tag:blogger.com,1999:blog-29251019.post116672824743836842..comments2024-03-23T14:41:42.801+00:00Comments on Que Treta!: A tradição já não é o que era (mas anda lá perto)Ludwig Krippahlhttp://www.blogger.com/profile/12465901742919427145noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-29251019.post-91412696422321340082007-02-28T17:56:00.000+00:002007-02-28T17:56:00.000+00:00Acima:"[...] mas visualizar um cristianismo tirâni...Acima:<BR/>"[...] mas visualizar um cristianismo tirânico a tomar os templos de assalto, contra tudo e contra todos, e massacrando quem se opusesse a tal assalto [...]"<BR/><BR/>Ei, assim foram as cruzadas!<BR/>heheAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-29251019.post-1167128649987671332006-12-26T10:24:00.000+00:002006-12-26T10:24:00.000+00:00Ludwig,Espero que tenha tido um bom Natal!Eu, sinc...Ludwig,<BR/><BR/>Espero que tenha tido um bom Natal!<BR/>Eu, sinceramente, não vejo nada que se pareça com usurpação. A adesão dos antigos praticantes dos cultos pagãos ao cristianismo foi lenta, mas a partir de certo momento, decidida e entusiástica. O cristianismo "pegou" e os cultos romanos simplesmente morreram.<BR/>A minha visão da coisa é a de que tais cultos estavam moribundos já há séculos, e que o cristianismo apenas deu um pequeno empurrão a um edifício que estava já em ruínas.<BR/>O próprio politeísmo formal, que muitos julgam ser a característica fundamental dos cultos romanos, é disso exemplo: quando o politeísmo surge, é sinal de que uma degeneração intelectual já fez perder de vista o princípio unificador. É certo que ainda tinham Júpiter, mas a sua figura estava longe de ter um significado metafísico profundo e unificador. O politeísmo era a evidência mais clara de que os cultos romanos estavam degenerados em simples superstição.<BR/>Por isso, o cristianismo não "usurpou" (ou seja, não roubou) nada. As datas e os símbolos, os que verdadeiramente eram universais (os festejos nos solstícios são universais), só podiam ser adaptados à nova realidade cristã.<BR/>Vejo a troca da religião pagã para o cristianismo como um fenómeno natural, a passagem de um testemunho.<BR/>Para mais, quem estuda História sabe bem que isso de "roubos" de ideias é sempre um pouco especulativo. Parece "conspiratório", uma elite cristã a roubar simbolismo à descarada. Porquê desprezar a adesão entusiasta das populações aos novos ritos?<BR/>É evidente que os primeiros líderes cristãos tinham pela frente populações acostumadas a ritos antigos. <BR/>Em Portugal, quando se deu a cristianização, tínhamos um legado celta riquíssimo.<BR/>O que era universal, reutilizou-se com novas roupagens. O que não era, perdeu-se.<BR/>Isto parece-me perfeitamente natural!<BR/>Não estou a discordar só por discordar, Ludwig, mas visualizar um cristianismo tirânico a tomar os templos de assalto, contra tudo e contra todos, e massacrando quem se opusesse a tal assalto, parece uma cena de fantasia digna de Ron Howard, nessa pérola documental que é o filme "O Código da Vinci"...<BR/><BR/>Lá também se vê um "imaginativo" ódio zeloso cristão anti-pagão, que curiosamente, foi invertido, uma vez que o ódio zeloso começou por ser pagão e anti-cristão. Quem morreu nas arenas?<BR/><BR/>No fundo, soa-me a revisionismo essa ideia de que os cristãos são ladrões de símbolos. Eu vejo as coisas de outro modo. A reutilização de alguns símbolos antigos das religiões decadentes é feita no final de um longo processo, e apenas quando surge uma hierarquia espiritual da nova religião autorizada e sancionada pelo poder temporal. Mas antes disso, era preciso que a nova religião fosse tolerada (fosse legal). E antes disso, era preciso que a nova religião fosse desejada por muitos romanos de vários estratos sociais. E antes disso, foi preciso que muitos cristãos morressem por entre os dentes de animais selvagens para causar frémito suficiente para converter muitos ao cristianismo...<BR/>Por muito entusiastas que sejam os jacobinos defensores da ideia da "tirania cristã" ou do "obscurantismo cristão", pura propaganda terrorista, a verdade é que o cristianismo, mesmo para um ateu que o veja como falso, deve ser defendido como a mais genial ideia da intelectualidade ocidental!<BR/>É esta a opinião de várias pessoas cultas mas não cristãs (recordo-me neste momento de Umberto Eco).<BR/>Para o crente, "calha" ainda que a ideia genial de Cristo, mais do que uma boa ideia, seja sobretudo a Verdade, o que convenhamos, é muito mais fascinante! ;)<BR/><BR/>Um abraço,Espectadoreshttps://www.blogger.com/profile/02138114053443174670noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-29251019.post-1166783692810860252006-12-22T10:34:00.000+00:002006-12-22T10:34:00.000+00:00Caro Bernardo,Não sou cego nem desinteressado pelo...Caro Bernardo,<BR/><BR/>Não sou cego nem desinteressado pelo simbolismo, mas vejo-o como é: não algo que revela um aspecto da realidade, mas uma racionalização a posteriori para moldar a percepção.<BR/><BR/>Usei o termo usurpação precisamente por aquilo que o Bernardo aponta: manter as datas e os festivais e alteraram a tradição duma cultura para dar lugar a outra.<BR/><BR/>É isto que a notícia apontava como ilegitimo, sendo por isso uma usurpação, e é o mesmo que aconteceu há uns 1600 anos.Ludwig Krippahlhttps://www.blogger.com/profile/12465901742919427145noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-29251019.post-1166781355799961902006-12-22T09:55:00.000+00:002006-12-22T09:55:00.000+00:00Ludwig,Os festejos do solstício, na cultura romana...Ludwig,<BR/><BR/>Os festejos do solstício, na cultura romana, eram indissociáveis do culto a Janus, uma divindade de que se fala pouco, mas que dá o nome ao mês de Janeiro. O "deus das duas faces", uma delas a olhar para o passado e outra para o futuro. Uma delas na direcção da luz que cresce (solstício de Inverno) e outra a olhar para a luz que decresce (solstício de Verão).<BR/>O Ludwig fala em "usurpação cristã"?<BR/>Uma religião que manteve as datas das festividades romanas? Que associou a luz solar do culto do Imperador (o "Sol Invictus") à luz da revelação do "logos" Jesus Cristo?<BR/>Apenas uma nota, que os cépticos verão com desinteresse, cegos como estão ao simbolismo e às suas mecânicas.<BR/><BR/>S. João Baptista é celebrado a 24 de Junho (em cima do Solstício de Verão) e S. João Apóstolo e Evangelista a 27 de Dezembro (em cima do Solstício de Inverno).<BR/><BR/>O "Baptista", o precursor de Cristo. As "trevas" antes da chegada da "luz" que é Cristo.<BR/>O "Evangelista", o último dos autores sacros. Quem também escreveu o "Apocalypsis", ou seja, a "revelação" do fim dos tempos. <BR/><BR/>Um abre o ciclo revelador de Cristo.<BR/>O outro fecha-o.<BR/>O simbolismo é poderoso e reinventa-se continuamente.<BR/>Fico sempre perplexo quando vejo leituras superficiais deste tipo de matérias. Não sei se leu a tristeza que é o artigo da última revista Sábado acerca de Deus?<BR/>A ignorância está à solta...<BR/><BR/>Toda e qualquer religião, quando se afirma socialmente sobre uma religião extinta ou em vias de extinção, procura adaptar os locais (espaço) e os rituais (tempo) do culto antigo para fazer o novo culto.<BR/>Onde o ignorante vê um "roubo" do património extinto, o sábio vê a reutilização do valor sacro intrínseco dos lugares e dos rituais. O Portugal profundo ainda guarda a memória (por vezes viva) de ritos celtas cristianizados. O final de uma religião a caminho da extinção deixa sempre para trás uma sacralidade latente que qualquer religião consciente quer aproveitar para propulsionar o novo culto.<BR/>Quando a "Hagia Sofia", em Istambul, deixou de ser cristã com a ocupação turca no século XV, em vez de se demolir o maravilhoso templo (o que seria uma decisão animal), transformou-se esse templo em mesquita...<BR/><BR/>Um abraço e Bom Natal!<BR/>Cristo, quando nasce, é para todos! ;)Espectadoreshttps://www.blogger.com/profile/02138114053443174670noreply@blogger.com