domingo, julho 13, 2014

Treta da semana (passada): A experiência.

O Facebook mostra a cada utilizador uma página com publicidade, notificações e posts seleccionados por critérios que desconhecemos mas que certamente visam manipular as nossas emoções e comportamento para maximizar as visitas. Sempre me pareceu óbvio ser esse o propósito da empresa. É um negócio de venda de espaço publicitário e não uma instituição de caridade. Surpreendentemente, muitas pessoas ficaram agora chocadas por o Facebook ter mostrado algumas páginas com publicidade, notificações e posts seleccionados por critérios que, além dos que desconhecemos, também incluíram a análise de palavras chave para estimar o seu conteúdo emocional (1).

Experiências e manipulações dessas hé em todo o lado. Na publicidade, como é óbvio, mas também nos programas de televisão que nos levam a ver os anúncios dos intervalos. Há nas notícias, tanto na forma como são dadas como na escolha do que se noticia, e há em cada montra de cada loja e em cada supermercado. Não é por acaso que os brinquedos estão logo à entrada e os legumes e o leite lá bem no fundo. E estão sempre a experimentar para nos manipular melhor. Sendo isto tão comum, é intrigante a reacção ao que o Facebook fez. Uns dizem que é um abuso da sua informação pessoal, outros que não deviam poder fazer isto sem o consentimento informado das pessoas e outros até querem leis para proibir estas coisas (2).

A reacção dos utilizadores escandalizados parece dever-se a um mal-entendido acerca da sua relação com a Facebook. Não se escandalizam quando os supermercados põem os bens de primeira necessidade longe dos acessos porque o stock é deles e arrumam o arroz onde quiserem. Mas muita gente julga que o que põe no Facebook é seu. A ilusão não é acidental porque todo o sistema está concebido para dar essa impressão. Escrevemos aqui, marcamos ali, clicamos acolá e parece que somos nós quem manda. Mas a realidade é que damos esses dados à empresa e autorizamo-la a fazer o que quiser deles. Legalmente, é o que está no contrato; eticamente, somos responsáveis por essa escolha; e, na prática, assim que os nossos dados, textos e fotografias estão nos servidores da empresa ficam fora do nosso controlo. Nem aquilo que demos à empresa é nosso nem sequer somos os seus clientes. Uma forma lisonjeira de pensarmos nesta relação é imaginando-nos como colaboradores voluntários do Facebook. Mas o mais realista é imaginar que somos mercadoria. Somos pacotes de arroz. Porque o negócio destas empresas é vender a nossa atenção aos seus verdadeiros clientes, que é quem lhes paga para fazer publicidade. Nós somos o stock e o que lhes damos é apenas a montra.

Os académicos que exigem consentimento informado também fazem confusão. É claro que uma universidade ou entidade pública que financie experiências com pessoas deve exigir que se peça o consentimento prévio aos sujeitos da experiência. Mas isto é um extremo num contínuo de situações com exigências diferentes. Os produtores de um programa de apanhados não vão pedir primeiro o consentimento informado das pessoas a quem vão pregar partidas. Só depois é que pedem autorização para publicar as imagens da figura triste que as vítimas fizeram. E um supermercado que expõe revistas junto às caixas para ver se o tédio de esperar a vez é motivação para as comprar não precisa de pedir autorização a ninguém. Esta é a situação em que está a experiência do Facebook, que simplesmente organizou a “montra” para ver como conseguir mais visitas.

Alguns legisladores é que, suspeito, protestam porque percebem bem o que está a acontecer. A manipulação faz parte da comunicação e os meios que chegam a muita gente sempre foram usados para isso. Mas cadeias de televisão, rádio ou jornais exigem uma infraestrutura pesada que os políticos sabem influenciar. Twitters e Facebooks são um bicho diferente. Surgem do nada, podem desaparecer de um momento para o outro e qualquer tentativa de os manipular dá resultados imprevisíveis. Naturalmente, isto assusta algumas pessoas que, por isso, condenam a “manipulação” do Facebook mesmo que não se oponham ao Big Brother nem à agregação da comunicação social em enormes empresas controladas por poucas pessoas.

Se não queremos que espreitem para dentro de nossas casas penduramos cortinas. Se queremos conversar em privado fechamos a porta. E se não queremos que mexam nas nossas coisas pomos fechaduras e trancas. Quem protege a nossa privacidade, em primeiro lugar, somos nós e não a “regulação”. Na Internet é a mesma coisa. Se queremos conversas em privado temos de usar encriptação e se queremos canais seguros de comunicação temos de usar redes distribuídas em vez de serviços centralizados. O Blogger, o Facebook e o Twitter são convenientes mas tão pouco seguros como um banco de jardim. Não servem para o que for privado. Preocupa-me que reajam a esta experiência da Facebook como se fosse excepção quando é a norma em todo o lado. Preocupa-me que culpem a Facebook porque o que publicamos é da responsabilidade de cada um de nós e não das empresas ou do legislador. E preocupa-me especialmente que façam tanto alarido com a informação que voluntariamente cedem quando o problema principal é a informação que Estados e empresas recolhem sem que o possamos evitar. O que devíamos exigir era, por exemplo, uma lei proibindo os prestadores de serviços de comunicação de guardar quaisquer registos que já não fossem necessários para cobrar serviços prestados. Uma vez paga a factura, deviam ser obrigados a apagar todos os registos das nossas chamadas e do tráfego de Internet. Em vez disso, a regulação vai cada vez mais no sentido contrário, obrigando a uma acumulação de dados pessoais que está totalmente fora do nosso controlo e é muito pior do que qualquer coisa que a Facebook faça com os dados que lhe dermos.

1- NY Times, Facebook Tinkers With Users’ Emotions in News Feed Experiment, Stirring Outcry
2- Guardian, Facebook reveals news feed experiment to control emotions

16 comentários:

  1. É isso, acho que o principal problema do facebook é os seus utilizadores não saberem o que o facebook é e o que eles são, e isso não é fácil de resolver,

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    1. é os seus ? bolas bizarro world is krippahlian n'est pas?
      Once the Kaiser had
      hoisted his standard over the Tower of London
      the English women would quickly fall in love
      with the Prussian Garde-du-corps, and there
      would be an end to the Suffragette " non-
      sense." The English Army — and here the
      Pan-German invariably smiled — well, was it
      a serious proposition at any time? "Bobs"
      might be a soldier, but no other Englishman
      would be — except for money. Against the
      trained soldiers of a national Army a couple
      of hundred thousand khaki mercenaries would
      avail little. The notion was preposterous.
      Englishmen must know then that the war
      when it came would not be a mere campaign
      to avenge a wrong ; it would be a movement
      of racial expansion and conquest conducted to
      its logical end by the finest soldiers and by the
      most scientific brains that ever marched forth
      to battle in history.

      . The moment my friend
      had so readjusted it, the German shut it
      up. Again the window was let down, and
      again the fussy man closed it.

      "You English want the whole compartment
      to yourself," he said. "Well, you can't
      always have your way. I want the windows
      closed." To this challenge my friend re-
      sponded by letting down the window to its
      full length.

      11 My wife needs air," he replied. " Surely
      you don't wish to inconvenience a lady,"
      whereat the stranger grew very angry.

      Up went the window and immediately
      down again. The German ladies began to
      expostulate. They, too, hated draughts. It
      was disgraceful for foreigners to behave so
      thoughtlessly. A fat man in the opposite
      corner chimed in, while up and down the
      window went, and every one talked and
      gesticulated at once. On my suggesting that
      we should throw this fussy " gent " out of the
      window, he challenged me to a duel.

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  2. É "fácil". Não há serviços à borla. O Facebook presta serviços que são pagos. Nomeadamente de publicidade e data-mining. Quem paga isso são as empresas que o usam com esse fim.

    Se para os utilizadores normais que fazem clicks para curar o câncro e para ver imagens de gatinhos, não há custo, é porque o serviço não é para eles.

    Eles são uma grande parte do serviço.

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  3. Uma notícia interessante sobre mamutes jovens em bom estado de preservação corrobora o dilúvio global recente, a idade do gelo subsequente (causada pela evaporação e condensação das águas) e as suas sequelas locais.

    O que eles dizem:

    "both creatures died from suffocation after inhaling mud". (confere)

    "the body was recovered in good condition."

    "remarkable preservation"

    "high level of soft-tissue preservation"

    " In addition to fully articulated skeletons, the carcasses held preserved muscle, fat, connective tissue, organs and skin"

    "even had clotted blood inside intact blood vessels and undigested milk in the stomach"

    "two exquisitely preserved baby mammoths"

    "the scans revealed a solid mass of fine-grained sediment blocking the air passages in the middle of the trunk. Sediment was also seen in Lyuba's throat and bronchial passages"

    "a "traumatic demise" involving the inhalation of mud and suffocation appears to be the most likely cause of death"

    Datações uniformitaristas e evolucionistas à parte, os dados em si mesmos corroboram inteiramente o seu sepultamento abrupto e catastrófico recente, resultando da rápida deposição de sedimentos.




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  4. Criacionista,

    Eis um excerto do artigo:
    "Lyuba and Khroma lived more than 40,000 years ago and belonged to mammoth populations"

    Que eu saiba 40000 anos é bem mais do que o tal máximo que os teóricos da terra jovem aceitam (10000 no máximo, 5000 a 6000 como mais certo).
    É um mau exemplo para a sua causa, mais um, devo dizer!

    O estado de preservação excepcional só é possível em casos muito especiais, como o facto de ter estado debaixo de permafrost durante todo este tempo (é que há no Ártico Siberiano...). Se os fosseis foram encontrados, é muito graças ao famoso aquecimento global e nada a ver com teorias da treta e muito menos com dilúvios.
    Nada disso está no artigo, só na cabeça de alguém que já vê gigantes onde só existem moinhos.

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    1. 40 mil anos é especulação evolucionista, jé que ninguém estava lá há 40 mil anos para ver.Os mamutes foram descobertos há poucos anos e não há 40 mil anos.

      O estado de preservação excepcional tem sido amplamente documentado até em dinossauros supostamente com 65, 70 e 80 milhões de anos, alguns deles apresentando ossos não permineralizados e mesmo DNA!

      Os casos começam a dar demasiado nas vistas e a perturbar as cronologias evolucionistas, já que podem ser investigados por todos no google em poucos minutos, com fotografias.

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    2. Criacionista,

      O artigo se serve para umas coisas (se é valido) então é todo válido, ou só a parte que nos interessa?

      De qualquer forma, não sou eu, mero humano que digo. As grandes mentes dos nossos cientistas, que permitiram a construção da era da informação e outras grandes conquistas da nossa era. Não foi de certeza com ideias paradas há 2000 anos que temos tudo isso...
      As provas da antiguidade da Terra e do Universo são evidentes: basta uma pesquisa no google para ser completamente encharcado com artigos sobre o assunto!

      Todos os casos de preservação excepcional que estão documentados, também são apresentados motivos para tal, sem necessidade de intervenção divina ou de diluvios recentes.

      Não existem, eu repito, não existem "casos que começam a dar nas vistas". Tal só existe na cabeça dos fundamentalistas religiosos que insistem na hipótese de uma Terra jovem. De resto, não há um único cientista vivo que defenda tal coisa e seja levado a sério.

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  5. Estimado António Carvalho

    A chave está na distinção entre aquilo que é realmente observado pelos cientistas (que podemos assinalar a amarelo) e aquilo que é interpretação e especulação evolucionista não observada (que podemos assinalar a cor-de-rosa).

    É um procedimento que podemos usar em todos os artigos científicos que lemos e que se aplica naturalmente a estes.

    Comecemos pela parte empírica do artigo, a marcar a amarelo.

    O que é realmente observado no terreno é a existência de triliões de fósseis de seres vivos complexos e funcionais, sepultados em camadas de sedimentos, com aparência moderna e sem antecedentes evolutivos.

    Esses são os dados observados aqui e agora por cientistas que vivem aqui e agora e que devem ser assinalados a amarelo.

    Passemos à parte especulativa que deve ser assinalada a cor-de-rosa.

    Com base nos dados observados, os cientistas especularam sobre velocidade da sua evolução (que não observaram e que dão como tendo ocorrido). Também a suposta idade de 500 milhões de anos é resultado da especulação, não sendo observada, porque nenhum dos cientistas que escreveram o artigo estava lá para ver.

    Curiosamente, a especulação evolucionista leva-os a especular sobre uma evolução a alta velocidade, simplesmente porque não existe qualquer evidência de gradualismo, já que todos os seres vivos observados eram plenamente funcionais e com aparência moderna!

    Os modelos matemáticos construídos, e que deram essas elevadíssimas taxas de evolução, partiam do princípio de que houve evolução, ou seja, tinham todos uma base especulativa.

    Os criacionistas nada têm contra a parte empírica do artigo, já que à luz do dilúvio global faz todo o sentido o sepultamento abrupto, em camadas de sedimentos arrastados por água, de milhares de milhões de seres vivos plenamente funcionais.

    Eles apenas contestam as interpretações e especulações evolucionistas e os modelos construídos com base nelas.

    O António Carvalho pode fazer este exercício, de distinção entre factos e especulações, e analisar criticamente todo e qualquer artigo científico.

    Irá ver que a "prova" da evolução ou da sua velocidade vem sempre na parte especulativa.

    Terei todo o gosto em utilizar esta mesma metodologia em qualquer outro artigo científico que submeta à minha apreciação.

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    1. Sinceramente, a única prova é que quem quer arranjar argumentos para ignorar as evidências encontra-os sempre! Lá diz um ditado:"quem peixe procura, peixe acha!" (sem piadas onomatopaicas).

      Também lhe digo, que se quer colocar em causa qualquer área do conhecimento, também o pode fazer pelo mesmo método.

      O que não consigo compreender é o seguinte: se descarta a ciência e todas as suas conquistas, porque é que não faz como a comunidade Amish e não usa de todo as tecnologias e a ciência moderna?

      A especulação vai existir sempre na ciência. Está no seu cerne, é o seu motor. Logo, atacar a ciência como sendo especulativa é uma falso e irrelevante argumento.

      A ciência não é "a verdade" nem pretende ser. A ciência não é definitiva, nem é desejável que o seja.
      Enquanto não conseguirem (os criacionistas) perceber estes conceitos, estão sempre a desperdiçar energia em demandas quixotescas.

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  6. Estimado António Carvalho

    Como deve ter reparado, a evidência é a mesma para criacionistas e evolucionistas. O criacionismo acolhe toda a base factual reportada no artigo que apresentou, a saber: fósseis de seres vivos totalmente funcionais abruptamente sepultados em sedimentos transportados por água sem evidência de antecedentes evolutivos e de evolução gradual.

    Essa base factual é crucial para o relato bíblico do dilúvio global. O que o criacionismo descarta são as especulações evolucionistas.

    Não é que a especulação seja sempre um mal em si. Ela pode ter uma função criadora, sendo uma capacidade de que Deus nos dotou.

    Mas é importante distinguir entre factos e especulações e compreender que estas dependem muito das visões do mundo, ideologias e pré-compreensões do cientista, com base nas quais os factos são (por vezes muito mal) interpretados.

    Por isso é importante subordinar as nossas especulações à Palavra de Deus, como a Bíblia ensina:

    "Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;"(Colossenses 2:8)

    Isto é especialmente importante quando se especula sobre o hipotético passado não observado por nenhum ser humano a partir de premissas ateístas, naturalistas e evolucionistas.

    Os criacionistas sabem perfeitamente que a ciência não é verdade. Mas estão absolutamente convencidos que Deus e a Sua Palavra são Verdade!

    Aproveito para partilha consigo e com os leitores deste blogue um artigo sobre estudos científicos recentes que explicam porque é que os ateus, paradoxalmente, são das pessoas mais obcecadas com a existência de Deus.

    Esse artigo corrobora inteiramente a Bíblia, quando ela diz:

    "Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou."

    Romanos 1:19

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  7. Criacionista,

    Diz: "Como deve ter reparado, a evidência é a mesma para criacionistas e evolucionistas."
    Tal não é verdade, pois os criacionistas insistem em usar a Bíblia como evidência, sem que existam bases para tal; por outro lado, ignoram as definições da ciência relativas a métodos de datação conforme lhes dá mais jeito, como os seus próprios comentários relativos ao artigo que citou são um bom exemplo.
    Assim, é difícil manter um debate mínimo: usa-se os artigos como se quer, retirar-se o que não interessa. Não é uma forma honesta de fazer debate.

    Diz: "fósseis de seres vivos totalmente funcionais abruptamente sepultados em sedimentos transportados por água sem evidência de antecedentes evolutivos e de evolução gradual."
    Os antecedentes dos seres do período câmbrico são desde há várias décadas conhecidos. Pode ver até no wikipédia: Pre-Cambrian fossils ou Ediacara biota. Bem como seres unicelulares já com células eucariotas, isto para não falar nas bactérias (procariotas) com idades até 3500 milhões de anos! A literatura é mais do que abundante, é esmagadora! Não sei que mais provas possam ser necessárias!

    Diz: "Não é que a especulação seja sempre um mal em si. Ela pode ter uma função criadora, sendo uma capacidade de que Deus nos dotou. "
    É disto que falava no início. Lá diz o outro "eu tenho sempre razão, nem que para isso tenha de me contradizer": esta parece ser a máxima do movimentos ID e do criacionismo em geral!

    Diz: "Mas é importante distinguir entre factos e especulações e compreender que estas dependem muito das visões do mundo, ideologias e pré-compreensões do
    cientista, com base nas quais os factos são (por vezes muito mal) interpretados."
    A ciência não se compadece com ideologias. Os (felizmente) poucos casos que têm aparecido são sempre expostos publicamente, este é aliás um dos bons aspectos da revisão por pares. Também a especulação sem qualquer base é completamente destruída quando a análise crítica entra em acção: não é novidade a existência de artigos publicados que depois são destruídos pelos pares: porque são mal formulados, porque não se consegue reproduzir o que o artigo diz, porque as conclusões são ilógicas, etc. Mais uma vez, a existência de tais filtros só beneficiam a ciência, ao contrário do que muitos criacionistas gostam de fazer crer.

    Diz: "Por isso é importante subordinar as nossas especulações à Palavra de Deus"
    Irrelevante. Uma religião pensa azul e a outra verde e uma terceira amarelo... a qual das palavras é que a ciência se deve submeter?

    Diz: "Isto é especialmente importante quando se especula sobre o hipotético passado não observado por nenhum ser humano a partir de premissas ateístas, naturalistas e evolucionistas."
    Esse é realmente o problema dos criacionistas. Não conseguem perceber que a ciência tem de ser sem intervenção divina! Se algo pode ser explicado por intervenção de um deus então qualquer coisa pode ser explicado pela intervenção divina, até o texto que escrevo. Este tipo de argumentação é irrelevante, pois não serve de base para qualquer explicação, ou seja, não é científico.

    Diz: "Os criacionistas sabem perfeitamente que a ciência não é verdade. Mas estão absolutamente convencidos que Deus e a Sua Palavra são Verdade!"
    Certo, quanto isso estamos de acordo. O único problema é saber qual palavra e de qual deus... São tantos que é só escolher. É a vantagem do livre arbítrio, coisa que os muçulmanos não têm! Já agora uma dica: dizem que quem só conhece uma religião, não conhece qualquer religião, já pensou em ver o que os outros dizem sobre os mesmo problemas e quais a soluções que apontam?

    Finalmente quanto ao seu artigo final, é curioso, mas deixo uma revelação: eu sou cristão e católico! Agora um pormenor (por maior!): eu NÃO sou fundamentalista!

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    1. Estimado António Carvalho

      Os métodos de datação dependem largamente de premissas uniformitaristas e naturalistas, que negam à partida um cataclismo global como o dilúvio. Ainda assim, a ciência tem documentado muita evidência de que a Terra e o Universo são realmente recentes. Toda essa evidência está publicada em artigos científicos sujeitos à revisão dos pares. Os criacionistas limitam-se a listar essa evidência.

      A suposta evidência da explosão pré-cambriana está hoje amplamente desacreditada.Fala-se de "explosão" precisamente porque não há antecedentes evolutivos.

      A ideia de que a ciência tem que ser feita sem intervenção divina é uma proposição filosófica que supõe a adesão ao naturalismo ateu! Ela mostra que o António Carvalho não é ideologicamente neutro, aderindo a priori ao naturalismo filosófico ateu e entrando em contradição com os seus próprios argumentos e com o seu alegado Cristianismo.

      O criacionismo não entra em contradição: se o Universo foi criado por um Deus racional, então ele só pode ser compreendido racionalmente com Deus! É só lógico!

      Se o António Carvalho diz que é Cristão, como é que não acredita em na criação racional do Universo e da vida, em Adão e Eva. na queda, no dilúvio, quando essa é a base de toda a mensagem de Moisés e dos Profetas e de Cristo e os Apóstolos?

      Se diz que é Cristão, como é que a sua premissa maior para fazer ciência é o naturalismo filosófico ateu e não a Palavra de Deus? Como pode ser Cristão se acha que não existe qualquer evidência para o que a Bíblia diz?

      As suas afirmações revelam a adesão acrítica a má teologia, má filosofia, má ciência e má capacidade de raciocínio lógico.

      A Bíblia diz-nos qual é a premissa maior de que devemos partir:

      "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez." (João 1:1-3)


      "Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele.E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele." (Colossenses 1:16-17)

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    2. Ainda os comentários do António Carvalho

      Um comentário criacionista ao período ediacariano e aos fósseis nele encontrados ajuda a esclarecer as coisas.

      Por sinal, toda a evidência surgida desse comentário para cá só corrobora a criação e o dilúvio recentes e as falhas na teoria da evolução. Vejamos dois exemplos.

      Estudos recentes desses fósseis ediacarianos confirmam a inexistência de qualquer ligação à explosão cambriana ou câmbrica.

      Os cientistas observam:

      "Ediacaran fossils are extremely perplexing: they don't look like any animal that is alive today, and their interrelationships are very poorly understood,"

      Como se não bastasse, o período Ediacariano, levou recentemente um soco no estômago que levou a uma revisão de toda a especulação à volta da sua datação.

      Isto, porque se observou a existência de mais vida complexa e funcional em sedimentos supostamente mais antigos.

      Na verdade, os métodos de datação são tão "certos" que estão sempre a ser revistos, nunca se encontrando nada a não ser vida extremamente complexa. Neste caso, a "revisão" foi de "apenas".... ....900 milhões de anos(!)

      O que eles dizem:

      "Until then, the oldest known fossils of complex organisms were 600 million years old..."

      "With the Franceville discovery, complex life forms made a leap of 1.5 billion years back in time."

      Importa utilizar a marcação de cores aqui. O que realmente observamos, e que podemos marcar a amarelo, é vida extremamente complexa e funcional sepultada em todas as camadas de sedimentos, sem antecedentes evolutivos.

      Isso corrobora inteiramente o que a Bíblia ensina sobre a criação e o dilúvio global recente.

      As datações evolucionistas são a parte especulativa dos artigos, a marcar a cor-de-rosa, sendo por isso sujeita a revisões drásticas (900 milhões de anos de uma assentada!), sendo essas revisões não menos especulativas do que a data inicial.

      Na verdade, se não podemos confiar num cientista quando ele diz que um fóssil tem 600 milhões de anos, como podemos confiar nele quando nos diz que afinal tem 1.500 milhões de anos?

      O que mostra que o António Carvalho tem que fazer bem o trabalho de casa antes de fazer as referências que faz...

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    3. P.S., a "datação" da vida mais antiga passou de cerca de 600 milhões de anos para 2,1 mil milhões de anos, sendo a diferença de 1.5 mil milhões (o que só agrava ainda mais o problema do carácter especulativo do cronograma evolucionista)

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  8. A CIÊNCIA DO MULTIVERSO E A D0UTRINA BÍBLICA DA CRIAÇÃO

    Por causa da extrema sintonia do Universo para a vida, os cientistas especulam se ele não será apenas o produto de uma “bolha” quântica, num multiverso contendo um número infinito e universos anteriores ou paralelos, inicialmente fervilhando de energia. É claro que não explica nunca a sua origem.

    Trata-se aí de especulação que, como temos dito, deve ser assinalada com marcador cor-de-rosa.

    Os criacionistas entendem que falar em multiverso é desnecessário. A palavra Universo pretende designar tudo o mundo físico que existiu e existe, mesmo tenha diferentes partes.

    Dizer que o nosso Universo é apenas um entre muitos não resolve o problema das origens. Apenas afasta e amplia o problema.

    Por um lado, coloca-se sempre o problema de saber como e de onde surgiu o primeiro de todos os Universos. Em segundo lugar, já é suficientemente difícil explicar um único universo, quanto mais um número infinito deles.

    Sobre a energia, a lei da conservação da energia diz-nos que ela nunca surge do nada, mantendo-se sempre constante. A lei da entropia diz-nos que a quantidade de energia transformável em trabalho vai diminuindo, pelo que teve que haver um início de máxima ordem e entropia zero.

    De onde vieram a energia, a matéria, o tempo, o espaço e a informação codificada que são parte do nosso Universo?

    A Bíblia resolve a questão dizendo que o Universo foi criado por um Deus racional, eterno, infinito e omnipotente, embora sem esperar que o ser humano entenda esta solução em toda a sua grandeza.

    É Deus, e não as forças ou as leis naturais, que sustenta a estabilidade do Universo e o protege contra o colapso.

    Tal como é Ele, e não as forças ou as leis naturais, que torna possível a vida e a racionalidade.

    A Bíblia espera que aceitemos pela fé esta e as demais afirmações como revelação de Deus, como premissa maior da qual deduzimos todas as outras e que usamos para interpreta os dados observáveis do Universo.



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