segunda-feira, janeiro 01, 2007

Monstruosa Obsessão

 No seu blog «Crítica da Razão Moderna», o António Parente escreve que

«Há uma obsessão anti-religiosa por parte de algumas pessoas que pensam, na sua cegueira, que a Igreja Católica os obriga a fazer o que não querem nem desejam. [...]Ser católico implica respeitar as diferenças para as outras religiões, respeitar os não crentes[...]» (1)

É irónico um blog com este nome não permitir comentários, por isso aqui vai no meu, caso o António ainda cá venha. Em primeiro lugar, penso que o António está enganado na sua definição. Os meus filhos (têm 5 anos) uma vez no infantário disseram que deus não existe, e uma educadora disse-lhes para não dizerem disparates. Quando foram entregar brinquedos à igreja, agora pelo natal, o padre fê-los cantar uma canção de Jesus, deu-lhes um longo sermão a dizer que dar brinquedos aos pobres é o mesmo que dá-los a Jesus (mas não explicou o que um deus todo poderoso vai fazer com brinquedos em segunda mão), e no fim tiveram todos que beijar um boneco do menino nas palhinhas. Além de pouco higiénica, esta idolatria não respeita os não crentes.

Os católicos não respeitam os não crentes da mesma forma como respeitam os crentes. Estou certo que se os meus filhos fossem hindus ou muçulmanos a educadora não tinha dito que Vishnu ou Allah era disparate, nem os tinham posto a beijar o boneco.
Concordo com o António que em Portugal não nos forçam a ser religiosos:

«Nunca vi, de dia ou de noite, nenhum membro do clero impedir um casal de fazer amor dentro de um carro [...] Também nunca vi ninguém algemado num confessionário a ser confessado à força nem vi ninguém ser arrastado, ao som do chicote, para a missa dominical.»

No entanto, isto abona mais a favor da laicidade que da religião, pois, onde podem, é isso mesmo que os religiosos fazem. Felizmente, o estrangeiro é longe... Cá, o que me estorva mais é a desonestidade. É desonesto afirmar que se sabe apenas por se crer. Se eu disser que um vizinho rouba carros apenas porque acredito, sou difamador. Se conduzir munido apenas de fé nas minhas capacidades, multam-me. Se estiver profundamente convicto que sou um neurocirurgião, não é por isso que me deixam operar. É absurdo dar legitimidade a quem diz que sabe o que é deus, quantos deuses existem, ou o que querem de nós, apenas pela fé que têm. É treta.

1- António Parente, 27-12-06, O monstro da obsessão anti-religiosa

6 comentários:

  1. " É irónico um blog com este nome não permitir comentários " ???

    Eu escreveria assim:

    " É irónico um blog não permitir comentários "

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  2. «No entanto, isto abona mais a favor da laicidade que da religião, pois, onde podem, é isso mesmo que os religiosos fazem.»

    Onde e QUANDO.
    Nós não temos apenas a experiência do clero na Arábia Saudita e noutros lugares a fazer isso mesmo. Temos também a experiência do clero neste cantinho beira mar plantado a comportar-se dessa forma enquanto lhe foi dada essa possibilidade.
    O clero, nem faz 100 anos, esteve contra o casamento civíl, e contra o divórcio nestes casamentos. Coisas do passado? Basta olhar para Malta para ver que não... Se não fosse a entrada recente na UE, se calhar ainda hoje os seus habitantes não se poderiam divorciar.

    Excelente artigo!

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  3. Caro Krippmeister,

    o melhor humor e o mais inteligente, é o simplista, como o demonstrou agora;)

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  4. Caro Ludwig

    Mantenho a decisão de não inserir comentários no seu blogue porque não quero que depois apareçam nos seus posts publicados no Diário Ateísta.

    Em relação à não abertura de comentários nos meus blogues, tenho dois blogues e num deles os comentários são permitidos. No entanto, não tenho intenção de entrar em diálogo com ninguém por falta de tempo disponível.

    Se estiver interessado nos meus comentários sobre o que escreveu, volte ao blogue onde leu o post, daqui a uns dias, e poderá ler uma breve resposta. Não lhe prometo uma data de publicação mas deixarei aqui um recado avisando-o, para lhe evitar a maçada de andar a passear por lá inutilmente.

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  5. Ludwig,

    Não entendo esta histeria em torno dos comentários. Vejo que o António tem permitido a troca de ideias.
    O termo blog é diminutivo de "weblog", que no fundo, significa "registo na rede". Por outras palavras, uma espécie de "diário" na Internet. Não tem que ter comentários. Não é irónico nem estranho. O blogue é uma forma perfeitamente legítima de alguém poder partilhar ideias e textos com outras pessoas, mas nada obriga um blogue a ser simétrico, ou seja, a permitir que os seus leitores partilhem o que pensam.
    Durante muito tempo, o meu blogue não teve comentários. Eu recebia-os por email. Hoje tenho comentários, mas por vezes tenho que os apagar porque não passam de ruído ou de insultos. Simplesmente, não entendo porque razão se há-de fazer da ausência de comentários algum ponto frágil no que diz respeito às ideias do António...

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