de a transmitir.
Nos meios digitais ou tens censura ou não tens restrição. Não vale a pena restringir só algumas condificações.
«Agora desculpa, mas a informação, lá por ser um bem imaterial não é publica. É publica quando o criador dessa informação a torna publica.»
E quando a põe à venda nas lojas tornou-a pública. Nota que o copyright só abranje obras publicadas. Isto é, tornadas públicas. Se escreves um poema e o manténs secreto não tens copyright (mas tens direito à tua privacidade, que é outra coisa).
«Perdoa-me por dizer-te isto mas acho que és simplesmente desonesto nesta questão do copyright.»
Estás perdoado. Bastante confuso, mas mesmo assim perdoado :)
Wyrm,
ResponderEliminar«. É tecnológicamente possivel, ainda que dificil, bloquear no ISP mp3 e mpgs porque o mesmo ficheiro de uma mesma música tem a mesma estrutura e esta pode ser identificada e bloqueada.»
Não. É matematicamente impossível fazeres isso porque podes sempre encriptar e recodificar os ficheiros. Hoje em dia os ISPs nem sequer conseguem saber que protocolo estás a usar. A Netcabo, por exemplo, tenta reduzir a largura de banda do emule, mas basta marcar a chekbox para obscurecer o protocolo e já não podem fazer nada.
Não há maneira de pegar num conjunto de bytes e decidir o que esses numeros representam. Só o podes fazer assumindo que já sabes a codificação que usaram e que ninguém encriptou a mensagem. Mas é trivial contornar isso.
«É claro que eu seria contra isso porque a partir daí a nossa privacidade seria ainda mais violada que o que já é.»
Então estamos de acordo. Se concordas que a privacidade e liberdade de comunicar com outros tem mais valor que o sucesso comercial das discográficas, então concordas em restringir qualquer desta legislação apenas a aplicações comerciais e deixar o pessoal trocar e partilhar o que quiser.
É o mesmo com cantar no duche, ler livros em voz alta ou emprestar CDs. Não cobrar licenças para isto dá menos dinheiro aos distribuidores mas não os queremos a meter o bedelho na nossa vida.
Wyrm,
ResponderEliminar« É que acho que o futuro da humanidade e da troca de informação não depende da distribuição gratuíta da "musica" da britney, ou depende?»
Precisamente. Por isso deviam deixar a troca de informação em paz mesmo que isso chateie a Britney. Não faz sentido dar-lhe o direito de censurar a troca de informação acerca da sua música apenas para que ganhe mais uns trocos.
Caro Francisco Burnay,
ResponderEliminar«Como assim? O objectivo das bibliotecas públicas não é o de garantir o acesso livre à cultura? Minimizar custos de acesso? Reduzir a escassez?»
Tem toda a razão. E no mundo físico, faz todo o sentido; mas pegando no último ponto, na internet, **não há escassez** (a não que esta seja artificialmente introduzida com DRM's e afins), logo não é necessário reduzi-la.
«Então pelo facto de não existir o problema da escassez as bibliotecas não fazem sentido? Eu acho que fazem ainda mais sentido! A escassez é justamente o problema.»
Aqui fiquei confuso. Afinal o problema é a escassez, ou a falta dela?
Relendo o meu último comentário, talvez importe clarificar aquilo a que eu me refiro quando uso o termo "escassez": um recurso diz-se escasso se existe em quantidade limitada. Toda a propriedade material é escassa: livros, carros, casas, etc. É isto que justifica as leis da propriedade (física). Se alguém rouba um carro, está a privar a pessoa a quem o roubou do usufruto desse carro. A informação digital por outro lado, não é escassa: pode ser replicada vezes e vezes e vezes sem conta, tantas vezes quantas as forem necessárias. E se eu copio informação, a informação a partir da qual eu fiz a copia (o "original", se quisermos) continua inteiramente disponível! O usufruto do "original" é igual antes e depois da cópia! É por isto que termos como "propriedade intelectual" são completamente desprovidos de fundamento.
ResponderEliminar"liberdade de comunicar"
ResponderEliminare
"partilhar o que quiser"
Não implica usufruir gratuitamente do trabalho de outrém se esse não é o desejo do criador.
De resto, uma coisa é emprestares um cd a um/uns amigo(s) teu(s). Outra diferente é partilhar um album que não é teu na internet e ainda por cima alegar que o criador não tem qualquer direito a ser compensado por aqueles que usufruem da sua obra.
E falas de distribuidoras? Desculpa Ludovico, mas as editoras são mais do que isso. São as entidades que proporcionam os meios financeiros para que muitos músicos possam gravar as suas obras com um mínimo de condições.
O que te dá o direito de partilhares algo que foi produzido com o suor e investimento de terceiros? Por muitas voltas que dês, torno a dizer que a tua argumentação ainda teria alguma base de sustentação se falarmos da pauta ou do argumento, mas falha quando se chega ao produto final do trabalho de (por vezes) milhares de pessoas.
Em relação á parte técnica, isso não é bem assim. Se decidirem perder tempo com isso acredita que filtros podem ser implementados e o tráfego encriptado oriundo de certos servidores pode simplesmente ser cortado, além de que essa de obscurecer o protocolo não significar nada. Há uma encriptação e o ISP opta por não ir na conversa das RIAA's e não corta simplesmente o acesso a servidores de P2P.
MAs como é claro, como tudo o que é abusado, essa ainda vai ser uma desculpa para eles apertarem ainda mais o cerco á Internet.
E nessa altura podemos agradecer a todos aqueles que acham que partilhar informação é ter na net milhares de álbuns e filmes partilhados como se essa "revolta" fosse relevante nos dias de hoje. Incompreensível.
Wyrm,
ResponderEliminar«Não implica usufruir gratuitamente do trabalho de outrém se esse não é o desejo do criador.»
Não interessa o desejo do criador. O criador pode negociar a sua remuneração, exigi-la de quem concordou pagar ou recusar-se a criar se não lhe pagam o que quer. Esses são direitos seus.
Mas depois de criar e tornar pública a obra não tem o direito de impor restrições. Se eu inventar uma palavra e publicá-la não te posso exigir que me pagues pelo uso. Se inventar uma música não posso exigir que me pagues quando cantas no duche. Se invento uma história não posso exigir que me pagues quando a contas aos teus filhos. Esse "direito" que invocas não é um direito. É treta.
Se alguém quer ser remunerado por um trabalho então que negoceie a remuneração antes de fazer o trabalho. Se fizer o trabalho e o publicar depois não tem nada que se queixar.
Caro Oscar Pereira,
ResponderEliminarEu acho que pelo facto de não existir escassez no mundo digital faz muito sentido disponibilizar obras na internet. A essa disponibilização é que eu chamo uma "biblioteca". Portanto, uma biblioteca digital não sofreria do problema da escassez.
Quando disse
«Existirem bibliotecas na internet (pelo menos com o mesmo modelo de funcionamento das bibliotecas do mundo "real") é que não tem grande lógica.»
fiquei com a ideia de que se opunha a bibliotecas digitais pela razão de que não haveria escassez, como numa biblioteca física.
Só que eu não defendi que uma biblioteca digital deva ter escassez.
Wyrm,
ResponderEliminar«o ISP opta por não ir na conversa das RIAA's e não corta simplesmente o acesso a servidores de P2P.»
Há redes P2P sem servidores (a Kadmilia, por exemplo). Só não são mais usadas porque não é preciso.
E não podes bloquear o acesso ao servidor. Só ao IP. Mas é sempre possível contornar isso com proxies. Vê o que aconteceu quando a Itália cortou o acesso ao Pirate Bay (dica: não aconteceu nada...).
"Mas depois de criar e tornar pública a obra não tem o direito de impor restrições. Se eu inventar uma palavra e publicá-la não te posso exigir que me pagues pelo uso. Se inventar uma música não posso exigir que me pagues quando cantas no duche. Se invento uma história não posso exigir que me pagues quando a contas aos teus filhos. Esse "direito" que invocas não é um direito. É treta."
ResponderEliminarEste parágrafo é treta.
Qual a tua definição de "tornar pública a obra?"
A obra não é publica, tu é que, no momento da compra contratualizas com o detendor dos direitos, o direito de utilização mediante a compra.
O resto dos exemplos são disparatados porque, novamente e ad nauseam, comparas o incomparável. Ninguém vai deixar de adquirir um cd apenas porque te ouviu a assobiar no duche ou um livro porque ouviu uma história.
Agora quando colocas um cd na net, estás a fazer com que muito do público alvo não adquira o cd o que vai prejudicar o detentor dos direitos que, volto a lembrar, nem sempre são as multinacionais cheias de dinheiro.
Fico sempre com a sensação que o teu critério é: se é intangível então não pode ser propriedade de ninguém. Acho isso errado e imoral.
Errado porque, da mesma forma que o repolho que plantei, reguei e colhi é meu, também a música que compús é minha. E se não quero que toda a gente que a assobie ou cante no duche me verta uns centimos de cada vez que o faz já é legitimo pretender que se gostam de desfrutar da musica que gravei, comprem o cd.
Eu é que sei se posso ou não dar concertos e porque raio são os outros a definir a forma de negócio do músico? Se acham injusto, não adquiram, mas não roubem.
Já agora aproveito para deixar claro uma coisa e vou fazê-lo pelo exagero. Se um individuo colocar na net 1000 albuns para dowload gratuito, acho que ele nunca deveria ser penalizado por isso. Mas se um individuo ripar um cd, criar 5 cópias, copiar a capa e vender as 5 cópias na feira, deve levar com uma multa.
É que o primeiro ainda posso considerar bem intencionado, o segundo apenas quer lucrar com o trabalho dos outros. E isso é imoral.
"Há redes P2P sem servidores (a Kadmilia, por exemplo). Só não são mais usadas porque não é preciso.
ResponderEliminarE não podes bloquear o acesso ao servidor. Só ao IP. Mas é sempre possível contornar isso com proxies. Vê o que aconteceu quando a Itália cortou o acesso ao Pirate Bay (dica: não aconteceu nada...)."
Tecnicamente é perfeitamente possível negar e cortar acessos. Hoje em dia está tudo à distância de uma ordem do tribunal. E de resto, quem fornece IPs são ISPs. E esses podem ser intimados a revelar os dados dos seus clientes.
O único motivo pelo qual isso ainda não aconteceu é que ainda resta um pouco de sanidade. Mas poderá estar perto.
Wyrm,
ResponderEliminar«Tecnicamente é perfeitamente possível negar e cortar acessos.»
A Internet está feita de maneira a contornar facilmente esses obstáculos. Podes sempre redireccionar o tráfego por outro lado. A única maneira de cortares o acesso a uma parte da rede é isolá-la por completo.
E numa rede P2P sem servidores a única maneira de impedir o tráfego é cortar o serviço a toda a gente. Isso, tecnicamente, os ISPs podem fazer. Mas economicamente será pouco viável.
E mesmo que acabem com a internet, um disco de 500GB custa uns 70€. Numa visita a casa de um amigo podes trocar uns 500 filmes ou cem mil músicas...