domingo, maio 31, 2009

Indecisão 2009: primeira eliminatória.

Um problema fundamental, e transversal a todos os partidos, é distinguir o que é da legítima competência do governo e o que é do foro pessoal, que deve ficar fora da política. Por isso o meu primeiro teste teste foi sobre estas seis perguntas:

Pergunta BE CDS CDU MEP MMS MPT PCTP PH PNR PPM PS PSD
Devia exigir-se que os imigrantes de fora da Europa aceitem a nossa cultura e valores-22-11----2--12
A legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma coisa boa2-22-21--2-2-21-2
Os princípios e valores religiosos deviam ser mais respeitados pela política-22-22---2----11
A descriminalização do uso pessoal de drogas leves é bem-vinda2-222-2-2---2---2
A eutanásia devia ser legalizada2-20-21-2---2-10
Na luta contra o terrorismo deviam ser aceites restrições às liberdades civis-21-2-11------1-1


A primeira parece ambígua mas julgo que nenhum partido isente os emigrantes de respeitar as nossas leis, ou princípios fundamentais como a Constituição e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Por isso interpreto-a como referindo aqueles valores culturais que, entre nós, são típicos mas opcionais. Como estes saem do âmbito do estado, suspeito de qualquer partido que não discorde fortemente desta opção. Mais ainda no que toca ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não é legítimo que a lei discrimine homens e mulheres só pelo seu sexo, e ainda menos que o faça para, alegadamente, manipular a reprodução. Com estas duas o PSD e o CDS ficam muito mal colocados, com o MEP, o PNR e o PPM por perto.


O respeito pelos “valores religiosos” é outra questão importante. O estado deve ser cego aos tais “valores religiosos”, não só porque cada religião tem os seus e o estado não tem nenhuma, mas também porque esses valores são estritamente do âmbito pessoal e é um dever do estado laico mantê-los assim. Estas três bastaram para eliminar o CDS e o PSD. Não quero políticos a meter o nariz no que não lhes diz respeito. As três perguntas seguintes confirmaram esta decisão.


Em parte por estas razões mas, principalmente, porque os acho um disparate pegado, excluí também o PNR e o PPM. Nem o racismo fascista nem o feudalismo saudosista me parecem opções viáveis. Finalmente, o MEP tem posições contrárias às minhas em quatro destas seis questões mas só o rejeitei depois de uma olhada no seu programa eleitoral. Principalmente pela sua ênfase na família que, à partida, não é onde quero políticos. E, no caso do MEP, a preocupação é reforçada pela sua oposição ao casamento homossexual e por afirmações como «reforço na autodeterminação da educação dos filhos»(1). Que os pais possam autodeterminar a educação dos filhos é uma contradição de termos.


Elimino assim cinco partidos dos quais discordo fortemente no ponto mais fundamental: o domínio sobre o qual é legítimo exercerem os poderes que lhes delegamos.



1- MEP, Família e Solidariedade Social.

67 comentários:

  1. Ludwig

    A ênfase do MEP na família não é na direcção do estado se meter na família mas na direcção de as políticas do estado colaborarem com as famílias enquanto unidades sociais.

    Quanto aos filhos, gostaria de lhe colocar duas questões. Qual o grau de liberdade que devem ter os pais na educação dos filhos? Se não forem os pais a definir a educação dos filhos, quem o deve fazer e com que valores?

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  2. Ludwig,

    A tua explicação no texto não bate certo com o quadro na linha 3.
    Penso que trocas-te os valores. O CDS e afins é que devia tem -2 e os partidos de esquerda o +2. Senão o teu resultado final não bate certo com o "caderno de encargos". :-)

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  3. “Por isso interpreto-a como referindo aqueles valores culturais que, entre nós, são típicos mas opcionais.” - pois são as interpretações deste tipo que frutificam na Quinta da Fonte, em Setúbal ou noutros lugares.

    Que o LK ache isso normal, não me causa grande espanto. Que venham muito ufano içar a bandeira verde, é que eu acho exagerado… e perigoso. Mas, infelizmente, percebo. Na verdade também ele é um adventício inadaptado à cultura lusa. Custa-lhe a engolir que sejamos um povo decente, muito diferente dos descendentes dos pró-Adolf!


    Pergunta-se: Os princípios e valores religiosos deviam ser mais respeitados pela política - inclina-se o LK para um estado que não respeite os valores religiosos (“seja cego”, passando por cima deles).

    A questão é respeitar, repito, respeitar, e não seguir esses valores. Quer o LK uma geração de políticos intolerantes e desrespeitadores… resquícios do pensamento do tal Adolf!

    Ora, acontece que os deputados representam (se isto fosse uma democracia efectiva, deveriam representar) quem os elege. E, a maioria que os elege tem uma cultura com valores religiosos próprios. Um dos compromissos dos deputados é respeitar e defender os interesses e os direitos daqueles que os elegem, bem como respeitar a lei (eu sei que não estamos a falar de deputados a sério, estamos a falar de faz-de-conta, simples seleccionados de uma tachocracia frasante.


    Nenhuma lei da Europa (dos países da Europa, porque não existe nenhuma “europa país”, isso é uma treta) permite o desrespeito pelos valores da cultura do povo. Há, efectivamente, umas aberturas apalermadas na Alemanha e na França, meros arrufos “tardo-nazis” que deixam antever o que será a União Soviética do Ocidente, liderada pelos descendentes do Adolf.

    “mas também porque esses valores são estritamente do âmbito pessoal e é um dever do estado laico mantê-los assim - Então o que é respeitá-los? Não deixá-los estar assim?

    Depois, não há religiões pessoais – as religiões são colectivas, e de prática pública e comunitária. Nenhuma religião se aplica a uma só pessoa. O catolicismo, por exemplo, tem subjacente uma infinidade de práticas colectivas que determinam, inclusive, uma infinidade de práticas culturais conexas: as férias, as festividades, etc.

    ” Que os pais possam autodeterminar a educação dos filhos é uma contradição de termos.” - deveria ser obrigado a por a seus filhos na escola de uma zona problemática, onde são constantemente maltratados, assaltados e nada podem aprender. Gostava de ver se não queria ter o direito de determinar o tipo de escola que eles frequentam… e até p tipo de ensino que têm.

    Imagino que, se colocassem os filhos do LK num desses cursos CEF, ao fim de algum tempo, de certeza, ele queria ter o direito orientar a formação/educação dos filhos. Enfim que fala sem saber de quê, no mínimo, é absurdo!

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  4. Carlos Albuquerque,

    «A ênfase do MEP na família não é na direcção do estado se meter na família mas na direcção de as políticas do estado colaborarem com as famílias enquanto unidades sociais.»

    Ao assumir que a unidade social tem de ser a família e não os amigos, um companheiro do mesmo sexo ou uma pessoa que escolha viver sozinha estão a fazer um juízo de valor que sai do âmbito legítimo da política, pelo menos no tipo de sociedade em que eu quero viver.

    «Quanto aos filhos, gostaria de lhe colocar duas questões. Qual o grau de liberdade que devem ter os pais na educação dos filhos? Se não forem os pais a definir a educação dos filhos, quem o deve fazer e com que valores?»

    Substitua "educação" por "saúde" e penso que daremos a mesma resposta. A decisão deve ser tomada no melhor interesse das crianças, dentro do que podemos determinar com a informação que temos.

    Fundamentalmente, a minha posição é que a educação é um direito das crianças e não um direito dos seus pais. Mais pertinente para a minha decisão de voto, dizer que os pais determinarem a educação dos filhos é autodeterminação parece-me ser um truque de retórica pouco aceitável. Mesmo na política...

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  5. Ludwig

    O programa do MEP tem uma definição implícita do que é que entende por família que não exclui como famílias as uniões homossexuais.

    Quanto a considerar a família como unidade social relevante, isso é naturalmente uma questão de opção política.

    Quanto à questão da educação dos filhos, substituir educação por saúde mantém a ambiguidade, ainda que menor. Se há cuidados de saúde que são quase consensuais (vacinas, consultas regulares, tratamentos em caso de emergência, etc.), pelo menos na nossa sociedade, há outros aspectos e opções que são próprios dos pais (alimentação mais saudável ou um estilo de vida mais despreocupado com esses aspectos? fazer ou não as vacinas sugeridas pelo pediatra mas que não fazem parte do plano nacional de vacinação? em situações de doenças muito graves, fazer ou não um determinado tipo de tratamento?)

    O "melhor interesse das crianças" é uma formulação abstracta que não pode ser concretizada de maneira consensual em muitas circunstâncias. Nessas circunstâncias resta deixar essas opções à família (autodeterminação sim, mas da família enquanto unidade). É que a alternativa em geral passa apenas pela imposição por parte do estado das opções pessoais daqueles que controlam a maioria naquele momento.

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  6. "O respeito pelos “valores religiosos” é outra questão importante."

    Concordamos. O importante é respeitar a liberdade de consciência e de religião de cada um.

    "O estado deve ser cego aos tais “valores religiosos”, não só porque cada religião tem os seus e o estado não tem nenhuma"

    O Estado não pode ser totalmente cego aos valores religiosos, especialmente quando eles são partilhados por partes significativas da população.

    Essa população vota, e fá-lo, naturalmente, de acordo com os seus valores religiosos. Daí que, mesmo num Estado democrático os valores religiosos acabem, de uma maneira ou de outra, por se repercutir no processo político e legislativo.


    "...mas também porque esses valores são estritamente do âmbito pessoal "

    É falso. Muitos desses valores dizem respeito ao modo como a sociedade se deve organizar combatendo a injustiça e a pobreza, regulando o casamento e a família, tratando os imigrantes, denunciando a corrupção, etc.

    Os valores religiosos dizem respeito a toda a vida social.


    "...e é um dever do estado laico mantê-los assim."

    A ideia de um Estado laico é claramente judaico-cristã, baseada na frase de Jesus "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".

    Ela mostra que as esferas nem sempre coincidem, e que o crente tem que procurar cumprir as suas obrigações cívicas e religiosas, sem usar umas como desculpa para descumprir as outras.

    Acima de tudo, ela aponta para confissões religiosas livres em Estados livres.

    Foi por isso que a democracia moderna se radicou mais fortemente nos Estados onde se deu a Reforma Protestante e onde a Bíblia foi mais influente.

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  7. CASAMENTO E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

    Os princípios constitucionais da autonomia individual e da igualdade não fornecem, por si só, a definição autêntica e correcta do casamento.

    O mesmo sucede com o princípio da neutralidade ideológica e confessional do Estado.

    Eles são compatíveis, não apenas com a relação heterossexual monogâmica, mas também com as relações homossexuais monogâmicas, as relações polígamas, em combinações heterossexuais, homossexuais, bissexuais ou transsexuais, não estando também excluída a possibilidade de casamentos com base em relações incestuosas, pedófilas e bestiais, cuja admissibilidade é defendida por alguns.

    No Ocidente, a definição do casamento tem sido procurada na matriz judaico-cristã, por sinal a aquela de onde em boa medida derivam os princípios do Estado Constitucional.


    Se e a comunidade política abandonar essa matriz e entender que não existe um padrão moral objectivo para o casamento, então os adeptos de todas as formas de casamento que não sejam acolhidas pelo Direito sentir-se-ão justamente discriminados, na medida em que as suas preferências não são contempladas no mesmo plano que as demais.

    Se se entender que não existe um padrão moral objectivo para o casamento, então também não existe qualquer razão para que as pessoas não criem os seus próprios padrões e não lutem, com igual legitimidade, pela sua aceitação social e consagração legal.

    O resultado pode ser, a prazo, a fragmentação moral da sociedade, abalando a legitimidade dos princípios do Estado Constitucional.

    Isto, para além das dificuldades normativas e práticas que daí resultariam. Mas se não existe um padrão moral objectivo, também não se pode dizer que seja errado a uma sociedade adoptar como padrão o casamento heterossexual monogâmico, na medida em que ele se mostre adequado à sua auto-compreensão moral.


    As comunidades constitucionais, que também são comunidades morais, procuram a definição do casamento em sistemas de crenças e valores que transcendem, na sua origem e normatividade, o sistema jurídico.

    Assim sucede também nos modernos Estados Constitucionais, caracterizados por uma ampla liberdade religiosa e pela separação das confissões religiosas do Estado.

    O Direito é apenas uma dimensão de um cosmos normativo mais vasto, onde pontificam visões do mundo e do homem e padrões básicos de comportamento aceitável.

    Por este motivo, é inteiramente legítimo a uma comunidade democrática, decidir a favor da definição de casamento que mais se mostra adequada à sua auto-compreensão moral.



    A matriz judaico-cristã, ao mesmo tempo que reclama o carácter verdadeiro e objectivo de muitas das suas afirmações morais, têm o mérito de ser amplamente consensual e de fornecer um padrão moral consistente.


    Além de fundamentar o casamento heterossexual monogâmico, a mesma fornece uma base sólida para os princípios basilares do Estado Constitucional, de dignidade humana, liberdade, igualdade e justiça.

    A sua aceitação na generalidade não é incompatível com algumas adaptações e transigências às necessidades impostas pela realidade contemporânea e pela complexidade das relações humanas.

    No entanto, umas e outras não devem comprometer dimensões matriciais nucleares.


    Tendo em conta que a matriz judaico-cristã se encontra profundamente enraizada na cultura e na civilização ocidental, servindo de fundamento material a muitos dos princípios que estruturam os vários domínios do sistema social, qualquer afastamento deste padrão normativo básico, no domínio da família e do casamento, deve apoiar-se na consciência de sua relevância meta-constitucional e das implicações sociais, normativas e morais do seu abandono.

    Além disso, e por esse motivivos, ele ser precedido de uma ampla discussão, aberta a todas as perspectivas e pontos de vista, religiosos ou não, e mediado pela decisão de uma ampla maioria.

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  8. Ludwig:

    Não sei em quem vou votar (ainda me faltam mais certezas a respeito do tratado de Lisboa), mas folgo em ver que estamos de acordo a respeito de em quem NÃO votar. Se bem que exclua aqueles que apresentas por uma série de outras razões além destas que aqui mostras, em que essas podem até nem ser as mais fundamentais.


    Sobre a questão da educação das crianças, estamos completamente de acordo. Se os pais não quiserem ensinar uma criança a ler, não devem ter esse direito. E tal como não devem ter esse direito, não devem ter uma série de outros. Isto diz respeito à instrução, mas também a valores: os pais podem achar que a propriedade é um roubo e não é errado furtar, e até devem ser livres de ensinar isso aos filhos; mas não devem poder impedir que os filhos tomem contacto com determinados valores morais com os quais discordam (por exemplo, neste caso, que furtar é errado).

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  9. João Vasco

    Não define uma regra geral sobre os valores a que os jovens devem ser expostos mesmo contra a vontade dos pais. Ora se a regra for a da decisão da maioria governamental, não justifica que num país ou num estado uma maioria considere que todos os jovens devem ser expostos às maravilhas do criacionismo, mesmo contra a vontade dos pais?

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  10. António,

    «A tua explicação no texto não bate certo com o quadro na linha 3.»

    Não percebi o erro... (e, se foi piada, passou-me ao lado :)

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  11. Carlos Albuquerque,

    Se assumirmos que o direito é da criança então a educação será em função dos interesses da criança. Conforme esta se torna mais madura e independente, podemos ter educação diferenciada de acordo com as preferências destes alunos, já quase adultos. Mas durante a infância, antes de poderem decidir especializar-se em algo, a educação deve ser igual para todos.

    É assim inadmissível que aprendam esta ou aquela religião, ou que lhes vedem acesso a certa informação acerca da sexualidade e saúde, com base nos gostos dos pais.

    Note que os tratamentos, no caso da saúde, são consensuais mas não no sentido de serem universalmente aceites por todos. São consensuais entre os especialistas. A educação pode ser uma àrea mais difusa mas também não é verdade que qualquer pai perceba mais do assunto que qualquer professor. E se temos os interesses das crianças em mente não podemos dar o poder total ao pai.

    Finalmente, o que acharia o Carlos se visse no manifesto de um partido político a defesa do poder do pai "autodeterminar" se o filho pode ou não levar transfusões de sangue? Não concordava comigo que o uso desse termo sugeria um desrespeito inadmissível pela criança como indivíduo?

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  12. João Vasco,

    Eu sou pró-integração, pró-europa, etc. Por mim já tinhamos a constituição europeia e um governo federal. O mundo que temos hoje é pouco compatível com qualquer forma de bairrismo. Sei que há problemas nestas negociações e nos detalhes de algumas propostas, mas vejo isso como assuntos menores que podem ser facilmente resolvidos com mais pressão dos cidadãos. E uma europa unida favorece uma intervenção civil mais esclarecida e activa, com todos a preocupar-se mais com o que afecta todos e cada um a ocupar-se menos com o seu cantinho.

    Mas qual é para ti o problema principal do tratado de Lisboa?

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  13. LK, responda-me, por favor, a estas Quatro perguntas:


    Acha que a EU (federação/união com estados cilindrados e povos submetidos a uma elite “tachocrata”) terá uma duração superior a URSS?

    Acredita que a EU não vai acabar um dia?

    Acha que o fim da EU não será tanto mais trágico quanto mais for esmagado o limite das nações/estados?

    Por que razão esta tentativa de unir toda a Europa, experimentada e falhada desde os romanos, dará resultado desta vez (se continua a ser feita contra a vontade do povo)?

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  14. Zeca,

    «Acha que a EU (federação/união com estados cilindrados e povos submetidos a uma elite “tachocrata”) terá uma duração superior a URSS?»

    Sim.

    «Acredita que a EU não vai acabar um dia?»

    Não. Eventualmente, quando demorar 30 minutos a ir de Lisboa a Sidney e podermos estar permanentemente ligados por videoconferência com qualquer pessoa que queiramos no mundo, terá de dar lugar a uma federação mundial.

    «Acha que o fim da EU não será tanto mais trágico quanto mais for esmagado o limite das nações/estados?»

    Não. Lembre-se que aquilo que hoje chama Portugal hà meros oito séculos era uma manta de retalhos com dezenas de reinos muçulmanos de várias etnias.

    «Por que razão esta tentativa de unir toda a Europa, experimentada e falhada desde os romanos, dará resultado desta vez (se continua a ser feita contra a vontade do povo)?»

    Porque desta vez podemos ir de Lisboa a Bruxelas em horas em vez de semanas, e comunicar instantaneamente com pessoas noutros países. Confesso que a mentalidade provinciana e fechada de muitos pode ser um obstáculo em si, mas tenho esperança que ultrapassá-la não seja muito mais difícil do que foi ultrapassar as dificuldades técnicas.

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  15. "Confesso que a mentalidade provinciana e fechada de muitos pode ser um obstáculo em si,"

    Sempre adorei eufemismos.

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  16. “Porque desta vez podemos ir de Lisboa a Bruxelas em horas em vez de semanas, e comunicar instantaneamente com pessoas noutros países.”- eventualmente estarei a ver mal, mas acho que esse foi o motivo que permitiu e acelerou o fim da URSS.
    De igual forma, foi a facilidade (!!!) de comunicação instantânea que permitiu por em marcha o 25 de Abril, os ataques terroristas ao largo do globo, etc.

    Não será esta facilidade de comunicação o principal ponto frágil do federalismo?

    Eu não sei se percebi. Mas o LK quer dizer que a acessibilidade em termos de distância tempo permitirá esmagar todas as revoltas dentro da “união soviética do ocidente”, fazendo-a perdurar no tempo!?

    Por mim, não lhe dou tanto tempo de vida como a URSS, sobretudo depois da entrada de países como a Turquia. Nós (os ocidentais, não é o meu caso), não sabem lidar com a cultura destes países.

    Provinciano, lavrador, aldeão… sou eu. E, confesso que, com bastante orgulho.

    Ah!... E sou Português, patriota, nacionalista, “anti-união” (pró comunidade).

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  17. Ludwig

    "a educação será em função dos interesses da criança"

    Este termo é extremamente vago quando passamos do campo mais óbvio. Entre viver com qualidade e morrer não é difícil encontrar o interesse da criança e estamos em geral todos de acordo. Mas quando se passa para questões como a educação, há dezenas de visões contraditórias sobre quais são os "interesses da criança".

    "Mas durante a infância, antes de poderem decidir especializar-se em algo, a educação deve ser igual para todos."

    Há várias objecções a esta ideia:
    - as crianças têm interesses diferentes, desde muito pequenas, logo uma educação igual não poderia ser tão boa para todos como uma educação adaptada à criança;
    - muito da educação de uma criança é-lhe dado em casa; só numa sociedade uniforme seria possível ter uma educação igual para todos;
    - não haver especialização exclui à partida as áreas em que o trabalho começa muito cedo (dança, música, desporto de alta competição, etc.)

    "É assim inadmissível que aprendam esta ou aquela religião, ou que lhes vedem acesso a certa informação acerca da sexualidade e saúde, com base nos gostos dos pais."

    A maneira de impedir que se ensine a religião às crianças é retirá-las aos pais à nascença. A religião faz parte da identidade cultural de uma enorme parte da humanidade. Deve uma criança não ter marcas culturais até escolher por si própria? Devem todas as crianças aprender inglês ou esperanto?

    "Note que os tratamentos, no caso da saúde, são consensuais mas não no sentido de serem universalmente aceites por todos. São consensuais entre os especialistas. A educação pode ser uma àrea mais difusa mas também não é verdade que qualquer pai perceba mais do assunto que qualquer professor. E se temos os interesses das crianças em mente não podemos dar o poder total ao pai."

    Mesmo na saúde há múltiplas situações em que o médico, mais do que prescrever "o tratamento" faz muito melhor em apresentar ao interessado as diversas opções e respectivas consequências previsíveis. Na educação, para dizer em poucas palavras, ninguém se entende sobre o que é melhor, salvo algumas coisas muito óbvias.

    Mas quando as questões educativas são mais delicadas, penso que o trabalho devia sempre ser feito com as famílias e nunca sem as famílias. Claro que isso pode implicare um maior investimento na formação das famílias, mas tentar mudar aspectos culturais profundos ignorando as famílias pode facilmente falhar redondamente.

    "Finalmente, o que acharia o Carlos se visse no manifesto de um partido político a defesa do poder do pai "autodeterminar" se o filho pode ou não levar transfusões de sangue? Não concordava comigo que o uso desse termo sugeria um desrespeito inadmissível pela criança como indivíduo?"

    Este é uma daquelas poucas situações em que me parece que há poucas dúvidas sobre o que é o interesse da criança. Mas se se tratar de decidir se um jovem de 14 anos, que diz que não quer tentar mais um tratamento contra o cancro porque as probabilidades são baixas e o sofrimento muito, e que tem o apoio dos pais na decisão, deve um tribunal impor-lhe mais tratamentos? Quem sabe qual é aí o "interesse da criança"?

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  18. Carlos Albuquerque,

    «as crianças têm interesses diferentes, desde muito pequenas, logo uma educação igual não poderia ser tão boa para todos como uma educação adaptada à criança;»

    Pode ser. Por mim, desde que seja uma opção da criança e não a prejudique, está bem.


    «A maneira de impedir que se ensine a religião às crianças é retirá-las aos pais à nascença.»

    Está a cometer o erro de assumir que só há uma religião. É claro que vão aprender a dos pais em casa. A questão é se os pais têm o direito de decidir que só vão aprender essa na escola também. Além do problema de segregar as crianças de acordo com a religião dos pais...

    «Mas quando as questões educativas são mais delicadas, penso que o trabalho devia sempre ser feito com as famílias e nunca sem as famílias.»

    Concordo. Mas concordo porque se pode assumir que a família tem como objectivo o melhor para a criança. Não porque a família tenha o direito de decidir isto pela criança. Esta distinção é fundamental.

    Por exemplo, acha que os pais têm o direito de não pôr os filhos na escola, ensinando-os em casa?

    «Mas se se tratar de decidir se um jovem de 14 anos, que diz que não quer tentar mais um tratamento contra o cancro porque as probabilidades são baixas e o sofrimento muito, e que tem o apoio dos pais na decisão, deve um tribunal impor-lhe mais tratamentos? Quem sabe qual é aí o "interesse da criança"?»

    Não seu. Defendo apenas que a dificuldade de decidir, por si só, não justifica assumir que são os pais quem tem o direito de decidir no caso geral.

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  19. Zeca,

    «Eu não sei se percebi. Mas o LK quer dizer que a acessibilidade em termos de distância tempo permitirá esmagar todas as revoltas dentro da “união soviética do ocidente”, fazendo-a perdurar no tempo!?»

    Não percebeu...

    A proximidade quer dizer que somos vizinhos. Daqui ao Porto de carro é como daqui a Paris de avião. Conforme as pessoas se vão misturando, a cultura se abre e enruiquece e o comércio chega cada vez mais longe faz menos sentido ser do mesmo país que o Porto e não de Paris. Até porque a lingua é igualmente estranha nos dois lados ;)

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  20. António Parente01/06/09, 23:30

    Ludwig Krippahl

    Tenho observado com curiosidade a sua amável discussão com o Carlos Albuquerque e verifico que o Ludwig, tão cioso a citar e a respeitar a Constituição quando lhe dá jeito, esquece neste debate o nº 5 do artigo 36º da Constituição da República Portuguesa:

    "Os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos."

    Aproveito para lhe relembrar, a propósito da família, o nº3 do artigo 16º da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

    "A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado."

    Já agora, leia o nº 3 do artigo 26º:

    "Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos."

    Para terminar a citação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, cito o artigo 30º:

    "Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados."

    A talhe de foice permita-me citar o Princípio VII da Declaração Universal dos Direitos da Criança:

    "O interesse superior da criança deverá ser o interesse director daqueles que têm a responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade incumbe, em primeira instância, a seus pais."

    Como o Ludwig facilmente concluirá, dado que é possuidor de uma inteligência superior, o seu pensamento político viola a Constituição, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração Universal dos Direitos da Criança.

    Parece-me que a sua carreira política não começa muito bem... Aconselho-o a fazer o trabalho de casa... ;-)

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  21. António Parente,

    A nossa constituição menciona um direito *e um dever* dos pais. Ou seja, não é uma escolha livre mas uma escolha condicionada pelo dever de educar as crianças.

    No artigo 26º da declaração universal dos direitos humanos escapou-lhe, com certeza por lapso, os dois números anteriores:

    «1- Toda a pessoa tem direito à educação.
    [...]
    2- A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.»


    Ou seja, o direito é primeiro das crianças. O dos pais é subordinado a esse.

    E, na nossa constituição, tem também:

    «Artigo 43.º
    Liberdade de aprender e ensinar
    [...]
    2. O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.

    3. O ensino público não será confessional.»


    Isto não parece estar de acordo com a prática de programar o ensino religioso das crianças segundo directreizes religiosas dos pais.

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  22. Eu, humilde lavrador, sem me querer comparar com o Perspectiva tenho que assumir que somos (os dois) proscritos nesta morada da blogosfera.

    Não é uma questão de solidariedade, mas sim de justiça: os dois comentários do Perspectiva são excelentes. Quando ninguém os comenta, significa que contra a solidez da doutrina criada não há argumentos capazes.

    Eu já estava a achar muito estranho que isto não descambasse para a religião!


    “É claro que vão aprender a dos pais em casa. A questão é se os pais têm o direito de decidir que só vão aprender essa na escola também. - será que o LK quer que as nossas escolas tenham aulas de todas as religiões?

    O que tem a religião a ver com esta temática das eleições do (pseudo) Parlamento da futura União Soviética do Ocidente?

    Outra coisa que me deixou estupefacto (“estúpido de facto”, há muito que diziam que eu era, claro!), foi esta afirmação do LK:

    “Ao assumir que a unidade social tem de ser a família e não os amigos, um companheiro do mesmo sexo ou uma pessoa que escolha viver sozinha …” - pela primeira vez o LK contrapões “família” a “companheiros” do mesmo sexo”. È um progresso assombroso.

    Eu, que até sou mais democrata, não diria tal, pois tenho por família: o conjunto de pessoas unidas por laços de parentesco, consanguinidade e afinidade.

    O que não posso concordar é que a “unidade social base” deixe de ser a família… ou então teremos que aceitar o mundo dos gangs como perfeitamente normal.

    As pessoas não podem ser programadas: têm um tempo próprio de amadurecimento da sua estrutura cognitiva. Os valores são parâmetros de maturidade e não equações de resultado indeterminado. Ai está o papel “socializador” da família. Infelizmente, a sociedade ocidental (que já é mais uma parceria do que uma sociedade) começa a pôr em causa os valores mais básicos e os direitos que impôs ao resto do mundo.
    Este eterno retorno é uma marca de qualidade a evolução ocidental. De vez enquanto o Ocidente grita: “primeira forma!”. E regressa tudo ao início.

    Até a questão da “união” é assim.

    O que eu ouvia dizer da perda de soberania dos países do Bloco de Leste, passou a reverter ao contrário para os países da União Soviética do Ocidente.
    O nacionalismo que fez desmoronar a URSS, era uma lufada de ar fresco. Hoje, na nossa (vossa, e não minha) “União”, o nacionalismo é um sentimento pecaminoso.
    Mas, não diziam os russos a mesma coisa!?

    (Não me venham com histórias de ideologias, porque os circunstantes são, na sua maioria, esquerdistas pró marxistas-leninistas!)

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  23. António Parente02/06/09, 01:16

    Ludwig Krippahl

    "não é uma escolha livre mas uma escolha condicionada pelo dever de educar as crianças."

    Esta frase é perfeitamente vazia de sentido. Não responde a nada.

    Quando menciona o artigo 26º penso que não percebeu que se está a auto excluir pois o Ludwig não defende, com aquilo que escreve, a compreensão, a tolerância e a amizade com quem pensa de forma diferente de si. Por isso, o seu conceito de educação é o menos apto para educar crianças.


    Eu sou contra o Estado confessional mesmo que defenda o cristianismo mas o Ludwig é a favor do estado confessional desde que seja um Estado ateísta e profundamente anti-religioso. Chama-lhe Estado "laicista" mas ambos sabemos o que verdadeiramente é.

    Ao contrário do Ludwig eu considero possível que exista um pensamento filosófico diferente do meu e que chegue a conclusões diferentes das minhas. O Ludwig só considera válido o pensamento filosófico que seja idêntico ao seu e atinja as mesmas conclusões. Quem não tiver um "modelo" nem seja um fanático do empirismo é atirado para o caixote do lixo sem hipótese de recurso.

    Quando evocar a declaração universal dos direitos humanos e a constituição compare em primeiro lugar aquilo que está escrito com as suas ideias e veja as diferenças. Tenho a certeza que encontrará muitas. Não o reconhecerá em público porque é demasiado orgulhoso para isso mas na solidão do seu escritório, talvez seja capaz de meditar... Haja esperança...

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  24. "pois o Ludwig não defende, com aquilo que escreve, a compreensão, a tolerância e a amizade com quem pensa de forma diferente de si."

    Ó AP, depois de tantos e tantos meses passados aqui, ainda não percebeu nada? Estilo Zéquinha? Céus ...
    Cristy

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  25. Jónatas,

    «Muitos desses valores dizem respeito ao modo como a sociedade se deve organizar combatendo a injustiça e a pobreza, regulando o casamento e a família, tratando os imigrantes, denunciando a corrupção, etc.»

    Está a confundir duas coisas diferentes.

    Se a minha fé disser que todos se devem vestir de amarelo, isso é social no sentido apenas de ser algo que eu acredito aplicar-se aos outros. Mas não é social no sentido mais importante dos outros terem algum dever de o fazer.

    O Jónatas pode achar que todos deviam adorar o seu Jesus. Mas essa crença é pessoal no sentido que ninguém tem o dever de a levar a sério. Temos o dever de respeitar os direitos do Jónatas e não o discriminar por essas crenças, mas temos o direito de as julgar um disparate, criticá-las abertamente e não lhes ligar nenhuma.

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  26. António Parente,

    «Quando menciona o artigo 26º penso que não percebeu que se está a auto excluir pois o Ludwig não defende, com aquilo que escreve, a compreensão, a tolerância e a amizade com quem pensa de forma diferente de si.»

    Defendo sim. Defendo que, por muito disparatadas que sejam as crenças de uma pessoa, ela não deve ser discriminada apenas pela sua opinião. Sou 100% a favor da tolerância quando aplicada às pessoas.

    Mas isso é completamente diferente de respeitar a opinião em si. Se alguém me diz crer que a Lua é feita de queijo não lhe vou bater nem proponho que a mandem prender. Mas defendo o meu direito de dar uma gargalhada e dizer que isso é um disparate.

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  27. António Parente02/06/09, 10:03

    Cristy

    Se alguém não percebe é a Cristy...

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  28. António Parente02/06/09, 10:04

    Ludwig

    Não anda por aí ninguém a dizer que a Lua é feita de queijo... Só vejo o Ludwig a fazê-lo e penso que não é motivo para riso, é um caso muito sério porque o Ludwig se leva a sério...

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  29. António Parente,

    Para evitar que fuja novamente à questão, vou ser mais explícito.

    Se andasse alguém por aí a dizer que a Lua é feita de queijo eu defendo que se respeitasse o direito dessa pessoa de exprimir a sua opinião, com a ressalva que não engane os outros com afirmaçóes infundadas. Concorda?

    Mas rejeito a ideia que eu, ou seja quem for, tenha o dever de respeitar a opinião que a Lua é feita de queijo. Concorda?

    Isto é relevante porque o fundamento de muito do que é crença religiosa é análogo ao fundamento da crença que a Lua é feita de queijo. São crenças em supostos factos que contradizem o que é legítimo inferir da observação da natureza e se baseiam simplesmente em relatos e opinião pessoal.

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  30. Zeca Portuga:

    "os dois comentários do Perspectiva são excelentes. Quando ninguém os comenta, significa que contra a solidez da doutrina criada não há argumentos capazes."

    Não Zeca, ignorancia tua. O perspectiva tem sido refutado aqui durante muito tempo, mas ele ignora o que se lhe diz e continua a fazer copy paste para aqui dos mesmo textos. Como ninguem aqui tem paciencia para estar a fazer copy paste das respostas ele começou simplesmente a ser ignorado. Se não acreditas vai ver os comentarios de posts dos anos anteriores. Acho que desde o primeiro post deste blog pelo que pesquisei.

    Alfredo Dinis:

    O Ludwig está a tentar explicar-lhe uma coisa muito simples: "TOda a gente tem direito à sua própria opinião, mas não aos seus próprios factos". Veja se compreende.

    Ludwig:

    "Defendo sim. Defendo que, por muito disparatadas que sejam as crenças de uma pessoa, ela não deve ser discriminada apenas pela sua opinião. Sou 100% a favor da tolerância quando aplicada às pessoas."

    DE acordo, claro. Com a ressalva que a critica e/ou a falta de afinidade não seja considerada discriminação.
    Mas acho que é o mesmo que tu dizes. Vive e deixa viver para continuar nos clichés.

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  31. ZeCA:

    E mais uma coisa. Pude agora verificar que os posts dele desta vez são sobre outro assunto. É que já não os leio de tão repetitivos que costumam ser. Provavelemte outros leitores fazem o mesmo. Ele deve-se considerar muito esperto pelo spam constante que faz, mas é esse o preço a pagar. E agora que sei que ele tem um comentário difenrente e novo nem tenho vontade de o ler.

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  32. António Parente02/06/09, 11:48

    Ludwig

    "Para evitar que fuja novamente à questão, vou ser mais explícito."

    Eu não fujo às questões. O Ludwig é que fugiu nas respostas que me deu. O problema, que volta amiúde, prende-se com as suas analogias: são demasiado fracas.

    Se andasse alguém por aí a dizer que a Lua é feita de queijo eu defendo que se respeitasse o direito dessa pessoa de exprimir a sua opinião, com a ressalva que não engane os outros com afirmaçóes infundadas. Concorda?

    Concordo e é por isso que muitas vezes eu estou do lado contrário do Ludwig dado que faz afirmações infundadas.

    "Mas rejeito a ideia que eu, ou seja quem for, tenha o dever de respeitar a opinião que a Lua é feita de queijo. Concorda?"

    Discordo. Eu respeito as suas opiniões que são tipo "Lua feita de queijo".

    "Isto é relevante porque o fundamento de muito do que é crença religiosa é análogo ao fundamento da crença que a Lua é feita de queijo. São crenças em supostos factos que contradizem o que é legítimo inferir da observação da natureza e se baseiam simplesmente em relatos e opinião pessoal."

    Discordo. Se me permite, cito-me a mim próprio:

    "Ao contrário do Ludwig eu considero possível que exista um pensamento filosófico diferente do meu e que chegue a conclusões diferentes das minhas. O Ludwig só considera válido o pensamento filosófico que seja idêntico ao seu e atinja as mesmas conclusões. Quem não tiver um "modelo" nem seja um fanático do empirismo é atirado para o caixote do lixo sem hipótese de recurso."

    Como vê, acaba de comprovar que tenho razão no que digo. A sua analogia é disparatada e não vale a pena pegar nela para negar evidências.

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  33. Antonio Parente

    Para quem acredita que a realidade em que vivemos é a mesma, discursos como o do Antonio Parente, insunuadores de universos paralelos e multiplas realidades, são exasperantes.

    Alem de confundir opiniões com factos, tambem acredita que há realidades à medida das nossas crenças? Desculpe, mas não neste universo.

    Deve ter andado a ler "o Desejo"! Por isso é que andar para aí a dizer infundamentices é preocupante. È que há quem acredite.

    TOlerar até se tolera, mas é preciso avisar os outros.

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  34. António Parente,

    Se respeita tanto o meu direito de ter opiniões e as exprimir, e se respeita como as minhas opiniões quaisquer que sejam, então qual é o seu problema? Não devia aceitar serenamente a minha opinião que as suas são um disparate?

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  35. António,

    «Não anda por aí ninguém a dizer que a Lua é feita de queijo»

    há quem ande a dizer que a «ressurreição» não é uma metáfora...

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  36. António Parente02/06/09, 14:40

    Joao

    Use com parcimónias as palavras. Não as gaste.

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  37. António Parente02/06/09, 14:48

    Ludwig Krippahl

    Eu aceito com serenidade a sua opinião. Procuro apenas que o Ludwig tenha consciência dos seus disparates. Os comentadores dos blogues prestam esse serviço aos bloguers de forma desinteressada e gratuita. É serviço público.

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  38. António Parente02/06/09, 14:49

    Ricardo Alves

    Saudades! ;-)

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  39. Antonio Parente:

    "Use com parcimónias as palavras. "

    Bem, mais uma opinião.

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  40. Nuno Gaspar02/06/09, 16:05

    Os comentários do António Parente foram certeiros. O Ludwig está a demonstrar que as suas opiniões sobre economia e política são tão luminosas como sobre religião. Os seus acólitos estremecem.

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  41. Primo Parente,

    Ao enxertar nesta conversa o nº 3 do artigo 26º ("Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos."), por motivos que já lhe vou conhecendo, quero perguntar-lhe novamente:

    1) qual é para si a diferença entre o sistema de ensino português adoptar como facto que Jesus ressuscitou, e o sistema de ensino turco adoptar como facto que o genocídio dos arménios é uma balela típica do cristianismo.

    2) compreende o que está em causa ao sacrificarmos a objectividade, normalmente baseada em factos, em benefício da liberdade educativa no sentido que lhe tem atribuído nos seus comentários? (claro que compreende, espero apenas recordá-lo que há consequências muito mais trágicas do que pôr os miúdos a papaguear evangelhos).


    (convido também o primo Gaspar a pensar no assunto :)

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  42. António Parente02/06/09, 16:31

    Primo Bruce

    Antes de responder às suas perguntas peço-lhe que consulte o seguinte site:

    http://www.emrcdigital.com/htmls/home.shtml

    Leia os atalhos que o dirigem para os programas de emrc, consulte os conteúdos de apoio para professores e alunos, etc, etc.

    Depois de consultar e ler (julgo que demorará alguns dias) volte a este post e coloque-me as perguntas que quiser. Provavelmente reformulará as que fez.

    Um grande abraço,

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  43. P. Parente,

    Não compreendo a sua recomendação. Sei que a EMRC é uma disciplina optativa, que não pertence ao "currículo geral" e obrigatório, não constitui aquilo a que se chama "conhecimento" nem àquilo que leva a generalidade dos pais a entregar o seus filhos ao ensino profissional e obrigatório. Vejo a EMRC como uma opção individual, externa ao que está em causa no "dever e obrigação de educar as crianças". Mesmo assim (posso já agora dizer-lhe) chateia-me por ser a escola a proporcionar o pouco espaço e os poucos meios e a sustentar um falso paralelismo entre a EMRC e os "factos" que, como lhe disse, são o pilar do conhecimento, do ensino e do desenvolvimento.

    Por isso não vou ler o site nem reformular as minhas perguntas. Sorry, Parente.

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  44. António Parente02/06/09, 17:41

    Primo Bruce

    Se lesse perceberia que as suas perguntas não fazem sentido nenhum.

    Todavia, aqui ficam as minhas respostas para que fique satisfeito:

    1) É a diferença entre a afirmação da Fé e a negação da História.

    2) Não sacrifica objectividade nenhuma. As permissas da sua pergunta estão erradas.

    Mais um abraço.

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  45. Nuno,
    seja bem aparecido. Embora esta parceria com o AP levante uma suspeita: afinal, você não passa de um alter-ego do Parente?
    Cristy

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  46. Primo Parente,

    «1) É a diferença entre a afirmação da Fé e a negação da História.»
    A afirmação da fé passa a facto; a negação da história passa a facto. Repito: qual é a diferença? (estamos a falar na qualidade de um programa escolar, não estamos?)

    «2) Não sacrifica objectividade nenhuma. As permissas da sua pergunta estão erradas.»
    Falta explicar porquê. Só se no site que me recuso a ler explicam que a EMRC não comporta qualquer ligação à realidade e não deve ser confundida com algo válido, transmissível, ou equiparável a um conteúdo escolar... Deve ser isso.

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  47. Nuno Gaspar02/06/09, 18:46

    Olá Cristy,
    sim, passo muitas vezes em Alter do Chão.

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  48. António Parente02/06/09, 19:07

    Primo Bruce

    Permita-me uma correcção ao que escreveu: o "repito" está a mais. Eu respondi à sua pergunta e o Primo fez outra. Não "repetiu" a pergunta feita. Vou responder às "novas" perguntas:

    1) A afirmação da fé não passa a facto porque quando passa a facto deixa de ser fé; se eu falo que Jesus existiu não é fé, é um facto histórico; quando falo da "ressurreição" falo em fé porque embora baseado em testemunhos não posso apresentar nenhuma prova da ressurreição. Percebeu a diferença ou quer que eu explique de outra maneira?

    2) Não é isso, dou-lhe a certeza. Como se recusa a ler é porque não está interessado em perceber. Se não está interessado em perceber então não vale a pena eu perder o meu tempo.

    Mais um abraço.

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  49. "Se andasse alguém por aí a dizer que a Lua é feita de queijo eu defendo que se respeitasse o direito dessa pessoa de exprimir a sua opinião, com a ressalva que não engane os outros com afirmaçóes infundadas."

    Inquisição à la Ludwig?

    Pedro Silva

    ResponderEliminar
  50. "
    "Se andasse alguém por aí a dizer que a Lua é feita de queijo eu defendo que se respeitasse o direito dessa pessoa de exprimir a sua opinião, com a ressalva que não engane os outros com afirmaçóes infundadas."

    Inquisição à la Ludwig?"

    Mas qual inquisição? Tens mandado muita gente para a fogueira Ludwig? Pelo que vejo aqui no Blog nem à m3rd4 os mandas quando mereciam!

    ResponderEliminar
  51. Pronto, Parente.

    Para que não fique agastado com o meu desinteresse pelo site da EMRC destaco algumas frases da página “Enquadramento” onde começa por se afirmar nada mais nada menos que «O Ensino Religioso Escolar ocupa um lugar fundamental no sistema educativo.» Mau presságio... Adensa-me a suspeita de que a invocação do tal artº 26 não visa apenas a defesa da liberdade individual de cada família acreditar nas enormidades que bem entender e transmiti-las apenas aos seus filhos. Mas adiante.

    «A educação integral da pessoa, que tem como finalidades proporcionar o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido da sua dignidade e reforçar o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais, bem como a formação do carácter e da cidadania, preparando o educando para uma reflexão consciente sobre os valores espirituais, estéticos, morais e cívicos.»

    Este parágrafo é lunático. Quem confunde a “educação integral da pessoa” com aquilo que é suposto os miúdos aprenderem nas disciplinas da escola, e quem confunde “valores espirituais, estéticos, morais e cívicos” com a EMRC deve desconhecer a diferença entre escola pública e seminário. O relator deste naco de prosa fala em escola pública mas pensa em seminário. Lunático.

    «A defesa da identidade nacional e o reforço da fidelidade à matriz histórica em que nos inserimos, através do contacto com o património cultural, no quadro de uma tradição universalista europeia e da crescente interdependência e necessária solidariedade entre todos os povos do mundo.»

    Lá estão as católicos com a conversa do separatismo. Expliquem-me de uma vez por todas o que tem a fraternidade cristã a ver com a “identidade nacional” e onde devemos colocar o papel da igreja no nosso país, no que toca ao “património cultural”. Tradição universalista? O progrom de Lisboa? O tribunal de Évora? Policarpo e os preservativos? O universalismo não pertence à EMRC, cuidado.

    «Observando o mundo actual (...) é de notar a importância do conhecimento religioso para compreender os fenómenos sociais.»;«Não é possível compreender muitos dos eventos internacionais sem uma clara referência ao religioso e às suas múltiplas manifestações.»

    Concordo. As disciplinas chamam-se História, Psicologia, Geografia, Sociologia, Filosofia, etc. Estávamos bem arranjados se fosse a EMRC a tratar disso...

    Fiquemos por aqui, deixo-lhe um enigma para terminar. No contexto da defesa da liberdade de escolha, o que quer dizer isto?

    «o conhecimento da mensagem cristã abre as portas à descoberta do valor do outro.»

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  52. António Parente03/06/09, 11:18

    Primo Bruce

    «o conhecimento da mensagem cristã abre as portas à descoberta do valor do outro.»

    Isto quer dizer uma coisa muito simples: ama o próximo como a ti mesmo. É uma mensagem de tolerância, compreensão e amizade. Não há nenhum enigma para quem conhece a imagem cristã.

    Não percebi se queria que eu comentasse os excertos que citou ou até os seus comentários. Se quiser, avise-me e eu estarei disponível.

    Mais um abraço

    p.s. - noto que os meus abraços não estão a ser retribuídos.

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  53. Primo Parente,

    "Não percebi se queria que eu comentasse os excertos que citou ou até os seus comentários."

    Tenho um primo Gaspar que padece precisamente da mesma relutância, mas agora estou mais preocupado com a sua dificuldade em compreender a arrogância e o exclusivismo de quem se pretende conhecedor da mensagem que permite abrir as portas para a descoberta do valor do outro. Enquanto eu estiver excluído desse conhecimento, não poderá evidentemente contar com o meu lado humano. Em vez de um abraço segue obviamente um pontapé nos tomates.

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  54. António Parente03/06/09, 11:53

    Primo Bruce

    Está excluído porque se auto-exclui. Quanto a isso não há nada a fazer.

    Quanto ao seu pontapé nos tomates, não acertou. As suas artroses não lhe permitem a agilidade necessária para o efeito surpresa. Bastou esticar a mão, agarrar-lhe suavemente o pé e colocá-lo naturalmente no chão. Com muita delicadeza para que não se magoasse. Tudo feito de acordo com a mensagem cristã.

    Eu e o Primo Gaspar temos dificuldade em perceber o que o Primo Bruce quer porque os seus comentários primam muitas vezes pela confusão de pensamento.

    Mais um abraço

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  55. «temos dificuldade em perceber o que o Primo Bruce quer porque os seus comentários primam muitas vezes pela confusão de pensamento.»

    Conceda-me pelo menos ainda não ter chegado ao ponto dos amigos imaginários :)

    Abraço.

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  56. A ideia que o ensino religioso garante a moralidade é um exagero, e a crença que falta de religião significa falta de moralidade é um embuste manipulador.

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  57. « a crença que falta de religião significa falta de moralidade é um embuste manipulador.»

    Mais ainda quando existem dados estatísticos relevantes que sugerem o contrário...

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  58. Joao Vasco

    Mas espera, ha estatista que diga que não ter religião implica não ter moral?

    Em algum grau minimamente relevante? onde, gostava de ler.

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  59. Ops! sorry.

    Ja agora ve isto:

    http://moses.creighton.edu/JRS/2005/2005-11.htm

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  60. Link incompleto, ´este:

    http://moses.creighton.edu/JRS/2005/2005-11.html

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  61. e mais este:

    http://schwitzsplinters.blogspot.com/2007/07/religion-and-crime.html

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  62. Joao:

    Pois, era o que escrevia. Acho particularmente relevantes este excerto:

    «In general, higher rates of belief in and worship of a creator correlate with higher rates of homicide, juvenile and early adult mortality, STD infection rates, teen pregnancy, and abortion in the prosperous democracies (Figures 1-9). The most theistic prosperous democracy, the U.S., is exceptional, but not in the manner Franklin predicted. The United States is almost always the most dysfunctional of the developed democracies, sometimes spectacularly so, and almost always scores poorly. The view of the U.S. as a "shining city on the hill" to the rest of the world is falsified when it comes to basic measures of societal health. Youth suicide is an exception to the general trend because there is not a significant relationship between it and religious or secular factors. No democracy is known to have combined strong religiosity and popular denial of evolution with high rates of societal health. Higher rates of non-theism and acceptance of human evolution usually correlate with lower rates of dysfunction, and the least theistic nations are usually the least dysfunctional. None of the strongly secularized, pro-evolution democracies is experiencing high levels of measurable dysfunction. In some cases the highly religious U.S. is an outlier in terms of societal dysfunction from less theistic but otherwise socially comparable secular developed democracies. In other cases, the correlations are strongly graded, sometimes outstandingly so.»

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  63. Aqui diz-se o essencial:

    «No democracy is known to have combined strong religiosity and popular denial of evolution with high rates of societal health. Higher rates of non-theism and acceptance of human evolution usually correlate with lower rates of dysfunction, and the least theistic nations are usually the least dysfunctional. None of the strongly secularized, pro-evolution democracies is experiencing high levels of measurable dysfunction.»

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  64. É curioso observar que as mesmas relações que podemos verificar quando comparamos os EUA com outras democracias desenvolvidas podemos verificar igualmente quando comparamos os diferentes estados dentro dos EUA (a relação entre religiosidade e crime dentro dos diferentes estados é gritante).

    E se correlação entre A e B não implica causualidade de A para B, a verdade é que se não for uma enorme coincidência (neste caso indenfensável), terá de implicar causualidade, seja de A para B; de B para A; ou de uma causa comum para A e B.

    E qualquer destas possíveis explicações tem implicações curiosas (na verdade acho que as três são verdadeiras em partes diferentes).

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  65. É possivel. Eu tambem acho que isso é plausivel.

    Em todo o caso estamos bem de acordo que religião não é panaceia para moral deficiente.

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