quinta-feira, janeiro 31, 2008

Treta da Semana: Bento XVI

O prémio desta semana vai para Joseph Alois Ratzinger, agora conhecido como Bento XVI, pela sua ofuscante carreira a confundir superstição e ciência. Um exemplo é a lição de 2006 na universidade de Regensburg (1), onde Ratzinger alerta para a “auto-limitação” da razão moderna porque a ciência «pressupõe a estrutura matemática da matéria, a sua racionalidade intrínseca, que torna possível compreender como a matéria funciona e usá-la eficientemente »

A matemática na ciência é consequência do conhecimento que a ciência produz. Não é pressuposta. Antigamente não era preciso matemática na ciência. Para dizer que as plantas são verdes basta a linguagem corrente. Mas quanto mais rico e detalhado é o conhecimento mais expressiva e rigorosa tem que ser a linguagem que o codifica. Para descrever uma proteína, um avião a jacto ou uma sinfonia é preciso uma notação própria. Pode ser com equações, desenhos, zeros e uns no computador ou qualquer outra coisa, mas o significado dos símbolos tem que ser tão preciso como a informação que transmitem.

Segundo Ratzinger, porque a ciência depende deste pressuposto e se fundamenta na experiência «este método exclui a questão de Deus, fazendo a parecer uma questão não científica ou pré-científica. Consequentemente, estamos frente a uma redução do âmbito da ciência e da razão, uma redução que tem que ser questionada»(1). Mas este método não exclui deus nenhum. Pelo contrário.

Se existissem deuses a melhor forma de os descobrir seria estudando a realidade com rigor. A teologia natural, mais antiga que o Cristianismo, visava conhecer o criador do universo através do universo que ele criou. Eventualmente tornou-se ciência porque enquanto método de estudar o universo funciona bem. É enquanto teologia que só faz sentido se o tal deus existir, e tudo indica não haver tal coisa neste universo.

É o truque de pintar a ciência como se fosse mais um sistema axiomático assente numa crença inquestionável. A teologia assume que existe um deus, a ciência assume que não há deuses. O criacionismo, a astrologia, a homeopatia e tantas outras tretas fazem exactamente a mesma coisa. Tentam repartir o conhecimento entre os que assumem uma coisa e os que assumem outra. Mas a ciência não se amarra a axiomas. A ciência põe hipóteses que a qualquer momento podem ser trocadas por outras. A hipótese de haver deuses já lá esteve, mas como se pode ver pelos resultados práticos da teologia não leva a lado nenhum.

Este truque serve sempre para vender alguma treta, e é nisso que a teologia é rainha:

«O homem constitui algo que vai muito além do que se pode ver ou do que se pode perceber pela experiência. Descuidar a questão sobre o ser humano leva inevitavelmente a negar a busca da verdade objectiva sobre o ser em sua integridade e, deste modo, à incapacidade para reconhecer o fundamento sobre o que se apoia a dignidade do homem»(2)

É banha da cobra por excelência. Não estica, não dobra e nem sequer se pode perceber pela experiência. Mas não a podemos descuidar. A teologia não se limita ao universo todo. Enfiando o barrete da fé consegue ver muito além. Vê o fundamento da dignidade. Vê a verdade objectiva. Vê Deus que é amor e é pai e é filho e é três e é um. E se esfregar os olhos com força até vê luzinhas.

1- Bento XVI, 12-09-06, Lecture of the Holy Father
2- Bento XVI, 28-1-08, Por uma ciência com consciência

15 comentários:

  1. Como treta é boa, mas não chega aos pés desta (que não deve dar post mas é bem boa para gargalhadas*)

    http://www.anael.org/portugues/masturbacao/consequencias.htm

    *especialmente se se levar em conta que o que está escrito no site é para levar a sério

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  2. Prof. Ludwig:

    Já pude reparar que a sua bílis em relação a tudo o que é teológico, além de corrosiva, dava para enchar um generoso garrafão de cinco litros. Parabéns por esse fígado valentão.

    Pegar num padre por causa de Deus é a mesma coisa que pegar no José Castelo Branco por causa do seu cabelo: escapa-nos o facto de ambos se vestirem de mulher.
    O que eu quero dizer é que a fé em Deus é o menor dos problemas nas religiões, professor. Não se esqueça do que é importante: as crianças. As crianças são a coisa mais importante do Mundo. É é por isso que os padres gostam tanto delas.

    Vemo-nos daqui a uns anos no Inferno, 'tá? Mal podemos esperar. Vamos ficar com um bronze de meter inveja!

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  3. David,

    Obrigado pelo comentário, mas queria esclarecer que aqui não sou professor de ninguém. Isto é estritamente nas horas vagas :)

    Concordo que a fé não é um problema grande. Acho que nem é um problema. A fé é a vontade de acreditar, e isso tem quem quiser ter. Não me incomoda.

    O que me incomoda é tentar justificar uma crença com demagogias e tretas. Ratzinger pode ter a fé que quiser. O que critico é a forma enganada (enganosa?) como retrata a relação entre ciência e teologia.

    PS: também não tenho nada contra que se vistam de mulher. Mais ainda, felizmente há poucas mulheres que andem assim tão mal vestidas :)

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  4. A teologia assume que existe um deus, a ciência assume que não há deuses.

    Assume a ciência, ou terá de assumir, que não há deuses? É a existência de deuses um problema científico? Será a ciência omnisciente, de tal modo que tenha já produzido o conhecimento total e absoluto que lhe permita negar a possibilidade da existência de divindades? Será a ciência, ela própria, ou o conhecimento que vai produzindo, um produto divino?

    Até agora, a existência de deuses não foi constituído como objecto científico, e presumo que não o venha a ser. A ciência acabará, talvez, por resolver o enigma da existência de divindades, mas não porque tome tal enigma como seu objecto de estudo. O modo pelo qual o fará será arranjando explicações mais prosaicas para os fenómenos cuja ocorrência tem sido atribuída às divindades. À medida que tal for acontecendo e as divindades forem sendo despojadas dos seus mágicos atributos, os crentes, criadores das divindades em que crêem, irão compreendendo o carácter supérfluo de tais criaturas. Quem acreditará, então, em divindades sem os poderes mágicos que lhes são atribuídos? Os tolos? Julgo que apenas os humoristas.

    Se, porventura, algum dia, um ou mais deuses aparecerem como objectos reais com interferência na vida das pessoas, nomeadamente, na vida daqueles que não acreditam na sua existência nem nos atributos mágicos que outros lhes atribuem, nessa altura os deuses, então comprovadamente existentes, deverão ser objecto de estudo da ciência, e as suas qualidades e estados devidamente explicados. Até lá, a ciência não tem de assumir, nem deixar de assumir, a existência de algo com que ainda não se deparou e que existe apenas como relato de alguns e que é aceite por muitos outros que o recriam nas suas mentes.

    Por isso me pergunto: ao afirmar que “a ciência assume que não há deuses”, não estará você confundindo ciência com ateísmo?

    JC (o tal que não é o Cristo, nem tem crista e embirra com cristalizados, mas que por restrição do número de caracteres teve de assinar abreviado).

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  5. Caro JC,

    Não sei se fui eu que escrevi mal ou o JC que leu à pressa, mas "a ciência assume que não há deuses" é precisamente o que eu estou a criticar. É um truque para parecer que a falta de deuses nas explicações científicas são uma mera consequência trivial das premissas.

    Mas não é. Os deuses já fizeram parte da ciência. Eram uma boa explicação até se encontrar explicações melhores. O ateísmo da ciência é uma consequência daquilo que o universo tem mostrado. Já não ha canto onde esconder deuses.

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  6. Entre as hipóteses que coloca, opto pela primeira. Embora exprimirmo-nos mal seja mais frequente nos comentários escritos em cima da hora do que num post — um texto ponderado, editado para ser exposto ao comentário alheio — exprimir-se mal é pecha de que você sofre, patente nos seus posts e comentários. Nada condizente com o que afirma: Mas quanto mais rico e detalhado é o conhecimento mais expressiva e rigorosa tem que ser a linguagem que o codifica. Mas isso também não é muito relevante. Basta que dê para nos entendermos.

    Neste tema do seu post, a razão está do lado do Ratzinger, que vê claramente o problema. Embora os fundamentos em que ele se baseia (reduzidos à questão do método) estejam errados, a afirmação de que “a ciência exclui a questão de deus, fazendo-a parecer uma questão não científica ou pré-científica” parece-me colocar correctamente a questão. Por isso, em seu entender, ”consequentemente, estamos frente a uma redução do âmbito da ciência e da razão, uma redução que tem que ser questionada”.

    A ciência exclui do seu âmbito a questão de deus porque ela ainda não foi constituída como seu objecto de estudo. O objectivo da ciência é conhecer objectos reais relevantes e a sua função é explicar a sua essência e a sua génese. Deus parece ser, para muita gente, um objecto real relevante, mas as propriedades e os atributos que os crentes lhe conferem são tão paradoxais e avassaladores que extravasam as possibilidades da própria ciência enquanto actividade humana de produção de conhecimento.

    Muita gente comum, como muitos cientistas, ainda não encontrou deus; e aqueles que afirmam tê-lo encontrado não pretendem tomá-lo como objecto de estudo científico. Tomar tal atitude seria sintoma de perda de fé na sua crença, e entendida pelos próprios como blasfémia, desafio inadmissível da criatura ao seu criador. Aqueles que o poderiam estudar sem constrangimentos, infelizmente, ainda não o encontraram. Deus não pode ser tomado como objecto de estudo da ciência por falta de vontade daqueles que o encontraram, que não têm semelhante ousadia, e por falta de comparência ao encontro com aqueles que o poderiam (e desejariam?) estudar.

    Deus, uno ou divisível, pode ser objecto de culto, de contemplação, de adoração ou de veneração; em geral, o culto tem em vista o aperfeiçoamento dos crentes, torná-los pessoas melhores, remir os seus pecados e candidatá-los à salvação ou à vida eterna. Poderá ser uma função útil, mas nem esta é credível. Como se tem visto ao longo da História, nem sempre o culto tem produzido o almejado aperfeiçoamento dos crentes, e meras divergências entre crentes de diversos credos e entre fiéis e infiéis têm tido funestos resultados. Mas se os objectivos do culto são tornar os crentes pessoas melhores, não são torná-los pessoas mais sábias sobre a realidade. Crer num deus não lhes tem acrescentado nada sobre o cultivo, o melhoramento, a composição, as propriedades úteis ou a digestão do agrião.

    A ciência, porque não pode tomar como objecto de estudo um objecto ausente, portanto, está impossibilitada de estudar deus. Poderia a ciência estudar o conhecimento divino, isto é, o conhecimento atribuído pelos crentes a deus? Bem, poderia, se tal conhecimento fosse algo concreto que se pudesse estudar. Neste caso, o objectivo seria corroborar ou refutar esse conhecimento. Infelizmente, um tal conhecimento é inexistente. Os crentes dotam deus de poderes mágicos de omnipotência e de omnisciência, mas estes são atributos que se referem à criação de tudo e ao conhecimento sobre tudo, que a divindade, qual supremo egoísta, não delega nem pitada nas criaturas que seriam sua criação. Malandreco, até, faz as criaturas passar as passas do Algarve para irem produzindo conhecimento limitado e precário que tenha alguma utilidade para a vida quotidiana ou para ir desfazendo a ignorância sobre si próprias e sobre o que as rodeia.

    Se deus tivesse a bondade de conceder às criaturas, nem que fosse apenas aos crentes mais inspirados, um pouco da sua afirmada infinita sabedoria, por exemplo, apenas o suficiente para o conhecimento transmitido por inspiração divina ir tendo a primazia, a ciência tornar-se-ia supérflua. Bastava que os problemas se colocassem, pedir explicações a deus e, pronto, problema resolvido. Quantas canseiras evitadas, quantas catástrofes previstas, quantas consequências nefastas impedidas; estaríamos, enfim, no paraíso. Para mal das nossas penas, estamos num pequeno planeta, perdidos na imensidão do universo, tratando de viver e de dar continuidade à vida, a suprema maravilha.

    Deus, ou a questão da existência e dos atributos de deus, portanto, não pode ser objecto da ciência. Por falta de comparência ao encontro com os que o poderiam estudar, esse objecto ausente e imaginário concorrente, a sua existência ou os seus atributos mágicos não podem ser estudados pela ciência. A questão é, pois, acientífica. E só é uma questão porque os crentes na existência de deus e nos seus atributos de omnipotência e de omnisciência constatam que a ciência, sem se preocupar com a hipotética questão, através dos seus limitados e precários resultados tem vindo a contribuir para a descredibilização dos argumentos de autoridade que os criadores atribuem à criatura. Cabe aos criadores de deus (ou, para não parecer ofensivo, cabe aos crentes na existência de deus) refutar o conhecimento humano obtido através da ciência. De preferência com conhecimento actualizado, obtido por inspirações mais modernas, e não por conhecimento fossilizado em livros de historietas que desempenharam funções sociais muito diversas, porventura estimáveis, mas que não transmitiram conhecimento sobre o que quer que fosse.

    A bola está, pois, do lado dos crentes; e, isso, o Ratzinger percebeu muito bem. Ao contrário do que você afirma, a ciência não tem de assumir, ou deixar de assumir, a não existência de deus. Quando entender, a criatura que se apresente. Até lá, a questão apenas existe como disputa entre crentes e ateus.

    JC (o tal que não é o Cristo, nem tem crista e embirra com cristalizados, mas que por restrição do número de caracteres teve de assinar abreviado).

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  7. JC,

    Vou então tentar escrever um novo post sobre o assunto, a ver se consigo explicar-me melhor (a prática faz a perfeição :)

    Entretanto queria só dizer que:

    «A ciência exclui do seu âmbito a questão de deus porque ela ainda não foi constituída como seu objecto de estudo.»

    É falso. Bem como

    «A ciência, porque não pode tomar como objecto de estudo um objecto ausente, portanto, está impossibilitada de estudar deus.»

    Deus foi já o objecto máximo do estudo científico. Tendo a ciência crescido ao longo de séculos durante os quais era consensual que tudo isto tinha sido criado por deus(es), era natural que visassem conhecer o máximo possível acerca desse(s) deus(es).

    O que fez a ciência largar esta hipótese foi o mesmo que a fez largar tantas outras que ficaram pelo caminho. O éter, o flogisto, o élan vital, etc. Há explicações melhores.

    É também falso que

    «A ciência, porque não pode tomar como objecto de estudo um objecto ausente, portanto, está impossibilitada de estudar deus.»

    A ciência pode estudar a locomoção dos tiranossauros ou a capacidade linguística dos neanderthal. É difícil, porque só temos vestígios dos seres e o objecto de estudo (a locomoção e a lingagem destes seres) está totalmente ausente, mas mesmo assim é possivel inferir explicações e obter conhecimento acerca destes objectos de estudo.

    A única razão porque a ciência não consegue obter informação acerca dos deuses é porque estes, aparentemente, não fazem absolutamente nada. O universo é tal e qual o que esperariamos se não existissem deuses nenhuns.

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  8. Krippahl.

    Pois, então, explique-se muito bem, acerca do seu post e também acerca deste seu último comentário, para vermos se o conseguimos entender.

    Aproveito para corrigir um dos períodos do meu comentário, que você cita, que deverá ler-se: "A ciência exclui do seu âmbito a questão de deus porque ela ainda não pôde ser constituída como seu objecto de estudo".

    Poderia também aproveitar para refutar a argumentação do Ratzinger.

    Tenha um óptimo fim-de-semana.

    JC (o tal que não é o Cristo, nem tem crista e embirra com cristalizados, mas que por restrição do número de caracteres teve de assinar abreviado).

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  9. A questão de Deus sempre foi e será filosófica, uma interrogação básica sobre o âmago do Ser.

    A ciência só alguma vez poderá avançar nesse sentido se puder penetrar no mistério do Zero ou do Vazio ou do Nada, algo que para já não é possível, a crer nas palavras de Turok que, juntamente com Hawking, é o responsável pela teoria do "instanton da ervilha" ou "flutuação quântica" para explicar o aparecimento do universo material a partir do puro NADA!... criação ex-nihilo, criacionismo científico puro!!!

    Nós não sabemos como criar a física a partir do nada., diz o físico confrontado com a questão do aparecimento desse tal "instanton".

    Pessoalmente, parece-me tão pueril que se pretenda iludir esta questão básica que é a íntima concordância entre aquilo a que a ciência de ponta do século XX e XXI nos conduz e a mais antiquíssima e milenar concepção desse Princípio ou Origem, para o qual o nome "Deus" é uma simples designação humana e nada mais.

    Já o disse aqui e em vários lados, essa recusa é uma reacção tão só emocional e vastamente irracional. Porque tudo converge no mesmo, e isso é mesmo bem fácil de ver num plano filosófico e desprendido de meras opiniões ou crenças pessoais.

    O Universo é aquilo que é. O processo do seu aparecimento tem vindo a ser desvendado, com hipóteses sucessivamente aperfeiçoadas. E, à medida que esses modelos se vão tornando mais refinados, a semelhança com a concepção metafísica de um Poder Único - omnipresente, omnipotente e omnisciente - é cada vez mais notável.

    Quando soubermos penetrar nesse Vazio, no Nada não-material e saber que a pura Consciência dele participa, então enfim saberemos.

    Deveras, é essa a mágica essência do círculo: chegamos aonde partimos, primeiro sabendo, depois ignorando e esquecendo, e por fim recuperando o primitivo saber para jamais o esquecer!!!

    Porque é preciso perder para mais e melhor apreciar... o divino dom de Amar!!!

    Boy! this is so very easy and plain to see... Nothingness is the Goddess! :)


    * * * AXIS MUNDI * * *
    (rotação e translação,
    céu e terra em união!)


    Em movimento perpétuo
    gira tudo sem parança
    em redor de um omnicentro
    em dinâmica mudança!

    Omphalos da criação
    que jamais pode parar
    só em torno de si roda
    impossível de fixar!!

    Antes de algo existir
    no vazio primordial
    já esse ponto vibrava
    o Tao uno sem igual!!!

    Pois tudo provém do ZERO
    o Nada real e vero!!!

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  10. Leprechaun, quando falas de Turok, referes-te ao caçador de dinossauro, naturalmente.

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  11. Quais dinossauros, quais bicharada... Neil Turok e mais nada! :)

    O físico britânico que, juntamente com Hawking, propôs a novel teoria do instanton para descrever o (re)início do universo.

    É que, para além do que eu disse atrás... e que já é muito!... as semelhanças com a milenar cosmologia do Oriente nem se ficam por aqui.

    De facto, Turok defende a ideia de um universo cíclico, em vez de um Big Bang original, tal como é também descrito nos Vedas hindus, sob a poética designação dos dias e noites de Brahman.

    And yet, all these theories do not bring an answer to the ultimate question of the Void or what is beyond and before matter-energy... wherein lies the true core?!

    All this is so very simple indeed, but you've got to feel the need!

    Quando nos contentamos com sofisticadas explicações superficiais, apenas abafamos a dúvida inata e nada mais. Mas a Consciência de onde tudo proveio está cá dentro, bem no meio do perpétuo momento!!

    Quem o sabe a ela se une... così nel mare il fiume!!!


    The Master gives himself up
    to whatever the moment brings.
    He knows that he is going to die,
    and he has nothing left to hold on to:
    no illusions in his mind,
    no resistances in his body.
    He doesn't think about his actions;
    they flow from the core of his being.
    He holds nothing back from life;
    therefore he is ready for death,
    as a man is ready for sleep
    after a good day's work.


    Tao Te Ching, 50

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  12. O Universo é finito ou infinito?

    Imagino que várias tribos tenham imaginado um universo finito, e várias tribos o tenham imaginado infinito.

    Depois um dia, a ciência surge com uma resposta a essa questão (que não é defenitiva, mas baseada em algo mais que um palpite) e haverá sempre alguém a olhar para as tribos que acertaram para afirmar: "estão a ver? Eles sabiam! E nem precisaram de toda esta tecnologia para isso... Será que sabem algo que não sabemos?".

    E isto pode acontecer em relação a uma série de questões.

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  13. Easy answer... lá da tribo do Lao-Tsé:

    O Universo é finito... mas o Tao infinito é! :)

    O Tao Te Ching, nos seus 81 brevíssimos capítulos poéticos, representa talvez a súmula mais perfeita do conhecimento humano universal... porque o Tao não tem igual!

    Mas, claro, é preciso de facto saber de onde veio essa sabedoria... da ciência ou da magia?! ;)

    O próprio autor o explica por 2 vezes no texto, em versos que já aqui citei:

    Since before time and space were,
    the Tao is.
    It is beyond is and is not.
    How do I know this is true?
    I look inside myself and see.


    Onde, aliás, também se afirma a finitude do Universo e a infinitude do Tao.

    Agora, de que forma se pode olhar para dentro para saber tudo isso?! Ora, fácil de novo, tem a ver ainda com a "galinha e o ovo" ou "a consciência e a matéria". É claro que se é da evolução desta que aquela provém, olhar para dentro... whatever that means!... não nos vai conduzir a muito, excepto perguntas sem respostas definidas.

    But... se é da consciência primeva... TAO!... que TUDO surge - matéria-energia, espaço-tempo - aí já o assunto muda radicalmente de figura! Porque então, ISSO está presente em cada ínfima partícula do Espaço e em cada ínfimo avo do Tempo, como tão bem o exprime Kabir, um milénio após Lao-Tsé:

    When you really look for me, you will see me instantly —
    you will find me in the tiniest house of time.
    Kabir says: Student, tell me, what is God?
    - He is the breath inside the breath.


    Oh... but this is too high, too high indeed! Love merging within the inner creed...

    Não me canso nem cansarei de repetir: esta NÃO é uma questão científica mas sim filosófica e metafísica, em 1º lugar. Falamos aqui daquilo que existe para além e antes desses 2 únicos binómios que conhecemos racionalmente. E para ir até esse Vazio imaterial é indispensável focar a Consciência no centro de Si Mesmo... which is possible, although a miracle in itself...

    Por isso, falei eu atrás no círculo que se completa chegando ao ponto de partida e aí se unificando. Todo este Conhecimento da essência existe desde sempre talvez, falando aqui da História escrita da humanidade, óbvio. Mas o conhecimento da matéria que proveio da expansão da consciência é muito mais recente, e só agora o estamos a aperfeiçoar de tal modo que nos aproximamos da auto-consciência original... o Tao Uno e sem igual!

    É esse o Ser primordial...

    Rui leprechaun

    (...num Universo intemporal! :))


    (...)
    There is a time for being ahead,
    a time for being behind;
    a time for being in motion,
    a time for being at rest;
    a time for being vigorous,
    a time for being exhausted;
    a time for being safe,
    a time for being in danger.

    The Master sees things as they are,
    without trying to control them.
    She lets them go their own way,
    and resides at the center of the circle.


    Tao Te Ching, 29

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