domingo, maio 26, 2013

Treta da semana (passada): o diabo das respostas.

Segundo Paulo Ricardo, o Papa fez um exorcismo rapidinho na Praça de São Pedro (1). Segundo o Vaticano não foi um exorcismo; apenas «rezou por uma pessoa doente que foi apresentada a ele»(2). Segundo o Gabriele Amorth, exorcista-mor, foi mesmo um exorcismo e a vítima está possuída por quatro demónios que se querem vingar dos «bispos mexicanos, porque eles não se opuseram ao aborto como deveriam»(3). Infelizmente, não explica por que é que os demónios se querem vingar disso. A vingança também ficou muito aquém do que se costuma ver nos filmes. Não opuseram o aborto como deveriam? Então vamos lixar a vida a um desgraçado qualquer que vocês nem conhecem. Já para não falar de decidirem ir quatro demónios possuir a mesma pessoa. Afinal, talvez até seja mesmo como nos filmes. Dos Três Estarolas.

Entretanto, outros padres como o Fernando Calado Rodrigues defendem que o Diabo não existe. «[O] Mal é a ausência do Bem, como a doença é a falta da saúde e a escuridão é a ausência de luz. [O] diabo não é uma existência, mas uma ausência de Deus»(4). Mas católicos como o Bernardo Motta defendem que «[A] crença na existência do Príncipe do Mal é essencial ao credo cristão.»(5) Até os espiritistas se juntam à festa. Como explica o Diogo, ambos os lados estão enganados porque «não existe Diabo nem diabos [ mas o] fenómeno a que chamaos obsessão e que popularmente se chama por exemplo 'encosto', decorre da existência de um mundo paralelo ao nosso, o mundo espiritual, habitado por gente como nós, que já deixou o corpo físico, ou, em linguagem mais clara, já 'morreu'!»(6). Como sabem isso? «Se estes fenómenos não fossem bem reais, não existiriam expressões como o cofre aberto, o encosto, a morada aberta, o corpo aberto, a possessão, etc..» Claro. Seja eu já aqui um unicórnio marciano mágico se for possível inventar expressões que não correspondam a algo real.

Mas numa coisa parecem estar todos de acordo. Como escrevem os espiritistas: «Que fique bem expresso que a Medicina está sempre primeiro, e que a Ciência é uma bênção preciosa. Mas acontece com frequência a Medicina não resolver.» Ou seja, primeiro a ciência tenta determinar o que se passa. Se é epilepsia, trauma ou outra disfunção que se possa diagnosticar de forma fundamentada. Só se a ciência não conseguir é que os peritos do espiritual entram em acção para declarar de imediato a causa do problema. Só que cada um alega a sua, todos têm absoluta certezam, não se entendem e nenhum consegue explicar porque há de ter mais razão do que os outros.

Isto deve-se a uma divergência profunda na forma como ciência e crenças encaram as respostas. A propósito da relação entre ciência e religião, o Alfredo Dinis pergunta «O que poderá um neurocientista dizer a alguém a quem foi diagnosticado um tumor cerebral [?...] O neurocientista procurará ajudar os doentes a viver melhor a sua vida física, mas será essa toda a ajuda que as pessoas procuram e precisam? Poderá dar-lhes alguma ajuda quando não é possível prolongar-lhes a vida?» (7). A estas perguntas retóricas o Alfredo espera uma resposta negativa, alegando que é à religião que compete «ajudar as pessoas a encontrar o sentido do universo e da vida». Mas não é bem assim. A ciência estuda os fenómenos naturais, só que nós somos parte da natureza. Por isso, a neurologia, a psicologia e a psiquiatria têm muito a contribuir para o bem estar de pacientes em estado terminal mesmo quando não é possível curar a doença. Apesar destas disciplinas estarem ainda na sua infância, cientificamente, em casos de depressão, dor ou dificuldade em lidar com alguma tragédia pessoal é melhor consultar um médico do que um padre.

Mas é verdade que ciência não responde a tudo. Como a ciência exige rigor e honestidade, é comum ter de admitir que não sabe o suficiente para dar uma resposta fundamentada. Por outro lado, quando abdicamos destes requisitos tudo fica mais simples. Porque dar respostas sem ter de as fundamentar é trivial. É o Diabo. Não, são os espíritos. É o destino. É Deus, um milagre ou o Mistério da Fé. Nem sequer é preciso perceber a questão. Basta tirar uma resposta do chapéu. Por exemplo, segundo o Alfredo, para responder à pessoa que tem o tumor cerebral a religião coloca-se «no domínio da ética e refere os valores éticos não apenas à vida que termina com a morte mas também à existência que se prolonga para além da morte.» Além de não ser claro o que é que isto adianta ao desgraçado que tem o tumor na cabeça, há ainda o problema do consenso das evidências indicar que não há “além da morte”. É pouco plausível que a minha existência enquanto eu sobreviva à destruição do meu corpo porque tudo indica que a memória, personalidade, cognição, vontade e pensamento estão dependentes do sistema nervoso. Por isso, a ciência nunca poderá dizer ao paciente com cancro no cérebro para não se preocupar que não há de ser nada.

A ciência dá-nos as melhores respostas que conseguimos fundamentar na informação de que dispomos. Infelizmente, isso nem sempre responde a todas as perguntas que temos nem sempre dá as respostas que gostaríamos de obter. Por isso, muita gente prefere alternativas onde a perícia vem da imaginação em vez de vir do conhecimento, onde a certeza vem de ter fé em vez de ter razões e onde há sempre respostas para todos os gostos.

1- YouTube, Papa Francisco teria feito exorcismo na Praça de São Pedro
2- Globo, Vaticano nega que Papa tenha feito exorcismo na Praça de São Pedro
3- Fratres in Unum, Exorcismo do Papa – Fala quem entende: “É uma vingança do demônio contra os bispos mexicanos, porque eles não se opuseram ao aborto como deveriam”.
4- CM, Fernando Calado Rodrigues, Padre O diabo não existe
5- Espectadores, vários posts sobre o mafarrico.
6- Blog de Espiritismo, O exorcismo de ontem
7- Alfredo Dinis, (sem título)

48 comentários:

  1. Os diabos estavam a punir os bispos por não se oporem ao aborto?

    São uma espécie de guardiães ma moral católica ?

    Então de que lado estão ?

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    1. Souza,

      Esta é mesma pergunta que eu estou me fazendo aqui.

      Será que este pessoal não pensa um pouco antes de falar tanta besteira?

      :-)

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    2. Pois é... São demónios ou são anjinhos?

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  2. É como a política: apesar de sabermos racionalmente que os políticos mentem sempre para serem eleitos (os que dizem a verdade são raríssimos e, justamente por dizerem a verdade, são incómodos e nunca ganham votos :) ), estranhamente os eleitores suspendem a razão quando vão às urnas votar, e querem «acreditar» que, desta vez sim, aquela pessoa vai-lhes dizer a verdade.

    Isto deve ter uma explicação psicológica qualquer que até deve ter uma base evolutiva: talvez por alguma razão, quando as respostas a uma pergunta são demasiado negativas, «bloqueamos», entramos em negação da realidade, e preferimos «acreditar» em algo de mais positivo, mesmo que não seja nem real, nem verdadeiro. Talvez esta atitude tenha conduzido a uma espécie mais optimista, e daí terem vindo vantagens no passado, não sei. Estou a especular :)

    Uma coisa é certa: por uma protecção natural do ego, é muito mais fácil ter um bode expiatório — alguém ou algo em que colocar as culpas, quando as coisas não correm como queremos. Pode ser noutras pessoas (nos políticos, no patrão, nos empregados das Finanças...) ou em entidades que existam ou não existam («os mercados», a Troika, o destino, os espíritos, os deuses, o Pai Natal quando não recebemos os brinquedos que queremos mas sim um par de peúgas...). A auto-protecção da nossa personalidade em que afirmamos «a culpa não é minha, a culpa é de X» é uma reacção, essa sim, comparativamente lógica. Pode não ser racional, pode ser absurda, mas «faz sentido» descarregarmos as culpas em coisas externas à nossa pessoa com o objectivo de pensarmos que assim vamos ficar um pouco mais contentes.

    Ao nível mais básico, religião (ou política...) é isso: é fornecer uma explicação para que não sejamos nós a ter a culpa toda das coisas que nos acontecem. E isso é reconfortante para a maioria das pessoas (mesmo que muitas depois reparem que o problema não desapareceu: não faz mal, há sempre outras coisas em que colocar a culpa...). Nos casos em que referes as explicações científicas — e, penso eu, daí o seu sucesso comparativo — é porque fornecem coisas mais palpáveis para colocarmos as culpas. Por exemplo, estamos doentes, então podemos pôr a culpa nos micróbios (ou em quem nos «pegou» a doença), o que podemos constatar com análises, que são palpáveis e visíveis, e mais reconfortantes do que meter as culpas em demónios ou espíritos que não vemos. Mas não é só a ciência que serve de pretexto. Se há fome e pobreza no mundo, a culpa é dos políticos e dos capitalistas, também eles mais palpáveis e visíveis (pelo menos na TV) do que Lúcifer, que não faz aparições públicas há algum tempo :)

    Ou seja, na minha visão do mundo, as pessoas precisam desesperadamente de ter coisas em que meter as culpas do que lhes acontece, para evitar terem de lidar com essas coisas. Na maioria dos casos, felizmente, a ciência (mesmo as ciências sociais e humanas) dão um pretexto palpável e visível para colocar as culpas. Em muitos, infelizmente, ainda não fornece esses pretextos. Ou, quando os fornece, são demasiado abstractos e incompreensíveis. A explicação mítico-religioso-mágica, não sendo nem palpável nem visível, é no entanto menos abstracta e mais facilmente compreensível. Daí o seu continuado sucesso, mesmo no século XXI.

    A ciência, como dizes, não dá (ainda) resposta a tudo, e mesmo quando dá uma resposta, esta pode ser incompreensível. Nem toda a gente tem a capacidade de compreender essa resposta, ou perceber como a pode utilizar para colocar as culpas das coisas que lhes acontecem. Por isso, a superstição e a magia vão continuar connosco durante muito mais tempo, quiçá mesmo «para sempre» — existirão sempre pessoas com falta de capacidade de compreensão.

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    1. Zizek, Zizek, Zizek. Ele explica perfeitamente esta dinâmica entre o "realmente não acreditamos nisto mas".

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  3. Felizmente nalgumas áreas vê-se uma pequena mudança de atitude por parte dos profissionais que a desempenham. Os médicos da medicina alopática, por exemplo, apesar de serem treinadas principalmente para curarem doenças e não pessoas, hoje em dia são também treinadas para aprenderem a curar as pessoas também. Isto cria logo uma relação de confiança com o paciente que dantes não existia. Com esta atitude, aumenta a confiança na ciência médica e nos seus profissionais — mesmo que em muitos casos, como dizes, possa ainda ser desconhecido o processo de cura. Mas a atitude como que se lida com a ausência deste processo de cura pode fazer com que o paciente não vá logo a correr atrás de um exorcista, mas, em vez disso, que reflicta (em conjunto com o médico ou terapeuta) no que pode fazer para diminuir os efeitos do mal que sofre. E, claro, no ramo da psicologia temos evidentemente uma área que trata exclusivamente do tratamento de pessoas e não de doenças, e que por isso mesmo é bastante eficaz (quando aplicado por um profissional qualificado e competente, e o processo de tratamento seguido escrupulosamente pelo paciente — duas condições que nem sempre estão presentes).

    Há também um factor associado à falta de paciência — coisa que cada vez é mais frequente nos dias que correm, fruto de uma sociedade com um ritmo incrivelmente acelerado de exigências constantes. Assim, apesar de as pessoas saberem que podem ganhar muito dinheiro trabalhando honestamente, se ganharem a lotaria ou o Euromilhões, ganham muito mais dinheiro do que a trabalhar 20 ou 40 anos. Mas não há nenhuma forma científica para ganhar o Euromilhões. Assim, recorre-se à magia, que promete um resultado rápido. Não funciona, é claro, mas é como as campanhas dos políticos: preferimos acreditar na mentira que pode trazer uma mudança rápida, do que aceitar a realidade das coisas, que é continuar a trabalhar mais 20, 30, 40 anos se quisermos ter algum dinheiro. O mesmo para as doenças, especialmente as do foro mental. Um psicólogo competente pode dizer ao paciente que, até que este se sinta melhor, precisará de seguir um regime de treino durante uns 3 anos, praticado todos os dias em casa e regularmente acompanhado pelo psicólogo, seja uma vez por semana, seja uma vez por mês, etc. Isto é um processo caro e longo. Funciona, claro, mas... leva muito tempo. Uma bruxa promete resolver todos os problemas numa única sessão, cobrando €20 ou €40. É muito mais barato. Há também o efeito placebo em jogo: acreditando que se está a poupar uma pipa de massa e de tempo com apenas uma ou duas sessões com a bruxa, a pessoa pode sentir-se logo melhor. Mesmo que depois piore, não faz mal: continua sempre a ser mais barato ir à bruxa. Nos casos menos graves, o mero efeito placebo, o de acreditar que a bruxa está mesmo a resolver o problema, até pode curar completamente o paciente — que depois evidentemente ficará muito mais predisposto a abandonar o psicólogo caro e lento e a recorrer sempre à bruxa para resolver os seus problemas, porque é muito mais rápido (e consequentemente mais barato).

    Até um dia acontecer algo de realmente grave. Aí pode ser tarde demais. Mas a bruxa também saberá encaminhar o «paciente» para colocar as culpas das coisas graves noutro sítio qualquer, e descartar-se da responsabilidade...

    A magia e a superstição funcionam. Não resolvem os problemas, mas criam a ilusão de que os resolvem, graças à atitude com que os praticantes de magia encaram os seus pacientes. Tal e qual como os políticos que prometem que iremos viver num país melhor se votarmos neles. O mecanismo é o mesmo.

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  4. acho que o grande trunfo do pensamento cientifico - quando bem intencionado e de fato intrigo - é justamente admitir sua limitação, seja ela temporaria ou não.

    não se vê com muita frequencia religiosos dizendo que simplesmente não sabem as coisas. o maximo a que chegam é o ja bem famoso "é a vontade de deus" ou "deus tem todas as respostas", etc.

    porem, ainda mais frequentemente, são os religiosos que nos chamam - ateus, ceticos - de arrogantes e pouco humildes..

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    1. O Ludwig é contraditório quanto a isso...

      Por um lado, admite por vezes a falibidfade do pensamento científico...

      Por outro lado afirma que Deus e a vida para além da morte não existem como se alguma experiencia científica pudesse atestar isso...

      A ciência só nos diz que os milagres de Jesus a sua ressurerreuição dos mortos (detalhadamente contados em vários textos da antiguidade) são eventos natural e humanamente impossíveis.

      Mas isso os Cristãos também sabem.

      É por saberem isso que os Cristãos afirmam que os milagres e a ressurreição de Jesus Cristo (relatados detalhadamente por muitas testemunhas que morreram por aquilo que viram!) só poderiam ter tido uma causa sobrenatural e divina.

      Os cristãos também reconhecem as limitações do pensamento científico.

      É por isso mesmo que procuram a resposta para a origem, sentido e destino das suas vidas no próprio Criador e não em teorias falíveis de cientistas falíveis e com conhecimentos limitados (e por vezes afetados pelas doenças cerebrais de que o Ludwig fala uns posts mais abaixo)...

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  5. "consenso das evidências indicar que não há “além da morte”."

    Quais evidências?

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    1. Victor Stenger
      Physicist, PhD, bestselling author

      Life After Death: Examining the Evidence

      http://www.huffingtonpost.com/victor-stenger/life-after-death-examinin_b_1428710.html

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  6. Um video sobre exorcismo que vale a pena ver. É pequenino


    http://www.youtube.com/watch?v=2P51HG4A6EE

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    1. vc é louco nem tenho coragem de ver kkkkkkk

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  7. António Parente,

    «Quais evidências?»

    Alzheimer's, AVC, traumatismos cranianos, trissomia XXI, esclerose múltipla, por exemplo. Há imensos indícios que sem um sistema nervoso minimamente funcional não somos nada que valha a pena ser.

    Quanto à hipótese de que uma pessoa com estes problemas se cure milagrosamente quando morrer e o cérebro apodrecer, era preciso algum fundamento objectivo para a levar a sério. Como wishful thinking é pouco credível.

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    1. é verdade, mas apesar disso pagam-te para dares aulas

      milagre do senhor

      até um vegetal de deus dá aulas....

      tiveste essas anomalias todas e inda escreves

      bolas valha-nos são stephen hawk ing

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    2. Nada das doenças de que o Ludwig fala prova a inexistência da vida para além da morte.

      Apenas corrobora a corrupção a que todos estamos sujeitos, e torna totalmente inacreditável a evolução, num cenário de corrupção, doenas e morte generalizadas...

      Mas essas doenças todas corroboram a corrupção a que a natureza está sujeita por causa do pecado, tal como a Bíblia ensina do Génesis ao Apocalipse.

      A morte física e espiritual a que estamnos condenados é a razãoi pela qual Jesus decidiu morrer pelos nossos pecados, levando sobre si o castigo de Deus, e ressuscitando ao terceiro dia com um corpo incorruptível, podendo prometer-nos uma vida eterna com Deus.

      Existe evidência histórica confiável de que Jesus Cristo ressuscitou dos mortes. Ele foi visto por muitos e a sua ressurreição foi contada com detalhes factuais por testemunhas oculares.

      Em sentido contrário, não existe nenhuma evidência observada de que o Univwerso surgiu sem causa, de que a vida surgiu por acaso ou de que bactérias se transformam em bacteriologias (vencendo as forças da corrupção cuja existência até o Ludwig consegue reconhecer).



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    3. Não me parece que esse seja um bom argumento, Ludwig. Saudáveis ou doentes, todos morremos. Ateus ou crentes. Uns são cremados, outros enterrados. Em qualquer dos casos, há uma deterioração completa e total do nosso corpo. Como ateu, entendes que esse é o fim e que depois da morte não há mais nada. Vejo-te cheio de certezas. Como crente, não tenho certezas como tu. Tenho só a esperança de que o testemunho dos apóstolos seja verdadeiro, que a minha fé em Jesus não seja vã e que S. Paulo tenha razão. Quanto ao resto, não faço a miníma ideia do que possa haver para além da morte. Ninguém sabe, aliás.

      Invejo-te, e penitencio-me por isso, por estares cheio de certezas e confiares tanto na tua infabilidade.

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    4. Eu aumento a minha esperança para além dis apóstolos: espíritas, muçulmanos, hindus, hare krishnas, budistas, fé dos nativos americanos, idem australianos ou qualquer outros que possam de uma forma ou outra garantir uma vida eterna ou uma reencarnação decente.

      O problema é que apostar numa implica negar as outras. Não me adianta nada coonverter-me ao Islão e seguir as normas todas se as divindades verdadeiras forem hindus.

      Nesse caso eu e o meu amigo iríamos para o mesmo sitio.

      E mesmo no Islão tinha de escolher ser xiita, sunita, ismaelita ou wabbabista.

      A probabilidade de mesmo que existam divindades termos a sorte de adivinhar as correctas e dentro destas o rito e procedimentos é de tal maneira baixa que nem vale a pena considerar.

      De certeza que este ano há um qualquer fundo de investimento que vai render 50%
      Acertar no correcto é uma mera questão de sorte.

      Portanto penso que a maior probabilidade de cobseguir um extended play ser

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    5. Saiu cortado mas a ideia geral é que penso que será mais provável conseguir algo em negociações directas com as divindades.

      Se forem as hindus pode o meu amigo argumentar que tinha boas razões para crer em Cristo e nis apóstolos.

      Eu e o ludwig no cepticismo.

      Expressões do tipo:

      - ai Jesus

      - pelas barbas do profeta!


      É que de certeza não devem ajudar.


      E se as divindades forem femininas que na nossa chegada não estejam com spm....

      Aí é que não me parece que haja salvação.

      No céu dos católicos, sendo coisa de latinos, tenho alguma fé que conhecendo as pessoas certas e sendo generoso tudo se há de arranjar.

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  8. O LUDWIG CONCORDA COM OS CRIACIONISTAS: NÃO EXISTE QUALQUER CAUSA NATURAL PARA O UNIVERSO!

    Apesar de criticar os criacionistas por apresentarem hipóteses não testáveis (o que é um absurdo porque, por definição, se a evolução pode ser testada, a ausência de evolução também!) a melhor explicação para o Universo que o Ludwig consegue propor consiste em dizer que ele surgiu do nada sem causa!

    Algum cientista conseguiria testar isso no terreno ou em laboratório? Não!

    Os cientistas apenas operam num Universo que já existe (e onde o nada nem sequer pode ser pensado porque haveria alguém a tentar pensá-lo).

    Por isso, longe de ser uma afirmação científica, trata-se de uma afirmação filosófica e por sinal de muito má qualidade.

    Os filósofos da antiguidade já diziam: do nada (por definição) nada se cria. O nada não existe como causa de alguma coisa, sob pena de ser algo e não nada.

    É contraditório e, logo, ilógico e irracional dizer que o nada cria alguma coisa. Dizer isso viola o dever de racionalidade de que o Ludwig tanto gosta (mas que também não consegue justificar logicamente).

    Faz algum sentido dizer que o Big Bang aconteceu porque nada explodiu?

    Não obstante, a afirmação do Ludwig, apesar de absurda, não deixa de ser interessante na medida em que é uma forma de confissão de que todas as tentativas de encontrar uma primeira causa para o Universo a partir dos processos naturais falharam.

    Sempre que essas tentativas foram testadas, elas esbarraram nas leis físicas da causalidade, da conservação da energia, da entropia, da inércia e da abiogénese (para não falar da lei da teoria da informação que afirma que todos os códigos têm origem inteligente).

    Já nem o Ludwig acredita nas virtualidades explicativas do naturalismo…
    Os criacionistas concordam que não existe uma causa natural para o Universo!

    Apenas chamam a atenção para o facto de que é ilógico e irracional pensar que o nada causa o que quer que seja e muito menos que poderia causar um universo com tempo, espaço, quantidades inabarcáveis de energia e informação, vida, sentimentos, emoções e deveres de racionalidade e moralidade.

    A única e primeira causa que racionalmente poderia dar origem a um Universo assim seria um Deus espiritual, sobrenatural, eterno, infinito, omnipotente, vivo, pessoal, sensível, racional e moral, tal como se revela na história e na pessoa de Jesus Cristo através da Bíblia.

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  9. Dava umas pazadas de euros.

    Nem era das de 100 ou 200. Era mesmo das de quinhentos para o Ludwig estar errado.

    Mais umas coisas que nem as finanças sonham e que nem falam.

    Dava um beijo na boca de língua e tudo aos crentes e ia a pé a santiago.

    Fátima parece-me um bocado pinderico. Também não me peçam tudo.

    Parece-me é que quandoo cérebro der de si. E nem precisamos de morrer vai ser como nos jogos quando perdemos as vidas todas:

    Vai aparecer o malfadado game over.

    Tenho pouca esperança que apareça o insert coin to continue......

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  10. Apesar de tudo não podemos esquecer que vivemos num mundo real em que o evento histórico mais marcante foi a ressurreição de Jesus Cristo...

    No mundo real, temos boas razões para ter esperança.

    Os evolucionistas ateus rejeitam os factos históricos do mundo real e preferem os seus "factos inventados", como seja a suposta evolução de partículas para pessoas...

    ...quando o que realmente vemos no mundo real (e o Ludwig confirma!) é a "evolução" de pessoas para partículas ao fim de alguns anos, quando chega o tal "game over"...

    A Bíblia também diz: "o salário do pecado é a morte..."

    O Ludwig e o Sousa Ponte deviam lembrar-se que todas as doenças que refere são causadas por mutações genéticas, mostrando quão estúpida é a crença evolucionista (muito testada mas nunca confirmada) de que as mesmas poderiam criar algo novo, mais complexo e mais perfeito...

    Só o Criador do software (códigos genéticos e epigenéticos de que a vida depende) pode reparar os danos e fazer um "restart"...

    A Bíblia também diz:

    "...mas o dom gratuíto de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor."


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  11. É triste, de certo modo, ver que pessoas como o "perspectiva" nunca hão de compreender o facto da morte, nunca hão de perceber a sua mortalidade como tal, insistindo para sempre nesta obsessão maníaca pela sobrevivência eterna da sua subjectividade como verdade absoluta inegável.

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    1. O que diz é só ar quente sem sentido.., a ressurreição de Jeswus Cristo foi vista por muitos e transformou a história da humanidade...

      É bem mais credível, doi ponto de vista histórico, do que as pataquadas do Barba Rija...

      Para negar a possibilidade de vida eterna o Barba Rija tem primeiro que negar a existência de Deus e da sua revelação hustórica...

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    2. Era "miúdo" quando ouvi da minha prima: tem gente que morreu e esqueceu de deitar.
      A metáfora me serviu ..., obrigado prima.

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    3. só lhe digo uma coisa quando jesus voltar vc vai saber tudo q é certo e errado pq eu creio que ele aí de vim e eu acredito na vida eterna pq na igreja mesmo diz que as pessoas morrem mais o espirito não morre tem um trecho da biblia que serve pra vc deus é o alfega e omega o inicio e o fim quando seu nome não estiver no livro da vida vc vai se lembrar que oportunidades não te faltou pra seguir a deus

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  12. Perspectiva:

    Eu que sou moço do norte, canudo, garanto-lhe que com se diz no norte:

    - o sinhor! Daba o cue e dois tostões para ter a bidinha iterna e ber o Benfica , por toda a eternidade, a lebar onde lebam as galinhas e as águias.

    Se calhar até há alguma inveja, por mim falo, de não conseguir uma racionalização que me permita crer que depois do game over possa haver alguma possibilidade de inserir uma qualquer moeda e continuar no jogo.

    Penso que as propostas religiosas : reencarnação, céu, as 72 virgens, o nirvana ou mesmo o lago de fogo são mais apelativas que voltar para onde estava em 1789....isto é para parte nenhuma.

    Como estou a ficar um bocado cota chateia-me pensar que o bem bom vai acabar numa consulta de rotina quando um médico qualquer fizer um ar grave...daí ao game over é um tiro.

    Os crentes constroem esquemas mentais complexos e aparentemente até parecem crer no que dizem.

    Pela argumentação - digo isto sem ironia ou crítica - parece-me que crêem tanto na vida eterna como eu.

    No fundo eu penso que discuto com crentes na esperança que me deem o argumento que me falta.

    Eles acham que se ganharem uma discussão estão certos e é céu garantido.

    Infelizmente parece que nenhuns de nós vai ganhar a questão.

    Como diria o wyat earp no filme:

    - quando se mata um homem rouba-se-lhe tudo.


    Cito assim, de memória , o eclesiastes que nos manda comer, beber e outra coisa que rima e deixarmo-nos de fitas.

    Sic transit gloria mundi


    Vamos todos imaginar algo que nos dê a eternidade.

    Como estou em frankfurt vou seguir o sábio conselho de eclesiastes. Nem todo que sou casado

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    1. Cuidado com as leituras selectivas da Bíblia. O Eclesistates também diz:

      "Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo."

      Eclesiastes 11:9

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  13. António Parente,

    «Não me parece que esse seja um bom argumento, Ludwig.»

    Pediste-me evidências, dei exemplos de evidências. Não era um argumento.

    O argumento é este: se eu continuarei a existir depois da morte do meu corpo, então aquilo que me constitui enquanto indivíduo tem de ser independente do meu corpo. Pelo menos, tem de haver algo que não dependa do corpo e do qual ainda possa dizer “isso sou eu”. Caso contrário, tudo o que eu sou desaparecerá no processo natural de compostagem ao qual o meu corpo está destinado.

    Os exemplos que dei são evidências de que tudo aquilo que me possa constituir enquanto indivíduo – memórias, pensamento, percepção, vontade, etc – está dependente do funcionamento corpo. Tudo isso pode desaparecer se as estruturas físicas e biológicas que o geram deixarem de funcionar. Nem é preciso o corpo todo deixar de funcionar. Por exemplo, há doenças neuro-degenerativas que destroem toda a mente, das memórias à vontade, deixando ainda o coração a bater e os pulmões a ventilar mesmo já não havendo lá ninguém.

    Este é o meu argumento: como tudo aquilo que me constitui enquanto indivíduo consciente está dependente do funcionamento do meu corpo, quando o meu corpo deixar de funcionar tudo aquilo que me constitui enquanto indivíduo consciente desaparecerá. Haverá vida depois da minha morte, mas essa vida continuará sem mim, tal como aconteceu durante os milhares de milhões de anos antes de eu ser concebido.

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    1. Esse argumento esquece que o espírito, apesar de ter um suporte corporal corruptível, pode ser salvo e recolocado num suporte corporal incorruptível.

      Claro que só Deus, que criou o software e hardware que nos caracteriza é que pode fazer essa operação...

      Curiosamente, todos fazemos algo parecido quando salvamos informação e a transferimos para outro suporte físico...

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    2. O CÉREBRO E A EXISTÊNCIA DO LUDWIG

      O Ludwig é de opinião de que não existe vida para além da morte, porque o nosso eu está irremediavelmente dependente do nosso cérebro, pelo que morrendo este morre o nosso eu.

      Mas será mesmo assim?

      Mais uma vez o Ludwig resvala para o discurso contraditório e auto-refutante.

      Se não existe um Ludwig para além do seu corpo e do seu cérebro, então todos os seus pensamentos, ideias, opiniões, escolhas e acções não são imputáveis ao Ludwig como pessoa, mas sim, em última análise, aos seus estados cerebrais e à sua fisiologia neurológica.

      Se assim é, não vale a pena perder o nosso tempo a discutir com neurónios e sinapses, nervos e músculos. Em vão encontraremos aí um sujeito autónomo e responsável.

      Se o Ludwig está totalmente dependente do seu corpo e do seu cérebro como pode dizer que estamos sujeitos a deveres de moralidade e racionalidade?

      O Ludwig só pode dizer que é livre e responsável se realmente existir um Ludwig irredutível ao seu cérebro, que possa ser responsável pelas decisões que faz, pelas ideias que aceita, pelos movimentos do seu corpo, pelas aulas que dá, pela maneira como trata os outros, etc.

      Nesse caso, o Ludwig pode ser julgado por Deus e condenado pela violação das suas normas.

      Mas também pode aceitar o perdão e a salvação através de Jesus Cristo e receber um corpo incorruptível como o que Jesus Cristo mostrou aos seus contemporâneos depois da ressurreição.



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  14. Já agora, António, a certeza não tem nada que ver com infalibilidade.

    Eu tenho a certeza que aqui onde estou, neste momento, é dia. Mas o que isto quer dizer é simplesmente que já tenho confiança suficiente nesta hipótese para não me adiantar reunir mais evidências que a suportem. Se agora me levantar e for confirmar olhando pela janela e constatar que é dia fico exactamente na mesma. Isso já eu sabia.

    Isto não implica nem infalibilidade nem certeza absoluta porque continuo receptivo a evidências contrárias. Por exemplo, se acordar agora a meio da noite concluo que afinal não estava aqui de dia mas estava só a sonhar que lhe estava a escrever esta resposta.

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    1. A questão é:

      Porque estou aqui? Se não fui eu que criei o meu corpo, quem o planeou e criou? Quem criou o espaço onde estou? Quem criou o tempo em que está este momento? Quem criou o mundo lá fora da minha janela?

      A minha presença aqui resulta de um acidente cósmico? Eu sou o resultado de processos aleatórios e irracionais ou sou o resultado de uma Criação intencional?

      Se uso códigos para codificar a resposta que aqui escrevo, quem criou os códigos e codificou as instruções genéticas e epigenéticvas que me permitem ter vida para estar aqui onde estou?

      É isso que está em causa e a verdade é que é lógica, filosófica e cientificamente absurdo dizer simplesmente que tudo surgiu do nada sem causa...

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  15. LUDWIG CONCORDA COM OS CRIACIONISTAS: NÃO EXISTE QUALQUER CAUSA NATURAL PARA O UNIVERSO!

    Apesar de criticar os criacionistas por apresentarem hipóteses não testáveis (o que é um absurdo porque, por definição, se a evolução pode ser testada, a ausência de evolução também!) a melhor explicação para o Universo que o Ludwig consegue propor consiste em dizer que ele surgiu do nada sem causa!


    Algum cientista conseguiria testar isso no terreno ou em laboratório? Não!

    Os cientistas apenas operam num Universo que já existe (e onde o nada nem sequer pode ser pensado porque haveria alguém a tentar pensá-lo).

    Por isso, longe de ser uma afirmação científica, trata-se de uma afirmação filosófica e por sinal de muito má qualidade.

    Os filósofos da antiguidade já diziam: do nada (por definição) nada se cria. O nada não existe como causa de alguma coisa, sob pena de ser algo e não nada.

    É contraditório e logo ilógico e irracional dizer que o nada cria alguma coisa. Dizer isso viola o dever de racionalidade de que o Ludwig tanto gosta (mas que também não consegue justificar logicamente).

    Faz algum sentido dizer que o Big Bang aconteceu porque nada explodiu?

    Não obstante, a afirmação do Ludwig, apesar de absurda, não deixa de ser interessante na medida em que é uma forma de confissão de que todas as tentativas de encontrar uma primeira causa para o Universo a partir dos processos naturais falharam.

    Sempre que essas tentativas foram testadas, elas esbarraram nas leis físicas da causalidade, da conservação da energia, da entropia, da inércia e da abiogénese (para não falar da lei da teoria da informação que afirma que todos os códigos têm origem inteligente).

    Já nem o Ludwig acredita nas virtualidades explicativas do naturalismo…

    Os criacionistas concordam que não existe uma causa natural para o Universo!

    Apenas chamam a atenção para o facto de que é ilógico e irracional pensar que o nada causa o que quer que seja e muito menos que poderia causar um universo com tempo, espaço, quantidades inabarcáveis de energia e informação, vida, sentimentos, emoções e deveres de racionalidade e moralidade.

    A única e primeira causa que racionalmente poderia dar origem a um Universo assim seria um Deus sobrenatural, espiritual, eterno, infinito, omnipotente, vivo, pessoal, sensível, racional e moral, tal como se revela na história e na pessoa de Jesus Cristo através da Bíblia.

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  16. O CÉREBRO E A EXISTÊNCIA DO LUDWIG

    O Ludwig é de opinião de que não existe vida para além da morte, porque o nosso eu está irremediavelmente dependente do nosso cérebro, pelo que morrendo este morre o nosso eu.

    Mas será mesmo assim?

    Mais uma vez o Ludwig resvala para o discurso contraditório e auto-refutante.

    Se não existe um Ludwig para além do seu corpo e do seu cérebro, então todos os seus pensamentos, ideias, opiniões, escolhas e acções não são imputáveis ao Ludwig como pessoa, mas sim, em última análise, aos seus estados cerebrais e à sua fisiologia neurológica.

    Se assim é, não vale a pena perder o nosso tempo a discutir com neurónios e sinapses, nervos e músculos. Em vão encontraremos aí um sujeito autónomo e responsável.

    Se o Ludwig está totalmente dependente do seu corpo e do seu cérebro como pode dizer que estamos sujeitos a deveres de moralidade e racionalidade?

    O Ludwig só pode dizer que é livre e responsável se realmente existir um Ludwig irredutível ao seu cérebro, que possa ser responsável pelas decisões que faz, pelas ideias que aceita, pelos movimentos do seu corpo, pelas aulas que dá, pela maneira como trata os outros, etc.

    Nesse caso, o Ludwig pode ser julgado por Deus e condenado pela violação das suas normas.

    Mas também pode aceitar o perdão e a salvação através de Jesus Cristo e receber um corpo incorruptível como o que Jesus Cristo mostrou aos seus contemporâneos depois da ressurreição.

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    1. Para responder ao desafio, que no fundo concordo, de que não existe um «eu» para além das partes físicas (e mentais — o perspectiva está a esquecer-se das partes mentais: sem pensamentos e capacidade cognitiva, não há «eu», o que neurologistas como o António Damásio mostraram quando perceberam que certos danos no cérebro façam com que a pessoa perca a identidade, por deixarem de ter essa capacidade cognitiva de «inventarem» o seu «eu» — então a pergunta fica, onde é que se encontra esse «eu» que o perspectiva defende que existe, e como o posso determinar?

      Não me diga que fica «na alma», porque nem o perspectiva ou sequer eu vimos alguma vez uma alma, e o seu argumento tão bem formulado cai por terra. :)

      Em vez disso, proponho-lhe o desafio de procurar esse «eu» fora das partes que constitui o corpo humano e dizer-me onde está para que eu o encontre :)

      Repare que a ciência também não dá uma resposta clara. Diz apenas que o «eu» é uma propriedade emergente das partes todas do corpo, e vagamente alude à ideia de que é a complexidade do sistema neuronal a causa do «eu» (e até pode dizer quais são as partes que têm de estar a funcionar para que exista um «eu»), mas a ciência é humilde para afirmar que não sabe muito bem porque é que surge um «eu» a partir de lixo orgânico organizado. Sabe, isso sim, que sem esse lixo orgânico não há «eu», e isso é suficiente para afirmar, com bastante convicção, de que uma vez removido o lixo orgânico, não há «eu» em parte nenhuma.

      É meritória a abordagem mas peca por não ir até ao fundo da questão. Não explica porque é que «emerge» o «eu», apenas como «deixa de emergir» quando certas partes estão ausentes. Explica, pois, que não pode haver «eu» sem essas partes fundamentais, mas não explica porque é que «aparece» um «eu» quando estas estão presentes — excepto pela vaga alusão de que existe um mecanismo, actualmente desconhecido, que propicia a emergência desse «eu», deixando a questão por resolver.

      Eu prefiro não andar às voltas com a questão de onde é que o «eu» aparece e porquê. É irrelevante se o «eu« está na célula X ou Y do sistema nervoso, ou se são N células que por acaso fazem Z que «cria» esse «eu» (assumindo que se soubesse a resposta). O facto é que eu acredito que tenho esse «eu», e sei que as outras pessoas também acreditam que têm um «eu» — porque, pelo seu comportamento, infiro por dedução que têm um «eu» também. Então esse comportamento ético, moral, racional deriva do princípio de que todos acreditamos que temos um «eu» que pensamos que exista (embora não saibamos onde está ou como aparece), e, de forma a resolver os conflitos entre «eus», adoptamos certas normas e procedimentos.

      Não é preciso postular que tem de vir «alguém» (ou algo) dizer-nos como resolver esses conflitos: podemos fazê-lo nós mesmos, basta pensar um bocadinho pelas nossas próprias cabeças :)

      Pelas mensagens do perspectiva, sinto sempre esta desagradável impressão de que tem de haver uma «autoridade» que impõe regras, seja ela mundana ou extra-mundana, porque o perspectiva não se sente confortável com a ideia de que somos capazes de pensar pelas nossas cabeças. Sabe que isso reflecte muito o seu estado mental? Tem falta de confiança nas suas próprias capacidades mentais de decidir o que é bom para si e para os outros, e tem de haver «alguém» que lhe diga o que fazer.

      Bem, tudo bem, não é mau seguir bons exemplos (passe a redundância), mas chega a um ponto em que tem de estar convencido de que o que faz é para seu bem e para o dos outros, porque chegou a essa conclusão por si próprio, não porque o «obrigaram» a pensar de certa forma...

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  17. Bom, Ludwig, para um homem de ciência e do rigor convinha não te aventurares por caminhos bastante denunciadores da tua retórica corriqueira e vulgar. Sempre abrasado pelas temáticas religiosas, raramente razoável! Ou seja, juntar no mesmo exemplo, demonstrativo da insanidade dos católicos, a referência ao Papa (que dispensa apresentações biográficas), Gabrielle Amorth, velho gagá de 88 anos (o tal dos bispos do Mexico), um padre português irrelevante e desconhecido, e os espíritas (!) releva muito pouco idoneidade argumentativa. Na verdade, também nas coisas da religião é preciso ter método, conseguir circunscrever o tema que se quer abordar (repara, tens uma certa tendência para "tudólogo"), citar as fontes relevantes, etc...A coisa, no teu jeito de dizer, fica muito ao nível das conversas de autocarrro em que alguém pretende ganhar a discussão dizendo “um estudo feito na América prova que...”; com efeito, a blague do velho Amorth, o que disse o padre cujo nome não me lembro, os teus amigos espíritas, lamento, mas não são relevantes para o caso de saber o que pensa a Igreja Católica sobre estas coisas dos exorcismos. Outro relevo teria se citasses a Sagrada Escritura, ou o catecismo da Igreja. Mas, mesmo assim, seria necessário fazer exegese, que também é uma ‘ciência’ com o seu próprio método! Mas tu sabes de tudo! Curiosa a afirmação estritamente cientifica segundo a qual: "cientificamente, em casos de depressão, dor ou dificuldade em lidar com alguma tragédia pessoal é melhor consultar um médico do que um padre.” Na verdade, agradecia — devido às minhas próprias dificuldades — informação urgente sobre as vantagens de consultar o médico na dor ou em alguma tragédia pessoal... (olé!, não és nada preconceituoso!) O que é que sabes da dor dos outros e do modo como a enfrentam?! A que estudos te referes? Que autores citas para além das tretas de um blogue sobre tretas!
    Pois, Ludwig, o problema é que tens certezas cientificas que, curiosamente, te impedem de uma aproximação razoável a coisas que talvez não sejam como tu, no teu temor e angústia, as definiste definitivamente.
    Carlos Leal

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  18. Carlos Leal,

    Como “homem de ciência e do rigor”, considero que a autoridade legítima assenta necessariamente em evidências objectivas, daquelas que suportam as hipóteses defendidas de forma independente das crenças de cada um. Por isso, por exemplo, considero os astrónomos autoridades legítimas mas os astrólogos já não, porque a astrologia assenta em premissas que só se pode aceitar por fé.

    Se leres o meu post com mais atenção, perceberás que é esse o ponto principal aqui. Admito que tu consideres o Papa como uma autoridade mais legítima do que o Gabrielle Amorth (que não é só um velho gagá, é oficialmente o exorcista do Vaticano; o exorcismo é uma prática reconhecida e regulamentada pela Igreja Católica). Mas isso é irrelevante se não houver evidências que apontem a hipótese correcta de forma transversal às nossas divergências de opinião.

    O ponto principal é que não há evidências dessas. Se usas o crivo do rigor e da objectividade para rejeitar a tese dos espíritas, então tens de rejeitar igualmente as teses da virgindade de Maria, da transubstanciação, da ressurreição e natureza divina de Jesus, e até a da existência do deus dos católicos. Por outro lado, se abdicas desse rigor e aceitas estas coisas por fé, então deixas de ter uma justificação para rejeitar as teses do Gabrielle Amorth. Para aceitares umas rejeitando as outras terás de usar critérios totalmente subjectivos e pessoais. Basicamente, acreditas numas coisas porque queres e noutras porque não queres.

    «Na verdade, agradecia — devido às minhas próprias dificuldades — informação urgente sobre as vantagens de consultar o médico na dor ou em alguma tragédia pessoal.»

    Os nossos estados emocionais têm um fundamento fisiológico e, por vezes, os efeitos fisiológicos tornam-se determinantes e impossibilitam a melhoria sem intervenção. Por exemplo, nos casos de depressão crónica. Há também efeitos que se reforçam mutuamente. Os pesadelos dificultam o sono, a falta de sono causa depressão que por sua vez aumenta a ansiedade e os pesadelos, por exemplo. Se bem que os fármacos tenham efeitos secundários indesejáveis, há casos em que é mesmo necessário. Os estados de depressão e outras perturbações psicológicas que podem surgir devido a uma tragédia pessoal são doenças como quaisquer outras, e merecem o mesmo cuidado. Basicamente, se tens uma dor de dentes ligeira podes ir à missa se isso te distrair e acalmar, mas se tiveres uma infecção num dente tens mesmo de ir ao dentista. Com o cérebro passa-se o mesmo que com os dentes ou qualquer outra parte do corpo.

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    1. Vejamos o que o Ludwig diz:

      "Como “homem de ciência e do rigor”, considero que a autoridade legítima assenta necessariamente em evidências objectivas, daquelas que suportam as hipóteses defendidas de forma independente das crenças de cada um."

      Existe evidência objectiva de que a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo foi evento mais marcante da história universal.

      Existe evidência objectiva de que a vida depende de códigos e informação cofificada (irredutíveis a matéria e energia) e de que códigos e informação codificada são a marca, por excelência, da presença de racionalidade, inteligência, pensamento e comunicação.

      Existe evidência objectiva de que as mutações são cumulativas e degenerativas, causando doenças e morte, não criando estruturas e funções inovadoras e mais complexas.

      Não existe nenhuma evidência objecticva de que a energia existênte no Universo surgiu do nada em causa, violando as leis da causalidade, da conservação da energia, da entropia e da inércia.

      Não existe nenhuma evidência objectiva de que a vida e a informação de que depende surgiram por acaso de químicos inorgânicos.


      "Por isso, por exemplo, considero os astrónomos autoridades legítimas mas os astrólogos já não, porque a astrologia assenta em premissas que só se pode aceitar por fé."

      O estudo da astronomia também assenta em premissas que se têm que aceitar pela fé.

      Desde logo, o cientista aceita pela fé, antes mesmo de iniciar as suas knvestigações, a premissa de que o Universo tem uma estrutura inteligível e de que ele tem capacidade racional para o estudar.

      A Bíblia, ao falar de um Universo criado racionalmente por um Deus racional que nos criou à Sua imagem confere plausibilidade a essas premissas.

      A evolução, ao postular um Universo que surgiu do nada sem causa e que obedece a processos irracionais não sustenta essas premissas.

      Além disso, nunca ninguém observou a origem do Universo nem a suposta singularidade inicial que alegadamente explodiu.

      Pelo que as afirmações que os cientistas fazem sobre o passado distante não observado dependem da sua visão do mundo, naturalista ou bíblica, que aceitam pela fé.

      Umna coisa é certa. A dimensão inabarcável do Universo e da energia que ele contém fazem mais sentido à luz de um Criador não causado, eterno, infinito e omnipotente do que do surgimento do nada sem causa.

      Se é nada, não pode causar alguma coisa.

      Se é alguma coisa, necessitaria de uma causa
















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  19. E pronto, Ludwig, eis-nos chegados aos dias de Maio de 2013 em que, de uma assentada, resolves, com uma lógica imbatível, todas as menoridades (ir)racionais trazidas ao mundo pelo fé dos católicos.
    Método, Ludwig, é no método, e na tua ambição de um método único e, portanto, totalitário, que está a nossa divergência.
    Pelo meu lado, mexo-me por entre as coisas da filosofia e também da psicologia. Longe de mim avançar com aleivosias sobre as tuas ciências. Presumo que reconhecerás nisso alguma razoabilidade da minha parte. "E pure si muove...” O que me admira é que um cientista como tu tenha a pretensão de definir definitivamente em todas as direcções da existência!
    Pelo que, e deixa que te diga, esse tal saber "das hipóteses defendidas de forma independente das crenças de cada um” é coisa que ainda me falta descobrir nas minhas consultas ao teu blogue, curiosamente, altamente dogmático! Por exemplo, afirmar que “se usas o crivo do rigor e da objectividade para rejeitar a tese dos espíritas, então tens de rejeitar igualmente as teses da virgindade de Maria, da transubstanciação, da ressurreição e natureza divina de Jesus, e até a da existência do deus dos católicos” é estar a generalizar o método das tuas operações cientificas com o "rigor e a objectividade" que, presumo, tenhas colocado face à casa que, eventualmente, compras-te ou perante alguém a quem tenhas dito "amo-te!”.
    É que nos dois exemplos aduzidos a certeza da validade da proposta não se formulou do ponto de vista cientifico: houve gente que te disse que valia a pena confiar no empreiteiro, amigos que viviam por lá e que disseram que o sitio era bom, a construção sólida, e toda uma “história” que se foi somando no sentido de valer a pena correr o risco (lembro 'en passant' Pascal...). Do mesmo modo, e porque és pessoa de "rigor e objectividade" não levaste a hipótese de casar ao laboratório, para dentro de um modelo matemático ou incluindo-a num programa novo, que deu origem ao desenvolvimento de alguma neo operação robótica. Porque, Ludwig, há um lugar em nós, rigoroso — sim, rigoroso — que sabe comparar dados, avaliar experiências, verificar hipóteses, sujeitar tudo isso à razão, sem que no final saia produção informática! Falo, em termos biblicos de coração (realidade mais complexa do que as versões românticas, embora não pretenda perder-me em comentários eruditos) E aí, aparecem argumentos bastante plausíveis que fazem que muita gente mais burra do que tu, outros assim assim e outros, ainda, talvez não, consigam confiar numa história de fé que os tem ‘humanizado’ e até tornado mais exigentes do ponto de vista da fé e, sobretudo, acerca de "a quem dar fé". Finalmente, Ludwig, recomendo-te vivamente que não confundas ‘estados emocionais’, dor e sofrimento (a que, significativamente, não te referes). A coisa é humanamente mais rica do que o teu reducionismo deixa entender. Se tiveres paciência, procura ler Viktor Frankl, psiquiatra judeu austríaco, fundador da 3ª escola de Viena, depois de 2ª GG, homem muito além dessa visão química da dor.

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    1. "É que nos dois exemplos aduzidos a certeza da validade da proposta não se formulou do ponto de vista cientifico: houve gente que te disse que valia a pena confiar no empreiteiro, amigos que viviam por lá e que disseram que o sitio era bom, a construção sólida, e toda uma “história” que se foi somando no sentido de valer a pena correr o risco (lembro 'en passant' Pascal...)."

      Isto não faz muito sentido. Tudo depende dos factos apresentados sobre a casa. Por exemplo, é facil validar que a casa tem dois quartos, uma cozinha, um WC, etc, etc. É facil ver que a casa fica na rua indicada, tb. Por exemplo, se a casa tem ou não humidade é mais dificil de ver na visita à casa, mas se conheceres o antigo morador, ele poderá dizer-te (lá por ele te dizer que a casa não tem huminade, não quer dizer que isso passe a ser um facto, e que tu acredites nisso como um facto irrefutável). Se ele quisesse saber se a sala tinha de facto 30 m2, era facil, podia ter pegado numa fita métrica e medir, com todo o rigor e objectividade que a fita métrica permitisse. O Ludwig ter gostado da casa, e decidido compra-la é um acto subjectivo.

      O segundo exemplo, não requer rigor e objectividade porque não é objectivo. é Subjectivo, o Ludwig optou, por sua livre vontade por se casar com quem se casou. e sendo subjectivo depende apenas do sujeito (neste caso da vonta de dois sujeitos). Uma cadeira ser verde é objectivo, uma cadeira ser gira é subjectivo - não é dificil de perceber.

      A resurreição de cristo, a transubstanciação da hostia, a virgindade de Maria, etc são alegadamente dados objectivos. Independentemente da opinião que se tem, se é bom, se é mau, eles pretendem ser factos reais, e para isso é preciso evidencias que devem ser analisadas com rigor e objectividade. Até agora essas evidencias ficam só no diz que disse.

      LRL

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  20. O CÉREBRO E A EXISTÊNCIA DO LUDWIG

    O Ludwig é de opinião de que não existe vida para além da morte, porque o nosso eu está irremediavelmente dependente do nosso cérebro, pelo que morrendo este morre o nosso eu.

    Mas será mesmo assim?

    Mais uma vez o Ludwig resvala para o discurso contraditório e auto-refutante.

    Se não existe um Ludwig para além do seu corpo e do seu cérebro, então todos os seus pensamentos, ideias, opiniões, escolhas e acções não são imputáveis ao Ludwig como pessoa, mas sim, em última análise, aos seus estados cerebrais e à sua fisiologia neurológica.

    Se assim é, não vale a pena perder o nosso tempo a discutir com neurónios e sinapses, nervos e músculos. Em vão encontraremos aí um sujeito autónomo e responsável.

    Se o Ludwig está totalmente dependente do seu corpo e do seu cérebro como pode dizer que estamos sujeitos a deveres de moralidade e racionalidade?

    O Ludwig só pode dizer que é livre e responsável se realmente existir um Ludwig irredutível ao seu cérebro, que possa ser responsável pelas decisões que faz, pelas ideias que aceita, pelos movimentos do seu corpo, pelas aulas que dá, pela maneira como trata os outros, etc.

    Nesse caso, o Ludwig pode ser julgado por Deus e condenado pela violação das suas normas.

    Mas também pode aceitar o perdão e a salvação através de Jesus Cristo e receber um corpo incorruptível como o que Jesus Cristo mostrou aos seus contemporâneos depois da ressurreição.



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  21. LUDWIG CONCORDA COM OS CRIACIONISTAS: NÃO EXISTE QUALQUER CAUSA NATURAL PARA O UNIVERSO!

    Apesar de criticar os criacionistas por apresentarem hipóteses não testáveis (o que é um absurdo porque, por definição, se a evolução pode ser testada, a ausência de evolução também!) a melhor explicação para o Universo que o Ludwig consegue propor consiste em dizer que ele surgiu do nada sem causa!

    Algum cientista conseguiria testar isso no terreno ou em laboratório? Não!

    Os cientistas apenas operam num Universo que já existe (e onde o nada nem sequer pode ser pensado porque haveria alguém a tentar pensá-lo).

    Por isso, longe de ser uma afirmação científica, trata-se de uma afirmação filosófica e por sinal de muito má qualidade.

    Os filósofos da antiguidade já diziam: do nada (por definição) nada se cria. O nada não existe como causa de alguma coisa, sob pena de ser algo e não nada.

    E se fosse algo, já teria que ter tido uma causa. E qual seria essa causa?

    É contraditório e logo ilógico e irracional dizer que o nada cria alguma coisa. Dizer isso viola o dever de racionalidade de que o Ludwig tanto gosta (mas que também não consegue justificar logicamente).

    Faz algum sentido dizer que o Big Bang aconteceu porque nada explodiu?

    Não obstante, a afirmação do Ludwig, apesar de absurda, não deixa de ser interessante na medida em que é uma forma de confissão de que todas as tentativas de encontrar uma primeira causa para o Universo a partir dos processos naturais falharam.

    Sempre que essas tentativas foram testadas, elas esbarraram nas leis físicas da causalidade, da conservação da energia, da entropia, da inércia e da abiogénese (para não falar da lei da teoria da informação que afirma que todos os códigos têm origem inteligente).

    Já nem o Ludwig acredita nas virtualidades explicativas do naturalismo…

    Os criacionistas concordam que não existe uma causa natural para o Universo!

    Apenas chamam a atenção para o facto de que é ilógico e irracional pensar que o nada causa o que quer que seja e muito menos que poderia causar um universo com tempo, espaço, quantidades inabarcáveis de energia e informação, vida, sentimentos, emoções e deveres de racionalidade e moralidade.

    A única e primeira causa que racionalmente e logicamente poderia dar origem a um Universo assim seria um Deus não causado, sobrenatural, espiritual, eterno, infinito, omnipotente, vivo, pessoal, sensível, racional e moral, tal como se revela na história e na pessoa de Jesus Cristo através da Bíblia.

    O criacionismo bíblico, baseado no supremo Logos, é filosófica e cientificamente superior ao ateísmo evolucionista desde logo porque é mais racional.

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  22. Eu há uma coisa que não entendo na possessão.

    O diabo sabe que Deus é todo poderoso e omnisciente. Sabe assim o diabo que todas as suas acções, pensamentos e vontades são do conhecimento de Deus. Muito antes do diabo pensar em se apossar dum mortal, mesmo antes do avô deste mortal ter nascido, já o velho Jeová sabe quando o diabo vai pensar em se apossar do corpo do neto daquele recém-nascido. a que hora minuto e segundo tal vai acontecer e, no caso de haver exorcismo, o exacto momento e condições.

    O possuído não peca. Pode sofrer mais ou menos danos físicos e ou sociais mas em termos de salvação da alma o possessão é neutra. Também parece ser independente da vontade da vitima.

    Ora o diabo é uma espécie dum funcionário que tem um chefe super-controlador. O sonho de muitos chefes.

    Portanto quando decide apossar-se do corpo dum mortal sabe perfeitamente que o chefe já tinha conhecimento prévio e que poderá ou não permitir e que a qualquer momento lhe pode acabar com a brincadeira.

    Por outro lado qual a vantagem que o diabo tira da possessão ?

    A possibilidade de ser escorraçado por um qualquer padre munido de H20 benta para grande vexame de si e grande gáudio da igreja que ele aparentemente odeia ?

    Outra questão curiosa é :

    Ou o diabo tem livre arbítrio ou não tem.

    Se não tem foi assim que Deus o criou portanto o pobre Satanás nem tem culpa. Foi culpa de quem o fez assim.

    Se tem até pode aceitar Cristo como seu salvador. Abandonar aquelas vestes tão fora de moda, o cheiro a enxofre e dedicar o resto do seu tempo a louvar a Deus e a arrepender-se das mal-feitorias que fez.

    Como aparentemente tem bastante poder- dado por Deus que tudo pode - decidia usá-lo para ajudar velhinhas a atravessar a rua e pregar o Evangelho e a fé cristã.

    Nesse quadro quem iria gerir o inferno e tentar o maralhal ?

    Teria Jeová que delegar em Passos Coelho e na Troika ?


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  23. E a verdade é que segundo a Bíblia Deus e o Diabo ( em maiúsculas não vá o Diabo tecê-las) se não eram amigos íntimos pelo menos frequentavam-se. No livro de Job mantinham conversas mais ou menos amistosas.

    Cristo também - nos tempos de antanho em que a terra era plana - foi levado a um monte pelo Diabo. Propôs o Diabo a Cristo ser uma espécie de ditador global. Não havia nuvens nesse dia. Cristo, um jovem de 33 anos, tinha voos mais altos e não aceitou.

    Claro que aqui o Diabo parece-me que não primou pela inteligência. Cristo é Deus e portanto omni tudo.

    É assim como um caixa do banco ser apanhado a roubar e propor ao único dono do banco dividir o produto do roubo.

    Portanto podemos concluir que o Diabo, muito lá de casa com Jeová e Cristo, sabendo perfeitamente que são omni tudo, não por reflexão filosófica, mas por saber de experiência feito, ou tem um grau de inteligência tão baixo que não pode perceber nada e é portanto inimputável ou já foi feito assim.

    De qualquer modo é um caso bicudo.

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  24. Ora se Jesus exorcizou um pobre de Cristo que tinha uma panóplia de diabos dentro dele, nas palavras do Evangelista uma legião, é bom de ver que diabos há muitos. Portanto tem de haver uma hierarquia.

    Se eu fosse CEO do inferno o meu objectivo era aumentar consistentemente a entrada de almas para o inferno não esquecendo é claro a responsabilidade social e a sustentabilidade. Ficam sempre bem estas coisas.

    Ora estaria eu um dia preocupado com as metas a atingir, os HR que são sempre uma chatice, alguns processos judiciais avulsos, a próxima reunião mensal com o Diabo ele mesmo e anuncia-se o Silva. Rapaz atilado, respeitador e de alguma confiança.

    - O snr director dá licença? prometo ser rápido.

    - Entre lá homem e diga ao que vem.

    - É que depois da última acção de formação, a das almas expresso, tive cá uma ideia que queria partilhar com o chefe.

    - Ora conte lá que a pró-actividade, como sabe, é alma duma empresa. Se todos nos empenharmos pelo objectivo comum e partilharmos as nossas ideias melhoramos a produtividade. E bem sabemos que a concorrência não dorme. Ele são Hindus, prosperidade....

    Aí o Silva já acha que o chefe não o vai deixar falar mas este pára e diz-lhe para expor o seu argumento.

    - Ó chefe! Eu até nem dormi de noite mas tive uma ideia daquelas ....

    - Desembuche homem!

    - Bom! É assim. Há uma miúda de treze anos que mora ali a zona da Expo. loirinha, formas a despontar, nem menstruada é...

    - Você agora é pedófilo ? Olhe que isso é mais lá com a padralhada e com miúdos !

    - Diabo me livre (o Deus me livre dava direito a despedimento imediato), poças e canudo ! Não é nada disso. Eu estava era a pensar entrar - não penetrar a miúda - e pô-la a falar fenício antigo. Tudo em palavrões é claro. Juntava a isto umas voltas do pescoço a 360 gruas, vómito verde e espesso e - a cereja em cima do bolo - ela ia masturbar-se com um crucifixo.

    - Fenício ? Mas quem é que entende isso ? e palavrões ? alguém conhece agora o Fenício antigo ? E ainda para mais palavrões....!

    - Oh chefe podem não ser palavrões mas conteúdo erótico....uma cena de lésbicas.

    - Mas qual é o objectivo ? A miúda fala que ninguém entende tem uns sintomas estranhos os médicos não atinam. Já sabes que se vier o exorcista tens de sair e o pessoal que assiste fica mais católico. Qual o objectivo ?

    - Ó chefe mas ....o espectáculo, o vómito, a cabeça a 360 graus zzzz, o crucifixo na rata. Desculpe chefe. Na vagina.


    - Objectivos. Focus. Silva essa merda não nos dava ponto nenhum. Trate mas é dos relatórios. Bom dia!

    Sai o Silva e liga o CEO para a Rosário do HR:

    - Sim, esse Silva, no fim do mês já não o quero aqui.

    ...

    - Carta de recomendação ? Sim aquela armadilhada que a malta até se riu...

    ...

    - Certo e um xuto no cu

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  25. Perspectiva :

    Há um pobre de Cristo que em :

    http://darwinismo.wordpress.com/2013/05/15/para-onde-foi-toda-a-agua-do-diluvio/

    Anda a tentar defender aquela coisa esdrúxula das hidroplacas.

    O pobre pecador certamente agradecia a sua ajuda. Eu tenho dificuldade em responder sempre porque o Mats demora imenso a libertar os meus comentários. No entanto e mesmo com essa limitação - nem sempre posso responder - a discussão parece-me interessante.

    Não quer participar e elevar o nível da discussão ?

    Até ao momento estamos a discutir as características da placa de granito de 16 quilómetros que separava a superfície da água subterrânea.

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  26. Sousa,

    «Por outro lado qual a vantagem que o diabo tira da possessão ?

    A possibilidade de ser escorraçado por um qualquer padre munido de H20 benta para grande vexame de si e grande gáudio da igreja que ele aparentemente odeia ?»


    O cristianismo é uma religião recente, pouco experiente, que não percebe nada destas coisas. Se queres compreender a religião tens de ir ao hinduísmo, que esses é que se debruçaram a sério sobre estes problemas.

    Basicamente, é uma piada. Nós somos todos aspectos do mesmo deus que, sendo todo-poderoso e infinito (como Espinosa também percebeu) tem de ser tudo, sem excepção. E esse deus diverte-se fazendo de conta que é cada um de nós:

    «Brahman is full of all perfections. And to say that Brahman has some purpose in creating the world will mean that it wants to attain through the process of creation something which it has not. And that is impossible. Hence, there can be no purpose of Brahman in creating the world. The world is a mere spontaneous creation of Brahman. It is a Lila, or sport, of Brahman. It is created out of Bliss, by Bliss and for Bliss. Lila indicates a spontaneous sportive activity of Brahman as distinguished from a self-conscious volitional effort. The concept of Lila signifies freedom as distinguished from necessity.»

    http://en.wikipedia.org/wiki/Lila_(Hinduism)

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    Respostas
    1. É por isso que, regra geral, a maioria dos indianos tem muito sentido de humor e leva a vida muito pouco a sério :) Têm religiões de boa disposição!

      Em contraste, no Ocidente, herdamos a «religião dos coitadinhos sofredores» inventada pelos hebreus, povo maldito esse que passou a maior parte do tempo da sua história oprimido :)

      Pessoalmente desconfio de qualquer sistema filosófico que proponha uma mensagem de tortura, sofrimento, auto-flagelação e culpabilização...

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