terça-feira, janeiro 08, 2008

Treta da Semana: Despertai!

Não costumo ler isto, mas ontem encontrei abandonada num banco do Metro a edição deste mês da Despertai!, a revista das Testemunhas de Jeová. O título da capa é «violência contra as mulheres». Pensei que se eles fossem contra já era uma coisa que teríamos em comum. Enganei-me. Dizem que são contra, claro. Mas...

Começam por mostrar como Jesus tratava bem as mulheres. Numa ocasião veio uma Samaritana buscar água ao poço e Jesus disse-lhe «Dá-me de beber». Explicam que deve ser interpretado como um gesto de respeito e simpatia porque naquele tempo era escandaloso falar com mulheres em público. Deve ser do meu ateísmo, mas não consigo ver a coisa dessa maneira. Depois dão o exemplo de Carlos e Cecília. Ele era agressivo, o que é obviamente mau. Mas ela não era melhor. Era «exigente e orgulhosa». Não admira que levasse na cara. Felizmente as coisas mudaram com os ensinamentos de Jesus. Cecília tornou-se «mais humilde e compreensiva», enquanto que Carlos «aprendeu a ser mais tolerante e a ter mais autodomínio». Excelente. Presumo que agora não só ela lhe dá menos razões para bater, como ele deixa passar algumas sem levantar a mão e quando lhe dá é com menos força. Ainda dizem que não há milagres...

Mais à frente há um artigo sobre «O que a chefia no casamento realmente significa?». A foto mostra um casalinho radiante e a legenda alega que «Exercer a chefia de acordo com o exemplo de Cristo resulta na alegria e satisfação do marido e da mulher». Não é o que pensam. Eu também julguei que era ele dizer que faz mundos e fundos e acabar pregado a uma cruz. Mas não. É que «o marido deve tomar a liderança na família e a esposa deve seguir essa liderança e respeitar a sua chefia». Como está na epístola aos Efésios, 5:33.

Eu até percebo que haja homens religiosos. Foram os homens que inventaram esta treta e é óbvio que lhes traz vantagens. Mas não percebo como é que as mulheres caem nisto. É assim em todas as religiões. Têm que obedecer ao marido. Na Igreja só podem ser freiras, porque quem manda e dá missas são os homens. Até a recompensa por morrer virgem é passar a eternidade com mais setenta e uma mulheres e um tipo barbudo a cheirar a chamusco. Minhas senhoras, se querem religião inventem uma nova. Deixar isto por conta dos homens só dá porcaria.

E a Despertai! não é Despertai! sem uma dose de criacionismo. A teia da aranha. Mais forte que o aço, e se tivesse o tamanho de um campo de futebol podia parar um avião. «O que você acha? A aranha e a sua seda tão resistente como o aço surgiram por acaso ou foram projectadas por um Criador inteligente?». Nem uma nem outra. Foi a evolução. Mas vejamos essa hipótese do criador inteligente.

E a traça. Se fosse do tamanho de um campo de futebol, a traça também conseguia parar um avião. Na verdade, há poucas coisas que não conseguiam parar um avião se fossem do tamanho de um campo de futebol. Uma maçã cozida. Até um monte de algodão doce dava logo cabo dos motores. E uma traça desse tamanho dava um trabalhão ao Godzila, coisa que uma teia nunca fez. Mas mesmo no tamanho normal as asas das traças estão cobertas de minúsculas escamas, presas de forma a não cair durante o voo mas que se soltam quando se colam à teia da aranha. A traça perde umas escamas mas de resto escapa ilesa.

Se um criador fez a aranha, também um criador fez a traça. Mas a menos que seja esquizofrénico ou muito distraído, é óbvio que não foi o mesmo criador que criou ambas.

São só 32 páginas, mas é treta concentrada e praticamente pura. Recomendo vivamente a quem ainda tiver a ilusão que a nossa espécie é um animal racional.

55 comentários:

  1. Ludwig

    Depois da seca com o meu post do tabaco (e eu posso dizê-lo com propriedade, porque fui eu que o escrevi) e outros eventos em que este dia foi rico, este post é uma lufada de ar fresco!

    Estou em crer que as mulheres jeovás não desancam no marido no seu próprio blogue. Só por aqui estás a ver o quanto perdes em não ser religioso.

    Morrer virgem não é condição necessária nem suficiente para ir para o céu. E o do barbudo com as chocas não é o mesmo: viras à esquerda (quem entra) e é a 3ª porta. Seja como for, eu acho que vou para o inferno (ou para porteira do céu).

    Deixar seja o que for nas mãos dos homens dá asneira. Ora aí está uma verdade. Mas se não deixarmos e vocês não fizerem asneira, a quem é que nós vamos atirar com as culpas?

    Não percebo grande coisa de traças nem de teias de aranha. Mas de carraças já percebo, mas isso é uma longa história e envolve o Pavilhão Atlântico e o teu irmão.

    ResponderEliminar
  2. Ludwig

    Permita-me alguns breves comentários sobre o que escreveu. Julgo que o tema não justifica uma resposta em forma de post. Vamos ver se não sou atacado pelos guardiões deste tempo sagrado que é a sua caixa de comentários...

    É verdade que naquele tempo as mulheres eram muito desconsideradas na sociedade judaica. Leia o livro do levítico - uma espécie de livro das boas maneiras e código penal do tempo - e perceberá o que quero dizer.

    O episódio da samaritana é importante não só por ser uma mulher mas também por ser samaritana, o que era um duplo factor de exclusão. Se consultar a Wikipedia, poderá ler a história dos samaritanos e as suas diferenças em relação aos judeus.

    Em relação ao "conselho" mencionado na espístola aos Efésios, 5-33, não corresponde ao que é dito na Bíblia. O que é dito, literalmente, é: "33De qualquer modo, também vós: cada um ame a sua mulher como a si mesmo; e a mulher respeite o seu marido."

    Mais atrás, na Bíblia, fala-se do chamado "modelo de amor conjugal" e que as TJ interpretam como "liderança familiar". Não concordo com a interpretação das TJ porque se ler a totalidade do texto(há partes que o Ludwig não citou) e conhecer o contexto histórico-social em que foi produzido era revolucionário para a época. Se o ler com "olhos" de ateu do século XXI encontrará sempre defeitos, não tenho dúvidas.

    Depois o Ludwig mistura Cristianismo com Islão o que não me parece legítimo.

    Sobre as setentas e duas virgens há muitas histórias espalhadas por aí. Para que se perceba a referência às 72 virgens, aconselho a leitura do seguinte texto do jornal inglês The Guardian:

    http://www.guardian.co.uk/religion/Story/0,2763,631357,00.html

    ResponderEliminar
  3. Story/0,2763,631357,00.html

    ResponderEliminar
  4. Este verão está anormalmente frio...

    ResponderEliminar
  5. Ludwig,

    Complemento o que Antônio Parente colocou lembrando que Efésios 5:25-28 (apenas um pouco antes do trecho citado) diz:

    "Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, a fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo."

    Que mulher que não quer ser amada assim?

    ResponderEliminar
  6. Caro Tiago,
    eu, uma vez que a igreja é uma invenção pós-Cristo, de modo que esse terá sido um amor deveras estranho.
    No entanto, estou muito satisfeita por ter aprendido aqui que é só na sociedade judaica que as mulheres eram desconsideradas, e isso, felizmente, há muito tempo. Não foi no Portugal católico que morreram mais umas dezenas de mulheres vítimas de maus tratos dos seus maridos no último ano. Nem foi aqui que um juiz altamente católico reconheceu «circunstâncias mitigadas» a um assassino, porque a mulher "provocava". E vai de enumerar: usava mini-saia, ía ao café com as amigas e nem sempre tinha o jantar na mesa quando o energúmeno chegava a casa. Perante estes crimes hediondos, levou o que merecia.
    E sim, tudo isto tem origem na ideia inculcada aos homens há séculos pela igreja, de que eles mandam e elas obedecem, porque é assim que essa invenção dos homens que apelidaram de Deus o quer.
    Cristy

    ResponderEliminar
  7. António e Tiago,

    É bem possível que Jesus fosse desse exemplos de um comportamento muito tolerante para os padrões da época. Mas isso é insuficiente.

    Em primeiro lugar porque ele é suposto ser um deus omnisciente e intemporal. O seu comportamento e as suas recomendações deviam ser irrepreensíveis em qualquer época. Não devia ser preciso dar desconto a um deus destes pela sua educação tradicional ou lá o que for.

    Mas pior que isso é que ainda hoje os seguidores deste deus (e os muçulmanos afirmam-se como seguidores do mesmo deus) tratam todos as mulheres como inferiores aos homens. Talvez haja alguma seita protestante que seja excepção, mas as instituições mais importantes de seguidores deste Jeová, sejam protestantes, católicos, judeus ou muçulmanos, excluem as mulheres de qualquer cargo de chefia.

    Finalmente, Tiago, o mesmo autor dessa epístola aos efésios escreveu noutra aos corintios (14:32-33):

    «As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque näo lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei.
    E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.»


    Isto revela bem o tipo de amor que ele tinha em mente...

    ResponderEliminar
  8. Ludwig,

    Se os crentes são acusados de ter inventado Deus, parece-me que os ateístas também inventaram um "deus" onde colocam tudo aquilo que consideram negativo na religião. É um tema bom para um post.

    Quanto à exclusão das mulheres de cargos de chefia, para mim a questão é muito simples: se um dia a situação mudar, aplaudirei. Se me pedirem opinião, direi que as mulheres têm tanto talento como os homens para ocuparem lugares de chefia dentro da Igreja.

    Posso acrescentar que já participei numa comunidade de um movimento de leigos em que as sessões eram dirigidas por mulheres e onde uma parte significativa da assistência era constituída por homens. Eram (e são) mulheres cultas, livres, que não se sentiam (nem sentem) inferiorizadas por estarem na Igreja.

    Quanto à espístola aos Efésios (cujo autor é Paulo e não Tiago) se tivesse citado todo o capítulo os seus leitores teriam visto que se tratam de normas sociais de comportamento nas assembleias cristãs primitivas e que Paulo também manda calar os homens...

    Ao contrário dos ateus, que sentem uma necessidade permanente da intervenção de Deus na história humana, os crentes acreditam que o mundo em que vivemos é de nossa responsabilidade e que o construímos diariamente... Homens e Mulheres, ou vice-versa para não me chamarem machista.

    ResponderEliminar
  9. Cristy,

    Se abusos são cometidos hoje contra as mulheres (e sabemos que ainda são), as penas e castigos previstos na lei devem ser aplicados.

    Se algum desses agressores ainda se achar no direito à violência por um motivo religioso, mais distante dos princípios ele está (além de não reduzir em nada a sua pena).

    O que Antônio citou foi que os Judeus, no tempo de Jesus, achariam desrespeitoso um homem conversar com uma mulher (principalmente uma Samaritana - conhecidamente "pecadora" nos olhos Judaicos da época).

    Ludwig,

    A referência que passou está incorreta (e imcompleta). Ela se encontra na verdade em I Coríntios 14:34,35 e comeca no meio de uma frase (perdendo boa parte do contexto obviamente).

    Paulo escreve neste capítulo sobre dons espirituais e se concentra nos dons de profecia e de línguas (comuns em corínto).

    Ele está dando dicas práticas para evitar conflitos desnecessários e conclui que "Deus não é Deus de confusão, mas sim de paz." (I Cor 14:33a)

    Outro problema de corínto eram as mulheres fofoqueiras e pitaqueiras. Poderiam também ser homens mas, em corínto, tinha esse grupo de mulheres que não estavam entendendo os dons espirituais e estavam confusas.

    Paulo então recomenda que não dêem pitacos e deixem para conversar sobre os problemas da igreja em casa (para não causar ainda mais confusão - agindo, inclusive, em submissão recíproca - como é previsto na lei - para todos)

    O verso 36 é ainda mais esclarecedor. Paulo pergunta: "Porventura foi de vós que partiu a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós?"

    Paulo pergunta aos homens se por acaso eles é que criaram a palavra de Deus - o que eles sabiam ser falso - e então Paulo continua "e vocês a receberam só para vocês? Não a vão compartilhar com suas mulheres?"

    Não cometa o mesmo erro que tantos ignorantes cometem: interpretar a Bíblia como bem lhe quer. A mensagem de Deus é uma mensagem de igualdade e submissão recíproca. Se interpretar ao contrário, está errado.

    Aliás, eu não concordo com as religiões cristãs que negam cargos eclesiásticos, de chefia ou de confianca para mulheres. Não é como a Bíblia deve ser interpretada.

    Dê uma estuda nas vidas de mulheres revolucionárias como Catherine e Evangeline Booth ou Eva Burrows. Mulheres públicas, cristãs, líderes excepcionais e definitivamente à frente de suas épocas.

    ResponderEliminar
  10. Caro Tiago,
    pondo de parte não se tratar de crentes da especialidade católica, não está com certeza a querer dizer que o Exército de Salvação é feminista, pois não?
    Cristy

    ResponderEliminar
  11. Cristy,

    O movimento feminista tem várias frentes e estabelecer que uma instituicão é feminista ou não depende de entender de qual frente estamos falando.

    Pela história, prática, organizacão e conhecimento de causa, o Exército de Salvacão tem uma visão bastante peculiar no que diz respeito ao papel das mulheres dentro da Igreja (peculiar no sentido de igualitária). Concordo com esta abordagem achando ela o mais próxima possível dos princípios bíblicos.

    Mas, dito isso, não acredito que nenhuma dessas mulheres aceitariam o título de "feministas" (pelo menos pelas suas biografias ou, no caso de Eva Burrows que conheco pessoalmente). Se não estou enganado, alguma delas chegou até a recusar publicamente o título em algum caso.

    Tiago

    ResponderEliminar
  12. Ludwig:

    Também acho mal teres escolhido o trecho que escolheste. Este é muito mais interessante:

    «As mulheres sejam submissas a seus maridos como ao Senhor, porque o marido é cabeça da mulher como Cristo é cabeça da Igreja, seu corpo, do qual ele é o Salvador. Ora, assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim o estejam também as mulheres a seus maridos em tudo» (Efésios 5:22-24 - Novo Testamento)


    Atenção na interpretação! Não penses que lá porque está escrito "As mulheres sejam submissas a seus maridos", isso quer dizer que as mulheres devem ser submissas aos seus maridos. Isso seria interpretar "à letra", visto que é isso mesmo que as letras dizem!

    Pelo contrário, deves ter em conta o contexto sócio-cultural, as traduções, o contexto geral da mensagem, a simbologia, e qualquer outra desculpa vaga e mal amanhada que te permita ignorar as passagens que consideras inconvenientes.
    A seguir acrescentas uma mensagem edificante sobre como Jesus é amor, e a sua mensagem é a de que devemos ter famílias fieis a cristo, equilibradas e unidas. (Torcendo para que ninguém se lembre que Jesus terá dito: "Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares." Mt 10:35-36 - Novo Testamento)

    ResponderEliminar
  13. Jesus um pouco ciumento: «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.» Mt 10:37 - Novo Testamento

    Ninguém se apoquente. Se tivermos em conta as traduções, o contexto espiritua, o contexto historico-cultural da época, a simbologia, etc, a conclusão que vamos tirar é que Jesus é Amor. Tudo quanto sejam passagens inconvenientes podem sempre ser reduzidas a este dizer edificante.
    Jesus ciumento?? Ele sacrificou-se por nós. Não era bonito estarmos-Lhe gratos, indo à Igreja aos domingos para sustentar os sacerdotes que propagam esta Boa Nova?

    ResponderEliminar
  14. Tiago,
    concordo que o Exército de Salvação tem uma visão mais igualitária (dentro de limites bem definidos) do papel da mulher na igreja do que o nosso companheiro Bento. Mas isso tem a ver com o facto dos seus fundadores puritanos serem fruto do movimento de reformas de Lutero, que tem muito que se lhe aponte de negativo como qualquer seita/igreja, mas, pelo menos em matéria de mulheres, não é tão fundamentalista como a igreja levantina-latina. Mas visto pela perspectiva dos direitos (humanos) iguais para todos, o EdS não será, decerto, um exemplo a seguir, pois não?
    Cristy

    ResponderEliminar
  15. João Vasco,

    Se fores estudar o trabalho de qualquer filósofo, Michel Foucault por exemplo, acredito que o farás com uma postura mental investigativa. Como bom ateu e defensor da "razão acima de todas as coisas", pelo menos deveria.

    Aprenderás quem foi Foucault, onde ele viveu, quais foram suas inspiracões, qual o contexto social em que ele vivia e provavelmente vai até estudar um pouco de Francês para ler seus textos no original ou entender traducões indigestas.

    Se gostas do trabalho de Foucault até recomendo fazê-lo mas não descarte quando o mesmo processo é feito em relacão à Bíblia, seus escritores e afins.

    Fazer assim é simplesmente invalidar o próprio processo mental que você usaria para qualquer outra análise crítica e isso é preocupante.

    Tiago

    ResponderEliminar
  16. Cristy,

    Até por isso que citei estes exemplos do EdS porque frequentemente vejo aqui refletidos contrariedades ao movimento católico do mediterrâneo.

    No Brasil onde cresci e na Escandinávia onde vivo as realidades são outras (diferentes entre si e diferentes do que vejo contrastado por este blog).

    Tiago

    ResponderEliminar
  17. João Vasco,

    Jesus ciumento?!!? Claro! E quem disser que não está errado teologicamente!

    E diria mais... procure o trecho onde Jesus ofende uma mulher. É fantástico! Leio o texto imaginando Jesus mandando a senhora para aquele lugar :)

    Até acho que os ateus usam pouco ele contra os cristãos!!

    Tiago

    ResponderEliminar
  18. A passagem citada pelo comentador João Vasco de Mt 10:37 é sem dúvida perturbadora para um ateu.

    A interpretação que dou a esse trecho da Bíblia, com base em várias obras teológicas que consultei, nomeadamente Karl Rhaner, aponta para um novo conceito de amor descentrado na família natural e centrado no próximo.

    Quer isto dizer que amo a minha mulher e os meus filhos mas isso não me deve impedir de amar também todos aqueles que me odeiam, que me insultam, quem me enxovalham, que me cospem em cima.

    Para amar Jesus é necessário amar o próximo. E nesse próximo devemos incluir todos os que nos trataram e tratam mal como a comentadora Cristy.

    Também poderei explicar o sentido de outras passagens da Bíblia mas não é minha intenção ministrar um curso bíblico nesta caixa de comentários.

    ResponderEliminar
  19. este AP será o mesmo que jurou apopleticamente e a pés juntos nunca mais comentar neste blogue (mas admitidamente só umas 564 vezes) e nunca mais responder a um comentário meu, e nunca mais falar comigo, e nunca mais me mencionar, e ... ou eu estou enganada e é apenas um milgare como a multiplicação dos peixinhos? LOL
    Cristy

    ResponderEliminar
  20. Tiago,
    concordo,instintivamente também simpatizo mais com o protestantismo. Pelo menos à primeira vista parece mais progressivo. Mas se formos ver bem,o puritanismo resultante fez pelo menos tantos estragos como o catolicismo, e continua a ter efeitos muito nocivos, por exemplo, nos Estados Unidos da América, mas não só.
    O melhor mesmo é tentar pensar pela cabeça própria e esquecer todas as religiões e as suas receitas para a vida.

    Cristy

    ResponderEliminar
  21. Fico sempre preocupado quando uma senhora de 55 anos escreve LOL. Há qualquer coisa de errado.

    ResponderEliminar
  22. O Criador ama a aranha da mesma forma que ama a traça e deu a cada uma igual probabilidade de sobrevivência: a uma de ter comida e à outra de não ser comida.

    Mas lendo o teu texto, fico com algumas dúvidas que o Criador ame do mesmo modo a mulher... mas só por momentos e a brincar.

    ResponderEliminar
  23. Tiago:

    Eu acho óptimo que se estude o contexto em que uma obra é escrita, a simbologia que lhe está subjacente, que se conheça a linguagem original. Não só não tenho nada contra, como tenho tudo a favor.

    Mas se o Tiago vier defender que na obra "Romeu e Julieta", o vilão é Romeu, não bastará justificar tal opinião numa vaga referência aos valores da época, ao contexto de vida de Shakespear, ou à dificuldade de tradução do texto. Tem de mostrar em que medida é que essas questões justificam que a interpretação corrente do texto - que o mal retratado é o da luta sem tréguas entre duas famílias rivais - está errada, e a sua interpretação está correcta.

    Ou seja: tem de propor uma interpretação alternativa, e demonstrar que alguns conhecimentos de que dispõe a justificam. Não pode alegar que a interpretação corrente está errada sem mais, justificando essa alegação em eventuais conhecimentos complementares da obra, que nem sequer sabe se disponho ou não.

    Por isso Tiago, quando na Bíblia, no novo testamento está escrito: "As mulheres sejam submissas a seus maridos" isso não quer dizer que as mulheres devem ser submissas aos seus maridos??

    Se não, explique-o. Faça as referências que quiser ao contexto sócio-cultural da época, à simbologia, às traduções. Mas não faça referências vagas e abstractas que são essas que ridicularizo - faça referências concretas. Mostre que elas demonstram que a minha interpretação está errada, não se limite a assegurá-lo sem demonstração.

    Eu não acredito que o consiga. Tal como no caso de Shakespear, por muito que eu pudesse conhecer mais (há sempre mais para conhecer) a respeito da obra, duvido que isso possa justificar a afirmação de que Romeu é o mau da fita. Da mesma maneira, por muito que eu ainda pudesse aprender a respeito de muitos assuntos relacionados com a Bíblia, não creio que seja fácil demonstrar que "As mulheres sejam submissas a seus maridos" não quer dizer "As mulheres sejam submissas a seus maridos".

    ResponderEliminar
  24. Tiago:

    Acrescento que nenhuma das obras de Shakespeare pretende ser divinamente inspirada, ou sagrada. Assim como no caso do autor que exempleficou.

    Será mais normal que a obra seja insuficiente para esclarecer qual a correcta interpretação do seu texto quando a mesma é vaga, e completamente profana.

    Curiosamente o texto que citei era bastante concreto. Se ele é insuficiente para esclarecer a sua mensagem, isso será um indício forte de que é um texto profano... Ou então de um Deus que desgosta dos simples... Em qualquer dos casos, creio que o Tiago preferirá acreditar que "As mulheres sejam submissas a seus maridos" quer mesmo dizer "as mulheres sejam submissas a seus maridos".

    ResponderEliminar
  25. Sobre o conceito de "submissão" aconselho o belissimo texto do Padre Sérgio Luiz e Silva:

    http://www.padresergio.com/espiritualidade39.html

    ResponderEliminar
  26. João Vasco,

    Para o "causo" da submissão nã precisa de de simbologia, traducão ou o que quer que seja. É só ler o texto completo no contexto como recomendei num comentário anterior.

    Aí vais notar que a recomendacão é de reciprocidade.

    Tiago

    ResponderEliminar
  27. A verdadeira treta é as pessoas festejarem alegremente Natais e passagens de ano e logo após o primeiro dia útil do mês de Janeiro - desemprego, aumento do petróleo, da luz, da água, do pão, e por aí fora...
    A submissão não é negativa...negativo é quando alguém abusa da autoridade que possui.
    E já agora...nas suas palavras existem alguma treta, também...

    ResponderEliminar
  28. anónimo:

    É nas minhas palavras que existeM algumA treta?

    Os nossos valores são diferentes. Eu acho que a submissão é negativa. Prefiro a Liberdade.

    A escravatura é má, mesmo que o dono não abuse da sua autoridade sobre o escravo - ao contrário do que vem no novo testamento, onde se pede para os escravos obedecerem e se submeterem aos seus donos cristãos.

    O cristianismo é inimigo da Liberdade.

    ResponderEliminar
  29. Tiago:

    Eu li o texto completo - acabei de o reler agora. Mas não há a reciprocidade que o Tiago alega.

    Pelo contrário: a mulher deve submeter-se ao homem, tal como o homem se deve submeter a cristo.
    Não é dito NUNCA que o homem se deve submeter à mulher. Reforço: nunca.

    ResponderEliminar
  30. Sobre o conceito de submissão, o texto do Padre Sérgio Luiz e Silva é claro:

    «O espírito de submissão deve ser entendido como a busca do bem do outro, onde ninguém se julga dono da verdade, mas se coloca aberto ao que o outro apresenta. Como está o cultivo de seu espírito de submissão? »

    Atente-se nesta inversão de valores!
    A "submissão" que em bom português implica ausência de liberdade, de dignidade, passa a ser uma coisa BOA: passa a ser "procurar o bem do outro".

    Este texto mostra bem o perigo que representa a Igreja Católica (e em boa verdade quase todas as Igrejas que existem), é uma instituição que continua a lutar contra os valores da Liberdade, encorajando o servilismo. Submissão e obediência são valores louvados e exaltados. Submissão passa a ser "procurar o bem do outro" e obediência passa a ser "escutar o outro".


    Veja-se o que diz o texto:

    «Obediência é a atitude de quem se coloca à escuta, acolhendo profundamente o outro. [...] Um verdadeiro espírito de obediência abre a pessoa a escutar o outro, mesmo discordando. [...] Você tem cultivado um espírito de real obediência em sua vida? »


    Não adimira que os Papas da Igreja Católica tenham escrito contra a Liberdade de Expressão, contra os a Declaração Universal dos Direitos do Homem, contra tudo o que represente Liberdade.

    Porque a Igreja Católica é inimiga da Liberdade, e amiga da "Submissão" e "Obediência". É bom que os fracos se submetam e obedeçam aos fortes, porque depois a Igreja colhe os dividendos.

    Nós podemos pensar que a Igreja Católica mudou, talvez porque muitos católicos nada têm contra a Liberdade. Estes textos mostram que estes católicos é que não conhecem a sua Igreja, eterna inimiga da Liberdade.

    Não é por acaso que em Timor foram queimadas algumas "Bruxas" ainda em 2007. Os autos de Fé em Portugal só estão distantes porque a sociedade não deixa - mas é importante manter sempre a vigilância.

    ResponderEliminar
  31. O que é a realidade? Aquilo que é ou o que gostaríamos que fosse? Um bom tema para meditação.

    ResponderEliminar
  32. António,

    «O que é a realidade? Aquilo que é ou o que gostaríamos que fosse? Um bom tema para meditação.»

    Preocupa-lhe que alguém com 50 anos use LOL como abreviatura para «laughing out loud», mas não o preocupa que alguém com 48 anos ainda faça uma pergunta destas?

    ResponderEliminar
  33. Também me preocupa, Ludwig. A minha geração é a geração perdida.

    ResponderEliminar
  34. Pior do que do que a pergunta sobre a realidade, é dizer uma coisa e fazer outra. Ou seja, a aldrabice em qualquer idade é, incomparavelmente, pior. E isto é trivialmente verdadeiro.

    ResponderEliminar
  35. Anónimo

    Se não fossem os anónimos como o anónimo os chats, os fóruns e os blogues não tinham piada nenhuma.

    Ando há quase 12 anos nestas lides e não é a primeira vez nem será a última que me aparecem umas almas penadas anónimas a morderem-me os calcanhares (em sentido figurado).

    Se soubesse o quanto me divertem este tipo de situações e quantas gargalhadas já dei aqui nesta pequena salinha quando leio coisas a meu respeito, não perderia o seu tempo comigo. Mas como pensa que eu sou um aldrabão, não sabe se eu me divirto ou não e continuará com o seu au! au! (sentido figurado) tão ternurento.

    Uma caixa de comentários também pode ser uma aula prática de psicologia social. Escrever um comentário envinagrado, saber como vai reagir o "adversário", pesar os argumentos, encontrar novas formas de encarar os problemas e as questões, é muito saudável e ajuda pessoas da minha idade a manterem-se intelectualmente activas e a aliviarem o stress.

    Por isso gosto do blogue do Ludwig. Aqui nunca há monotonia, há agitação constante, sente-se a adrenalina de uma boa discussão.

    Mas, há sempre um mas, nestas coisas, porque lhe estou a contar isto?

    Decidi que em 2008 ia deixar a parte lúdica dos blogues para me tornar um comentador sério, ponderado, calmo, com comentários pseudo-inteligentes, maduramente reflectidos, consisos, sólidos e consistentes. Mas está difícil porque estão sempre a convidar-me para a brincadeira... ;-)

    ResponderEliminar
  36. Ou seja, você não disse nada, e o que eu referi continua a a ser trivialmente verdadeiro. Contra factos o seu argumento valeu zero.

    ResponderEliminar
  37. Claro, anónimo. Zero é equivalente a zero. Não podia ser de outra maneira. Tem toda a razão. A sua argúcia está up no início deste ano. Fantástico.

    ResponderEliminar
  38. Claro, é isso mesmo. O seu comentário anterior é "EQUIVALENTE" a este último.

    ResponderEliminar
  39. Com o tipo de diálogo promovido entre os nossos dois intelectos estamos a provar que o teorema da incompletude de Godel também se aplica às caixas de comentários dos blogues. Fantástico!

    ResponderEliminar
  40. Então você não é aldrabão, é isso?
    E repare, não porque eu o diga, é porque você o faz.

    ResponderEliminar
  41. Deixo essa pergunta para sua reflexão pessoal. É uma forma produtiva de ocupar o seu tempo... :-)

    ResponderEliminar
  42. Para que não tenha duvidas, a pergunta era de retórica.

    ResponderEliminar
  43. Ok, ok, ok. Ganhou. Serei o que muito bem entender. No problem.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  44. Você não é o que eu entender, mas sim
    o que faz e como faz.

    ResponderEliminar
  45. ok, ok, ok.

    Mais um abraço,

    ResponderEliminar
  46. Ok? OK mesmo? Isso é mesmo para valer? Pergunta de retórica...

    ResponderEliminar
  47. Deixe-me pensar no assunto. Respondo-lhe em 2010, se antes não chegar a uma conclusão.

    Grande abraço e até sempre.

    ResponderEliminar
  48. Se não reparou, a pergunta era de retórica. Até 2010? Isso é uma promessa "daquelas"?

    ResponderEliminar
  49. Deixe-me pensar no assunto. Respondo-lhe em 2010, se antes não chegar a uma conclusão.

    ResponderEliminar
  50. Claro que o deixo "pensar". Concordo que 2010 é o tempo que necessário para uma resposta tão "complexa".

    ResponderEliminar
  51. Claro que o deixo "pensar". Concordo que 2010 é o tempo que necessita para uma resposta tão "complexa".

    ResponderEliminar
  52. Minhas senhoras, se querem religião inventem uma nova. Deixar isto por conta dos homens só dá porcaria.


    Ora, já está inventada e de há muito, ao que sei! :)

    De facto, modernamente até se tem escrito bastante sobre este assunto da religião no feminino ou o culto da Deusa Mãe, que existe implicitamente mesmo nas religiões monoteístas.

    Além disso, o conceito de Deus nada tem a ver com o género masculino ou feminino, como é evidente. Porém, as representações populares fazem essa distinção e na própria gramática temos os termos "deus" e "deusa", profusamente ilustrados nas mitologias fantásticas de muitas das civilizações antigas.

    Porém, ver tudo isto unicamente pelo prisma da religiosidade ainda dominante no Ocidente é terrivelmente redutor. E então essa visão antropomórfica e limitadamente racional de Deus que por aqui se discute é sem dúvida um belo exemplo de argumento circular: anda sempre à roda e não leva a nada! :)


    Know the male,
    yet keep to the female:
    receive the world in your arms.
    If you receive the world,
    the Tao will never leave you
    and you will be like a little child.

    Know the white,
    yet keep to the black:
    be a pattern for the world.
    If you are a pattern for the world,
    the Tao will be strong inside you
    and there will be nothing you can't do.

    Know the personal,
    yet keep to the impersonal:
    accept the world as it is.
    If you accept the world,
    the Tao will be luminous inside you
    and you will return to your primal self.


    Tao Te Ching, 28

    ResponderEliminar
  53. Haha! Agora aqui?!
    Faço colecção dessas revistas, e já é volumosa. Vou copiando os trechos num Base-de-Dados (num servidor MySQL, que tenho instalado). Tudo começou ao aceitar receber revistas para perceber de onde veio a ideia de Jesus ter sido crucificado numa estaca, e a TJ quis dar um estudo.

    Há frases bonitas como essa:
    «Mas nenhuma falha ou erros da parte de alguns anciãos justificariam uma atitude insubordinada de nossa parte. Jeová não abençoa a desobediência nem a rebelião.»

    A condição da mulher no culto é só a ponta do iceberg.

    Quanto às mulheres, há pouco tempo assisti um documentário na SIC Notícias sobre o sofrimento nas religiões. O prazer no sofrimento substitui o prazer sexual, e em ambos os casos são segregadas as mesmas hormonas. Numa igreja ortodoxa três mulheres vestidas de preto prostraram-se aos pés do sacerdote para assumirem um compromisso com Jesus: eram noivas de Jesus. Tinham de manter a sua virgindade, e a escolha da cor da roupa tem a ver com a natureza do noivo: está morto. Uma freira católica dizia que amava Jesus, que tinha prazer, ... parecia que estava a ter um orgasmo, e falava como se fosse uma personagem de um conto erótico.
    No compartimento onde estava, havia um quadro com uma representação de um Jesus jovem de cabelos loiros. Deus é como uma dominatrix, e os crentes nesse estado são os seus escravos... inclusivamente sexuais, e sentem o mesmo prazer de um masoquista.

    Assisti ontem um vídeo no YouTube sobre um cristão que dizia que o propósito da vida é ter uma relação com Deus para seu prazer. Talvez seja eu que tenha uma mentalidade porca...
    Perguntei-lhe qual era o que acontecia quando conseguíssemos atingir esse tal propósito da VIDA. Ele disse-me que seríamos recompensados com VIDA ETERNA. Cá para mim esse é o problema multiplicado pelo eterno: e então qual é o propósito da vida depois disso, quando for eterna? Se ter vida sem propósito é absurdo, ter vida eterna sem propósito deve ser ainda mais absurdo... não é? LOL

    ResponderEliminar
  54. Estive entusiasticamente a ler os comentários feitos à Treta da Semana mas cheguei ao fim desiludida.
    Afinal ninguém é capaz de explicar o que o João Vasco propôs? "As mulheres sejam submissas a seus maridos" quer ou não dizer "As mulheres sejam submissas a seus maridos"? O melhor que se arranja é mesmo uma nova definição da palavra "submissão"?

    Ana

    ResponderEliminar
  55. Acho ridiculo o que escreveram, cada ser humano é livre para ter a religião ou crença que quiser sem ciriticas ou ofensas. Abram a mente procuram coisas mais produtivas do que ficarem lendo artigos religiosos para acharem falhas

    ResponderEliminar

Se quiser filtrar algum ou alguns comentadores consulte este post.