quarta-feira, março 19, 2008

Sonhos.

O Desidério tinha um sonho que um dia a Internet ia cumprir o seu verdadeiro propósito. Vender informação. O Desidério chama-lhe trabalho, «Qualquer autor de um livro, de um software, de uma música, poderia vender directamente o seu trabalho na Internet»(1), mas o que ele quer dizer é vender informação acerca do trabalho, porque a única coisa que circula na Internet é informação. O Desidério sonhou também que foi «a mentalidade borlista que cedo matou o sonho que era a Internet».

Em 1969 o governo dos E.U.A. financiou um projecto para uma rede distribuída de comunicações. Na década que se seguiu várias universidades, e universitários, desenvolveram esta rede para partilhar informação e poder de cálculo. À borla. Os protocolos para controlar as transmissões e endereçamento, o correio electrónico, o primeiro software para usar a rede, foi tudo partilhado à borla e criado para poder partilhar informação à borla. Mais tarde pessoas como Tim Berners-Lee disponibilizaram, à borla, a especificação do HTML e do HTTP. Não foi a Internet que criou a “mentalidade borlista”. Foi a “mentalidade borlista” que criou a Internet.

Esta “mentalidade borlista” é muito antiga. Vem da noção intuitiva de ser justo cobrar pelo nosso esforço mas não pelo benefício que não nos custa dar. Por isso a informação tende a ser gratuita. Conversamos de borla. Se perguntamos as horas não esperamos que nos peçam dinheiro em troca. E se alguém, desesperado, me pergunta onde é o hospital mais próximo ninguém considerará justo que eu queira “dividir o benefício” desta informação regateando o preço. É justo que uma transacção beneficie ambas as partes, mas só se ambas as partes têm custos.

Se eu pedir ao Desidério um artigo a explicar o que são argumentos dedutivos e indutivos é justo que eu pague as despesas em livros e deslocações à biblioteca, que pague o seu trabalho e tempo e que lhe pague extra para que o Desidério também beneficie do seu investimento. Mas esta é a noção crucial. É justo que o Desidério beneficie porque investe esforço e tempo e não apenas porque eu tiro proveito disso. Porque se o Desidério já tem o artigo na gaveta e eu peço para ler fico desagradavelmente surpreendido se ele me cobrar por isso. O meu benefício é o mesmo mas ele não investe nada e só quer lucrar à custa da minha necessidade. E isso todos sentimos ser abuso.

O antigo sistema de cobrança à cópia funcionava porque a cópia exigia esforço. Quem vende livros merece lucrar com esse trabalho. Aceitamos que um livro de capa rija seja mais caro e dê mais lucro que um livro de bolso porque custa mais a fazer. Mas sentimo-nos enganados se o editor cobra o triplo por uma edição rasca só porque a história é popular. Isso é ganhar dinheiro à nossa custa sem qualquer esforço que o justifique.

É por isso que não me sinto um papalvo por lerem o que eu escrevo sem me pagar, ou por ter doado dinheiro à Wikipedia. Fi-lo por interesse próprio e agora que está feito não me custa nada o benefício que outros possam ter. E é por isso que sinto que me tomam por papalvo quando me pedem dinheiro para aceder a informação que já está disponível e que já não custa nada deixar-me aceder. Nem que seja um euro, prefiro dizer obrigado por nada e virar costas.

Não defendo que seja imoral vender ficheiros pela Internet, mas quem tentar lucrar com isto vai ter a mesma dificuldade que se vendesse informação na rua ou licenças para ler livros. A metáfora do bonequinho para cada ficheiro, como vemos na Internet e no Windows Explorer, engana alguns com a sensação que os ficheiros são coisas e não mera informação. Mas engana poucos. Rapidamente a maioria nota que está a pagar por nada e que pode replicar essa informação e beneficiar outros sem custos. O melhor, dentro ou fora da Internet, é vender directamente o trabalho em vez de tentar vender o acesso à informação.

Porque esta “mentalidade borlista” não foi uma mania que surgiu com a Internet. Está connosco desde que há linguagem. É a ideia que a informação, por beneficiar sem custos, deve ser partilhada. É a ideia que cobrar por informação é abusivo. É a ideia que nos deu a Internet. É a ideia que motiva o artista, que nunca cria arte sem querer transmitir algo aos outros. Nem em sonhos faz sentido incentivar a criatividade e aproveitar a Internet contrariando esta ideia.

1- Desidério Murcho, 5-3-08, O Eldorado digital

16 comentários:

  1. Ludi, estás sempre a argumentar em círculos. É sempre a tua metafísica da cópia. Mas isso não interessa para nada. O que interessa é isto: a maneira mais prática de financiares um criador é pagares pequenas parcelas, consoante usufruis disso ou não. Na verdade, tu próprio pensas isso: é por isso que dás donativos à Wikipedia. Ora, esta posição é absurda. Porque consideras brilhante a ideia de dares donativos à Wikipedia, mas acharias criminoso, segundo a tua Religião Digital, que a Wikipedia pedisse 3 euros por pessoa por acesso por um ano. E que com esses 3 euros pagasse aos criadores que escrevem os artigos deles. Portanto, o que está em causa não é saber se se paga ou não mas como se paga e a QUEM se paga. No teu modelo paga-se a uns espertalhões que rapidamente perceberam como funciona a internet: atrais milhões de pessoas, ofereces uma coisa de borla, consegues convencer montes de bem-intencionados a trabalhar de borla no teu projecto e… depois TU, mas não os criadores, vives disso.

    Basta veres o resultado que tem tido a mentalidade freeware no software. Sem essa mentalidade, teríamos hoje muitas pequenas e médios criadores a fazer mais trabalho de qualidade porque seriam directamente pagos por quem usufrui do seu trabalho. Mas assim não tens nada disso. Tens apenas grandes companhias, cada vez mais concentradoras — os criadores individuais já se habituaram à ideia e hoje em dia fazem software apenas como quem faz um CV: é com a esperança de serem notados por grandes empresas que depois lhes dão emprego… para vender software a 10 vezes o preço que poderíamos comprar se não fosse a mentalidade borlista.

    Mas desta vez apreciei o teu novo sofisma: a falácia genética. Como a internet foi criada de borla, tem de ser tudo de borla na internet. É como a língua portuguesa. Por isso, nada de pagar aos poetas para fazerem poesia. Eles que trabalhem em trabalhos a sério — como ser professor universitário ou trabalhar numa fábrica. Isso de vender poesia é um Atentado à Liberdade. Tretas.

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  2. Desidério,

    Penso que ainda não consegui explicar esta diferença importante.

    Se os tipos da Wikipedia disserem fizemos uns artigos porreiros, estão aqui no site, não nos custa nada que os leiam mas, se querem ler, passem para cá dinheiro eu mando-os dar uma volta.

    Se eles disserem estão aqui uns artigos porreiros, leiam à vontade que é para isso que os escrevemos, mas se quiserem que continuemos com este trabalho têm que nos pagar, aí pago de bom grado.

    A diferença é entre eu pedir para ler o artigo que tens na gaveta ou pedir que me escrevas um novo. Acho justo pagar-te no segundo caso. Não aceito que me cobres no primeiro. Discordas disso? Costumas cobrar aos teus colegas se querem consultar um artigo teu sem ser na net?

    Quanto ao pagamento à parcela estou de acordo. Mas para pagar o trabalho, não para pagar o usufruto. Essa de proibir o acesso à informação para depois cobrar bilhetes é uma treta desnecessária.

    Finalmente, parece-me que estás muito mal informado no que toca ao software open source e free software. Estás até a confundir isso com o shareware, uma tentativa de usar esse sistema de restrição de cópia e utilização para fazer dinheiro cobrando licenças. Esse não funciona bem, pelas mesmas razões que não se consegue fazer negócio a cobrar a quem quer que lhe digam as horas.

    Mas há muitas empresas de free software que distribuem o software gratuitamente e vendem adaptações, formação, apoio técnico e afins. Ou seja, serviços que merecem ser remunerados, e cujo resultado pode depois beneficiar toda a comunidade.

    E a maior dificuldade na competição com as empresas grandes é precisamente a legislação de "propriedade" intelectual, que dá uma enorme vantagem a quem tem mais advogados.

    «Por isso, nada de pagar aos poetas para fazerem poesia.»

    É exactamente o contrário. O modelo razoável é pagar aos poetas para fazer poesia. Pagar aos poetas para nos darem licença de ler a poesia que já está feita e disponível na Internet é que é uma bela parvoíce. Afinal são poetas ou cobradores de bilhetes?

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  3. A conversa do Desidério sobre o software livre e grátis é o de quem não conhece coisas como a distribuição Debian, onde todo o desenvolvimento é feito voluntariamente e de onde sairam produtos de software bastante superiores ao que existe em outras distribuições mais apoiadas monetariamente (um exemplo disso é o sistema de pacotes dpkg+apt que está anos à frente do sistema rpm+yum da empresa RedHat).

    A Redhat é outra empresa que vive do opensource. Embora o Redhat Enterprise agora seja pago, muito do software está disponível no CentOS (acesso livre e grátis). Esta empresa ganha principalmente na prestação de serviços e apoio técnico.

    A Mozilla Foundation é outro exemplo. Toda a gente usa o Firefox, um produto dessa empresa que é distribuído gratuitamente, e os programadores da Mozilla são pagos, e a Mozilla está actualmente a recrutar. De lembrar que ao usar o Firefox nunca vi uma linha de publicidade.

    O autor do CUPS foi (relativamente) recentemente contratado pela Apple para continuar a desenvolver o seu sistema de impressão para UNIX. O CUPS continua a ser desenvolvido e distibuído livremente, e o autor é pago para isso.

    A maioria dos programas livres são basicamente programas que foram sendo desenvolvidos devido ao interesse pessoal dos autores em ter algum programa com uma funcionalidade que faltava. Uma vez produzidos (tendo sido pagos ou voluntariamente) os autores não se importam que o resto do mundo beneficie do que eles fizeram.

    Ao contrário do que o Desidério parece defender, é um modelo com bastante sucesso, que está longe de morrer. A própria Microsoft lançou recentemente o kernel Singularity de uma forma aberta e livre.

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  4. Caro Ludi

    Estás sempre a interpretar-me como se eu estivesse a defender a proibição da cópia. Mas eu nunca defendi tal coisa. Tu é que laboras num dilema falso: ou se cobra dinheiro é se proíbe a cópia e o acesso, ou é tudo à borlex e paga quem quer. Eu não estou interessado neste dilema. O que me interessa é apenas isto: é preciso pagar aos criadores, e o teu modelo para pagar aos criadores não funciona porque depende da boa vontade de quem paga. E que não funciona é óbvio porque não tens um só caso de um negócio online que funcione nesses moldes e pague aos criadores. Tens tolices como a Wikipedia, em que se paga apenas o hardware, o presidente, o advogado — mas não quem escreve os artigos. Tens músicos a vender musica tradicionalmente na internet, e todos eles pedem evidentemente dinheiro pela sua música e não disponibilizam a sua música de borla na internet. Apenas não vão atrás de quem o faz. E é aqui que tu não vê a diferença importante. Uma pessoa pode perfeitamente fazer uma campanha de sensibilização para que quem usufrui de uma criação a pague, explicando por que razão é crucial fazer isso. Mas essa pessoa pode ao mesmo tempo nada fazer para impedir a cópia gratuita. Ora, tu queres uma justificação metafísica para tal liberdade de cópia, mas o problema é que qualquer justificação que dês torna depois ou incoerente pagar ao criador ou economicamente inviável.

    O que eu defendo é que se deve sensibilizar as pessoas para saberem descriminar o que devem pagar e a quem. Por exemplo: não devem pagar à Wikipedia, pois é um negócio americano típico, que serve para explorar papalvos e o dinheiro que lhes damos só paga advogados e executivos — não paga a criadores. Devemos pagar directamente a um músico, escritor ou criador de software que mete a música na Net ou que não a mete, mas que nós puxámos de um lado qualquer. Isto que eu estou a dizer nada tem a ver com policiar a internet nem com impedir a cópia gratuita.

    O software gratuito é um disparate económico que só beneficia as grandes empresas, como o próprio comentador anónimo reconhece sem se dar conta disso. Caso as pessoas estivessem informadas da importância económica de pagar directamente aos criadores, estes não teriam de ir trabalhar para gigantes como a Apple. O que se passa é que as pessoas não se dão conta dos efeitos económicos e sociais que têm as suas escolhas; sofrem de ingenuidade económica, digamos assim. Não estão a ver as consequências de médio e longo prazo e não estão a ver como as coisas seriam muito melhores se as pessoas pagassem directamente aos criadores das criações de que usufruem.

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  5. Desidério,

    «Estás sempre a interpretar-me como se eu estivesse a defender a proibição da cópia.»

    Então tens que ser mais claro na tua posição. Eu defendo que se retire a restrição legal à cópia de sequências de bytes que é neste momento imposta pelos direitos de autor. Se concordas com isto já temos pouco que discutir, porque me parece que o resto é mais uma questão de gosto e alguns mal entendidos.

    «O que me interessa é apenas isto: é preciso pagar aos criadores»

    A tua posição inicial é que era impossível alguém viver de um trabalho criativo se fosse legítimo copiar o produto desse trabalho gratuitamente depois do trabalho feito. Penso que já tens dados suficientes para concordar que não é impossível. Por exemplo, toda a industria da moda nos Estados Unidos e todas as empresas de software livre, além de vários músicos.

    Se achas que é insuficiente o rendimento que os músicos podem auferir pelo seu trabalho (pelo trabalho mesmo, como os cabeleireiros, os matemáticos, os canalizadores, os filósofos, etc) tens que apresentar um modelo quantitativo para defender essa posição, porque aí não estamos a falar de uma impossibilidade. Tens que ter uma ideia de quanto dinheiro é preciso e quanto é que falta quando se paga um músico para compor em vez de pela cópia daquilo que ele já compos.

    «O que eu defendo é que se deve sensibilizar as pessoas para saberem descriminar o que devem pagar e a quem.»

    Concordo com o princípio. E defendo que todos devem pagar impostos, que são cobrados em proporção aos rendimentos e para benefício dos mais necessitados, e que todos devem pagar por aquelas transacções em que participam voluntariamente e em que todos os participantes investem algo para recolher benefícios.

    O copyright é uma aberração em que um particular detem o direito de cobrar um imposto pela utilização de um bem abstracto, imposto esse que não é proporcional ao rendimento do tributado e é para benefício exclusivo do particular. Disso discordo completamente.

    «O software gratuito é um disparate económico que só beneficia as grandes empresas,»

    Não basta afirmares isto vezes sem conta. Eu sei quem é o comentador "anónimo" (ardoRic), e eu penso que ele está melhor informado que tu acerca do desenvolvimento e comercialização de software. Eu também tenho algum conhecimento na àrea e o que me parece ser um disparate é essa tua afirmação.

    Por isso tenho que pedir que suportes essa afirmação com alguns dados concretos e relevantes. Especificamente porque é que o monopólio no software será melhor para a economia, para o consumidor e para a inovação, quando é precisamente o contrário em todos os casos...

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  6. Já agora, Desidério, dirias também que a matemática livre e gratuita é um disparate económico?

    É que software é matemática...

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  7. Lud, sobre o exemplo do software.
    A comunidade Fedora, que como sabes tem o seu lugar na história do software livre, em lado algum defende que nos podemos ou devemos apropriar daquilo que é proprietário nomeadamente o formato MP3. O lema é "usem OGG, não MP3" porque o que está em causa é a criação - de raiz - de um universo voluntário com regras próprias aos níveis da produção e consumo:

    - a licença GPL, em que toda a cadeia de agentes apenas participa se assim o desejar.

    O que tens defendido, essa coisa de vincular todo e qualquer lavrador de propriedade intelectual à partilha, é como eu fazer uma manifestação à porta da tua casa exigindo o fim da propriedade horizontal porque eu e mais uns quantos achamos que esse é o caminho. Julgo que estás a confundir a oportunidade de convocar voluntários para um sistema diferente de produção e partilha com uma reivindicação mais ou menos maoista que, em boa verdade, faz tanto sentido agora como no advento do papel químico.

    É mais ou menos como diz o Dério: porquê empurrar todas as pessoas, se o "mercado" da partilha pode ocorrer naturalmente por iniciativa individual dos autores nele interessados?

    Ainda sobre o software livre, recordo que o homem do momento, Mark Shuttleworth, "oferece" a distribuição Ubuntu não apenas por ter ganho uma pipa de massa com a venda de uma empresa / ideia sua como por ser dono da Canonical. A Canonical vende manutenção de sistemas Ubuntu às empresas, e o preço não está ao critério do cliente...

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  8. Desidério:

    «Por exemplo: não devem pagar à Wikipedia, pois é um negócio americano típico, que serve para explorar papalvos e o dinheiro que lhes damos só paga advogados e executivos — não paga a criadores.»

    Disto não podia discordar mais. A wikipedia não serve para explorar papalvos: serve para facilitar o acesso à informação, e nenhuma encicolpédia alguma vez concretizou esse objectivo com tanto sucesso como a wikipedia.
    Não é um negócio americano típico, porque se o objectivo fosse o lucro, à muito que as páginas teriam publicidade, que eles ganhariam um balúrdio. Ainda bem que assim não é.
    O dinheiro que damos serve também para pagar os servidores e toda a manutenção do muito equipamento que eles têm - a qual já esteve em risco devido ao sub-financiamento.
    Por fim, acho muito bem que os advogados e executivos da wikipedia sejam pagos, se eles estão a prestar um serviço tão válido: a criar uma plataforma que aproxima quem quer ensinar e quem quer aprender, com uma enorme eficiência.
    Eu sei que a versão portuguesa da wikipedia é um nojo, cheia de gralhas patetas, erros grosseiros, e muito incompleta (falta de massa crítica de participantes).
    Mas a wikipedia em inglês é uma fonte de informação mais fidedigna que a maioria dos documentários ou notícias sobre ciência; mais actualizada e completa que outras enciclopédias em papel que tenho visto - que estão bem longe de ser gratuitas..

    Desde que tive internet sempre me lamentei que a informação, apesar de muito abundante, estivesse tão desorganizada e incerta. A wikipedia mudou isso: hoje é possível usar a internet para aprender bastante sobre tantos assuntos diferentes graças a essa plataforma. Por isso acho mesmo injusto chamar fraudolento ao serviço que é prestado por aqueles que mantêm esta plataforma. E "papalvos" aos que o financiam.

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  9. Bruce,

    Eu não proponho que violem a lei. Isso, em muitos casos, até seria ilegal. O que eu proponho é que se altere a lei. Felizmente numa democracia é aceitável que se exprima oposição a uma lei que se considera errada.

    A GPL é uma forma de contornar a lei mas que não resolve o problema principal, que é a lei conferir a uns o direito de outro de usar algo intangível e infinitamente replicável.

    Desidério,

    Tinha-me escapado esta:

    «Mas desta vez apreciei o teu novo sofisma: a falácia genética. Como a internet foi criada de borla, tem de ser tudo de borla na internet.»

    Isto é novamente um erro de interpretação. Se leres com cuidado o meu argumento verás que eu estou a dizer que a informação deve ser gratuita porque é algo que pode ser partilhado sem custos. Isto é consequência de uma noção intuitiva de justiça que todos temos, que diz ser injusto cobrar por aquilo que nada nos custa.

    A Internet foi criada seguindo esse principio. Isto rebate a tua metáfora do sonho mas não é a justificação para que não se cobre por dizer que horas são.

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  10. João,

    Outra coisa para que já quase dei foi a Stanford Encyclopedia of Philosophy. O que me fez desistir foi ter que preencher uma data de coisas. Se eles tivessem um link para o Pay Pal como a wikipedia tinha era muito mais prático.

    Eu penso que o problema do Desidério, e talvez do Bruce, é recusar a ideia que é mais natural pagar pelo esforço dos outros e que é revoltante pagar para ter acesso a algo que é gratuito.

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  11. Esta foi feita com direitos...

    Uma paródia R&B, ver aqui.

    Não sei porquê, a sério, mas quando vi este vídeo lembrei-me da Abobrinha.

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  12. Mário,

    Obrigado pelos links. Essa notícia do Japão já conhecia. Parece que o projecto é cortar a net a quem for *acusado* de partilhar ficheiros protegidos.

    aqui

    As editoras também querem fazer algo semelhante na Irlanda

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  13. Ludwig,

    Simplesmente vamos ver os interesses, que possuem mais força, a vencer, e não uma ética.

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  14. Mário,

    Por causa da lei. O problema é mesmo esta lei que concede monopólios e foi criada mesmo para beneficiar esses interesses.

    Mas numa democracia tenho esperança que a lei seja mudada...

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