segunda-feira, janeiro 18, 2010

O “novo” ateísmo

já tem uns anitos valentes. Betrand Russell, há 60 anos:



Via Pharyngula

Adenda: Na verdade, a entrevista tem pouco mais de 50 anos. É o que dá olhar só para a casa das dezenas. Mas o ensaio "Why I Am Not A Christian" data de 1927.

Merece ser lido na íntegra, mas fica aqui um pedacito a propósito da bondade e do amor.

«There is one very serious defect to my mind in Christ's moral character, and that is that He believed in hell. I do not myself feel that any person who is really profoundly humane can believe in everlasting punishment. Christ certainly as depicted in the Gospels did believe in everlasting punishment, and one does find repeatedly a vindictive fury against those people who would not listen to His preaching -- an attitude which is not uncommon with preachers, but which does somewhat detract from superlative excellence. You do not, for instance find that attitude in Socrates. You find him quite bland and urbane toward the people who would not listen to him; and it is, to my mind, far more worthy of a sage to take that line than to take the line of indignation. You probably all remember the sorts of things that Socrates was saying when he was dying, and the sort of things that he generally did say to people who did not agree with him.

You will find that in the Gospels Christ said, "Ye serpents, ye generation of vipers, how can ye escape the damnation of Hell." That was said to people who did not like His preaching. It is not really to my mind quite the best tone, and there are a great many of these things about Hell. There is, of course, the familiar text about the sin against the Holy Ghost: "Whosoever speaketh against the Holy Ghost it shall not be forgiven him neither in this World nor in the world to come." That text has caused an unspeakable amount of misery in the world, for all sorts of people have imagined that they have committed the sin against the Holy Ghost, and thought that it would not be forgiven them either in this world or in the world to come. I really do not think that a person with a proper degree of kindliness in his nature would have put fears and terrors of that sort into the world.»

88 comentários:

  1. adoro quando ele diz que os crentes acham ser uma virtude espalhar mentiras sobre os não crentes. Parece que andou a ler este blogue ;-)

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    1. non non parece que a virtude de o fazer está nos dois lados

      de resto é uma visão victoriana du monde

      nunca mais chego aos 900,,,,

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  2. Cristy:

    Já não nos chamarem cães infieis é uma sorte.

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  3. Ludwig:

    Podias por também o poema neo-ateu do John Lennon, "Imagine", para ilustrar o neo-ateismo numa vertente popular.

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  4. Existe uma edição em português, Ludwig. Pode ver aqui (é um site de confiança como pode ver pelo endereço):

    http://ateus.net/ebooks/acervo/por_que_nao_sou_cristao.pdf

    Dá para fazer copy/paste.

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  5. A crença no inferno não é uma falha do carácter cristão. A descrença é uma falha no carácter humano.

    O inferno é o resultado de santidade infinita e da eternidade de Deus.

    Quando vemos, no Universo, toda a matéria, energia e informação existentes a uma escala macro e micro, começamos a ter uma ideia da grandeza do Deus que o criou. A energia do Sol mata quem dela se aproximar. A lei da gravidade mata quem a violar.

    É um erro grave substimar a grandeza de Deus no plano moral.

    A partir do momento em que o ser humano peca contra Deus, o mesmo está condenado a um castigo à medida da Sua santidade e da sua eternidade.

    A proporção não é em função do nosso pecado, mas da dignidade cujas leis morais são violadas.

    Foi precisamente pelo facto de aquele que peca contra Deus estar condenado a um castigo à medida da eternidade e da santidade do próprio Deus que Jesus Cristo, Deus connosco, encarnou para viver, morrer e ressuscitar com um corpo incorruptível, prometendo-nos vida eterna com Ele, apesar dos nossos pecados.

    Por outras palavras, o próprio Deus tomou sobre si um castigo que, se fosse sofrido por nós, seria proporcional à sua natureza.

    Quem não aceitar que o próprio Deus morreu pelos seus pecados terá que suportar sozinho o castigo merecido pela violação das leis morais de um Deus infinitamente santo e justo.

    Deus não força ninguém. Mas naturalmente que um Deus justo responsabilizará a todos.

    Se não o fizesse, não seria infinitamente justo. Seria um fraco, do qual o homem escarneceria...

    Como é justo, Deus castiga a violação da lei moral.

    Mas como Deus é bom e nos ama, Deus sofre esse mesmo castigo (feito à Sua escala) para que nós não tenhamos de o sofrer. A partir do momento em que o próprio Deus sofre o castigo pelos nossos pecados, nós ficamos livre dele. Essas são as boas notícias.

    Se o inferno não existisse, Deus não precisaria de ter morrido pelos nossos pecados através do seu filho Jesus Cristo.

    Não haveria qualquer necessidade de salvação.

    Sendo Deus justo, o Homem deve ter a certeza de que Ele castigará a maldade.

    Sendo Deus bom, o Homem pode ter a certeza de que Ele mesmo levou sobre si o castigo merecido pelo homem.

    No entanto, o Homem não deve esperar que um Deus justo não deixe de punir o pecado à medida da Sua santidade infinita.

    Defeito de carácter é pensar que Deus deixaria que o homem pecasse à vontade, sem quaisquer consequências ou com consequências triviais e insignificantes.

    Defeito de carácter é pensar que quem peca contra Deus não está condenado a um castigo à escala dos Seus atributos infinitos.

    Deus não só é Soberano, como é infinitamente Soberano.

    Ele é o Alfa e o Ómega. Ele teve a primeira palavra e terá a última.
    Ele é Deus.

    Pecar contra o Espírito Santo é não aceitar a Bíblia, sobre a qual se diz expressamente que foi inspirada pelo Espírito Santo, e rejeitar Jesus Cristo, de quem o Espírito Santo dá testemunho.

    Esse pecado, naturalmente, é imperdoável, porque o perdão divino vem através de Jesus Cristo.

    Na Bíblia, inspirada pelo Espírito Santo, Jesus diz: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim".

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  6. Perspectiva

    Ainda não percebeste que esse teu deus não existe nos Inuit, não existe nas tribos africanas etc?

    Esse inferno é imbecil e só serve para assustar criancinhas.

    Pessoalmente, prefiro a versão literária de um satanás libertário a um deus resmungão e chato, vingativo e chantagista, um deus que dá com uma mão e retira logo com a outra, um deus que a um tempo escolhe os judeus como povo eleito, e depois manda o filho para morrer por todos, simplesmente não faz nenhum sentido.

    É uma religião excelente para a manutenção do status quo.

    Por isso serviu para justificar todo o tipo de iniquidades, e mesmo os mandamentos são manhosos porque o não matarás impede qualquer tipo de revolução, o não cobiçarás impede a saudável inveja que nos serve de guia para querer mais, o não adorarás outros deuses serve para impor uma religião única, serve para justificar toda a intolerância etc

    Mesmo o não cobiçarás a mulher do outro, elevado a uma imposição de uma divindade é a prova acabada da palhaçada dos mandamentos, um deus de alcova é do melhor.


    Depois deste mandamento até os padres se transformarem em consultores de posições de sexo, tipo de relações e todo o tipo de intimidades, foi obviamente um instantinho: )

    Por isso , a justificação de comportamentos vingativos de uma divindade prova apenas que foi criada por homens.

    Tudo o resto são histórias para adormecer com pesadelos : )))

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  7. Bertrand Russell foi o meu primeiro passo para o ateísmo já há uns bons 15 anos... grande leitura essa, sim senhor. Na altura não compreendia a discussão entre ele e o senhor bispo sobre se o universo era "contingente" ou "necessário", parecia-me palavreado da treta que não entendia. Hoje já entendo e sim, é treta.

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    1. ai filha lesto o russel aos 15...bom tibeste aqueles putos ós 20 logo....já devem estar na escola por esta altura.....

      nã os queres meter aqui na bela bista ficam com uma escola pró mundo...

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  8. A descrença é uma falha no carácter humano.

    Quando li isto apeteceu-me dizer uma barbaridade linguística. Fica a intenção e a nota de que o Jónatas é capaz de ser a última pessoa capaz de falar em "carácter", não passa de um miúdozeco que se defende por se esconder por detrás do "bully" da escola, o teu deus que inventou o inferno.

    Tens sorte em o Ludwig ser uma pessoa bastante liberal. Só por esta frase, e se este fosse o meu blog, faria tudo para te negar até o acesso ao blog. "Falta de carácter"... bah tanto moralismo e tanta falta de educação que até mete nojo.

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    1. é uma pessoa tem de ter fé em algo

      tu por exemplo tens fé cus teus filhos nã vão ser comida de abutre

      tamém é verdade que já quinaram quase todos os grifos mas aqui há dias vi um na estrada de mora....por acaso faz 3 meses mas 90 dias continuam a ser dias....

      tens sorte em o ludwig é de facto uma barbaridade linguística

      deves escrever tens sorte ....esquece em o tá ok tem fé e terás muitos netinhos

      nã tenhas e acontece-te como os putos da quinta do anjo nem ficou um vivo

      criar maníaco-depressivos curiosamente dá úlceras

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  9. António Parente,

    «Existe uma edição em português, Ludwig.»

    Obrigado pela referência. Normalmente, quando cito algo noutra língua traduzo para Português. Mas neste caso acho melhor deixar no original porque não é só o conteúdo, mas também a forma como ele escrevia. Uma tradução não faz justiça ao ritmo das frases e ao encadeamento das expressões. Russell não só sabia o que escrevia como também sabia escrevê-lo...

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  10. Plenamente de acordo consigo, Ludwig. Nada a acrescentar.

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  11. João:

    "Podias por também o poema neo-ateu do John Lennon, "Imagine", para ilustrar o neo-ateismo numa vertente popular."

    Serás tu o neoateu que me poderá responder a isto:

    "Afinal, a expressão "Imagine There´s no Heaven" é para levar à letra ou serve só para um grupo de símio-chico-espertos-evoluídos tomar o poder com a promessa de Céu na Terra, enganando o resto da macacada?"

    http://paiocomervilhas.blogspot.com/2009/12/os-profetas-do-nada.html

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  12. "Afinal, a expressão "Imagine There´s no Heaven" é para levar à letra ou serve só para um grupo de símio-chico-espertos-evoluídos tomar o poder com a promessa de Céu na Terra, enganando o resto da macacada?"

    Sinceramete tinha de perguntar ao Jonh Lennon mas penso que tem o significado seguinte:

    É agora que estás a viver e é agora que tens de dar o teu melhor por ti e pelos outros. Não é para contar com o céu para nada. Se vês alguem a sofrer é agora que faz a diferença ajudar. Não é pensar que existe uma eternidade celestial para a compensar.

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  13. Não te esqueças que ele se refere diretamente à religião noutro verso.

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  14. Tu é que te esqueces do poema inteiro: vende a ideia de um mundo melhor cheio de felicidade, contando apenas com nós próprios...
    Isso é absurdo, sobretudo de um ponto de vista ateu.

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  15. "Isso é absurdo, sobretudo de um ponto de vista ateu."

    ???

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  16. Jairo,
    não percebo como se pode prometer o «Céu» do mesmo passo que se diz que não há «Céu».

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  17. Qual é a tua dúvida, João? Se leres o texto acho que percebes aquilo que eu quis dizer...

    Ricardo Alves,eu também não percebo. É mesmo contraditório:

    Depois da primeira estrofe, começa o disparate:

    Imagine there's no countries
    It isn't hard to do
    Nothing to kill or die for
    And no religion too
    Imagine all the people
    Living life in peace

    You may say that I'm a dreamer
    But I'm not the only one
    I hope someday you'll join us
    And the world will be as one

    Imagine no possessions
    I wonder if you can
    No need for greed or hunger
    A brotherhood of man
    Imagine all the people
    Sharing all the world

    You may say that I'm a dreamer
    But I'm not the only one
    I hope someday you'll join us
    And the world will live as one

    Realmente, como é que se pode acreditar num céu na Terra...muito anjinhos estes neoateus...

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  18. eheh, teologia lennoniana: agora é que eu vi tudo :-)

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  19. Jairo,

    E que tenho eu a ver com o esse senhor que fez música a qual nem sequer gosto ?
    Os ideais dos anos 60 tem mais de 40 anos, helllooooo ?!?!?!

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  20. Esse poema do Lennon não é anti-religioso. Tanto assim é que o ouvi anos a fio na Rádio Renascença. Os primos é que à falta de talentos apanham qualquer um que esteja a jeito.

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  21. António Parente,

    «Esse poema do Lennon não é anti-religioso. Tanto assim é que o ouvi anos a fio na Rádio Renascença.»

    Com esse critério de evidência não me admira que tenha tão pouca consideração pelo empirismo...

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  22. Ludwig Krippahl

    Eu sei que os primos precisam de consolo e conforto espiritual e que o John lhes dá aquilo que pretendem. Se querem ficar com a bicicleta, tudo bem. Mas olhem que aquilo que eu sei da canção, o meu empirismo pessoal, diz-me que foi inspirada por Ono e pela sua infância no Japão e pela II Guerra mundial. Sei que posteriormente apareceu uma biografia citando pretensas declarações de Lennon sobre o conteúdo anti-religioso da canção mas Lennon já tinha morrido e não pode confirmar a veracidade do que lhe atribuiam...

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  23. Ludwig,

    Esqueces-te de um detalhe: hermenêutica.

    Tal como no caso da Bíblia, não se pode interpretar um texto da forma mais óbvia. Muitos diriam que se JL sonha com um mundo sem religião, ele não nutre simpatia pelo fenómeno religioso, em particular o cristão. Mas é preciso conhecer a sua história de vida, as suas relações, solfejo, o contexto sócio-económico da altura, a gramática da sua língua em grande detalhe, e muito sobre psicologia humana para não caír nesses erros básicos de quem tem uma visão reducionista da sua música.

    Como está claro de ver, JL referia-se às religiões que considerava falsas, pelo que não estava a falar da religião verdadeira.

    Como se pode ver por esta outra citação:

    «A brotherhood of man
    Imagine all the people
    Sharing all the world »

    Aqui vemos com clareza que JL rejeita o frio materialismo ateu, optando antes pela esperitualidade. Ao considerar-nos todos irmãos, está a afirmar que temos um Pai comum - Deus. Está a exortar à partilha, como fez Jesus.

    Esta música é um manifesto contra o ateísmo sem moral, uma exortação a favor da espiritualidade cristã.


    Hermenêutica, Ludwig. Não sejas simplório.

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  24. Para quem consegue tornar a Bíblia num livro que não exorta o socialismo, o machismo e a homofobia, tornar a música do JL num manifesto pró-religioso é canja.

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  25. Meu Deus, eu não sabia que a canção era assim tão importante para os primos. É vossa, fiquem calmos. Afinal têm de ter alguma coisa a que se agarrarem.

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  26. SOCORRRRRRRRRRRRRRooooooooooooo

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  27. Sim, é muito importante. Até sei parte da letra e tudo.

    Qualquer texto que eu use para brincar com o conceito que alguns católicos têm daquilo que é a Hermenêutica adequada à Bíblia, é tão importante para mim como a Bíblia para eles.
    Ou mais.

    A fé ateísta pode não ter moral, mas tem cantos sagrados.

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  28. Jairo:

    "Imagine there's no heaven,
    It's easy if you try,
    No hell below us,
    Above us only sky,
    Imagine all the people
    living for today..."

    Não fala em nenhum heaven on earth. Fala em vivermos todos em paz. Se Deus nos tivesse feitos perfeitos não era? (ironia)

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  29. Mas para quem acha que os terramotos contribuiem para o livre arbitrio suponho que não vale a pena discutir.

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  30. Aliás, o "living for today" suporta a minha interpretação. Nada como as conclusões que voces tiram da biblia.

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  31. Não sabia disso, João Vasco. Repare que eu nunca brinquei com as sereias, fadas e dragões porque sempre percebi que eram importantes para si. Não sabia da canção do Lennon. Agora fiquei a saber, passo a respeitá-la como o hino dos primos. Nunca mais me lerá a contestar a pertença do Lennon e do Imagine ao património ateu. A fé ateísta precisa dos seus ícones e cânticos. Não sou eu que os vou roubar.

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  32. Parente:

    "esse poema do Lennon não é anti-religioso"

    Que parte de "no religion too" é que não percebes?

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  33. Este comentário foi removido pelo autor.

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  34. Boa tarde, João. Eu percebo tudo. Li várias entrevistas sobre o assunto onde o Lennon fala de religião, por exemplo.

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  35. Acho bem, António Parente.

    Seria uma falta de respeito. E nós da fé-ateísta*-sem-moral-mas-alguns-cântigos sagrados exigimos respeito, por vezes até de forma violenta. Por isso ponha-se a pau!


    *notar que é "ateísta" e não "ateia", mesmo que a subtileza passe ao lado do dicionário, a diferença não deixa de ser tão importante como a que existe entre a água e o vinho.
    Acho que é necessária a Hermenêutica adequada para uma leitura menos literalista do dicionário.
    Palavra do Jonh Lenon.
    Amén.

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  36. João:

    Esqueces-te de um detalhe: hermenêutica.

    Tal como no caso da Bíblia, não se pode interpretar um texto da forma mais óbvia. Muitos diriam que se JL sonha com um mundo sem religião, ele não nutre simpatia pelo fenómeno religioso, em particular o cristão. Mas é preciso conhecer a sua história de vida, as suas relações, solfejo, o contexto sócio-económico da altura, a gramática da sua língua em grande detalhe, e muito sobre psicologia humana para não caír nesses erros básicos de quem tem uma visão reducionista da sua música.

    Como está claro de ver, JL referia-se às religiões que considerava falsas, pelo que não estava a falar da religião verdadeira.

    Como se pode ver por esta outra citação:

    «A brotherhood of man
    Imagine all the people
    Sharing all the world »

    Aqui vemos com clareza que JL rejeita o frio materialismo ateu, optando antes pela esperitualidade. Ao considerar-nos todos irmãos, está a afirmar que temos um Pai comum - Deus. Está a exortar à partilha, como fez Jesus.

    Esta música é um manifesto contra o ateísmo sem moral, uma exortação a favor da espiritualidade cristã.


    Hermenêutica, João. Não sejas simplório.


    Para quem consegue tornar a Bíblia num livro que não exorta o socialismo, o machismo e a homofobia, tornar a música do JL num manifesto pró-religioso é canja.

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  37. Por acaso, João Vasco, parece-me que o living for today foi inspirado na Bíblia. Talvez seja enviesamento meu mas aqui ficam as citações dos evangelhos de São Mateus e de São Lucas:

    «34Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema.»

    «Não vos preocupeis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir; 23pois a vida é mais que o alimento, e o corpo mais que o vestuário.»

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  38. António:

    As semelhanças não acabam por aí.
    A Bíblia também tem caracteres e palavras, também tem versos, também refere o mundo, o céu e o inferno, também fala em mortes, sonhos, e fome.

    Eu diria que as semelhanças são tantas que a música do JL acaba por ser um pequeno resumo.

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  39. O próprio Epicuro estava a plagiar o evangelho em avanço em algumas das coisas que disse. A Bíblia é um livro tão extraordinário que algumas partes foram plagiadas antes mesmo de terem sido escritas.

    Só não é tão extraordinária como a música da minha fé: esse fantástico resumo que JL lhe fez.

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  40. PArente:

    O "living for today" esta no mesmo verso do "no heaven".

    Mas o Joao Vasco tem razão. Para voces não é o que está escrito que conta. É o que querem ler.

    Pensarem sequer que isso é defensavel diz tudo acerca da honestidade intelectual de cada um.

    Claro que depois falam em entidades invisiveis, inodoras, intocaveis, insondaveis, inprovaveis que estão em todo o lado, e que fazem tudo sem intervir... E são omnipontentes mas não podem contraria a lógica, mas não têm lógica nenhuma. Deus vos ajude.

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  41. In a 1980 interview with David Sheff for Playboy magazine, Lennon remarks on the message of "Imagine":
    Sheff: On a new album, you close with "Hard Times Are Over (For a While)". Why?
    Lennon: It's not a new message: "Give Peace a Chance" — we're not being unreasonable. Just saying "give it a chance." With "Imagine" we're asking, "can you imagine a world without countries or religions?" It's the same message over and over. And it's positive.

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  42. Estás a interpretar as respostas que ele deu nessa entrevista de forma literalista, sem teres em conta o contexto sócio-político-económico-geográfico-cultural em que elas foram expressas.

    Se tivesses estudado a infância de JL, a história do seu país, a sociologia e antropologia do movimento hippie, e alguns rudimentos de teoria musical e expressão poética, terias reparado que ele usa o plural: "religionS"

    Não poderás negar, novamente, que ele quer o mundo livre das religiões que considera falsas. Repito: todas as religiões que JL considera serem perniciosas são religiões que JL considera falsas.

    Portanto, nada disso que aplica à verdadeira religião, ao catolicismo em comunhão com o Papa descendente de Pedro, à espiritualidade legada por Jesus, que Jonh Lenon está nessa entrevista a defender, como sendo superiores aos interesses dos estados e dos políticos, bem como das falsas religiões.

    É precisa muita erudição para fazer uma interpretação sofisticada, ou então confiares na que outros fazem por ti.

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  43. Perdão, onde disse descendente queria dizer sucessor.

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  44. E quando disse "literalista" deveria ter acrescentado "redutora".

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  45. Fumarada,

    "Jairo,
    E que tenho eu a ver com o esse senhor que fez música a qual nem sequer gosto ?
    Os ideais dos anos 60 tem mais de 40 anos, helllooooo"

    Pergunte ao João. Só estou a falar nesse autor porque o João escreveu:

    "Podias por também o poema neo-ateu do John Lennon, "Imagine", para ilustrar o neo-ateismo numa vertente popular."

    Mas não referi qualquer nuvem de fumarada, se se considera neoateu e não gostou das palavras do João, nada tenho a ver com isso!
    Guarde lá esse "helloooo" espectacular para outra oportunidade...

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  46. João,

    "Não fala em nenhum heaven on earth. Fala em vivermos todos em paz."

    Quem é que disse que falava literalmente num "heaven on earth"?
    Lê o resto do poema, e perceberás que é vendidada a ideia de um Céu na Terra. Se não percebes o que quero dizer com "Céu na Terra" e caso insistas em que a expressão não aparece em nenhum verso, vou ignorar-te.

    António Parente, não sabia dessa possibilidade do poema não ser antireligioso. De qualquer forma, ele é mesmo um hino para os neoateus e é nesse sentido que os critico.

    ResponderEliminar
  47. Jairo

    Segundo li, um biógrafo do Lennon citou-o e à canção como sendo anti-religiosa, etc. Todavia, Lennon já tinha morrido e muita gente colocou dúvidas sobre isso.

    O que diz a wikipedia, e eu já tinha lido noutro sítio, é que a Ono teve influência na letra da canção e que se basearia na guerra e no que ela sofreu no Japão na sua infância. Há mais alguns dados sobre a canção.

    Segundo sei, a adopção pelos neoateus da canção aconteceu depois dos ataques do 11 de Setembro porque era perfeita para atacar tudo o que fosse religioso.

    Como foi uma das canções mais vendidas do mundo e o Lennon é uma lenda é natural que os primos o queiram para eles. No problem. Quem não tem nada merece ter alguma coisa.

    ResponderEliminar
  48. Parente:

    John Lennon--God

    God is a concept,
    By which we can measure,
    Our pain,
    I'll say it again,
    God is a concept,
    By which we can measure,
    Our pain,
    I don't believe in magic,
    I don't believe in I-ching,
    I don't believe in bible,
    I don't believe in tarot,
    I don't believe in Hitler,
    I don't believe in Jesus,
    I don't believe in Kennedy,
    I don't believe in Buddha,
    I don't believe in mantra,
    I don't believe in Gita,
    I don't believe in yoga,
    I don't believe in kings,
    I don't believe in Elvis,
    I don't believe in Zimmerman,
    I don't believe in Beatles,
    I just believe in me,
    Yoko and me,
    And that's reality.
    The dream is over,
    What can I say?
    The dream is over,
    Yesterday,
    I was dreamweaver,
    But now I'm reborn,
    I was the walrus,
    But now I'm John,
    And so dear friends,
    You just have to carry on,
    The dream is over.

    ResponderEliminar
  49. Tão generosos!

    Este primo ateu agradece ao Parente.


    Não pela música, que é interessante, mas nem é das minhas favoritas. E que não é do Parente para a dar.

    Este primo ateu agradece pelo exemplo perfeito daquilo que é a "hermenêutica" católica.

    O pobre do JL até disse na entrevista com todas as letras que a música exortava a um mundo sem fronteiras políticas e sem religiões, se o "and no religion too" da letra da música não fosse suficientemente claro. Mas com cegueira e sofismos suficientes ainda se consegue alegar que a anti-religiosidade da música é um mito.

    ResponderEliminar
  50. Jairo:

    "perceberás que é vendidada a ideia de um Céu na Terra"

    Não Jairo. Não é de um Céu. É de um paraiso (sem letra grande).

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  51. Nuvens:

    A coisa com o Imagine é que seja Lennon ateu ou não, a letra é anti-religiosa. Pura e simples.

    E é muito pré 11 de Setembro. Como agora a tudo o que é ateu dizem que é neo-ateismo, e portam-se como se antes não houvesse ateismo, eu achei que o imagine era um bom exemplo de neo ateismo.

    Podiamos ir mais para trás, mas muito para trás os ateus acabavam na fogueira.

    O que faz realmente do neo-ateismo uma coisa diferente. Ou seja, um neo-ateu é um ateu vivo. Eu de qualquer modo sou um neo-agnóstico.

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  52. Joao Vasco:

    Como é se faz para se ser lido em hermeneutica? Eu tambem quero escrever um livro onde toda a gente le aquilo que quer.

    ResponderEliminar
  53. João,

    O segredo não está no que escreves. Até podes ser claro, concreto, simples e directo.

    O segredo está em distorcer aquilo que outros escreveram, por claro e directo que seja, com recurso a algum pretenciosismo e alusões pretensamente eruditas. Aquela falsa erudição que preza mais os nomes que citas do que o conteúdo daquilo que dizes. Depois, é estares confortável com sofismas, e teres um discurso entre o vago e o contraditório, sem nunca concretizares os teus fundamentos.
    Por exemplo: podias dizer que o autor de uma música tinha provavelmente um determinado objectivo em mente pelas entrevistas a que tiveste acesso, com o cuidado de não referir o que é que ele terá dito nessas entrevistas para te causar essa impressão. No caso da Bíblia, o mais comum é dizer-se que deve ser tido em conta o contexto historico-cultural sem nunca dizer em que medida é que esse contexto faz com que o significado do texto não seja aquele que as palavras pedem.

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  54. Joao Vasco:

    Não é só o conceito deles de conhecimento que é indistinguivel de fantasia.

    É tudo.

    E o Jairo continua a insistir que a letre fala de um Céu ( a letra grande é para que se saiba do que estamos a falar) na Terra. Caso tivessemos duvidas acerca do que é que o Jairo diz(tipo não ter visto a letra grande) , ele insiste que a letra é contraditória com o ateísmo.

    O Dawkins tem razão. A religião é uma especie de replicador que se instala em cerebros humanos e faz correr as suas proprias rotinas. Eles não vêm o que lá esta escrito.

    Era como se eu disse que o YMCA era uma musica neo-ateita.

    DE facto nunca tinha ficado tão claro.

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  55. João:

    Aqui discordo.

    Discordo por duas razões. Uma é que assumo que com "eles" te referes aos crentes. Se te referes apenas aos que escrevem aqui esquece este ponto.

    A segunda discordância, prende-se com o "tudo". É tudo enquanto eles nos vêem com uma camisola que diz "ateus", e se vêem como sendo da outra equipa. O sentimento de competição é tão exacerbado, qe o bom senso fica pelo caminho.

    Estivessmos a falar de um outro assunto qualquer, e verias o Jairo a dizer ao AP, "xi, que disparate. É óbvio que a música passa esta mensagem. Não digas isso que estás a dizer, que perdes a razão toda".

    Ah, sim, isto é especulação e psicanálise e toda essa treta que queiram chamar e também fazem. É a minha opinião, fundamentada naquilo que fui vendo.

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  56. John

    I read that at wikipedia. Read it carefully, please:

    "He describes God as "a concept by which we measure our pain".
    In the second section of the song, Lennon lists many idols that he does not believe in (including The Beatles), ending by stating that he just believes in himself and Yoko. The idols he lists are: magic, I Ching, the Bible, tarot, Hitler, Jesus, Kennedy, Buddha, mantra, Gita, yoga, kings, Elvis, Zimmerman (Bob Dylan) and The Beatles.
    The final section of the song describes Lennon's change since the breakup of The Beatles. He states that he is no longer the "Dreamweaver" or "The Walrus," but just "John." The final line of the song, "The dream is over," represents Lennon's stance that the myth "the Beatles were God" had come to an end. "If there is a God," Lennon explained, "we're all it."[1]

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  57. João Vasco

    Sofreu algum desgosto amoroso com uma sereia? A minha hermenêutica diz-me que o João Vasco está sofrendo.

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  58. "If there is a God," Lennon explained, "we're all it."[1]

    panteismo. menos mal. mesmo assim o homem tem duvidas. Diz "if".

    Mas a letra do imagine não deixa duvidas.

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  59. Se Deus existe então somos todos Deus.

    Que parte desta frase é que suporta o imagine não ser uma canção que é antireligiosa?

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  60. Joao

    Leste a citação em inglês? Aquela canção era uma libertação do John Lennon em relação aos Beatles. Para ele Beatles = Deus. Entendeste?

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  61. Joao

    Essa frase é quase cristã. Nós dizemos que somos filhos de Deus.

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  62. Li, acho que não invalida o "no religion too". Ele até podia ser Cristão, mas naquela musica não recomenda isso.

    E nessa tambem diz:

    "I don't believe in bible,
    I don't believe in tarot,
    I don't believe in Hitler,
    I don't believe in Jesus, "

    Sendo que talvez a biblia seja a ementa da tasca la da esquina, tarot um sabonete, hitler a retrete favorita e Jesus o cão da casa.

    Como queiras. Se Deus = Beatles então "I dont believe in beatles" = ateism

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  63. Dê la por onde der, deus não é uma coisa divinal para ele.

    E olha, o Russel tambem é catolico? Diz la como é que eu devo ler os textos que o Ludwig aqui colou... Estou desejoso

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  64. "Nós dizemos que somos filhos de Deus."

    Hei! Tu não és meu filho.

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  65. JOão

    Para além disso há que ter em conta a posição das letras, a gematria ,para se encontrar o verdadeiro sentido...

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  66. Joao

    Lennon não era cristão. Afirmou-o na entrevista à Playboy.

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  67. Grandes momentos do Krippahlismo-Tretismo, corrente Vasco-Joanina:


    "Estivessmos a falar de um outro assunto qualquer, e verias o Jairo a dizer ao AP, "xi, que disparate. É óbvio que a música passa esta mensagem. Não digas isso que estás a dizer, que perdes a razão toda".

    Mas fui sincero e disse:
    "António Parente, não sabia dessa possibilidade do poema não ser antireligioso. De qualquer forma, ele é mesmo um hino para os neoateus e é nesse sentido que os critico."

    Realmente não sabia dessa possibilidade. E mesmo que tivesse a certeza de que o Parente estava a dizer um disparate, nunca lhe dedicaria um comentário iniciado com "xi".Isso seria parvo...

    Interessa-me é quando os neoateus acreditam naquilo que está literalmente escrito no poema. Um ateu acreditar literalmente naquela possibilidade e dedicar-se a ela militantemente, é um paradoxo do tamanho de um elefante. Já expliquei porquê...
    Agora, se o poema é subjectivo e o seu autor disse não ser antireligioso, é algo que desconhecia. Só isso. Sempre pensei que o Lennon fosse uma espécie de comunista ( uma ideologia materialista idêntica ao neoateísmo), mas se não for o caso, vai dar ao mesmo. Os neoateus acreditam num Céu na Terra (paraíso segundo o ateólogo ortodoxo João),e levam a sério as palavras do poema "Imagine". Literalmente. Se o seu autor não for um deles, fica fora da crítica que faço, e continuam lá dentro todos os restantes materialistas que se tornaram idealistas e ainda não perceberam a confusão em que estão metidos.

    "Ah, sim, isto é especulação e psicanálise e toda essa treta que queiram chamar e também fazem."

    A regra argumentativa Vasco-Joanismo; acho que estou a dizer coisas sem sentido,mas acho que os outros também as dizem, logo não há problema.
    No fundo é a defesa de um direito..

    "É a minha opinião, fundamentada naquilo que fui vendo."

    O Vasco-Joanismo faz as pessas verem coisas muito estranhas.

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  68. Jairo:

    Obrigado por essa revisão comentada daquilo que escrevi.
    Só é pena é os comentarios que fazes passarem ao lado, ou porque não distingues o acessório do essencial (o comentário começar por "xii"), ou porque preferes projectar o que pensas a ler o que lá está escrito (onde contrario objectivamente aquilo que dizes que eu penso).

    Caso não tenhas lido, JL disse objectivamente, numa entrevista, que queria que as religiões e as fronteiras acabassem. O João citou-a.

    Sim, eu sei que te assusta que exista quem queira construír um mundo ideal na terra. Assusta muitas pessoas.

    Uma coisa que deveria ser vista, pelas pessoas decentes, como um óptimo sinal, que exista quem aspire a um mundo paradisíaco, e não queira ficar de braços cruzados. é vista como um prenúncio de uma horrível ditadura, ou outra distopia do tipo.

    Houve casos em que quem quis fazer o bem fez o mal? Claro!
    Mas isso não nos deve inibir de tentar fazer o bem.

    De igual forma, houve casos em que quem quis tornar este mundo num mundo melhor tornou-o pior.
    E houve outros em que quem quis tornar este mundo num mundo melhor de facto conseguiu-o. Houve pessoas que sonharam com a utopia, e de facto melhoraram o mundo.

    Acho triste ter medo, a priori, das boas intenções. De quem quer transformar o mundo num lugar melhor.

    Claro que essa vontade não é, por si, garantia de sucesso. Mas se há coisa que não é, é garantia de desastre. Mal seria deste mundo se o fosse.

    Acho que esse aliás é um dos piores problemas da religião, esta atitude de fazer as pessoas conformar-se com o mundo que têm em vez de o tentar transformar num lugar melhor.

    A revolução americana impulsionou as revoluções liberais, que iriam trazer liberdade, democracia, prosperidade e qualidade de vida a muita gente. Grande parte dos pais fundadores dos EUA rejeitava o cristianismo. Se calhar não foi coincidência.
    Acreditaram na utopia, e mudaram o mundo. Ainda bem.

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  69. João Vasco,

    "Caso não tenhas lido, JL disse objectivamente, numa entrevista, que queria que as religiões e as fronteiras acabassem. O João citou-a."

    E qual foi o meu grande problema com isso? Cita-me lá...

    "Sim, eu sei que te assusta que exista quem queira construír um mundo ideal na terra. Assusta muitas pessoas."

    Certamente, as pessoas de bom senso que preferem a realidade ao idealismo.

    "Uma coisa que deveria ser vista, pelas pessoas decentes, como um óptimo sinal, que exista quem aspire a um mundo paradisíaco, e não queira ficar de braços cruzados. é vista como um prenúncio de uma horrível ditadura, ou outra distopia do tipo."

    A História comprova que existem razões para ter esse receio.
    Quem aspira a um mundo paradisíaco confiando em si próprio e nas suas ideias, é um louco tirano em potência.
    Acho que era Chesterton que dizia que os manicómios é que estavam cheios de pessoas que acreditavam muito em si próprias, quando lhe vinham com essa conversa de que fulano x haveria de chegar longe por acreditar muito em si próprio.

    "Houve casos em que quem quis fazer o bem fez o mal? Claro!
    Mas isso não nos deve inibir de tentar fazer o bem."

    Mas o que é o Bem na visão materialista? Já pensaste em definir aquilo que pretendes propagar à humanidade, seriamente? Bem e Mal existem ou não?
    É que se existirem, a única conclusão a tirar é que somos maus e precisamos de nos arrepender(basta um pouco de autoconhecimento). Nunca acharmo-nos bons e capazes de trazer bondade, salvação, ao mundo.. isso seria de uma arrogância estúpida. Reconhecer que existe Bem objectivo e, em vez de nos humilharmos peranta essa existência que só pode ser explicada como sendo exterior à nossa vontade e matéria, acharmo-nos capazes de alcançar a perfeição sem recorrer à fonte do Bem.

    "De igual forma, houve casos em que quem quis tornar este mundo num mundo melhor tornou-o pior."

    Quem promete salvação aos outros ou é louco ou é Deus. Não há meias medidas!


    "E houve outros em que quem quis tornar este mundo num mundo melhor de facto conseguiu-o. Houve pessoas que sonharam com a utopia, e de facto melhoraram o mundo.

    Não sei qual a tua referência moral para sabermos o que é um mundo melhor. Tens de a explicar primeiro. Melhor porque te agrada mais, melhor de um ponto de vista utilitário?!
    Aqui tens um problema que o teu ateísmo não resolve. Se digo que algo é melhor do que x, tenho de ter referências, mas como o ateísmo é moralmente relativista, por princípio,pode dizer que x é mais útil e agradável ao João Vasco, não consegue é explicar a existência de algo que fosse melhor para todos e que trouxesse responsabilidade a todos os seres humanos de a tentarem alcançar.

    "Acho triste ter medo, a priori, das boas intenções. De quem quer transformar o mundo num lugar melhor."

    Acho imprudente confiar em boas intenções. De quem quer transformar o mundo, dizendo que será para melhor. "Transformar o mundo" parece-me uma ideia parva e um projecto de vida imbecil para humanos. Tem resultado sempre em porcaria.

    "Claro que essa vontade não é, por si, garantia de sucesso. Mas se há coisa que não é, é garantia de desastre. Mal seria deste mundo se o fosse."

    A tua ingenuidade comove-me. Espero que nunca chegues a ministro, porque aí já irias provocar-me suores frios...

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  70. Continuando com o mais recente texto vasco-joanino:

    "Acho que esse aliás é um dos piores problemas da religião, esta atitude de fazer as pessoas conformar-se com o mundo que têm em vez de o tentar transformar num lugar melhor."

    Melhor, melhor, melhor, mas melhor em relação ao quê?! Na escala do melhor, o que será o ideal como ponto de chegada e o detestável como ponto de partida? O darwinismo só vos serve para o que vos convém?

    Não sei de que religiões estás a falar, metes tudo no mesmo saco. Nenhum humano pode salvar o mundo, por nós próprios estamos condenados à morte e esquecimento, enquanto isso não chega, haverá sempre sofrimento. Deviam ser os ateus a perceber isto em primeiro lugar. Isto é uma percepção básica do que é a vida e as relações humanas quando nos consideramos apenas animais como os outros, apenas mais inteligentes. Acreditar na bondade e desinteresse de outros seres humanos?! Só se for para ficar sem a carteira...
    Consiga eu transformar-me a mim mesmo um pozinho,moralmente falando, e já podia morrer medíocramente satisfeito. Mas para isso tenho de reconhecer que Bem e Mal existem, logo que eu sou mau. Não dizer que Bem e Mal são relativos aos instintos de sobrevivência e conforto dos seres humanos, e depois achar-me tão bonzinho ao ponto de me dizer interessado no Bem relativo de todos...

    "A revolução americana impulsionou as revoluções liberais, que iriam trazer liberdade, democracia, prosperidade e qualidade de vida a muita gente."

    Liberdade não é nenhuma revolução que traz. A liberdade faz parte da condição humana, filosoficamente falando. Democracia não vejo porque seja algo absolutamente bom. De um ponto de vista realista:

    - Deixar ao voto da maioria conclusões científicas, lógicas, matemáticas ou éticas é imbecil, logo, a democracia, como a aristocracia, républica, monarquia outra forma de decisão/governação é tão válida quando seja útil e adequada; não se define como Bem, mas pode servir como meio de o alcançar, consoante a parte da realidade que estejamos a falar.

    De um ponto de vista ateu:

    -Não há nada que possa ser considerado absolutamente bom, pois toda a moral é relativa ao interesse, logo a democracia será útil ou não, depende dos casos. O Bem não existe, logo não é objectivo chegar a ele, mas ao que é útil e agradável.

    "Grande parte dos pais fundadores dos EUA rejeitava o cristianismo. Se calhar não foi coincidência."
    Acreditaram na utopia, e mudaram o mundo. Ainda bem"

    Grande parte dos neoateus às vezes dizem umas coisas destas sem sentido histórico. Se calhar não é coincidência tu as repitas...

    Ainda por cima entrando em contradição, pois se achas que os EUA mudaram o mundo para melhor, terás de admitir que a sua história tem o carimbo cristianismo bem vincado no meio da testa.
    Agora, ou os pais fundadores acharam que o cristianismo era útil à sociedade e a liberdade de culto e de reunião religiosa ainda melhores (isso podemos comprovar se tiveres dúvidas), ou a sociedade americana foi maioritariamente cristã por mera coincidência e contra as expectativas dos fundadores estragando-lhes os planos. Mas isto também não pode ser, porque tu disseste que os EUA mudaram o mundo, presumo eu que não só na sua constituição liberal, mas na história e sociedade que se construiu( profundamente cristã) desde a sua fundação...

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  71. Bom Jairo, já é tarde e vou apenas focar alguns pontos.

    Sobre a moralidade, estás constantemente a repetir que sem Deus não pode haver bem e mal.

    É um raciocínio com pés de barro.
    Repara, ou a moralidade é independente de Deus e tu podes caracterizar Deus como bom; ou a moralidade é definida por Deus e nesse caso dizer que deus é bom não é dizer nada.

    Para dar um exemplo disto, vou falar na rosa. Tu podes definir o rosa (côr) de forma independente, e assim dizer que uma determinada rosa (flor) é rosa, vermelha, etc..
    Mas se disseres que o rosa (côr) é definido como sendo a côr daquela flor, já não faz sentido caracterizares a flor como sendo rosa. Ela não poderia ser de outra forma.

    Isto quer dizer que mesmo que essa flor se torne aquilo a que chamamos azul, tu, definindo a cor rosa daquela forma, terias de continuar a dizer que cor dessa flor era rosa, por definição de rosa.

    O mesmo aconteceria se definisses Bem como sendo a vontade de Deus. Fosse a vontade de Deus criar os seres humanos no inferno directamente e disfrutar do seu sofrimento, não poderias deixar de dizer que isso era bom, pois tinhas definido bem como sendo a vontade de Deus.
    O Jónatas diz que Deus não pode ter esta vontade, pois Deus é bom.

    Isso é como dizer que a rosa não se pode tornar azul porque é sempre rosa. Pode tornar-se aquilo a que nós chamamos azul, mas nunca pode deixar de ser aquilo a que tu chamas rosa. Ou seja, vindo a definição de bondade da vontade de Deus, nada impediria que Deus agisse dessa forma, pois agir dessa forma seria, por definição, bom.

    A única maneira de saír desta armadilha é admitir uma moralidade independentemente de Deus. Aí, sim, podes dizer que o teu Deus é bom, e estás de facto a dar informação sobre o que ele não pode fazer. Aquilo que, definido independentemente, seria o mal.

    ------

    O mal, a meu ver, é o que provoca sofrimento, sem evitar um sofrimento maior.

    O bem, é o que promove a felicidade e/ou evita o mal.


    «Reconhecer que existe Bem objectivo e, em vez de nos humilharmos peranta essa existência que só pode ser explicada como sendo exterior à nossa vontade e matéria»

    Pelo contrário. O bem só vem da vontade, da matéria.
    Tal como o mal.

    A humilhação é triste e não ajuda nada.


    «Não sei qual a tua referência moral para sabermos o que é um mundo melhor.»

    Repara que há tantas interpretações do cristianismo, que eu também posso dizer isso de um cristão como tu que vá beber a sua moral à religião.

    Infelizmente, nem na Bíblia nem lá fora, existem respostas simples e fechadas.

    O que é um mundo melhor deve ser discutido tendo como base a procura da felicidade e a vontade de evitar sofrimento.



    «Melhor, melhor, melhor, mas melhor em relação ao quê?! Na escala do melhor, o que será o ideal como ponto de chegada e o detestável como ponto de partida? O darwinismo só vos serve para o que vos convém?»

    O darwinismo descreve o mundo como ele é. A ética serve para estabelecer como deveria ser.

    Há coisas que concordamos como detestável, em geral envolvem sofrimento atroz.

    A discussão no que diz respeito ao ponto de chegada não pode ser tida em duas linhas de um comentário algures.
    Eu acredito que lutar contra a pobreza, lutar por um mundo mais próspero, livre, sustentável, etc.. ajuda.


    «Liberdade não é nenhuma revolução que traz. A liberdade faz parte da condição humana, filosoficamente falando.»

    Se um Deus Omnipotente e criador existir não pode. Mas isso foram as tais perguntas que não foste capaz de responder...

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  72. «é tão válida quando seja útil e adequada; não se define como Bem, mas pode servir como meio de o alcançar»

    Foi o caso. A revolução americana foi o princípio do fim de muita opressão de sangue azul abençoada pela ICAR. Ultrapassou em muito os EUA, varreu a Europa toda.


    «Agora, ou os pais fundadores acharam que o cristianismo era útil à sociedade e a liberdade de culto e de reunião religiosa ainda melhores (isso podemos comprovar se tiveres dúvidas),»

    Quem tinha dúvidas eras tu noutra conversa em que eu dizia que a separação entre Igreja e Estado beneficia a religião. E eu sou 100% a favor dela, mesmo considerando a religião perniciosa.

    «Mas isto também não pode ser, porque tu disseste que os EUA mudaram o mundo, presumo eu que não só na sua constituição liberal»

    referia-me à revolução americana em particular e no reflexo que ela teve em todo o mundo.

    Não tenho nada contra os EUA e outros países cristãos, como o meu próprio. Mas se o teu raciocínio é esse, volto a lembrar-te que os países com mais qualidade de vida tendem a estar no topo da lista dos mais ateus. E mesmo nos EUA, os estados mais prósperos, com uma sociedade mais equitativa e justa são os menos religiosos.

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  73. Jairo

    Admiro a sua paciência. Eu perdi-a há muito tempo.

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  74. Jairo:

    De qq modo nada disso sugere q deus exista. é wishfull thinking. E que se queremos um mundo melhor temos de ser nos a faze-lo é obvio.

    Antonio Parente:

    Não me parecias nada sem paciencia enquanto discutiamos o sentido de "and no religion too".

    Miguel Panão:

    Eu sei que não comentaste nada. Mas isso é lamentável. Isto sem os teus niveis de realidade não tem graça.

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  75. «Miguel Panão:

    Eu sei que não comentaste nada. Mas isso é lamentável. Isto sem os teus niveis de realidade não tem graça.
    »


    João,

    Como é evidente, o Miguel Panão entregou-se de corpo e alma à missão que acompanha a tragédia do Haiti e está neste momento em Fátima a tratar das bolhas aos peregrinos. Não o distraiam agora.

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  76. John Lennon:
    «At one time I was so much involved in the religious bullshit that I used to go around calling myself a Christian Communist, but as Janov says, religion is legalised madness. It was therapy that stripped away all that and made me feel my own pain.» (...) «Well, his thing is to feel the pain that's accumulated inside you ever since your childhood. I had to do it to really kill off all the religious myths. In the therapy you really feel every painful moment of your life--it's excruciating, you are forced to realise that your pain, the kind that makes you wake up afraid with your heart pounding, is really yours and not the result of somebody up in the sky. It's the result of your parents and your environment. As I realised this it all started to fall into place. This therapy forced me to have done with all the God shit. All of us growing up have come to terms with too much pain. Although we repress it, it's still there. The worst pain is that of not being wanted, of realising your parents do not need you in the way you need them.» (...) «Most people channel their pain into God or masturbation or some dream of making it. » (...) «It's a bit of a drag to say so, but I don't think you can understand this unless you've gone through it--though I try to put some of it over on the album. But for me at any rate it was all part of dissolving the God trip or father-figure trip. Facing up to reality instead of always looking for some kind of heaven.» (1971, em entrevista com Tariq Ali e Robin Blackburn)

    Realmente é preciso muita paciência...

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  77. Vi em tempos o filme documental "The Killing of John Lennon" e estava aqui a recordar que:

    «At age 16, Chapman[o gajo que matou o John Lennon] became a born-again Christian, and distributed Bible tracts.»

    «After graduating from Columbia High School, Chapman moved for a time to Chicago and played guitar in churches and Christian nightspots while his friend did impersonations. He worked successfully at the YMCA»

    http://en.wikipedia.org/wiki/Mark_David_Chapman

    (juro que não é para chatear o Parente)

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  78. Isto fica mais interessante a cada momento:

    Jan Reeves, sister of one of Chapman's best friends, reports that Chapman "seemed really angry toward John Lennon, and he kept saying he could not understand why John Lennon had said it. According to Mark, there should be nobody more popular than the Lord Jesus Christ. He said it was blasphemy

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  79. O que Lennon tinha dito é que os Beatles eram mais populares que Jesus.

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  80. Parente:

    Eisntein disse isto:

    "The word god is for me nothing more than the expression and product of human weaknesses, the Bible a collection of honourable, but still primitive legends which are nevertheless pretty childish. No interpretation no matter how subtle can (for me) change this"

    explica-me como ele não era um neo-ateu. Anima aqui o pessoal.

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  81. Wikipedia - "Imagine (song)":
    «The song's refrain may have been partly inspired by Yoko Ono's poetry in reaction to her childhood in Japan during World War II.» (...)
    «Lennon: It's not a new message: "Give Peace a Chance" — we're not being unreasonable. Just saying "give it a chance." With "Imagine" we're asking, "can you imagine a world without countries or religions?" It's the same message over and over. And it's positive.» (Playboy, 2006-12-03)

    Lyric interpretations (considerado o melhor comentário):
    «The meaning of this song is very simple. Just think of what our world would be like without governments, religion and posessions. He then lends his idea of what would happen. No war, hate nor poverty only peace. I think human nature would never allow this to happen. Too many powerful people would lose said power. It's a nice thought, though.

    This song was written during the height of the war in viet nam, the first nixon administration and the peace movement. Much of the popular culture of the time was centered around these factors. Notice how prevalent the song is today...The war against terrorism, the second bush administration and the peace movement...Coincidence?»

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  82. João,

    Obviamente que mete muita impressão aos crentes que AE possa ter sido agnóstico.

    I received your letter of June 10th. I have never talked to a Jesuit priest in my life and I am astonished by the audacity to tell such lies about me. From the viewpoint of a Jesuit priest I am, of course, and have always been an atheist.

    - Albert Einstein, letter to Guy H. Raner Jr, July 2, 1945, responding to a rumor that a Jesuit priest had caused Einstein to convert from atheism; quoted by Michael R. Gilmore in Skeptic, Vol. 5, No. 2



    Great spirits have always encountered violent opposition from mediocre minds. The mediocre mind is incapable of understanding the man who refuses to bow blindly to conventional prejudices and chooses instead to express his opinions courageously and honestly.

    - Albert Einstein, letter to Morris Raphael Cohen, professor emeritus of philosophy at the College of the City of New York, March 19, 1940. Einstein is defending the appointment of Bertrand Russell to a teaching position.


    I have repeatedly said that in my opinion the idea of a personal God is a childlike one. You may call me an agnostic, but I do not share the crusading spirit of the professional atheist whose fervor is mostly due to a painful act of liberation from the fetters of religious indoctrination received in youth. I prefer an attitude of humility corresponding to the weakness of our intellectual understanding of nature and of our own being.

    - Albert Einstein, letter to Guy H. Raner Jr., Sept. 28, 1949, quoted by Michael R. Gilmore in Skeptic, Vol. 5, No. 2

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  83. "You may call me an agnostic,"

    Esta fixe. Não conhecia esta. Na realidade não conhecia nenhuma mas pensava que Einstein nuca tinha chegado a ser tão claro quanto ao modo como se via a ele próprio.

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