quinta-feira, outubro 31, 2013

Disto e daquilo, 5.

Bichos
Têm chovido críticas em resposta ao boato de que o Ministério da Agricultura estava a rever o número máximo de cães por apartamento. Concordo que não há justificação óbvia para o limite ser dois em vez de três, um ou quatro e que isto não devia ser uma prioridade. Mas a ministra parece pensar o mesmo (1) e, se querem criticar o governo, certamente haverá medidas mais merecedoras de indignação. Seja como for, parece-me que a maioria das críticas assenta na ignorância de que já há pelo menos uma década que esta lei está em vigor (2) e na ideia de que o objectivo é o Estado fiscalizar quantos animais as pessoas têm. Tanto quanto percebo, não anda por aí polícia a contar bóbis. O propósito desta lei é dar recursos legais a quem viva paredes meias com um maluco que tenha uma data de animais em más condições, que sejam um perigo para a saúde ou que não deixem ninguém dormir.

Suspenso
O CDS-PP suspendeu por cinco meses o deputado Rui Barreto por ter votado contra o OE de 2013 (3). Agora, o Rui Barreto só permanece na Assembleia da República porque ainda é membro do CDS-PP/Madeira, caso contrário ficaria também suspenso do cargo de deputado. Compreendo que a disciplina de voto e o poder de suspender deputados facilite os acordos entre partidos na AR. Mas não compreendo que essa conveniência se sobreponha aos princípios fundamentais da democracia representativa. O Rui Barreto foi eleito por madeirenses que votaram nele e é essas pessoas que ele tem de representar. Os deputados são, acima de tudo, representantes dos eleitores e não dos partidos. Por isso, qualquer mecanismo que um partido possa usar para coagir os votos dos representantes dos eleitores é um atentado à democracia e devia ser considerado um crime pelo menos tão grave como o de coagir os votos dos eleitores. O resultado prático desta usurpação é evidente. Os partidos do poleiro são compostos por um cerne de deputados permanentes protegidos pela carne para canhão que vai e vem conforme o sucesso eleitoral. A disciplina de voto concede a esse grupo central o poder de dirigir todos os votos do partido ao mesmo tempo que, pela manipulação das listas de candidatos e os círculos onde concorrem, se protegem do eventual desagrado dos seus próprios eleitores. A representatividade é a que se vê.

Petição
Hugo Ernano, militar da GNR, foi condenado a nove anos de prisão por ter morto uma criança quando desatou aos tiros a uma carrinha em fuga. Segundo o acórdão, os juízes foram unânimes na condenação do acto como «inadequado e desajustado» mas o arguido afirmou que «se fosse hoje voltaria a agir da mesma forma». Aparentemente, este militar da GNR ainda acha que o procedimento mais adequado no caso do furto de fios de cobre é disparar contra a carrinha em fuga para a “imobilizar”, provavelmente no fundo de algum barranco, mas sem intenção de magoar ninguém. Não sei se será de ver muitos filmes ou se será mesmo por a GNR ser demasiado militarizada para ser uma polícia adequada, mas é preocupante que não lhe tenha ocorrido que seria melhor anotar a matrícula, seguir a carrinha e depois prender os meliantes sem criar situações de perigo. Mais preocupante ainda é haver pelo menos 65 mil pessoas que julgam que é assim que as forças de segurança se devem comportar (4): primeiro dar tiros porque sim, mesmo que não seja necessário para eliminar algum perigo iminente para a vida do agente ou de terceiros, e só depois ir ver se há inocentes no caminho ou se um crime como o de roubar fio de cobre justifica execução sumária. Sim, é verdade que o criminoso foi irresponsável por ter levado o filho para uma coisa destas. Mas nem o filho merecia ser morto pelo crime do pai nem roubar fios de cobre, mesmo com uma criança ao pé, é tão grave como matar um miúdo de 13 anos desatando aos tiros sem necessidade.

Direitos
A 1ª Comissão Permanente dos Direitos Liberdades e Garantias decidiu não garantir a liberdade de contornar limitações tecnológicas quando estas impedem o cidadão de exercer os seus direitos legais de acesso e reprodução de obras culturais. Apesar dos Projectos de Lei 406/XII e 423/XII terem sido aprovados na generalidade, foram agora chumbados por esta comissão «por não terem receptividade do Governo» (5). Continuamos assim na situação curiosa de pagar taxas pelo direito à cópia privada sem podermos copiar legalmente porque o editor publica as obras com restrições digitais. Mesmo que estejam em domínio público, como é o caso dos “Clássicos Porto Editora” onde até o Camões leva DRM (6), não vá um dia o governo estender a duração dos monopólios, retroactivamente, para além dos quinhentos anos. Já faltou mais.

1- TVI 24 - Ministra deixa cair limitação de cães e gatos por apartamento
2- PGDL,  DL n.º 314/2003, de 17 de Dezembro , artigo 3º
3- Público, Deputado do CDS-PP suspenso cinco meses por ter votado contra OE2013
4- Público, Mais de 65 mil pessoas pedem absolvição de GNR condenado por matar jovem em perseguição
5- ANSOL, 1ª Comissão Reduz Direitos, Liberdades e Garantias dos cidadãos
6- Paula Simões, Bertrand/Porto Editora ataca Domínio Público #publicdomain #drm #fail

11 comentários:

  1. Olá Ludwig, este apanhado de notícias está bem feito e comentado com mais qualidade do que o que se encontra em muitos jornais. Parabéns.

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    1. olha que comparar lixo com lixo.....Intrare Afişări de pagină
      Statele Unite ale Americii
      53
      Ucraina
      19
      Rusia
      11
      China
      5
      Portugalia
      5
      Canada
      4
      Reunion
      2
      Germania
      1
      Polonia
      1
      România
      1

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  2. A CIÊNCIA DAS PLANTAS E A DOUTRINA DA CRIAÇÃO

    A Bíblia ensina que tudo foi criado racionalmente por um Deus racional e que as plantas foram criadas no terceiro dia da criação.

    “E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom. E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro” (Génesis 1:12-13)

    O texto mostra que Deus ficou satisfeito com as plantas que criou, certamente porque elas têm marcas da sua racionalidade, sabedoria e poder. Se assim é, podemos vê-las.

    As observações científicas corroboram a doutrina da criação racional da vida. Embora Interpretem as rochas e os fósseis com base no uniformitarismo, que nega a priori o dilúvio bíblico, a verdade é que
    a evidência mostra que as plantas sempre coexistiram com os demais seres vivos e sempre como plantas.


    Para além de que os códigos e a informação codificada das plantas são a marca por excelência de inteligência, hoje sabe-se que o design das plantas obedece a leis matemáticas, geométricas e mecânicas muito específicas e precisas.


    O desenvolvimento das plantas é um processo altamente regulado, permitindo-lhes uma interacção dinâmica e inteligente com o ambiente. As plantas foram concebidas para interagirem umas com as outras.

    O processo de fotossíntese, que converte a luz solar em energia, mas sem queimar as plantas, além de codificado no DNA das plantas, tem marcas de racionalidade e eficiência, mostrando a interdependência e a complexidade irredutível da criação a nível macro e micro, corroborando a omnisciência e a omnipotência de Deus.

    Mas as plantas são eficientes quando expostas à Lua,, porque foram criadas por quem criou o Sol e a Lua.Na verdade, as mesmas estão preparadas para contar a passagem do tempo.

    Apesar de os fósseis apenas mostrarem a "evolução" de plantas para plantas do mesmo género, os cientistas speculam sobre a evolução das plantas floridas e perfumadas, no passado inobservado, a partir do facto óbvio de que as mesmas são altamente eficientes dominam na criação.

    Mas os dados observados apenas corroboram a existência de um Criador que, além de ser omnisciente e omnipotente, tendo dotado as plantas de grande eficiência na fotossíntese, é amoroso e criativo, dotando-as de beleza, com o objetivo de proporcionar bem-estar físico e psíquico e prazer estético ao ser humano.

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  3. A CIÊNCIA DO GÉNERO DOS CANINOS E A BÍBLIA

    A Bíblia ensina, em Génesis 1, que os seres vivos se reproduzem de acordo com o seu género.

    Tendo sido escrita alguns milénios antes das taxonomias modernas, não é de esperar que o género bíblico corresponda exatamente ao género pensado pelos biólogos. Provavelmente nalguns casos o género bíblico pode corresponder à família, incluindo lobos, coiotes, cães, etc.

    A Bíblia diz que na Arca de Noé existia um casal de cada género, tendo a dispersão e diversificação dentro do género ocorrido a partir daí depois do dilúvio.

    Naturalmente ocorreu a partir da Ásia, onde a Arca pousou. Tudo isso é compreensível à luz da Bíblia.

    Isso nada tem que ver com a suposta evolução de partículas para pessoas, porque se parte sempre de um género bem definido já existente, com um "pool" genético rico em variabilidade, sendo a partir daí feita a especialização do genoma.

    As mutações podem dar o seu contributo, embora não construtivo. Por exemplo, uma única mutação causa o nanismo nos cães.


    A seleção natural e artificial também dão o seu contributo, embora como a próprio termo seleção indica tendam a reduzir a informação genética e a variabilidade do genoma.

    São muitas as possibilidades de recombinação da informação genética dentro do género dos caninos.

    Tudo isto é real. Dessa evidência dispõem criacionistas e evolucionistas.

    Mas ela não prova a origem acidental da vida ou a transformação de um género noutro diferente e mais complexo.

    Caninos serão sempre caninos, de acordo com o seu género, tal como a Bíblia ensina, provavelmente perdendo informação no processo.




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    1. A bíblia também ensina que o morcego é uma ave (Levítico 11:13-19). O que lhe aconteceu entretanto? 'Degenerou' para mamífero (!!), ou é mesmo uma ave, e são os biólogos modernos que estão errados (também) nisso? Ajude-me nesta dúvida, porque sinto a minha fé vacilar...

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    2. Nuno Coelho:
      usar como argumento que a Bíblia ensina que o morcego é uma ave é uma falácia, porque o significado da palavra hebraica não é o mesmo que atribuímos a ave e, além disso, o significado da palavra "ave" certamente mudou até Lineu. O que se pode dizer é que os hebreus não tinham um bom sistema taxonómico.

      Mas existem imensos problemas com o que o "Criacionismo Bíblico" afirma.

      Ele já defendeu que existe uma limitação (micro)evolutiva até ao género, recorrendo a fontes criacionistas que defendem que o normal é ser até à família (que parece ser a crença mais popular entre os criacionistas).

      O que ele defende costuma ser contrário às fontes que ele próprio indica como fundamento. Por exemplo, ele defende que a arca de Noé tinha todos os géneros de animais que migraram da Ásia, onde também tiveram origem. É claro que não é qualquer parte da Ásia: teria sido no Médio Oriente, mais precisamente do monte Ararat. No entanto o próprio artigo que ele indica refere o Oriente da Ásia, próximo do Rio Amarelo ("Yangtze River"), ou seja, na China:
      1) "Our analysis of Y-chromosomal DNA now confirms that wolves were first domesticated in Asia south of Yangtze River -- we call it the ASY region -- in southern China or Southeast Asia"
      2) "Since other studies have indicated that wolves were domesticated in the Middle East, we wanted to be sure nothing had been missed. We find no signs whatsoever that dogs originated there"

      Note-se que ele recorre a uma falácia da generalização precipitada.Espera-se que os vários géneros tenham origem em quase todas as zonas do planeta, por isso é natural que um criacionista possa usar um único exemplo para defender o seu ponto-de-vista. Primatas, como os humanos, por exemplo, não têm origem na Ásia. Usou-se os mesmos métodos indicados nos artigos indicados pelo "Criacionismo Bíblico", como a análise ADN mitocondrial, para determinar que tiveram origem em África. Serve como perfeito contra-exemplo, refutando o "Criacionismo Bíblico", mas é evidente que será ignorado. Ele é um "spammer" (verá que repete imensamente os mesmos textos) e um "troll" (repara que até escreve o que não tem qualquer relevância para o "post" em questão).

      Cumprimentos.

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    3. Pedro Amaral Couto,

      Obrigado pelo comentário. Eu sei perfeitamente que o Jónatas é um spammer e um troll, e tenho visto incontáveis exemplos disso. Não esperava de facto uma resposta dele.

      Quanto à questão que levantei, agradecia se me pudesses indicar que falácia cometi. Julgo que teria cometido quando muito um erro de interpretação, pelo meu desconhecimento do hebreu e do aramaico, mas mesmo isso me parece bastante questionável. A passagem que citei inclui o morcego numa lista de animais que são de facto aves. Não tenho qualquer dúvida que isso se deve, como dizes, ao facto de os hebreus estarem convencidos de que o morcego era uma ave, o que é perfeitamente natural, dado o que se sabia de biologia nesse tempo. Só seria de estranhar o erro se presumíssemos uma origem divina da bíblia, visto que o criador de todos os seres não cometeria decerto esse erro taxonómico. Não me parece que seja falacioso usar esse argumento para refutar alguém, neste caso o Jónatas, que defende a leitura da bíblia como um manual de biologia. Entre pessoas sensatas, eu nem teria levantado a questão.

      Cumprimentos.

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    4. Nuno Coelho,

      não é necessário indicar um nome para falácias.

      Existem pelo menos os seguintes métodos para mostrar que um argumento é uma falácia, mesmo que não tenha nome: 1) contra exemplo; 2) argumento paralelo; 3) reduction ad absudum;

      A classificação "ave", como usamos hoje, só começou a existir com Lineu, no século XVIII, por isso é irrelevante se na lista de animais que são aves.
      Aranhas também poderia ter sido chamado de "insecto", já que não havia o conceito de aracnídeos, e o polvo poderia ter sido chamado "peixe", já que não havia o conceito de molusco. Aliás, no "Sermão de Santo António aos Peixes", o polvo está incluído entre os peixes.

      A palavra "água" era usada para significar uma variedade de líquidos, mas não o uso não era incorrecto, porque o significado para a palavra era outra.

      Mas posso apresentar nomes de falácias para este caso:
      se uma crítica depende apenas do uso diferente de uma palavra no texto antigo qye se critica, então cometeu-se uma falácia, pois usou-se o mesmo termo de contextos diferentes como se mantivesse o mesmo significado (equívoco) e fundamentou-se numa ideia diferente daquela que se pretendeu refutar (espantalho). O ataque ao espantalho, geralmente, trata-se de um falso entendimento, mas é, mesmo assim, uma falácia.

      Abraços.

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    5. Pedro Amaral Couto,

      O meu pedido de esclarecimento era isso mesmo: pretendia esclarecer qual o ponto em que discordavas do meu argumento. Compreendo agora, e tens toda a razão no que dizes, mas não é aplicável a este caso. Não me refiro ao caso do morcego, mas sim ao meu comentário.

      Eu não comentei o posto, respondi a um comentário. A minha questão destinava-se a alguém que defende a interpretação literal e imutável da bíblia. Aquilo que eu ataquei é para ti um espantalho, mas não neste contexto. Usando as tuas palavras, eu não me fundamentei numa ideia diferente daquela que pretendia refutar; fundamentei-me precisamente na ideia defendida por quem eu pretendia refutar. E os argumentos que podem refutar a minha afirmação refutariam igualmente as afirmações dessa pessoa.

      Como disse num comentário anterior, não usaria esse argumento numa discussão com crentes moderados e sensatos. De qualquer modo, obrigado pela tua explicação.

      Abraços.

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