terça-feira, agosto 11, 2015

Treta da semana (passada): a mulher barbuda.

José António Saraiva escreveu um texto no jornal Sol que intitulou com uma pergunta: «As referências estão a desaparecer?»(1) Felizmente, podemos invocar aqui a lei de Betteridge e responder de imediato (2). Não. Arrumada a questão inicial, passemos à tese de Saraiva: «o cimento de uma comunidade é um conjunto de princípios e de normas, umas escritas, outras não, que toda a gente aceita naturalmente e sem discussão.» Sempre assim foi e sempre deveria ser. Mas, infelizmente, «hoje as calças compram-se manchadas e rotas, as camisas usam-se com a fralda de fora, certos penteados tentam imitar os cabelos despenteados. Há uma vontade notória de desafiar as regras.» Mancha puxa fralda, fralda puxa cabelo despenteado e, sem darmos pela coisa, já andam homens a casar com homens e é tudo uma pouca vergonha: «é precisamente aqui que começa a ficar em perigo o tal conjunto de regras comummente aceites sem as quais a vida em sociedade se torna impossível. Quando começamos a questionar tudo, a pôr tudo em causa, a comunidade fica em perigo [e] inicia-se o processo contrário: a desidentificação com o próximo e a desagregação do grupo.»

Nisto Saraiva tem alguma razão. As regras que todos aceitam sem questionar são importantes para manter o grupo unido pelos ideais que todos se esforçam por atingir. Consideremos um exemplo, entre muitos. Farkhunda Malikzada tinha 27 anos, estudava lei islâmica e ensinava crianças como voluntária em Kabul. Um dia, depois de ter ido rezar, criticou um mulá que vendia papeis com versos do Corão às mulheres que passavam, alegando que davam sorte. O homem desatou a gritar que Farkhunda era uma americana disfarçada e que tinha queimado o Corão e uma multidão espancou-a até à morte, arrastou o seu corpo duzentos metros e atirou-o ao rio (3). É impossível não dar razão a Saraiva. Quando ninguém no grupo questiona as «regras comummente aceites», o cimento que os une é mesmo muito forte. O problema é que, assim, vivem enterrados no cimento.

A sociedade não deve ser uma prisão nem nós brita na argamassa. A sociedade deve ser um conjunto vivo de interacções, evoluindo e contribuindo para a plena realização de cada pessoa. E isto é impossível se vivermos tão colados uns aos outros que ninguém consiga sequer pensar. Questionar é fundamental, porque ninguém encontra respostas se não puser perguntas. Questionando, percebemos que, se obrigamos todos a andar com a fralda de fora, contrariamos os que preferem a camisa enfiada nas calças e, se obrigarmos o contrário, incomodamos os restantes. Mas, se deixarmos cada um usar a sua camisa como entender, toda a gente fica feliz. Não é uma solução que sirva para tudo. Não podemos deixar cada um roubar o que quiser ou violar quem lhe apetecer. Mas podemos deixar que todos troquem bens e serviços livremente ou que tenham sexo com quem quiserem ter, exigindo apenas que o façam com o consentimento informado dos participantes. Há muitas coisas que não é preciso colar com cimento.

Saraiva lamenta que «se está a construir uma sociedade em que já nada é consensual, em que tudo se contesta, em que tudo se permite, em que nenhuma regra é aceite sem polémica.» Ainda não. Infelizmente, ainda há muito que se aceita sem a polémica devida. Mas seria bom que tudo se contestasse, porque contestar exige uma coisa importante que é desencorajada na passividade saudosa dos ideais de Saraiva. Exige pensar. E mesmo que o desuso tenha feito Saraiva esquecer isto, pelo menos deve reconhecer que é graças à contestação e à polémica que pode dizer mal dos rotos e desfraldados sem arriscar que umas centenas deles o espanquem até à morte e o atirem ao rio.

Saraiva começa o texto aludindo à «figura grotesca da mulher com barba [que] baralha-nos todas as referências - e a intenção seria mesmo essa: baralhar-nos, confundir-nos.» Faz-me lembrar a minha bisavó. Duas coisas dela guardo vivamente na memória. Os pêlos pretos do buço e do queixo, e a sua personalidade. Era uma mulher inteligente, calma, tolerante e tão boa que ninguém podia senão gostar dela. Saraiva teve azar em lhe faltar uma mulher barbuda assim. Tinha perdido o medo de correr pela relva e agora não andava a chorar por mais cimento.

1 - Sol, As referências estão a desaparecer?
2 - Wikipedia, Betteridge's law of headlines: «Any headline that ends in a question mark can be answered by the word no
3 - BBC, Farkhunda: The making of a martyr

23 comentários:

  1. O questionar e o contestar são árduas tarefas, que requerem competências muito complexas e não são possíveis ao mero capricho, nem aos pusilânimes. A liberdade, sem a coragem e o trabalho de questionar e de contestar, é uma figura mais ou menos emblemática, mas de uma inocuidade que, com o tempo, se torna contraproducente. Estou a pensar em tantas situações, dentro das empresas e das instituições do Estado, nas quais os trabalhadores, "por definição", são livres mas não ousam abrir a boca, porque a desvantagem em fazê-lo é notória. Questionar "chefes", por exemplo, pode ser como cometer um sacrilégio. Criticá-los, é pedir um despedimento. É assim que a sociedade, maioritariamente, está organizada. A todos os níveis.
    Alguém lamentar que o seja pouco e pretender que o fosse mais é que é lamentável e seria perigoso se o nosso tempo não fosse um tempo de "não retorno" às escravidões tradicionais impostas pelos senhores do dinheiro (e do poder).
    Novas escravidões se anunciam, e não há escravidões melhores, mas há que destruir (abolir) a escravidão (dos homens e dos animais). Tudo e todos os que contribuam para isso estarão a construir o futuro.
    E há também as "novas vassalagens", o senhor feudal e os vassalos...
    Todos precisamos de refletir, de questionar e de contestar o que vai acontecendo a grande velocidade como se os factos gravíssimos fossem ficção desinteressante e enfadonha. Por exemplo, os países desenvolvidos e ricos, mais uma vez, estão a ficar muito mal na fotografia. E não é por distração.
    Precisamos de questionar que mundo é este em que os Estados apostam na destruição e ruína dos outros (mais fracos e pobres). Não são estes que apostam na destruição e ruína daqueles.
    E precisamos de contestar muita coisa que está mal e que não se admite.
    As referências estão de pé e estão a dar resultados.
    Infelizmente, as referências, como em tantas outras coisas, só são seguidas e invocadas quando interessam.
    E os poderes são "perversos" e "viciados" quanto a isso.
    Espero que o mundo mude depressa e para melhor, ou seja, que acabem os domínios imorais e injustos dos "senhores" e a humilhação e vexame dos "outros".

    ResponderEliminar
  2. A indumentária pouco importa. Uma sociedade estará mais próxima da prodridão quando os princípios básicos da vida civilizada, como a presunção de inocência, são achincalhados continuamente por aqueles que, pela sua visibildade, deveriam ser exemplo de referência, como José António Saraiva. Quando estes se tornam profissionais da insinuação maliciosa e romanceiam velhacarias onde os cidadãos esperam ver notícias há razões para alarme.

    ResponderEliminar
  3. Esta questão das regras tem muito que se lhe diga.
    Entre as coisas mais interessantes que se podem encontrar na Bíblia, está um caso curioso em que Cristo desafia directamente a lei e está descrita em Mc. 2, 23-28, embora noutra passagem diga que veio para fazer cumprir a lei cf. Mt. 5, 17.

    A questão para mim é simples: as leis são boas se ajudam à sociedade e são más se atrapalham. Uma lei que não serve a sociedade é uma lei inútil, e por isso deve ser revogada. É essa a lição que tiro do "Sábado para o Homem" em vez do "Homem para o Sábado", em que Sábado aqui significa a lei.

    Este é um dos aspectos mais importantes quando deixamos que os dogmas dominem a sociedade. É mais um ponto a favor de uma sociedade sem religião, ou seja, sem dogmas. É melhor uma sociedade em que tudo pode ser posto em causa, do que uma sociedade em que há coisas que são demasiado sagradas, e que por isso são temas tabu.

    Para mim, o único tema tabu é existirem temas tabu. Nada é assim tão fora deste mundo que mereça tal distinção.
    Do debate e do confronto de ideias é que a sociedade avança. Foi graças aos dogmas que a sociedade esteve essencialmente parada desde o séc. V até ao séc. XV: são mil anos de obscurantismo, dogma e atraso.

    ResponderEliminar
  4. Cristo veio cumprir o espírito da lei e não a sua letra. Como ele próprio disse: a letra mata, mas o espírito vivifica. Ele também disse, o Sábado foi feito para o Homem e não o Homem para o Sábado. Por outro lado, Cristo, sendo Deus eterno, veio sofrer o castigo devido a todos nós pela violação da lei de Deus, para nós podermos ser perdoados e salvos pela graça.

    Como o Apóstolo Paulo disse:"Pela graça sois salvos, por meio da fé. Isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie". Efésios 2:8

    P.S.

    Volto a partilhar uma notícia sobre a recente descoberta de uma estrutura de galáxias quantizadas, com 5 mil milhões de anos luz de extensão e à mesma distância da Terra, o que refuta o princípio cosmológico (ou comperniciano) da teoria do Big Bang e demonstra a existência de ordem e estrutura no Universo, corroborando a doutrina bíblica da Criação.

    O que eles dizem:

    "They appear to be at very similar distances from us -- around 7 billion light years -- in a circle 36° across on the sky, or more than 70 times the diameter of the Full Moon. This implies that the ring is more than 5 billion light years across, and according to Prof Balazs there is only a 1 in 20,000 probability of the GRBs being in this distribution by chance."

    E acrescentam:

    "If we are right, this structure contradicts the current models of the universe. It was a huge surprise to find something this big -- and we still don't quite understand how it came to exist at all."

    A Bíblia explica a origem dessa estrutura ordenada em Génesis 1.



    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Criacionista,

      Já agora em que é que esse artigo é contrário ao big bang? O artigo é sobre formação de galáxias e de estrelas e não da origem do Universo.

      Ainda bem que os modelos são postos em causa, chama-se a isso a ciência em acção. Sempre seria interessante ver o que acontece quando alguém coloca em causa as ideias do Génesis - hum... acho que já sei! são excomungados e/ou ameaçados de condenação eterna!... Lá se foi a cena de dar a outra face.

      Eu já tive oportunidade de escrever noutros posts que é mau misturar os assuntos: o que é que isto tem a ver com o tema do post?!?

      Eliminar
    2. Embora não pretenda continuar com este tema paralelo, deixo um link muito interessante sobre trabalhos científicos cujos autores tiveram que admitir falhas, erros e até plágios.
      http://www.wired.com/2015/08/yes-studies-get-retracted-thats-ok/
      e
      http://www.nature.com/news/2011/111005/full/478026a.html

      «It is reassuring that retractions are so rare, for behind at least half of them lies some shocking tale of scientific misconduct — plagiarism, altered images or faked data — and the other half are admissions of embarrassing mistakes.»

      Sempre gostaria que sempre que um líder religioso cometesse erros do mesmo género, viessem também para a praça pública retratar-se, ou melhor, que sentissem pressão pelos seus para que tal aconteça.

      Ainda me vêm falar de como a ciência sem religião não pode ter moral.

      Eliminar
  5. Muito interessante, do ponto de vista da visão bíblica do cosmos!

    Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes. (Salmos 148:3)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Criacionismo,

      Isso de "louvar o sol e a lua" não se chama cristianismo... Há muitas religiões que adoram/adoraram o sol e a lua, há até quem diga que Cristo é um exemplo de Deus Solar com o seu ciclo de aurora e ocaso, tal como Cristo renasce. Há muitos exemplos desses tipos de analogia nas religiões por todo o mundo.

      Eliminar
  6. O relato bíblico do dilúvio ganha interessa acrescido diante de <a href="http://www.livescience.com/51848-monolith-sicilian-channel.html >notícias como estas</a>.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Criacionismo,

      É ainda interessante ver que o artigo é sobre... glaciação, mudanças climáticas e subido do nível do mar. Em nada refere o dilúvio! De onde tirou tal conclusão?

      Outra coisa o artigo diz:«[...]Several features suggest the monolith was man-made, possibly by people living during the Mesolithic period about 10,000 years ago [...]». Parece-me um tanto mais antigo do que os 6000 anos desde o Génesis. Como explicar tal diferença? Ou será que o artigo tem coisas certas e outras erradas? Nesse caso, qual é o argumento distinguir umas das outras?

      Eliminar
    2. Os factos corroboram o dilúvio. A interpretação dos factos depende exclusivamente das prée-compreensões do autor do artigo. Quando lê um artigo científico o António Carvalho deve aprender a distinguir entre factos e interpretações e especulações.

      É sempre assim em todos os artigos científicos. Há que distinguir os factos realmente observados das interpretações dos mesmos.

      Os factos são iguais para todos. As interpretações variam de pessoa para pessoa, sendo que umas fazem mais sentido do que outras.

      Por exemplo, quando aparece um cadáver, uns irão dizer que foi uma morte natural, outros um acidente, outros ainda que foi um suicídio ou um homicídio.

      O mesmo facto admite diferentes interpretações. Diante disso, o melhor é adquirir a máxima informação sobre os factos e confrontar com eles e entre si as diferentes interpretações dos factosi, coisa que os evolucionistas não gostam de fazer, em muitos casos porque confundem a sua própria interpretação dos factos com os factos em si mesmos.

      Vou dar um exemplo em matéria de evoução. Um recente artigo mostra que uma espécie A é mais parecida com a espécie B nalguns partes do genoma e as espécies C e D noutras partes do genoma . Esses são os factos realmente observados.

      Os evolucionistas têm que admitir que esses factos complicam o estudo das relações evolitivas entre as diferentes espécies (termo usado aqui em sentido não técnico) e dificultam a identificação do respetivo antepassado comum.

      No entanto, para salvar a sua teoria diante dos factos, eles interpretam-nos como tendo resultado de uma evolução rapida das várias espécies e concluem que a "árvore da vida" evolucionista deve ser melhor descrita como o "arbusto da vida",

      Confrontados com esses mesmos factos observados, os criacionistas dizem que eles são inteiramente compatíveis com um Criador comum, como o descrito na Bíblia, que criou diferentes seres vivos na mesma semana aplicando princípios genético-informativos comuns às diferentes espécies, podendo isso ver-se ainda hoje nas semelnanças e diferenças nos respetivos genomas.

      Os mesmos factos, diferentes interpretações.

      Eliminar
    3. Criacionista,

      Outra vez essa ideia peregrina de "ciência observacional" e "ciência histórica"? Ainda não aprendeu que tal diferenciação não existe?

      «[...]Os factos são iguais para todos. As interpretações variam de pessoa para pessoa, sendo que umas fazem mais sentido do que outras.[...]»
      É por isso que é importante publicar em locais onde pessoas que realmente percebam do assunto possam analisar. Chama-se a isso revisão de pares. Algo que tanto quanto eu saiba, ainda nenhuma hipótese "criacionista" foi colocada para ser revista.

      «[...]No entanto, para salvar a sua teoria diante dos factos, eles interpretam-nos como tendo resultado de uma evolução rapida das várias espécies e concluem que a "árvore da vida" evolucionista deve ser melhor descrita como o "arbusto da vida"[...]»
      Só faz sentido procurar respostas quando não existe um modelo coerente e globalmente aceite. Sendo o modelo neo-darwiniano o mais aceite, e com múltiplas provas dadas, porque é que não se pode usar? Se no entanto, existir outro modelo que seja tão bom quanto o actual e que ainda consiga dar previsões e explicar factos que o modelo actual não consegue, então sim, deve-se mudar. Mas antes de mudar, é preciso ver se o novo modelo é tão bom como promete. Por exemplo, até chegar à teoria da relatividade geral, Einstein andou vários anos à volta de muitas outras soluções, mas nenhuma era boa, e sobretudo, não dava os mesmos resultados que a teoria da gravidade de Newton, que era o modelo corrente na época. Só quando deu resultados tão bons como a teoria anterior e ainda foi capaz de prever novos fenómenos é que a teoria da relatividade geral foi aceite. Não foi por causa de quem a fez, lembro que na altura, Einstein era uma personalidade só conhecida no meio académico e mesmo assim, com limitações...

      «[...]os criacionistas dizem que eles são inteiramente compatíveis com um Criador comum, como o descrito na Bíblia[...]»
      Eis que voltamos ao mesmo. Como é que prova que existiu um criador? Estava lá para ver, ou é assim porque a Bíblia diz que é assim? Que novos factos essa hipótese nos permite compreender? Que previsões essa hipótese faz, que possam ser validadas?
      Esquece-se que há 200 anos, as ideias criacionistas eras as mais aceites. No entanto, falharam os vários testes: o teste dos factos, o teste do tempo e sobretudo falhou porque não trás qualquer mais valia ao nosso conhecimento da natureza e dos processos naturais. A resposta é sempre a mesma: é assim, porque se não fosse assim seria de outra maneira, sempre a maneira que está na Bíblia.
      É por isso que ninguém leva essas ideias a sério.

      Eliminar
  7. A COSMOLOGIA EVOLUCIONISTA NO ESCURO

    Os evolucionistas acreditam na origem acidental da vida e da evolução das diferentes espécies, com crescente complexidade e conteúdo informativo, a partir de um suposto antepassado comum.
    Importa chamar a atenção para um ponto óbvio, mas muito esquecido: nem a origem acidental da vida nem a transformação de uma espécie noutra distinta e mais complexa foram observados em laboratório e no terreno, não passando de conjeturas evolucionistas.

    O que é que os leva a acreditar naquilo em que acreditam?

    Não é a observação científica, certamente. Esta apenas nos mostra diferentes géneros e diferentes espécies dentro deles em processos de mutação, variação, adaptação e seleção natural, dentro do género existente, partindo da informação genética do respetivo pool genético e, em muitos casos, degradando-a e destruindo-a.

    Mas as conjeturas evolucionistas não se ficam por aí.

    Elas estendem-se a todo o cosmos, dando origem a modelos de evolução cósmica do Universo e mesmo de seleção natural de infinitos, hipotéticos e não observáveis universos anteriores ou paralelos.

    A partir das suas especulações a partir da teoria do Big Bang e do Multiverso, que admitem quase tantos modelos quantos os astrofísicos, os evolucionistas lá vão especulando.

    O pior é que as presentes cosmologias abrangem apenas 5% do suposto Universo. Os restantes 95% são compostos de entidades hipotéticas como matéria negra, energia negra, fluídos negros, radiação negra e fotões negros. O mesmo é dizer que os cientistas estão no escuro relativamente ao seu conhecimento do Universo.

    Se a isto acrescentarmos que a origem das estrelas, dos planetas, das galáxias e do próprio sistema solar continua por esclarecer (como as recentes descobertas em torno da aparência jovem de Plutão demonstram) e que as galáxias dão mostras de estarem quantizadas e ordenadas por referência à Terra, (como as mais recentes observações atestam) compreendemos o que há de incompleto, ilusório e especulativo nas cosmologias dominantes, por sinal com base nas quais se pretende datar o Universo, o sistema solar e a Terra!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Criacionista,

      «[...]Os evolucionistas acreditam[...]»
      Tanto quanto saiba, não existem "evolucionistas". Os biólogos usam a teoria neo-darwinista como uma ferramenta, não é uma religião. Sempre gostaria de conhecer alguém que use a sua religião como uma ferramenta para compreender e analisar a natureza... Se souber diga, que eu estou sempre pronto a aprender.
      Finalmente, não é uma questão de "acreditar", mas de aceitar este modelo como o melhor modelo neste momento. Se houver alguém que queira propor um novo modelo, deve-o fazer. Deve publicar para que seja revisto por pares, deve perceber que o novo modelo tem de ser tão bom a explicar o que já se conhece e deve ainda prever e explicar novos fenómenos. É assim que a ciência avança, e não porque uns tantos forçam as suas ideias.

      «[...]na origem acidental da vida[...]»
      Os modelos de origem da vida (não confundir com neo-darwinismo que se dedica só a diversidade), sugerem que a origem da vida é um processo natural e que ocorre de forma "quase automática" desde que existam condições para tal. Não é um processo acidental, tipo, olha agora apareceu uma célula do nada. Isso não existe. E desafio-o a indicar um artigo que dia o contrário.

      «[...]e da evolução das diferentes espécies, com crescente complexidade e conteúdo informativo, a partir de um suposto antepassado comum.[...]»
      Nem o neo-darwinismo, nem o darwinismo clássico dizem que as espécies são mais complexas e que têm um conteúdo informativo maior à medida que o tempo passa. A previsão é muito mais simples: as espécies adaptam-se ao meio ambiente de forma a que possam prosperar mais e gerar mais descendência. Nada a ver com complexidade. Há muitos casos de espécies que "regrediram" e que "perderam" órgãos, porque no meio ambiente onde agora habitam, deixaram de fazer sentido. A Natureza parece ser contrária ao desperdício, assim, por exemplo, os seres ditos trogloditas porque que habitam cavernas (p.ex. pseudo-escorpiões, aranhas e outros) ou perderam completamente os olhos ou têm-nos tão rudimentares que para todos os efeitos é como se os não tivessem. Mas uma análise da respectivo ADN, mostra que os genes para gerar os olhos "normais" ainda estão presentes, embora desactivados.

      «[...]nem a origem acidental da vida nem a transformação de uma espécie noutra distinta e mais complexa foram observados em laboratório e no terreno, não passando de conjeturas evolucionistas[...]»
      Novamente a chamada "ciência histórica" vs "ciência observacional". Embora não se tenha, e provavelmente nunca se venha a ter certeza, é sempre possível fazer uma reconstituição do que se passou. É o que se chama "ciência forense", e muitas das técnicas entretanto desenvolvidas por exemplo na Arqueologia, foram com sucesso adaptadas para a investigação forense da polícia.
      O problema é só um: não é assim que a Bíblia diz que aconteceu, logo tem de estar errado. É uma ideia anódina, que em nada aumenta o conhecimento.

      Eliminar
    2. (continuação)

      «[...]Mas as conjeturas evolucionistas não se ficam por aí. Elas estendem-se a todo o cosmos, dando origem a modelos de evolução cósmica do Universo[...]»
      Errado. A ideia da "evolução" apenas se aplica à Biologia. A origem do Universo faz parte da Física, em especial da Cosmologia. Ninguém em Cosmologia aplica as ideias de Darwin à "evolução" (aqui evolução significa "passar do tempo") do Universo, porque simplesmente não faz sentido tal coisa. É mais uma ideia errada dos criacionistas, de meter tudo no mesmo saco.
      De resto, o esquema de com base nos factos, perceber como é que se chegou ao que presenciamos, é um método e é usada por quase todas as áreas da ciência. Pena que não se aplique o mesmo para crenças religiosas, sempre se poderia perceber porque é que as religiões são como as conhecemos e não de outra foram. Seria bastante interessante ver o resultado.

      «[...]O pior é que as presentes cosmologias abrangem apenas 5% do suposto Universo.[...]»
      Outra falácia comum. Porque não se conhece, logo o criador. Porque é que não dá espaço para que se investigue e se possam apresentar hipóteses baseadas no conhecimento adquirido e nos factos conhecidos? A resposta: porque não é assim que a Bíblia diz. Voltamos ao obscurantismo intelectual.

      «[...]Se a isto acrescentarmos que a origem das estrelas, dos planetas, das galáxias e do próprio sistema solar continua por esclarecer[...]»
      Creio que os modelos de formação estelar, das galáxias, dos planetas e do nosso sistema solar está mais ou menos assente. É normal que ainda existam pontos para afinar - é esse o método da ciência, um aperfeiçoar dos modelos à medida que novos factos e novos conhecimentos são disponibilizados. Ao contrário das religiões que ficam como estão (quem mudar ou é expulso ou vai formar uma nova religião), a ciência é dinâmica.

      Eliminar
    3. O António de Carvalho diz que a teoria da evolução so se aplica à biologia. Quem diz isso não leu muitos artigos científicos sujeitos a revisão dos pares.

      Um simples exemplo mostra que mesmo os factos astrofísicos são interpretados com base em premissas evolucionistas, apesar de as mesmas não se adequarem aos factos e de estes se adequarem às interpretações criacionistas.

      Vejamos o que os cientistas dizem:

      Factos:

      "The distribution of galaxies and matter in the universe is non-random. Galaxies are organized, even today, in a manner resembling an enormous network - the cosmic web."

      Interpretação evolucionista dos factos.

      "Such a 'skeletal' universe must have played, in principle, a role in galaxy formation and evolution, but this was incredibly hard to study and understand until recently."

      O que dizem os criacionistas? O facto de as galáxias se encontrarem quantizadas e estruturadas de forma não aleatória, facto que os modelos evolucionistas estão longe de conseguir explicar, corrobora inteiramente a ideia bíblica de que o Universo foi criado de forma racional e organizada.

      É só uma questão de combinar os factos e a lógica.

      Eliminar
  8. António Carvalho,

    «Chama-se a isso revisão de pares»

    Apesar da ênfase que coloca em tudo o que escreve, deixe que lhe diga: nas religiões, mais do que em qualquer outra estrutura social, o que prevalece é a revisão de pares. Aconselhá-lo-ia, doravante, a considerar a revisão de pares como o calcanhar de aquiles da ciência. Do que precisamos é da revisão de ímpares. Daí eu considerar de extrema importância que ninguém se deixe embalar em cantigas do tipo revisão de pares. Isso é conversa, aliás, treta.

    «Como é que prova que existiu um criador?»

    Isto fez-me lembrar um burocrata, tipo manga de alpaca, auto-suficiente nas suas formalidades, que me pediu a certidão de nascimento. Na minha estupidez e ignorância de jovem alienado pelo barulho das luzes, perguntei-lhe: para quê? Ao que ele respondeu, categorica e pausadamente, para minha eterna humilhação: para provar que nasceu. Escusado será dizer que me escangalhei todo a rir e, como eu, muitos dos que estavam nas filas de atendimento. Mas logo surgiu o "chefe", com sua autoridade, que todos calou, passando-nos "certidão" da nossa ignorância. E, assim, esta ficou provada.

    «A ideia da "evolução" apenas se aplica à Biologia. A origem do Universo faz parte da Física, em especial da Cosmologia.»

    Que me corrija quem souber melhor e a isso se disponha. A ideia de evolução é "estruturante" da ideia de universo. Mesmo que Darwin o não tenha pensado (não sei), admitir o big bang tem implicado que as coisas evoluíram de um estado em que não havia elementos químicos, para um estado em que ocorreram diferenciações por efeito de afastamento e arrefecimento, etc..
    O problema maior não está em constatar e "provar" que tudo se passou assim, mas em demonstrar como é que isso aconteceu.
    Aliás, esse problema sempre se colocaria se os criacionistas provassem que Deus é o Criador.
    Isso não era suficiente, porque faltaria demonstrar como é que o fez.

    «Pena que não se aplique o mesmo para crenças religiosas, sempre se poderia perceber porque é que as religiões são como as conhecemos e não de outra foram.»

    Não seria necessário saber de evolução para reconhecer que o que tem de ser tem muita força. Mas a questão é mesmo essa: o que tem de ser?
    Dizer que a idade média, por exemplo, foi de obscuridade e de atraso é não compreender que os adjetivos não ajudam muito quando o objetivo é o substantivo.

    «Porque não se conhece, logo o criador.»

    Essa pode ser a sua resposta à falta de conhecimento, mas, tanto quanto sei, a ideia e a crença num criador começa no conhecimento e na inteligência do homem. Diria que, porque se conhece, logo o criador.
    E, obviamente, vem a pergunta: como? Seria o mesmo se alguém perguntasse como é que isto foi feito.
    O "como é que isto funciona?" abriu caminhos de conhecimento tão vastos e tão deslumbrantes que fizeram relegar para segundo plano as questões anteriores. Afinal, a única realidade relevante, deste ponto de vista, é que as coisas funcionam. Mas este ponto de vista é o como o ponto de vista de um cego que, na verdade, prescinde do sentido da visão.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Carlos Soares,

      «nas religiões, mais do que em qualquer outra estrutura social, o que prevalece é a revisão de pares»
      Pode por favor dar um exemplo que seja do conhecimento público dessa revisão de pares?

      «a considerar a revisão de pares como o calcanhar de aquiles da ciência»
      Eu nunca disse que a revisão de pares é "à prova de bala". Se entendeu isso, problema seu. Repare: todas as actividades humanas estão sujeitas ao erro. A revisão de pares, como já tive oportunidade de escrever noutros posts, tem as suas limitações, porque as pessoas são mesquinhas, porque são vingativas, etc.
      No entanto, com o avanço e a especialização que as várias áreas do conhecimento têm vindo a ter, é a nossa melhor ferramenta actualmente, pois é impossível alguém saber tudo sobre todas as áreas. Se o Carlos conhece um método melhor, acredito que exista muita gente interessada em conhecer tal proposta.

      «Do que precisamos é da revisão de ímpares»
      Neste caso, admito que esteja mais avançado do que eu, pois desconheço tal conceito, e assim, não me posso pronunciar.

      «Mas logo surgiu o "chefe", com sua autoridade, que todos calou, passando-nos "certidão" da nossa ignorância. E, assim, esta ficou provada.»
      Parece-me notar aqui uma falácia do tipo "apelo à autoridade", embora não conheça qual seja a autoridade. Creio que a pergunta original "Como provar que existiu um criador?" permanece sem resposta, sendo que para mim, fé não é resposta, pois depende do entendimento de cada um, e daí que não exista consenso. A ciência também se faz de consensos.

      «A ideia de evolução é "estruturante" da ideia de universo.»
      Lamento, mas não. A teoria da evolução nasceu na Biologia e restringe-se à Biologia. O que existiu foi um apropriar indevido da palavra. O mesmo se pode dizer em relação à relatividade, que no conceito da física, significa simplesmente que diferentes observadores a diferentes velocidades relativas têm uma percepções diferentes.

      «Mesmo que Darwin o não tenha pensado (não sei), admitir o big bang tem implicado que as coisas evoluíram de um estado em que não havia elementos químicos»
      Darwin não pode ter pensado no big bang, porque tal conceito não existia. A teoria da relatividade geral aparece em 1915, cerca de 56 anos depois da publicação da "Origem das espécies". Repare ainda que o big bang só aparece por Lemaître em 1927 e que é deduzida pela análise das equações da relatividade geral.
      Dizer que "evolução" e "big bang" é a tudo o mesmo, é uma grande asneira.

      Eliminar
    2. (continuação)

      «O problema maior não está em constatar e "provar" que tudo se passou assim, mas em demonstrar como é que isso aconteceu.»
      Isso não é um problema da ciência. A ciência não é sobre "provar" mas sobre "conhecer". Por isso é que apenas são considerados os processos naturais, porque só esses podem ser conhecidos.

      «Dizer que a idade média, por exemplo, foi de obscuridade e de atraso é não compreender que os adjetivos não ajudam muito quando o objetivo é o substantivo.»
      Infelizmente, a idade média é conhecida por idade das trevas na Europa por vários motivos. A maior parte de origem religiosa, como seja, a proibição e queima de livros, perseguição a todos os tipos de investigador e de investigação. Tudo o que estivesse fora do âmbito da religião era proibido. Por oposição, temos o renascimento, porque foi uma época em que se redescobriu e retomou o conhecimento anterior à queda do império romano que marca o início da idade média. Por exemplo, foram precisos mais de 2 mil anos para que muitas das descobertas de Arquimedes fossem redescobertas. A isso eu chamo atraso.

      «Essa pode ser a sua resposta à falta de conhecimento, mas, tanto quanto sei, a ideia e a crença num criador começa no conhecimento e na inteligência do homem. Diria que, porque se conhece, logo o criador.»
      O argumento do "deus das falhas" é um argumento criacionista clássico, até faz parte da lista de falácias comuns. Há quem através do conhecimento se considere mais próximo do criador, e quem se ache mais distante. Sinceramente, acho que é o tipo de argumento que não trás mais valia, ou seja, não aumenta o conhecimento, e a ciência é sobre aumentar conhecimento, e dessa forma, não tem interesse.

      Eliminar
  9. O António Carvalho, pelas suas respostas, revela ser intelectual e cientificamente ingénuo, como sucede quando fala nos méritos da revisão dos pares. É claro que não sabe do que está a falar.

    O António Carvalho afasta o Criador por alegadamente não ser científico, de acordo com uma dada definição de ciência.

    Mas depois acha normal, lógico e racional atribuir toda a evidência de design, de inteligência e de extrrema complexidade e precisão a processos cegos, irracionais e aleatórios.

    Ele devia atentar, por xemplo, para um artigo interessante sobre a resistência das bactérias aos antibióticos que muitos (como o Ludwig Krippahl, mesmo aqui neste seu blogue) confundem com evolução mas que, em muitos casos, não passa do aproveitamento de genes já presentes na bactéria, sem que seja criada informação genética nova ou estruturas novas e mais complexas.

    Enfim. O António Carvalho precisa de estudar mais, pensar melhor e desenvolver a sua capacidade de reflexão e de crítica.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Criacionista,

      Creio que está em curso um ataque ao homem (ad hominem).
      Se tem criticas às minhas conclusões, é uma conta, de resto, não me interessa o que pensa da minha pessoa.

      Eliminar
  10. GUIA PARA LEITURA CRÍTICA DOS ESTUDOS CIENTÍFICOS

    Os criacionistas são, de longe, aqueles que mais referências fazem a artigos científicos neste blogue. E fazem-no porque os factos observados corroboram sempre o que a Bíblia diz.

    A ciência é a mesma para criacionistas e evolucionistas, os fósseis são os mesmos, as rochas são os mesmos, o DNA é o mesmo, os artigos científicos são os mesmos.

    O problema dos criacionistas não é com os factos referenciados nos artigos científicos, mas com as interpretações e especulações que os evolucionistas constroem em torno desses factos.

    Por exemplo, os criacionistas nada tem a objetar ao facto de Charles Darwin ter observado, nas ilhas Galápagos, que os tentilhões podem ter bicos maiores ou menores consoante as condições do meio.

    É isso mesmo que observamos hoje!

    Os criacionistas apenas objetam ao facto de Darwin dar um salto lógico e tentar usar isso como evidência da origem acidental da vida ou da transformação de um género noutro diferente e mais complexo.

    O que vemos é tentilhões a darem tentilhões, tal como a Bíblia ensina! Mas nunca vimos a vida a surgir por acaso ou um género a transformar-se noutro diferente e mais complexo!

    Por causa das confusões entre factos e interpretações é que os estudos científicos devam ser lidos criticamente. É isso que nós fazemos e recomendamos que todos façam. Especialmente aqueles que se querem especializar em pensamento crítico!

    Importa sempre distinguir entre factos observáveis e mensuráveis, por um lado, e interpretações, especulações, modelos e teorias, por outro lado.

    Em seguida, há que identificar e caracterizar as pressuposições evolucionistas, naturalistas e uniformitaristas por detrás das interpretações, especulações, modelos e teorias.

    Também é importante ver se, no artigo em causa, a evolução das espécies é realmente comprovada empiricamente ou se é simplesmente pressuposta ou imaginada pelos autores do artigo e usada para interpretar os factos.

    Esta estratégia crítica ajuda a clarificar o pensamento e a desenvolver nitidez na análise.

    Ela permite concluir que os factos observados, em si mesmos, corroboram sempre o que a Bíblia ensina, fazendo todo o sentido quando interpretados sob a sua luz.

    Podemos concluir também que a evolução de partículas para pessoas é sempre pressuposta e imaginada, e nunca comprovada!

    A imaginação evolucionista é usada para construir histórias fantásticas, com base nas quais se pretende ligar os factos.

    Por exemplo, com base em premissas evolucionista, um fóssil (v.g. dinossauro) é datado em 150 milhões de anos e outro (v.g. ave) é datado em 120 milhões de anos. Depois conta-se uma história evolucionista especulativa, genérica e fantasiosa a procurar ligar os dois fósseis, sem perceber como tudo dependeu das premissas evolucionistas de que se partiu e de muita especulação.

    É isso que todos podem detetar em muitos artigos científicos da atualidade. Os evolucionistas estão tão habituados a imaginar histórias fantásticas a partir de fósseis que nem se lembram da diferença entre factos observados no terreno e interpretação dos mesmos à luz de premissas evolucionistas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Criacionista,

      «E fazem-no porque os factos observados corroboram sempre o que a Bíblia diz. »
      Ainda não apresentou um único artigo, uma única publicação que suporte tal ideia. Quando tiver, partilhe por favor.

      «mas com as interpretações e especulações que os evolucionistas constroem em torno desses factos.»
      Sinceramente, creio que o problema é das conclusões não serem como está na Bíblia. O que leva a outra questão: porquê usar a Bíblia e não os Upanishades, o Alcorão ou qualquer outro livro religioso?

      «evidência da origem acidental da vida ou da transformação de um género noutro diferente e mais complexo.»
      Lamento, mas não há um único biólogo que diga tal coisa sobre a evolução ser acidental, ou sequer que pretende explicar a origem da vida. Também não diz que um "género" (seja lá o que isso for!) se transforma num mais complexo.
      Volto a repetir que a evolução é sobre a adaptação dos seres vivos ao meio ambiente. Tudo o mais é treta e propaganda criacionista.

      «Importa sempre distinguir entre factos observáveis e mensuráveis, por um lado, e interpretações, especulações, modelos e teorias, por outro lado»
      Errado. A sua conclusão resulta de uma má concepção da ciência. Modelos e teorias são as ferramentas que permitem compreender e explicar os factos, logo é impossível de os separar.
      O resto do seu texto é mais do mesmo. Em nada ajuda a compreender a Natureza. Simplesmente, limita-se a dizer que não concorda e que tudo deve ser de acordo com a Bíblia. Devia ler um pouco da História da ciência, em especial, da Biologia, da Geologia, da Química e da Física. Perceber como é que se chegou aos modelos e às teorias modernas é também perceber porque é que muitas ideias que existiram antes, mas que como o acumular de provas e de novos conhecimentos, foram sendo descartadas. É assim possível ver a evolução da ciência, de como as ideias da criação deixaram e porque deixaram de fazer sentido.

      Eliminar

Se quiser filtrar algum ou alguns comentadores consulte este post.