quarta-feira, maio 14, 2008

Batrachomyomachia.

Um post convidado da autoria do Dr. Aragão Lacerda, palavrólogo. Obrigado ao Francisco Burnay que me ajudou a contactar o ilustre Doutor.

«Physignathus retirou-se da batalha e todos os Bathrakoi teriam sido mortos não tivesse Zeus, olhando lá do alto, dito “O que podemos fazer para os salvar?”»
(Batrachomyomachia, de autor desconhecido mas tradicionalmente atribuída a Homero)

Esta terrível batalha, descrita num belo poema épico, mostra-nos de forma clara como já os antigos Gregos se preocupavam com os problemas da poluição, degradação de habitates naturais e perda de biodiversidade. A história começa, como muitas tragédias, com uma traição. A cobardia do rei Physignathus causa a morte do seu hóspede, o honrado herói Psicharpax, leva os dois povos à guerra e quase extermina os Bathrakoi. Só a intervenção do filho de Cronos salva da extinção os súbitos de Physignathus. E o tema não está evidente apenas na história em si mas, e principalmente, no profundo simbolismo dos termos.

O termo “bathrakoi”, que designa o povo de Physignathus, remete à origem Grega da nossa palavra “batráquio” e ainda hoje reflecte algo da sua riqueza original. Os batráquios são seres metamórficos, transformistas, que perdem a sua liberdade de girino transformando-se em sapos disformes. É uma clara alusão aos malefícios da cientolice. O prurido do cientinhoso comicha-o e consome-o por dentro, rouba-lhe a autonomia e tira-lhe o sangue da guelra. O príncipe transforma-se em sapo. Por outro lado, a raiz romana desta palavra, rana, alude também aos mais diversos significados, como em “ranhoso”, “ó rana da oliveira” e, como nunca deixa de invocar, Ranunculus, o género de plantas perenes herbáceas caracterizado por singelas flores brancas ou amarelas.

Vemos neste simbolismo a luta do humano consigo próprio. Por um lado, a cientinha infecta a alma, leva à traição, à degeneração, à fealdade, à comichão e até à extinção se não for a intervenção salvítica do Divino. Por outro, na natureza e na beleza frágil das flores vemos os valores espirituais espezinhados pela cientolice impiedosa. Esta batalha épica entre bathrakos e mus não é mais que a batalha que hoje travamos para resgatar a pureza do simbolismo espiritual humano aos dejectos arremessados pela correria cega dos cientinhosos tecnorreicos.

A ignorância do simbolismo é a fonte de todo o mal social. Da degeneração moral, do imperalismo capitalista, do ateísmo desenfreado e da falta de respeito pela Pátria e Nação. Cheira-se-lhe o miasma por todo o lado. As rodas dos carros são circulares, mas o círculo simboliza o regresso à origem e a repetição infinita. Daí termos carros com cem mil quilómetros estacionados no mesmo sítio que ocupavam há anos. Na construção civil usa-se o aço para dar resistência ao betão ignorando o simbolismo desta amalgama de carbono e ferro, o primeiro representando cinzas e destruição e o último a guerra, a violência e a morte.

Só restaurando o respeito pelo valor simbólico das coisas se pode corrigir estes males. Fazer rodas em forma de cruz, um símbolo mais auspicioso, ou usar como material de construção folhas de louro e flores de laranjeira. É abrindo a janela à nossa espiritualidade, e a mente à meta-existencia do supra-empírico que os antigos tão bem conheciam, que podemos desabafar, no sentido de tirar do abafo, e livrarmo-nos do cheiro pestilento da tecnorreia desenfreada. Só assim podemos voltar aos tempos áureos do simbolismo e habitar de novo uma Terra plana assente sobre quatro elefantes e uma tartaruga, simbolicamente mais rica que este pobre ateísmo de viver numa esfera de rocha pendurada do nada.

22 comentários:

  1. Não me sinto digna de comentar tão brilhante exposição feita por tão ilustre e sublime figura.
    Remeto-me pois ao silêncio com profunda reverencia.

    Com os mais humildes e cordias cumprimentos.

    :)

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  2. (...) «ignorando o simbolismo desta amalgama de carbono e ferro, o primeiro representando cinzas e destruição e o último a guerra, a violência e a morte.» (...) «Fazer rodas em forma de cruz, um símbolo mais auspicioso, ou usar como material de construção folhas de louro e flores de laranjeira. É abrindo a janela à nossa espiritualidade» (...)

    Como Ben Stein disse (recorrendo à minha memória): «Uma mulher aborta a sua criança. É isso - é apenas a minha opinião - que faz a Ciência. Porque o amor a Deus, a compaixão e empatia leva-nos a um lugar glorioso. A Ciência leva-nos à matança de pessoas.»

    Mas tenho de confessar uma coisa. Quando jogo o "FreeCiv" (open&free-source baseado no "Civilization") passei a militarizar as minhas cidades para poder ter tecnologia mais evoluída e para que outras nações não destruíssem as minhas construções que foram caras (era o que acontecia quando tentava logo descobrir a navegação e descobriam que estava fraquinho a nível militar). Para conseguir o "trabalho de ferro", a "construção de pontes", a "pólvora", a "metalurgia", a "electrónica", etc. preciso primeiro de conseguir o "código de guerreiro", o "feudalismo", a "cavalaria"... até para ter o "sindicato" preciso de ter antes uma "guerrilha". Por outro lado preciso de "cerimónias fúnebres" e "Misticismo" para conseguir a "Filosofia" e a "Medicina". E de vez enquando decido construir uns templos para apaziguar o povo. Será que é disso que pessoas como o Ben Stein falam?

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  3. Dr. Aragao? Dr-a(ra)gao?

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  4. Quem estiver interessado poderá inclusivamente consultar o blog de Roland Wiegran inteiramente dedicado ao assunto.

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  5. palavrólogo?


    Também quero!!! :D

    Puxa, se isso me der para pagar as malditas facturas... e que não são nadinha simbólicas, ai!... está encontrada a profissão ideal cá prò ser elemental!

    É que, como aliás o insigne autor do texto me explicou, houve aí uns malvados... esses tais toinos cientinhos renegados... que roubaram o arco-íris, arrancaram-me a raiz!

    Pois agora, sem o pote do tesouro... aqui peno feito mouro... e prà desgraça ser total... 'té a Sininho me quer mal! :o)

    Salve-me o Homero ou Zeus...

    Rui leprechaun

    (...o Batráquio ou Prometheus! :))


    PS: E viva a mitologia... sete mil cores só magia!!! :D

    Still...

    The Paradise is within
    True Beauty lies inside
    Happiness opens its arms
    To embrace Me all the time!

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  6. um mundo sem
    A'Tuin,Berilia,Tubul,Great T'Phon e Jerakeen? Inconcebível!
    Karin

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  7. Dr. Aragão

    Isto é tudo muito bonito e simbólico e palavroso, mas continua a não explicar porque é que as gaivotas dão gaivotas. E porque é que a cunhada do Prof. Dr. Ludwig De Krippahl achou que os filhos do referido Prof. Dr. deveriam ter gaivotas de estimação.

    Ou isso ou eu entendi tudo mal e afinal eram uns porquinhos da Índia que se reproduzem como as "tubaronas" e as "dragoas" de Komodo...

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  8. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  9. Caro Aragão,

    «[...]devia poder apagar a ***** destes comentários *******! Porque raio não posso fazer isso? O Ludvigaro, apaga lá tu essa *****!»

    Lamento, mas por princípio não apago comentários nem dou autorização aos convidados neste blog para o fazer. A única excepção que posso considerar é esse tipo de comentários como o seu, que até para os padrões deste blog é demasiado...

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  10. Ludwig

    Andas a aprender umas coisas comigo! Foi mesmo só asneira ou foi resposta ao que alguém escreveu? Dado o contexto, vou particularizar: foi resposta ao que eu escrevi? É mesmo só por curiosidade.

    Acho que devias registar os nomes dos teus personagens (acho que consegues fazer isso com o mesmo e-mail) para não responderem por ti.

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  11. Abobrinha,

    :)

    (olha para as horas dos comentários)

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  12. Ludwig

    Eu olhei, mas pensei que tinhas sido tu a ser muito rápido.

    OK, foi piada 2 em 1! Got it!

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  13. Perfeitamente expectável esse comentário do "Sr. Lagartixa" (Dr. é elogio desnecessário). O seu tiquezinho que não suporta a crítica, exerça-o no seu casebre, ou será mais adequada a designação de gueto bafiento e calcificado? Ainda bem que esse tipo de pessoas estão, pelo menos na maior parte da Europa, arredadas do poder. Tanta candura e religiosidade/espiritualidade, mas no concreto só sai arrogância e prepotência em formato insultuoso. Contradição pura que não indicia bom carácter. Desnorteio fraudulento, que pelo sua inconsequência (felizmente) é risível. Julga que tudo pode, mas não pode nada. Pois é: e dizia a Lagartixa que não comentava fora do
    seu caixote do lixo. Em cada duas afirmações, quatro são vómito mentiroso. Não passa de um verboso ordinário.

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  14. Epá, este Dr. Aragão parece-me uma besta armada ao pingarelho. Parafraseando o Rei D. Juan Carlos II, «Porqué no te callas, coño?»

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  15. Cai no engodo. Mas o essencial mantém-se.

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  16. Creio que o principal ensinamento que podemos retirar deste texto do Prof. Aragão Lacerda é a de que uma análise etimológica rigorosa e historicamente fundamentada pode aumentar o nosso conhecimento do mundo físico.

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  17. Prof., digo, Dr.! Teses não lhe faltam certamente.

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  18. um mundo sem
    A'Tuin,Berilia,Tubul,Great T'Phon e Jerakeen? Inconcebível!



    By Jove! Mas quem são esses deuses que não conheço só um?!

    Que mitologia é essa do fundo Cafarnaum?!

    Ou quem me faz sombra assim... te quer arrancar de mim?!

    Serás Deusa de outra brana... a milhares de anos-luz... e só o teu holograma... em meu ser assim reluz?!

    Uma existência irreal... criada na fantasia... de um Gnomo irracional... que crê na tua magia?!

    Unicórnio ou Sereia... ninfa nas águas do Tejo... a ET princesa Leia ... ou a Sita que almejo?!


    Mas se és Real em Mim...

    Rui leprechaun

    (...me telefona... trrim, trrim!!! :))


    Eu tenho um coração maior que o mundo,
    tu, formosa Karin, bem o sabes:
    Um coração, e basta,
    onde tu mesma cabes.


    Tomás de Gonzaga
    (ie, eu no Brasil, séc. XVIII)

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  19. olá Leprechaun,
    A'Tuin é a grande tartaruga da qual o Ludi fala, e os outros são os elefantes que carregam o mundo nas costas, isto no universo mágico de Terry Pratchett.:)
    bjs Karin

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  20. Ah! O tal do Discworld!!! :)

    Pois, mas confesso que agora me virei mais para o "brainworld"... sou amante inconstante, sempre meio delirante!

    Mas que importa a ignorância... ser tapadinho de todo... se o saber em abundância... a Karin me dá a rodos! :)

    Yes! Estou na fase da engorda...

    Rui leprechaun

    (...'inda magro, dá mais corda!!! :))

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  21. Ludwig:

    Chorei a rir. O Dr.Aragão ultrapassa o réptil em verborreia, raciocínios toscos acompanhados por citações desadequadas, relacionamentos disparatados.
    Só não o ultrapassa na quantidade de insultos por parágrafo, visto que não foi mais longe que "ranhoso".

    Talvez nos comentários o Dr.Aragão possa enriquecer os debates com alguns palavrões, ou então a sua amiga Mazie entra em sua defesa com uma fúria avassaladora e ameaças de violência física ;)

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