quinta-feira, novembro 14, 2013

Sentir (aquele) deus.

«Smart: At the moment, seven Coast Guard cutters are converging on us. Would you believe it?
Mr Big: I find that hard to believe.
Smart: Hmmm . . . Would you believe six?
Mr Big: I don't think so.
Smart: How about two cops in a rowboat?»

(Get Smart)

As justificações para crer na existência de um deus abrangem uma vasta gama de categorias contraditórias. Num extremo, dizem que nada se pode observar desse deus e que só se pode provar formalmente a sua existência a partir de axiomas que o crente escolheu. Lá para o meio, o deus não pode ser observado mas dá indícios empíricos da sua existência por milagres progressivamente mais discretos, desde o dilúvio mundial a desviar, pouco, a bala que mataria o Papa ou tratar salpicos de fritura. No outro extremo, alegam que o deus é um dado empírico imediato, como a sede ou o amor, que se sente directamente e que, por isso, não se pode senão aceitar que existe. A contradição entre estas justificações não seria problema se cada crente escolhesse uma. Há tantos deuses diferentes que não é preciso atropelos. No entanto, é comum os apologistas religiosos tentarem todos estes tipos de justificação, em série, a ver se algum pega. O resultado conjunto acaba por ser ainda menos persuasivo do que cada uma das justificações individuais.

Por seu lado, mesmo individualmente estas justificações têm problemas e já abordei aqui muitas vezes os defeitos dos dois primeiros tipos. Não se prova a existência de um ser real como quem demonstra um teorema, partindo de axiomas arbitrários, e o deus milagreiro acaba por ser um deus das lacunas porque só há milagres no que não se compreende. Mas tenho descurado este último tipo de justificação, o de crer num deus porque se sente esse deus. A última vez que me lembro de ter discutido isto foi há uns anos, com o Alfredo Dinis (1), para apontar o problema de uma mera sensação não servir para fundamentar os dogmas religiosos. Uma coisa é entrar numa igreja e sentir a presença de alguém que não se vê. Outra bem diferente é sentir que se trata de Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e Jesus Cristo, gerado do Pai antes de todos os séculos, da mesma substância do Pai, que encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, foi crucificado, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia e assim por diante. Não é plausível que uma sensação seja tão específica e detalhada. Mas há outros problemas.

O primeiro é que umas pessoas dizem sentir que existe um deus enquanto outras não sentem nada disso. Mesmo entre as que sentem não há consenso acerca de que deuses sentem ou quantos são. Sentir um deus é como ver auras. Há quem diga que vê auras coloridas à volta dos outros, conforme a personalidade ou estado de espírito mas, além de muita gente não ver aura nenhuma, aqueles que as dizem ver divergem nos detalhes que relatam. Assim, o mais razoável é explicar essas alegações por factores psicológicos ou sociológicos em vez de concluir que existem mesmo as tais auras. Com os deuses é a mesma coisa.

Em segundo lugar, mesmo sensações consensuais podem ser enganadoras. Por exemplo, qualquer pessoa verá luzes se fechar os olhos e os esfregar com força. Isso não prova que haja luzes dentro dos olhos. É apenas a forma do cérebro interpretar os impulsos provenientes dos neurónios da retina. Também é comum ter sonhos como o de um cão a morder-nos o braço e acordar em cima do braço dormente. Não por culpa do cão mas por uma fantasia do cérebro adormecido a interpretar os sinais nervosos do braço. Se bem que seja sempre pelos sentidos que apreendemos a realidade que nos rodeia, não é prudente saltar para uma conclusão com base apenas num tipo de experiência, sem confirmação independente. Nem nos raptos por extraterrestres, nem nos demónios e fadas e nem em deuses. Devemos confiar na confluência consistente de indícios em vez de confiar de imediato em sensações isoladas. O chavão “ver para crer” assume, incorrectamente, que se eu vir um elefante cor de rosa a esvoaçar à minha volta devo concluir que existem elefantes voadores cor de rosa mas o mais sensato, numa situação dessas, será consultar um neurologista.

Finalmente, a nossa percepção é fortemente influenciada pelas nossas expectativas. A comunicação entre o sistema nervoso periférico e o sistema nervoso central é bidireccional, muitas vezes até com mais informação do cérebro para os sentidos do que destes para o cérebro, o que condiciona muito o que os nossos sentidos nos dizem. Por exemplo, nas semanas a seguir à morte do meu pai vi-o várias vezes na rua e nos transportes públicos. De vez em quando, ao cruzar-me com alguém mesmo levemente parecido com o meu pai, o cérebro pregava-me essa partida e, por momentos, era a ele que eu via. Não é nada estranho que haja histórias de fantasmas em todas as culturas humanas, ou que haja quem alegue ter visto o Sol a rodopiar quando, movido pela fé, foi à Cova da Iria determinado a ver milagres. Também não é estranho que quem queira muito acreditar que um deus existe acabe por conseguir sentir a presença desse deus.

Sentir que um deus existe pode ser justificação suficiente para o crente. Aderir ou não a uma religião é uma opção subjectiva e nisso conta o que cada um quiser. Mas, dado o contexto e a falta de indícios independentes que o confirmem, não é evidência para a existência de Deus.

1- Experiência religiosa.

12 comentários:

  1. António Parente,

    « É por causa de posts como este que acabas de escrever que eu digo que não compreendes o fenómeno religioso e duvido que alguma vez o compreendas.»

    E, se isso for verdade, é por causa de comentários como o teu que não compreendo. Porque só se limitam a dizer que eu não compreendo sem explicar coisa nenhuma... É claro que é mais plausível a alternativa de que não explicam porque não há nada mais para compreender.

    «Nas tags colocaste "cepticismo". Não me pareces ser um "céptico". Estou firmemente convencido que tens a certeza absoluta que não existe Deus.»

    Como já expliquei várias vezes, todas as minhas certezas são relativas. Não tenho certezas absolutas (e estou relativamente certo disso).

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  2. Se o Ludwig pensa nisso como se fosse parte do seu trabalho (o Ludwig é cientista), como me tem parecido que pensa, então ele tem certamente dúvidas. Tanto como eu tenho dúvidas relativamente à hipótese malária, mas no entanto, penso que pelos dados é muito mais provável que esta corresponda à realidade do que o contrário.

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  3. António Parente,

    «Na minha opinião, e é essa a imagem que tenho de ti, é que não tens dúvidas absolutamente nenhumas sobre a existência de Deus. É um assunto que já tens resolvido há muito tempo na tua mente. Não se escreve com a convicção que escreves quando se tem dúvidas.»

    Depende do que queres dizer com ter dúvidas.

    Se queres dizer ter evidências em contrário que justifiquem, apesar de defender uma posição como mais plausível, acautelar-me para o caso de estar enganado, então não tenho dessas dúvidas. Tal como não tenho dúvidas, nesse sentido, da inexistência de bombas, tigres ou cobras venenosas cá em casa – se tivesse, nesse sentido, tomaria medidas imediatas por precaução – também não tenho dessas dúvidas acerca da inexistência de Thor, Odin, Osiris ou Jeová.

    Se por “ter dúvidas” queres dizer simplesmente admitir a possibilidade de estar enganado e, por isso, de mudar de ideias se surgirem dados que o justifiquem, então tenho sim. Se vir um tigre, uma bomba ou uma cobra cá em casa, ou se houver algum indício concreto de existir algum deus, claro que mudo de ideias.

    É por isso que tenho certeza acerca destas coisas – neste momento não vou fugir de casa com medo de tigres – e é por isso que a certeza não é absoluta. É relativa aos dados que neste momento disponho e pode ser revista se for necessário.

    E tu? Achas que poderá haver evidências que te convençam de que o teu deus, afinal, não existe, ou estás disposto, em vez disso, a rejeitar quaisquer evidências nesse sentido como um mero teste à tua fé, e disposto a perseverar na tua crença aconteça o que acontecer?

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  4. É evidente que o Ludwig nunca teve experiências religiosas. A partir daqui, tudo o que ele disser sobre religião e fé e religiosos e comportamentos religiosos, só pode ser entendido na perspetiva de quem tenta imaginar o que isso seja. É uma trivialidade, não é extraordinário. A primeira condição para falar com conhecimento de causa (e em religião e fé é disso que se trata) é ter a experiência. Pelos axiomas e as balas desviadas do papa e o dilúvio e os milagres, não se chega lá. Aliás, aparentemente, como o Ludwig diz e repete e repete e muito bem e muito bem, tudo aponta para uma espécie de ilusionismo e embriagamento, ou para um subjetivismo inconciliável das várias crenças. O Ludwig está carregado de razão, dentro daquilo que lhe é possível observar. Podia e devia era admitir que tudo isso pode ser muito pouco ou nada. O modo como as pessoas partilham e comunicam Deus não é semelhante ao modo como partilham uma experiência de laboratório. Mas isso não é, necessariamente, uma fonte de controvérsia. Está fora de questão que alguém traga Deus no bolso ou numa frase. ou dentro de uma garrafinha sob a forma de vacina ou veneno.
    E, no entanto,o Ludwig continua a perguntar sobre Deus do mesmo modo que pergunta sobre o big-bang. É capaz de admitir que podem ter existido uma infinitude de big-bangs na eternidade e que podem ter existido uma infinitude de humanidades na eternidade, mas não tem ideia sequer do que é infinitude, ou eternidade. Tudo aquilo que se afirma sobre Deus se baseia na revelação. Aqui joga-se tudo. Não há lugar para invenções. Quem se puser com efabulações e paráfrases continua, mesmo assim, a respirar por aquele canal da revelação. Se alguém quiser ser diferente, mais criativo, bem, aí, experimente inventar Deus, ou desinventá-lo. E é porque a ciência não inventa nada, e péla-se toda de poder cair em inventos, que não se ocupa de Deus. Mas ocupa-se da revelação. Muito. Há séculos. E o que é que o Ludwig nos diz sobre essa ciência? Vejam como fala de teologia.
    A palavra cientista e seus aparatos servem demasiadas vezes a publicidade enganosa.

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  5. Se calhar a religião está no tal domínio das paixões da alma que ou se sente ou não se sente.

    Há quem tenha uma profunda experiência no futebol, outros a verem uma obra de arte, outros numa determinada música.

    E isto, como todas as paixões da alma, ou se sente ou não se sente.

    Santa Teresa, vide a estátua de Bellini , sentia-a.

    Eu e o Ludwig não sentimos uma emoção por aí além com uma experiência religiosa.
    Se calhar sentimos igual arrebatamento noutras coisas.

    Penso que esta capacidade dependerá de muitos factores: educação, genética e sabe Deus qur mais.

    Como experiência emocional e íntima é impossível de descrever com precisão.

    Para isso é que foi feita a arte....

    A parte um bocado disparatada da religião é pretender passar o que é uma paixão da alma para o lado do conhecimento objectivo.

    A melhor cantora de todos os tempos é, foi e será a Callas. Ponto.

    Ninguém me consegue despoletar uma experiência íntima parecida com a Callas.

    Será profundo disparate tentar demonstrar que ela foi a melhor cantora de sempre.

    E nem é necessário.

    A Callas é a maior. E isto é um valor absoluto e imutável. ..

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  6. António Parente,

    « Aliás, escreveste uma vez, não me lembro se num post ou num comentário, que se Deus existisse não entraria em tua casa de qualquer maneira.»

    Estás, como é costume nestas conversas, a confundir duas coisas diferentes.

    Uma é a questão de facto de se existe ou não existe um ser inteligente que tenha deliberadamente criado este universo. A outra é a questão de valor de se devemos, caso esse ser exista, de o adorar, louvar o seu nome e orar para que nos ajude. Acerca da primeira, sendo uma questão de facto, estou sempre aberto a evidências que me façam mudar de ideias, visto que, para mim, só faz sentido ter acerca dos factos crenças que lhes correspondam adequadamente.

    Acerca da segunda, logo se vê. Se esse ser realmente existe, logo vejo se me dá para o adorar mas, neste momento, não estou para aí inclinado. Nota, no entanto, que esta será uma decisão subjectiva e pessoal.

    O grande problema nestas conversas vem das pessoas que primeiro optam, por razões subjectivas, por adorar esse hipotético ser e depois, por isso, concluem que realmente existe. Isso é um disparate.

    «Quanto à tua pergunta, se conhecesses a minha vida não precisarias de a fazer.»

    Claro. Mas não conheço a tua vida, e as tuas respostas também esclarecem pouco. Por evidências não quero dizer técnicas de persuasão mas mesmo evidências.

    Por exemplo, supõe que os arqueólogos encontravam o corpo de Jesus, de Maria, de José e de um vizinho deles, e que demonstravam cabalmente que, além de nenhum destes ter ascendido aos céus, Jesus era filho de Maria e do vizinho. Imagina também que descobriam que Jesus tinha irmãos mais velhos, filhos de Maria também. Supõe que isto tudo era determinado com enorme confiança com recurso a tecnologias que ainda não temos, mas que se descobriam entretanto. Ou seja, imagina que a evidência contra a doutrina católica da morte e ascenção de Jesus, da ascenção de Maria, da virgindade de Maria e afins era tão forte ou ainda mais forte do que a evidências contra a Terra ter só dez mil anos de idade.

    A minha questão é se verias isso como justificação para mudares de crença ou se vias isso como uma das tais dúvidas que consideras fazer “parte do caminho da fé” e que te competeria lutar por ignorar para que continuasses a crer exactamente no mesmo.

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  7. Carlos Soares,

    «É evidente que o Ludwig nunca teve experiências religiosas. A partir daqui, tudo o que ele disser sobre religião e fé e religiosos e comportamentos religiosos, só pode ser entendido na perspetiva de quem tenta imaginar o que isso seja.»

    Eu nunca estive em coma alcoólico. No entanto, aquilo que posso concluir e afirmar, suportado pelas evidências científicas, acerca dos efeitos e perigos desse tipo de bebedeira não deve ser entendido apenas na “perspectiva de quem tenta imaginar o que isso seja”. Isto porque não estou a tentar imaginar. Estou a considerar, objectivamente, o que é e que consequências traz.

    A tua crítica seria adequada se o deus a que te referes fosse exclusivamente a experiência subjectiva. Nesse caso só poderíamos falar da experiência em si. Mas, presumo, defendes a hipótese de que quando alguém sente Deus está mesmo a sentir um ser que é real e independente da sensação. Nesse caso, é necessário considerarmos todos os indícios e explicações alternativas para essa experiência que pode, à partida, surgir por haver mesmo um deus mas também pode surgir por processos neurológicos desligados de qualquer divindade.

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  8. Ludwig,

    "Tag : cepticismo"

    Reclamar cepticismo em relação à vivência religiosa é anedótico. O cepticismo só tem sentido e função sobre afirmações relativas a realidades tangíveis.

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  9. Nuno Gaspar,

    Se leres o post até ao fim perceberás que o problema principal aqui abordado não é a "vivência religiosa" em si mas a tese de que essa vivência é evidência de que existe realmente algum deus.

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  10. Ludwig,
    Não faz sentido discutir a evidência da existência ou inexistência do que, por definição, não tem descrição objectiva evidente. Fazes apenas um relato de como é a tua própria vivência religiosa. A ironia é quereres transformar essa tua própria vivência uma evidência científica. Nada mais próximo da religião medíocre.

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  11. Claro que Deus não é uma evidência, porque se o fosse, não haveria crentes e descrentes, como sempre houve e há-de continuar a haver. Aquilo que é evidente para uns não é para outros, portanto, por aí não vamos lá. Também não vamos lá com a dialética agumentativa, porque a um qualquer argumento pode contrapôr-se outro e a conversa nunca mais acaba, porque se repete e volta a repetir o mesmo, cada vez sofisticando mais os argumentos. Ludwig, então, é perito nessa arte de enrredar, baralhar e voltar ao princípio. Como em tudo na vida não interessa a quantidade mas a qualidade. Os crentes cristãos só têm 1 argumento e isso lhes basta. Como se explica que os discípulos, homens frágeis, ignorantes e até rudes, e, ainda por cima desiludidos, destroçados e cheios de medo após a morte do Mestre, como se explica, que de um dia para o outro, passem a dizer que Ele está vivo, sabendo que toda a gente o tinha visto morto e enterrado? Porquê? Como se poderia ter implantado o Cristianismo se não fosse isso?

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  12. Para os ateus deve ter interesse a trajectória pessoal e intelectual de Anthony Flew.

    Durante a sua vida de estudante e professor de filosofia privou com alguns dos mais célebres filósofos, cientistas e intelectuais (v.g. Ludwig Wittgenstein, Bertrand Russell, C. S. Lewis) ateus e cristãos, em diálogo com os quais desenvolveu os seus argumentos ateístas.

    Ao longo de cerca de seis décadas defendeu ferozmente o ateísmo em livros, artigos, palestras e debates. Ele conhecia os argumentos de ateístas tão diversos como David Hume ou Bertrand Russell, argumentos esses que desenvolveu, aprofundou e sofisticou.

    Recentemente, porém, algo aconteceu. Anthony Flew, que teve sempre o mérito de manter uma mente aberta e seguir a evidência onde ela conduzisse, tornou-se teísta.

    O que é interessante, considerando que se estava perante um defensor empedernido do ateísmo.

    Como ele próprio diz, a sua mudança não se ficou a dever a uma experiência religiosa de qualquer tipo, antes foi um evento exclusivamente racional.

    Anthony Flew explica, no seu recente livro “There is a God” (existe um Deus), as razões que o fizeram reconsiderar a sua posição.

    Sem quaisquer desenvolvimentos, podemos sintetizá-las em alguns pontos:

    1) a existência de leis naturais no Universo corrobora uma criação racional;

    2) a sintonia do Universo para a vida corrobora uma criação racional;

    3) a estrutura racional e matemática do Universo corrobora uma criação racional;

    4) a existência de informação semântica codificada nos genomas corrobora uma criação racional.

    Com base nestes argumentos, e principalmente no último, Anthony Flew considera agora não apenas que a posição teísta é verdadeira, mas que ela é cientifica e racionalmente irrefutável.

    Embora Anthony Flew não se tenha convertido a Jesus Cristo, ele confessa que se há alguma religião digna de consideração séria, é o Cristianismo, com as figuras centrais de Jesus Cristo e do Apóstolo Paulo. Se Anthony Flew ousasse considerar seriamente a mensagem cristã, iria ver que ela tem muito a dizer sobre astronomia, astrofísica, biologia, genética, geologia, paleontologia, etc., e que em todas essas disciplinas abundam evidências que a corroboram.

    É interessante o percurso de Anthony Flew.

    Ele chegou a uma conclusão a que muitos outros já haviam chegado antes: a presença de informação codificada no genoma é evidência clara da existência de uma realidade imaterial, espiritual e mental para além da matéria, da energia, do tempo e do espaço.

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