domingo, julho 22, 2012

Treta da semana: Pseudo-genética de direita.

Pela Priscila Rêgo (1), soube de dois posts do Filipe Faria sobre a genética humana e as suas implicações políticas (2). A Priscila já fez um bom trabalho a desmontar a tese do Filipe, apontando como o comportamento humano, se bem fruto da nossa evolução e biologia, consiste principalmente de estratégias condicionais. Ao contrário do que o Filipe sugere, a questão não é tanto de certos comportamentos serem impossíveis mas se vale a pena impor as condições que os propiciam. Por vezes não, mas noutros casos sim. Assim, aqui focarei outro aspecto. A tese central do Filipe parece ser que a hereditariedade genética de atributos como a inteligência exclui o igualitarismo. O problema foi o Filipe não ter percebido o que é essa hereditariedade genética nem o que é o igualitarismo.

O Filipe dá como exemplo que «os gémeos idênticos educados em ambientes diferentes são muito mais parecidos uns com os outros em QI (cerca de 80% de hereditariedade genética)» (2), referindo um estudo sueco com gémeos adoptados (3), para refutar a ideia de que «que os seres humanos são todos basicamente iguais e formados pela educação». Como se isto quisesse dizer que a inteligência é mais genética do que ambiental. É um erro.

Não faz sentido perguntar se um atributo é mais genético ou mais ambiental, seja a inteligência ou a cor dos olhos. Qualquer atributo surge da interacção de genes e ambiente. Seria como perguntar se vem mais música do violino ou do violinista. O que podemos fazer é estimar, numa população e em certas condições, que fracção da variância do atributo que se deve à variância genética. Isto é a herdabilidade, h2, ou a “hereditariedade genética” medida no artigo que o Filipe referiu (4). Assumindo que a covariância entre genes e ambiente é nula e que a variância total é a soma das variâncias ambientais e genéticas*, os investigadores calcularam que naquele grupo de 223 pares de gémeos suecos criados em separado a variância genética explicava 80% da variância total das capacidades cognitivas. Por isso propuseram que aqueles testes de são bons candidatos para descobrir genes ligados à cognição. No entanto, não propuseram que isto tivesse alguma coisa que ver com o igualitarismo.

Crianças criadas em famílias adoptivas na Suécia provavelmente terão um ambiente bastante parecido. Um bom sistema público de educação, pais que queriam tanto ter filhos que os adoptaram, famílias com estabilidade económica e sem problemas de drogas, criminalidade e afins que os excluíssem do processo de adopção, e assim por diante. Foi neste conjunto que 80% das diferenças cognitivas se explicavam por diferenças genéticas. Numa sociedade ideial em que todas as crianças tivessem o melhor ambiente para se desenvolverem, estes estudos dariam 100% de herdabilidade simplesmente porque a variância ambiental seria nula. Mas se medissem a herdabilidade da inteligência nas crianças da Nigéria, onde umas vão estudar para o estrangeiro e outras são vendidas como escravas, a mesma variância genética teria uma proporção quase nula na variância total devido ao enorme peso das diferenças ambientais. O resultado do estudo na Suécia é, em boa parte, indicativo da eficácia do igualitarismo sueco. As crianças são tratadas da mesma forma e, por isso, a variância ambiental tem um efeito pequeno na variância deste atributo. Isso não quer dizer que o ambiente em que vivem não seja importante.

Durante a maior parte destes dois posts, o Filipe parece julgar que o igualitarismo é a premissa de que somos todos iguais de corpo e atributos. Como se o ideal de igualdade entre os sexos fosse mulheres com testículos ou o objectivo das rampas de acesso a edifícios públicos fosse curar os paraplégicos. O igualitarismo não é uma afirmação de factos. É um valor. Que devemos ter todos direitos iguais, o mesmo estatuto para a sociedade, valer o mesmo como pessoas e ninguém sofrer de desvantagens impostas por terceiros ou pelo azar (5). Por exemplo, mesmo sabendo que nem todas as crianças vão ser excelentes a música, matemática, física ou literatura, podemos ainda assim dar a todas igual oportunidade de tirar partido do potencial que têm, seja muito ou seja pouco. Ou construir rampas para facilitar a vida a quem não consegue subir escadas.

O Filipe Faria confunde o significado da hereditariedade genética, julgando que uma herdabilidade grande significa que pouco podemos fazer acerca das diferenças nessa característica. Mas não significa isso, e até é o resultado esperado de políticas igualitaristas, que tornam a variância genética proporcionalmente mais importante precisamente porque reduzem a variância total dessa característica. E, ironicamente, o Filipe acaba por cometer a falácia naturalista que tanto critica nestes posts. É verdade que não somos todos iguais e que há características humanas muito resistentes a pressões sociais. Em média, damos muito mais valor aos nossos filhos do que aos filhos dos outros. Mas isso são factos. É falácia naturalista invocar isso, ou que «até o nosso desejo pela racionalidade ética é uma pulsão biológica», para rejeitar a ideia de que «a desigualdade natural não deve contar para estabelecer a moral». Eu gosto muito mais dos meus filhos do que dos filhos do Filipe, se ele os tiver. Mas sou perfeitamente capaz, ao mesmo tempo, de defender que todas as crianças devem ter os mesmos direitos, as mesmas oportunidades e o mesmo ambiente propício ao seu desenvolvimento. Não é o meu enviesamento emocional, por muito natural que seja, que deve condicionar os princípios éticos da nossa sociedade.

*Estas premissas não são sempre válidas. Por exemplo, se as crianças mais bonitas, de acordo com os critérios da sociedade em que crescem, tiverem, em média, estímulos mais positivos da parte das pessoas que as rodeiam, podemos sobrestimar o efeito dos genes na variação da inteligência devido à correlação entre o ambiente e genes para o aspecto físico. O mesmo se houver racismo, discriminação sexual, etc.

1-Priscila Rêgo, O que a genética (não) implica
2- Filipe Faria, Os Usos e Abusos da Falácia Naturalista; “O Homem Pode Fazer o que Quer, Mas Não Pode Querer o que Quer”
3- Plomin et. al, Variability and stability in cognitive abilities are largely genetic later in life.Behav Genet. 1994 May;24(3):207-15.
4- Wkipedia, Heritability. Encontrei isto traduzido como “herança” ou “hereditariedade”, mas apesar de ser uma palavra horrível, penso que “heritabilidade” será a tradução mas “herdabilidade” é a tradução mais correcta porque é um conceito muito mais restrito e rigoroso do que simplesmente hereditariedade.
5- Wikipedia, Egalitarism


Corrigido a 24-7 para substituir “heritabilidade” pela palavra correcta, “herdabilidade”. Obrigado ao Zarolho pela sugestão.

31 comentários:

  1. Ora aqui está um post que posso subscrever

    (como sempre, gostaria contudo de saber como é que um ateu subscreve um valor como o igualitarismo, isto é, onde é que vai buscar o fundamento de validade objectiva deste valor, mas não te quero chatear neste momento feliz em que até estou de acordo contigo)

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    1. Vai buscá-lo por raciocínio lógico, observando tudo o que faz com que as outras pessoas sofram, e propondo uma ética e moral — depois implementada por via legislativa — que minimize os efeitos das tendências habituais ou "pulsões biológicas" que sirvam apenas para lixar a vida dos outros e aumentar o benefício próprio.

      Basta ter uma cabecinha e um pouco de cérebro lá dentro para se promover a validade objectiva de valores como o igualitarismo. Achar que não é possível é dar muito menos crédito à capacidade cognitiva humana do que ela merece...

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    2. Porquê?

      Existem (infelizmente) muitas pessoas que vendo o sofrimento das outras não sentem necessidade de estabelecer qualquer ética ou moral que condene esse sofrimento.

      Quanto à capacidade cognitiva humana, estou de acordo que ela é necessária. Mas como? Isto é, como é que ela vai chegar à conclusão que existem valores objectivos independentes da subjectividade de cada um?

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    3. A moral é uma espécie de heurística da cooperação, permitindo conciliar vontades, que pode ser mais ou menos eficaz. A ética estuda precisamente como criar os sistemas morais mais eficazes, e para ela basta a capacidade cognitiva.
      O interesse próprio é criar um bom sistema moral - como se os prisioneiros do dilema se ameaçassem mutuamente antes de lidar com a polícia: se as ameaças fossem credíveis, ambos ficariam a ganhar, pois diminuiria a hipótese do cenário em que ambos denunciam o outro.

      Mas, por razões relacionadas com a selecção natural, quase todos temos empatia suficiente para querer ter um comportamento algo decente e «humano», que por si já dá um bom incentivo para a criação de sistemas morais. A indignação com as injustiças do mundo pode ser justificada racionalmente, mas geralmente é mais visceral que isso.
      Claro que estes instintos, que devem ser encorajados e acarinhados pela educação, devem também ser guiados pela razão, pois a selecção natural que os criou fê-lo em grande parte ao longo de muitos milénios em que o mundo era muito diferente do actual... É triste que uma campanha humanitária que peça uma pequena contribuição para salvar a vida do Joaquim tenha muito menos sucesso que a mesma campanha que precise dos mesmos fundos para salvar a vida de 500 crianças.

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  2. 1) Os princípios éticos da nossa sociedade têm sido o resultado da matriz judaico-cristã que a estruturou durante séculos. É apenas com com base nesses princípios que se pode defender, logicamente, a igual dignidade de todos os seres humanos.

    2) Se os seres humanos são um acidente cósmico e o produto de milhões de anos de predação, crueldade, sofrimento e morte, é totalmente arbitrário afirmar que têm valor intrínseco e que devem ser tratados de forma igual.


    3) O que tem valido à Suécia é a sua matriz de moralidade, igualdade e justiça social derivada da Reforma Protestante e da Bíblia que a estruturou durante os últimos quatro séculos.


    4)São os valores judaico-cristãos que nos ensinam o desvalor de certos actos, que devemos considerar criminosos, ou das drogas, bem como o valor da educação e do desenvolvimento pessoal.


    5) Mas os valores não são massa e energia, nem se podem observar no campo ou em laboratório, existindo apenas num mundo espiritual e imaterial, refutando, pela sua própria existência, uma visão estritamente materialista, naturalista e ateísta do mundo.


    6) É fácil deduzir logicamente a existência de valores de dignidade e igualdade a partir da premissa, que o Génesis estabelece, de que existe uma dimensão imaterial e valorativa no mundo, resultante da natureza boa e justa de Deus, e da igual dignidade de todos os seres humanos por terem sido criado à imagem de Deus.

    7) Mas é impossível deduzir, de forma lógica e não arbitrária, a existência desses valores a partir de uma visão materialista que nega a existência da dimensão espiritual e de tudo que não se pode ver e testar cientificamente.


    8) Em todo o caso, o Ludwig, como especialista que diz ser em pensamento crítico poderia testar esse exercício aqui, de forma racional e fundamentada. Ficamos à espera.



    P.S. Para fazerem um modelo computacional integrado da Mycoplasma genitalium, a bactéria mais "simples" que se conhece, os cientistas recorreram a mais de 900 estudos científicos

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  5. O DEUS TRIÚNO DA BÍBLIA COMO DEUS CRIADOR

    O Ludwig tem dado conta da sua incapacidade para compreender 1) como é que um Deus pode ser simultaneamente três pessoas e 2) como é que podemos saber que foi Ele, e não qualquer outro, o Deus da criação.

    Vejamos brevemente estas duas questões:

    1) A natureza triúna de Deus pode ser difícil de entender para mente humana. Mas não é impossível.

    Nós conseguimos entender que um Estado, na sua unidade, tenha instituições legislativas, executivas e judiciais, ou que as forças armadas de um país, na sua unidade, tenham exército, força aérea e marinha.

    Nada disso exige um “sacrificium intellectus”

    Em termos matemáticos também compreendemos que 1^3=1.

    Não parece, pois, que um Deus com três pessoas seja intelectualmente impensável.

    Em todo o caso, a natureza triúna de Deus é um dado que aprendemos, acima de tudo, pela revelação, através da Bíblia.

    2) Porém, se um Deus triúno criou efectivamente o Universo, seria de esperar que Ele nos desse algumas dicas acerca dessa sua natureza.

    E deu.

    Génesis 1:1 diz: “No princípio criou Deus os céus e a Terra”.

    Temos aqui os três elementos fundamentais para a nossa existência: tempo (“no princípio”), espaço (“céus”) e matéria (“Terra”). Eis uma primeira assinatura de um Deus triúno.

    Mas Deus deu-nos outras.

    Para a nossa existência, o tempo tem uma estrutura triúna, sendo passado, presente e futuro.

    O mesmo sucede com o espaço, que, sendo tridimensional, é comprimento, largura e profundidade.

    Por seu lado, a matéria, tendo três estados, pode ser sólida, líquida ou gasosa.

    Esta estrutura triúna dos três elementos em que existimos e nos movemos diz algo acerca do Criador.

    Acresce que toda a massa e a energia se podem reconduzir a três grandes categorias de partículas: os quarcks, os leptões e os bosões.

    Eles estão na base dos neutrões, protões e electrões que dominam a estrutura do átomo.

    Também é interessante que o código genético opera em codões de três nucleótidos, também aí se podendo ver mais uma assinatura do Deus triuno.

    Existe, por isso, uma congruência entre o Deus triúno da Bíblia e o modo como se estrutura e como compreendemos o Universo.

    Embora a natureza triúna de Deus transcenda a nossa mente finita, podemos pensar nela por analogia e ver alguns vestígios da mesma na própria estrutura do Universo e da vida.

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    1. Triúna como a troika que puxA o trenó?
      transcenda a tua mente finita?
      és um caçador de cabeças da papua com um sistema numérico binário?

      mesmo eles contam até 6...
      ora se é tri e una ou é uma fracção 1/3 ou 3/1 ou 3:1 ou 3,1
      a una nã era aquela do kill bill?
      com o gaijo do kung fu...

      codões de três nucleótidos....e 21 aminoácidos e seus sais

      21:3=7...neste caso de dar sete são dois triunos e um deus sobresselente

      Bolas desde um lourenço de lenço a lanço pior que o Jairo Flip do Paio Ervilheiro
      Até este irmão gémeo de kri ppa hl dá oito 666 6+6+6=18 1+8=9/3=3

      6X6x6=216 2+1+6=9 9:3=3.....

      BCE=3 CEE=3 dívida 111% d'el Pibe 1+1+1=3

      o gaijo é um génio da dimensão de krippahl

      agenética tem partei partei=6:2=3

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  6. O DEUS TRIÚNO DA BÍBLIA COMO DEUS CRIADOR

    O Ludwig tem dado conta da sua incapacidade para compreender 1) como é que um Deus pode ser simultaneamente três pessoas e 2) como é que podemos saber que

    foi Ele, e não qualquer outro, o Deus da criação.

    Vejamos brevemente estas duas questões:

    1) A natureza triúna de Deus pode ser difícil de entender para mente humana. Mas não é impossível.


    Nós conseguimos entender que um Estado, na sua unidade, tenha os poderes legislativo, administrativo e judicial, ou que as forças armadas de um país, na sua unidade, tenham exército, força aérea e marinha.

    Nada disso exige um “sacrificium intellectus”.


    Em termos matemáticos também compreendemos a estrutura dos triângulos e sabemos que 1^3=1.

    Não parece, pois, que um Deus com três pessoas seja algo intelectualmente impensável.


    Em todo o caso, a natureza triúna de Deus, longe de ser uma verdade evidente por si mesma, é um dado que aprendemos pela revelação, através da Bíblia.

    2) Porém, se um Deus triúno criou efectivamente o Universo, seria de esperar que Ele nos desse alguns sinais, ou algumas dicas, acerca dessa sua natureza.

    E deu.

    Génesis 1:1 diz: “No princípio criou Deus os céus e a terra”.


    Temos aqui os três elementos fundamentais para a nossa existência: tempo (“o princípio”), espaço (“céus”) e matéria (“terra”).

    Eis uma primeira assinatura de um Deus triúno.

    Mas Deus deu-nos outras.


    O tempo tem uma estrutura triúna, sendo passado, presente e futuro.

    O espaço, é tridimensional, sendo comprimento, largura e profundidade.

    A matéria apresenta-se em três estados, sólido, líquido ou gasoso.

    Esta estrutura triúna da realidade em que existimos e nos movemos diz algo acerca do Criador.

    Ela recorda a Bíblia quando nos diz: “Porque nEle nós vivemos, e nos movemos, e existimos!” (Actos 17:28).

    Acresce que toda a massa e a energia se podem reconduzir a três grandes categorias de partículas: os quarcks, os leptões e os bosões.

    Eles estão na base dos neutrões, protões e electrões que dominam a estrutura do átomo.

    Também é interessante que o código genético opera em codões de três nucleótidos, também aí se podendo ver mais uma assinatura do Deus triúno.

    Existe, por isso, uma congruência entre o Deus triúno da Bíblia e o modo como se estrutura e como compreendemos o Universo.

    Embora a natureza triúna de Deus transcenda a nossa mente finita, podemos pensar nela por analogia e ver alguns vestígios da mesma na própria estrutura do Universo e da vida.

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  7. A “CIÊNCIA DO LUDWIG”: O NADA É QUALQUER COISA QUE CRIOU TUDO!

    O Ludwig, sem poder demonstrar isso, acredita que tudo veio do nada por acaso.

    Seria interessante que ele respondesse a algumas perguntas:

    1) O nada é mesmo nada, ou é alguma coisa?

    2) Como é alguma coisa se pode criar a ela própria antes de existir?

    3) Que propriedades é que o nada tem que lhe permite criar tudo?

    4) Como é que a energia se pode criar a ela própria sem violar as leis da física?

    5) Como poderiam as leis da física existir antes de existir mundo físico?

    6) O que é que criou a energia e as leis da física?

    7) Criação espontânea… como é que as leis da física explicam isso?



    Pelos vistos, na epistemologia de um autoproclamado "macaco tagarela" a ciência consiste em afirmar disparates sem sentido, de preferência sem responder a perguntas...

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  8. Sofrologista,

    «Existem (infelizmente) muitas pessoas que vendo o sofrimento das outras não sentem necessidade de estabelecer qualquer ética ou moral que condene esse sofrimento.»

    Exacto. Em contraste, com a gravidade, a carga do electrão ou a densidade do ferro não se passa o mesmo. Esses são o que são quer queiram quer não. Daí ser evidente que a ética tem um fundamento subjectivo, e não objectivo como aquelas outras coisas.

    Só pode ser um agente ético quem assumir por si a tarefa de criar restrições fundamentadas para as suas acções. Fazer ou não fazer conforme decidir se está certo ou errado.

    A religião impede isto. Ao afundar-se na ilusão de que isto é um facto que lhe é dado, por revelação divina ou fiat papal, perde a possibilidade de ter uma ética genuína em troca de uma moral de pacote.

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    1. O LUDWIG NUM BECO SEM SAÍDA


      Se a ética tem um fundamento subjectivo, cada qual é livre de criar a sua ética, sem que haja qualquer critério de correcção moral.

      O que significa que nada impede alguém de considerar que é bom matar os outros pelo simples prazer de o fazer, que isso passa a ser moralmente correcto de acordo com os critérios dessa pessoa.

      Também nada impede alguém de dizer que é inteiramente ético não ter que fundamentar os seus padrões, porque também essa exigência é meramente subjectiva.

      Se a moral é subjectiva, nada impede à religão de criar a sua, mesmo que por revelação divinal.

      Se a moral é subjectiva, não se vê como se pode falar sequer em ética genuína, porque também essa é uma categoria subjectiva.


      O Ludwig destrói os seus próprios argumentos...

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  9. A ÉTICA: COMO A BÍBLIA GANHA AO LUDWIG


    Para poder criticar o comportamento dos religiosos, ou aquilo que designa por "moral de pacote", o Ludwig tem que pressupor a existência de valores morais objectivos.


    Caso contrário, são as suas próprias preferências morais subjectivas contra as preferências subjectivas dos religiosos.

    A Bíblia ensina que existem valores morais objectivos.

    A teoria da evolução (com a sua ênfase no carácter amoral e predatório de milhões de anos de processos evolutivos), não.

    A Bíblia ganha, porque o Ludwig tem que postular a visão bíblica do mundo para as suas condenações morais serem plausíveis...

    Não havendo valores morais objectivos, as preferências subjectivas de uns e outros cancelam-se mutuamente...

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  10. Ludwig

    Recordo que o catecismo de Igreja católica afirma o primado da consciência (ponto 1776). Aquilo que o catolicismo não diz é que as únicas regras que devemos respeitar são aquelas que decidimos criar a nosso bel-prazer.

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  11. Estimado Sofrologista

    Não se preocupe, se a moral é subjectiva, a moral da Igreja Católica é tão subjectiva como a do Ludwig, pelos que ele não tem como a criticar...

    Peça ao Ludwig que lhe explique como e onde é que obteve o "conhecimento moral" que gosta de alardear...

    Peça-lhe que fundamente isso a partir da sua visão naturalista do mundo...

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    1. OS PROBLEMAS DO LUDWIG COM VALORES E NORMAS MORAIS

      1) O Ludwig é naturalista, acreditando que o mundo físico é tudo o que existe. Sendo assim ele tem um problema, porque valores e normas morais não existem no mundo físico.

      2) O Ludwig diz que a observação científica é o único critério válido de conhecimento. Ora, nunca ninguém observou valores e normas morais no campo ou em laboratório.

      3) O Ludwig diz que a moral é subjectiva. Ora, se são os sujeitos que criam valores e normas, eles não estão realmente vinculados por eles, podendo cada um criar valores e normas a seu gosto.

      4) O Ludwig está sempre a dizer aos outros que não devem dizer aos outros o que devem ou não devem fazer. Ou seja, ele faz exactamente o que diz que os outros não devem fazer.

      5) De milhões de anos de processos aleatórios de crueldade, dor, sofrimento e morte não se deduz logicamente qualquer valor intrínseco do ser humano nem qualquer dever moral de fazer isto ou aquilo.

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  12. Este Filipe Faria? O da Manopla? Ui, ui!

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  13. Zarolho,

    Não sei se é esse se é outro qualquer. Não o conheço... (mas é capaz de ser esse, porque também não conheço esse ;)

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  14. Sofrologista,

    «Aquilo que o catolicismo não diz é que as únicas regras que devemos respeitar são aquelas que decidimos criar a nosso bel-prazer.»

    Eu também acho que a ética se deve fundamentar em princípios universais e não no bel-prazer de um só indivíduo (mesmo que esse indivíduo seja um deus; não importa). Mas eu reconheço que esta decisão é subjectiva. Outro qualquer pode decidir "a ética que se f***" e pronto, não liga nenhuma ao que eu digo.

    É isto que contrasta com uma pedrada na cabeça, uma apendicite ou a força da gravidade. Essas são mais objectivas, menos susceptíveis de se deixar influenciar por opiniṍes pessoais.

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    1. 1) A ideia de que a ética se deve fundamentar em princípios universais e não no bel-prazer de um só indivíduo, é puramente subjectiva, não valendo mais do que a contrária.

      2) No entanto, o facto de todas as sociedades, em todos os tempos, concordarem que o bom o o justo devem ter primazia sobre o mau e o injusto, assim se justificando o direito de todas elas, mostra que existem valores universais tão reais como uma pedrada na cabeça, uma apendicite ou a força da gravidade.

      3) As diferenças que possam existir sobre o que seja bom e justo, nesta ou naquela sociedade, não negam o reconhecimento da sua primazia e universalidade, antes confirmam apenas que o discernimento moral do homem se encontra corrompido, tal como a Bíblia diz.

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  15. Zarolho,

    Acho que não é o mesmo Filipe Faria. É este:

    http://filfar.wordpress.com/2012/07/04/biografia-cv/

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  16. "Heritabilidade" parece-me mal construido, já que não existe o verbo *"heritar". Sendo o verbo "herdar", penso que é incontroverso derivar "herdável" e daí "herdabilidade".

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  17. A herdabilidade mostra: os seres vivos reproduzem-se de acordo com o seu género, tal como a Bíblia ensina. Conhecem algum contra-exemplo?

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  18. LEITURA PARA FÉRIAS: RECORDANDO O DEBATE


    O LUDWIG ERRA: VIOLA O DEVER DE RACIONALIDADE SEMPRE QUE AFIRMA A SUA EXISTÊNCIA

    A certa altura, o Ludwig referiu-se a um dever de racionalidade a que, alegadamente, todos estamos subordinados.

    O problema do Ludwig é que, por causa da sua visão ateísta e naturalista do mundo, não consegue justificar racionalmente a existência desse dever de racionalidade.

    Em primeiro lugar, se o nosso cérebro é o resultado acidental de coincidências físicas e químicas torna-se difícil ter certezas sobre a nossa própria racionalidade.

    Não é por acaso que o Ludwig se autodescreveu como “macaco tagarela” quando é certo que o próprio Charles Darwin punha em causa a fiabilidade das convicções que os seres humanos teriam se fossem descendentes dos macacos.

    Em segundo lugar, se Universo, a vida e o homem são fruto de processos cegos, aleatórios e irracionais, não se vê como é que de uma sucessão naturalista de acasos cósmicos pode surgir qualquer dever, e muito menos um dever de racionalidade.

    Já David Hume notava o que há de falacioso em deduzir valores e deveres (que são entidades imateriais) a partir de processos físicos.

    O Ludwig é o primeiro a dizer que não existem deveres objectivos e que toda a moralidade é o resultado, em última análise, de preferências subjectivas arbitrárias.

    Na verdade, se a visão ateísta do mundo estiver correcta, quando afirma que o Universo, a vida e o homem foram o resultado de processos irracionais, a ideia de que existe um dever de racionalidade é, em si mesma, totalmente arbitrária, porque destituída de qualquer fundamento racional.

    Ou seja, o Ludwig mostra a sua irracionalidade porque sempre que afirma o dever de racionalidade o faz sem qualquer fundamento racional.

    Ele viola o dever de racionalidade sempre que afirma a sua existência.

    O dever de racionalidade existe apenas se for verdade que o Universo e a vida foram criados de forma racional por um Deus racional que nos criou à sua imagem e semelhança e nos dotou de racionalidade.

    Apesar da corrupção moral e racional do ser humano, por causa do pecado, continuamos vinculados por deveres morais e racionais porque eles reflectem a natureza do Criador.

    Daí o dever de racionalidade.

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  19. Zarolho,

    É mesmo isso. A Wikipedia confirma:
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Herdabilidade

    Vou já corrigir. Obrigado (pela correcção, e pelo alívio, que aquela palavra estava-me a fazer espécie :)

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  20. PROBLEMAS COM A TEORIA DE FLUTUAÇÃO QUÂNTICA DO LUDWIG


    O Ludwig tem fé na origem de todo o Universo a partir de uma espuma instável de energia e partículas potenciais. No entanto, esta “teoria” (do calibre da teoria de que ”chuva cria códigos”) tem demasiados problemas para ser levada a sério.

    1) É impossível testar a origem do Universo por esse modo em laboratório ou no terreno porque quer um que outro são parte do Universo existente.

    2) Tendo em conta a lei da conservação da energia, toda a energia do Universo teria já que estar presente no início, porque a energia não se cria do nada, o que mostra que a teoria não explica a origem do Universo.


    3) Uma flutuação quântica nunca produz algo a partir do nada sem causa, limitando-se apenas a converter energia em massa e massa em energia, sem violar a lei da conservação da energia.


    4) Uma flutuação quântica supõe a existência de energia com potencial matéria/anti-matéria, devendo conter a energia equivalente às cerca de 200 mil milhões de galáxias cada um contendo cerca de 100 mil milhões de estrelas. Como e de onde surgiu essa energia toda?


    5) Tendo em conta a lei da entropia, essa espuma instável deveria ter mais ordem do que a existente actualmente, não se compreendendo como poderia ir da desordem para a ordem em todo o Universo.


    6) Os campos energéticos e as partículas subatómicas (actuais e potenciais) já existem no Universo em que existimos, e mesmo o vácuo tem que ser circunscrito aí.


    7) Nas experiências de colisão de partículas, as partículas de matéria e anti-matéria tendem a surgir em quantidades iguais, aniquilando-se umas às outras, revertendo para energia, pelo que a origem do Universo por esse processo seria fisicamente impossível.


    8) A duração dos eventos quânticos é inversamente proporcional à massa do objecto, o que torna inviável a ocorrência de um evento cosmológico quântico dessa magnitude.


    9) A duração de um evento quântico da dimensão do Universo seria de 10^-103 segundos. Ou seja, ninguém iria ter tempo para reparar!


    10) Acresce que as partículas virtuais de hoje aparecem dentro de um vácuo de espaço existentes no Universo que conhecemos. No nada primordial não existira espaço nem vácuo.


    11) Para o Universo expandir, a partir de uma singularidade nascida de uma hipotética “espuma instável” e conseguir manter-se estável durante os supostos 13,5 mil milhões de anos da sua existência, seria necessário garantir um equilíbrio entre as diferentes forças (v.g. gravidade/expansão) com uma sintonia precisa estimada, pelo astrofísico Alan Guth, em 1 em 10^55.


    Ou seja, os criacionistas já têm uma fé, num Deus vivo, pessoal, racional, moral, eterno, infinito, omnisciente, omnipotente e omnipresente.


    O Ludwig quer que eles deixem a sua fé, corroborada pela história da revelação através de Israel e de Jesus, e adoptem a sua fé na “espuma instável” da qual, milagrosamente, todas as coisas derivam.

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  21. O ”VERDADEIRO” MILAGRE NATURALISTA

    Os naturalistas evolucionistas dizem que não acreditam em milagres, muito menos em milagres de um Deus eterno, racional infinito, omnisciente e omnipotente, tal como a Bíblia os apresenta.

    Eles querem "salvar" a ciência de um Deus assim concebido, sem perceberem que se a ciência funciona é exactamente porque o Universo tem uma estrutura racional e matemática que só a criação por um Deus racional, omnisciente e omnipotente pode justificar.


    Apesar de não acreditarem nos milagres de Deus, eles têm que acreditar no "grande milagre naturalista":

    o Universo, com os seus triliões de galáxias, estrelas, quasares, blasares, pulsares, sistemas solares, planetas, genomas, quantidades inabarcáveis de informação genética e epigenética, células, seres vivos perfeitos e funcionais, ecossistemas, etc., surgiu do nada, por acaso, sem qualquer causa!!!

    Falando sobre o Big Bang, o físico ateísta Paul Davies, no seu livro The Edge of Infinity, diz isso mesmo:

    “[The big bang] represents the instantaneous suspension of physical laws, the sudden abrupt flash of lawlessness that allowed something to come out of nothing. It represents a true miracle…”

    Para quem diz que não acredita em milagres, até que não está nada mau!!

    Isto é mais científico do que dizer “no princípio Deus criou os céus e a Terra”? (Génesis 1:1)

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  22. LEITURA DE FÉRIAS: RECORDANDO O DEBATE

    A IDADE DA TERRA: REALIDADE E ESPECULAÇÃO

    Muitas pessoas (Ludwig incluído) acreditam que a Terra tem 4,5 mil milhões de anos.

    No entanto, muito poucas sabem como é que se chegou a uma tal data, nem percebem que a mesma é totalmente dependente de modelos (model dependent).

    Muitos ignoram que essa “idade” é obtida através da datação de meteoritos (!) e não da Terra em si mesma (!), assumindo, sem prova, que a Terra e os meteoritos surgiram na mesma altura pelo mesmo processo.

    Parte-se do princípio (não demonstrado, nem demonstrável!) de que o Universo surgiu de uma grande explosão e de que o sistema solar surgiu do colapso gravitacional de uma nebulosa, apesar de ambas as premissas terem falhas empíricas substanciais, amplamente documentadas na literatura científica.

    Mas quem pode confirmar isso?

    Depois, presume-se que os meteoritos surgiram antes da Terra e procede-se à respectiva datação, em muitos casos avaliando o decaimento de urânio para chumbo.

    E assim chega-se à idade de 4,5 mil milhões de anos, totalmente dependente de premissas não demonstradas nem demonstráveis e de base factual mais do que duvidosa.

    Quem afirma essa idade como se fosse a idade real da Terra, certamente desconhece as pressuposições naturalistas, os modelos de evolução cósmica e as premissas uniformitaristas que têm que ser aceites previamente a essa determinação.

    A verdade é que as mais antigas civilizações conhecidas têm poucos milhares de anos e os registos históricos mais antigos têm cerca de 4 500 anos.

    A partir daí cada um constrói a história da Terra, não com base na observação directa ou nos relatos de testemunhas oculares, mas com base nas suas próprias crenças acerca da suposta história da Terra.

    Só recorre aos isótopos de meteoritos para tentar obter a idade da Terra quem primeiro acredite que ela foi o resultado de um processo de evolução cósmica por processos estritamente naturais.

    Mas não existe nenhuma maneira de confirmar isso directamente.

    Isso tem que ser aceite pela fé.

    Diferentemente, quem acredita que ela foi criada por Deus e que a Bíblia é a revelação de Deus, longe de usar os isótopos de meteoritos para datar a Terra, vai usar as indicações que a Bíblia fornece sobre a idade da Terra, dos animais e dos seres humanos.

    Também isso tem que ser aceite pela fé.

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