domingo, janeiro 06, 2008

As crianças e a regressão à média.

A regressão à média é fácil de perceber em teoria, mas engana muito na prática. Dado um conjunto em que a maioria dos está próxima da média e cada vez menos elementos têm valores mais extremos, se nos calha um elemento com um valor extremo o mais provável é que a seguir venha um mais próximo da média. Uma pessoa excepcionalmente alta pode ter filhos mais altos que a média mas é quase certo que serão mais baixos que ela. Se uma prova corre excepcionalmente bem a um atleta é provável que a seguinte não seja tão boa. E assim por diante.

Também é fácil perceber como isto pode enganar. Uma pessoa com uma doença crónica terá dias piores e outros melhores. Se toma as gotinhas homeopáticas ou espeta umas agulhas nos dias em que se sente excepcionalmente mal vai notar que é frequente uma melhoria a seguir a estes “tratamentos”. Não que a coisa funcione, mas pela regressão à média.

Isto vem a propósito dos comentários do Bizarro e da Abobrinha defendendo que «umas chapadas como forma de castigo, não é necessáriamente mau», e que «Disciplinar uma criança por um tabefe dado na hora certa e com um propósito não chega a entrar na violência». Eu discordo de ambos. O tabefe e afins servem de castigo precisamente pela violência e porque fazem mal. Mas prefiro abordar um aspecto mais preto no branco e com menos cinzentos que esta alegada diferença entre bater numa criança e a violência má.

Os pais que elogiam os filhos quando se portam excepcionalmente bem e lhes dão tabefes quando se portam excepcionalmente mal vão notar que a seguir aos elogios o comportamento tende a ser um pouco menos bom, ao passo que a seguir aos tabefes tende a ser menos mau. A regressão à média dá a ilusão que os tabefes são mais eficazes que os elogios para alterar o comportamento da criança. Mas na verdade é o contrário. Qualquer pessoa que ensine mamíferos sabe que as recompensas dão melhores resultados que a dor.

A dor actua sobre mecanismos de aversão primitivos e inconscientes. É o que faz ter medo de cães a vida toda por uma dentada em pequeno, mesmo contra o que a pessoa sabe ser racional. Um treinador que ensine os leões ou cães à pancada vai se dar mal. É claro que temos com os nossos filhos um grande capital de afecto que só com muita estalada se gasta mas, mesmo assim, é má ideia educá-los recorrendo a um mecanismo de aversão inconsciente e pouco fiável.

É preferível tirar partido dos mecanismos mais sofisticados de interacção social. Uma treinadora de golfinhos recompensava-os com peixes sempre que faziam o que ela pedia. Quando não colaboravam castigava-os virando costas à piscina e afastando-se deles durante um bocado. Mas há um aspecto ainda mais importante que a eficácia do método.

Um dia, à pressa, não tinha limpo e descamado os peixes como de costume. O golfinho não gostou. Nadou para o outro lado da piscina e ficou lá um bocado, de costas para ela. Tanto quanto sei ela aprendeu a lição (1). Os animais mais inteligentes aprendem pelo exemplo. Quando ensinamos qualquer coisa aos nossos filhos estamos sempre a ensinar a forma como os educamos, independentemente do conteúdo que queremos transmitir. Na educação das crianças os meios contam tanto ou mais que os fins.

A minha amostra é limitada a dois durante seis anos. É ainda trabalho em curso. Mas os resultados preliminares são bons. Foi fácil ensinar-lhes muitas coisas pelo exemplo. Não os interrompemos quando falam e eles não interrompem os outros. Nunca lhes batemos e eles não são violentos. O castigo foi sempre ficarem sentados durante um bocado. Hoje em dia é raro castigá-los. Basta um ralhete de vez em quando se andam a chatear um ao outro. Na fase terrível dos 2 aos 3 anos houve dias em que ficavam dezenas de vezes de castigo mas até se riam e era o suficiente para quebrar o ritmo aos disparates. Eventualmente esgotaram as possibilidades para disparates diferentes, aprenderam os limites e a coisa acalmou.

É claro que as crianças são todas diferentes, e não posso generalizar a partir de uma amostra de duas. Mas considerando este teste experimental no contexto da teoria, penso que é razoável afirmar que sempre que alguém bate numa criança podia (e devia) ter feito melhor.

1- Não me lembro ao certo onde li isto, mas julgo que foi no The Ape and the Sushi Master do Frans de Waal.

20 comentários:

  1. Ludwig

    Nem que tivesses uma amostra de 100 (mas eu não te desejo mal nenhum) crianças não sei se conseguias chegas a conclusões. POrque cada uma é diferente: o meu pai tem uma porrada de irmãos e são todos muito diferentes (mas o meu pai é objectivamente um dos melhores).

    Na volta a educação tem por natureza mais tons de cinzento que pretos e brancos. Mas também tem muitas e diversas cores do mais belo que há. Acho bem que não castigues os teus filhos pela punição física, mas o modo como os castigas é castigo à mesma e é à mesma uma rejeição (legítima), que como tal gera dor emocional. Mais: é suposto ser assim mesmo!

    Neste aspecto não creio que o preto e o branco funcionem (como raramente funcionam de todo): tu vês o castigo físico como tabu. Eu digo que há palavras e atitudes ambíguas e não ambíguas que são ainda mais tabu. Se substituires dar uma palmada por humilhar um filho chamando-o de burro a verme com duas patas durante uma agonizante hora ou mesmo só 5 minutos, é preferível umas palmadas em silêncio (nem que doam um bocadinho) porque esse tipo de termos vai magoar mais que uma sova de todo o tamanho. Estou a ser o mais objectiva possível.

    Por outro lado, se descarregas sem padrão as tuas frustrações em cima dos teus filhos e chegas ao ponto de lhes atribuir explícita e implícitamente a culpa por insucessos teus, aí tens terreno fértil para um adulto instável ou que vai ter que fazer um esforço medonho para recuperar o equilíbrio. Porque se vai sentir mau por definição, só por ter nascido, nem sequer por nenhum motivo especial.

    Não te vejo a fazer nada disto porque entendo que és um bom pai e uma boa pessoa (nem sempre os dois coincidem, mas a minha intuição me diz que será o caso). Mas tens um defeito: assumes que toda a gente tem bom senso. O que não é o caso.

    Resumindo e baralhando: eu não discordo da maneira como disciplinas os teus filhos. Simplesmente não é preto e branco e não é mais nem menos que punição física quanto esta se encontra dentro de certos limites (o mesmo se aplica aos ralhetes). Onde se torna objectivo é quando se passa da punição "pedagógica" à violencia física. E isso é um crime: deixou de ser considerado critério dos pais, e com razão. Mais subjectiva é a tortura psicológica. Mais complicado ainda é quando o Estado tem que interferir na família.

    Um outro ponto em que concordamos: não se condiciona uma criança com a um cãozinho ou um golfinho (aqui entre nós, esse golfinho era um bocado mimado). Mesmo porque o objectivo de criar uma criança não é o mesmo que criar um animalzinho que faça truques para aplaudirmos e nos sentirmos orgulhosos (pelo menos para mim e creio que para ti é o mesmo).

    Não sei qual é bem o objectivo de educar uma criança (ou de fazer uma, para ser absolutamente honesta), mas é algures entre o criar uma ligação de amor absoluto entre nós e ela. Esse amor deve ver-se todos os dias em todas as pequeninas coisas. Como isso não é humanamente possível, estamos em falta logo à partida, e fazemos só o que podemos (não o melhor, mas só o que se pode, porque melhor seria ainda mais, muito mais). A criança deve sentir-se amada independentemente dos truques que faz. Mas saber que fazer truques é apreciado pela sociedade, e que se é julgado e avaliado em função deles.

    Este discurso todo para te dizer que... tens razão mas não tens razão: além de teimosa, sou palavrosa.

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  2. Eu também não posso generalizar, e estou a guiar-me pelas amostras que conheço. Acho que o método usado funcionou muito bem comigo, e com os meus irmãos. Já vi metodos semelhantes terem resultados piores, e ja vi metodos ditos melhores, terem os meus maus resultados.

    Eu sou um fã de crime e castigo, e o castigo tem que existir sempre que existe crime. Se este castigo é na forma de uma pancada ou não, é sempre castigo. Acho que se as coisas forem proporcionais funciona bem, e não considero que levar uma rabada seja desproporcial a andar a dar cabo das quinas da mobilia :D

    Quanto a podia (e devia) ter feito melhor, acho isso muito discutivel, se eu demonstrar um teorema por indução ou redução ao absurdo, demonstrei-o na mesma. Se o objectivo é que eu aprenda (entre outras coisas) a não andar a destruir propriedade alheia, um método é tão eficaz como outro. Os castigos não fisicos podem ser mais danosos para uma criança que um castigo fisico, desde que existam limites para ambos os tipos de castigo.

    E é verdade que os teus filhos são muito bem educados :)

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  3. Primeiro, quero esclarecer uma coisa. Quando digo que quem bate nos filhos devia ter escolhido uma alternativa melhor não é no sentido de os culpar por não o ter feito. É no sentido que também digo que em 1910 deviam ter logo dado o direito de voto às mulheres também. Não culpo ninguém por não o ter feito, até porque a cultura da altura dificilmente o permitiria, mas ultrapassando essas limitações culturais reconhecemos que teria sido o mais correcto.

    Concordo com a Abobrinha que temos que castigar. É essencial para as crianças descobrirem os limites do que podem fazer, e vê-se nos primeiros anos de vida essa procura activa pelo que lhes dá castigo. Nessa fase dá imenso jeito um castigo levezinho que se possa aplicar a toda a hora, porque é mesmo isso que elas precisam. Uma bofetada dia sim dia não acompanhada de centenas de ameaças sem concretização (não se pode bater de dez em dez minutos...) não serve de nada.

    Mas o mais importante é que o castigo tenha a forma daquilo que estamos a tentar ensinar, que é um comportamento social -- respeito pelos outros e coisas dessas. A palmada serve-se de mecanismos que não têm nada a ver com isso.

    Para dar um exemplo semelhante ao do Bizarro, o meu pai contou-me que quando era miúdo entreteve-se uma tarde a fazer covinhas na porta da dispensa com uma faca. Quando o pai dele viu aquilo perguntou «foste tu que fizerste isto?» e ele disse que sim. Não houve castigo nem sequer ralhete, mas o ar de desilução do pai foi o suficiente para que o meu pai percebesse a asneira que tinha feito, nunca mais a repetisse e nunca mais se esquecesse do que tinha acontecido.

    Se o meu avô fosse pessoa de bater nos filhos, mesmo que raramente, o meu pai não teria aprendido a dar tanto valor à sua opinião. Penso que quem opta por castigar os filhos com palmadas e afins abdica de uma relação muito mais poderosa e muito mais útil na educação dos filhos.

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  4. Mas este exemplo que dei foi um caso particular e não uma generalização. Porque no meu caso, eu não tenho nenhuma lembrança de sequer saber o que significava estar desapontado comigo, devia ter uns quatro anos.

    Se eu tivesse 10 anos ou 6 ou outra idade qualquer que fosse capaz de dar valor a um castigo do tipo que foi aplicado ao pai do Ludwig, teria sido melhor, mas de certeza que não tinha, pois foram tão poucas as vezes que sofri um castigo fisico (so me lembro de umas duas ou três, o que já significa que foram poucas, e que era tão novo que nem me lembro com exactidão) que confio que a acção do meu pai foi a melhor tendo em conta as circunstancias. E que de certeza este castigo apenas foi aplicado porque qualquer outro não teria tido efeito. Também me lembro de muitas vezes em que me foram aplicados castigos como o que o avô do Ludwig aplicou.

    Continuo a achar que há lugar para os dois tipos de castigo, e que um não substitui o outro quando é para ter em conta o efeito desejado. E acho que se pode ver que também aprendi a respeitar a opinião do meu pai :)

    Na idade que provavelmente tinha não me teria servido de nada o meu pai ter ficado desiludido, eu já sabia que ele não gostava que eu fizesse aquilo, e só parei quando fui desmascarado e castigado, o que levou alguns moveis até acontecer, porque eramos 5 filhos, e eu era o que menos probabilidade tinha de ser o responsável :)

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  5. Bizarro

    Lá está: não é preto e branco mas muitos tons de cinzento. Concordo contigo. Também para amenizar o sermão que dei no teu estabelecimento a respeito do tabaco, mas porque concordo genuinamente com a tua opinião ;-). Com que então eras assim mais para o rasteirinho! Malandro!

    O meu avô (ambos, para falar verdade) recorria com frequência ao castigo físico. Mais: os filhos sabiam que o correctivo não era proporcional à gravidade do erro. Era simplesmente assim, o que não estava certo. E todos amam os pais incondicionalmente. Porquê? Por tudo o resto, possivelmente. POrque o pai não era só a figura severa mas também quem dava amor (muito) e educação de outras formas.

    Por isso, Ludwig, como em muitas outras coisas, a lógica é uma batata! Umas vezes maior, outras pior. O outro extremo do mau trato é não castigar as criancinhas, coitadinhas, porque senão ficam traumatizadinhas (algumas pessoas pensam que criança e atrasado mental são sinónimos) e dar-lhes tudo. QUe pode ser o caminho para criar alguém com uma liberdade muito grande... ou um adulto frustrado porque pensa honestamente que tem direito a tudo e não tem o dever de nada.

    Há coisas piores que uns tabefes. E às vezes os tabefes são adequados. Dito isto, se funciona de outra maneira, óptimo! POrque "ter que" bater numa criança dói muito a quem estende a mão. Mais natural que bater numa criança é dar-lhe carinho.

    O meu sobrinho é um terrorista de todo o tamanho e algumas coisas que ele faz têm piada (não deixando de estar erradas). Aí a tortura maior é não rir quando se prega uma descompostura ao puto e resistir ao sorriso desarmante dele.

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  6. Belo texto!

    E se me é permitida uma achega à discussão, a meu ver o problema nem sequer reside muito no castigo em si — ou seja, na forma que este toma; porque, na realidade, cada um faz o que pode... uns batem, outros gritam, outros calam, outros atiram pela janela —, mas mais no facto de, na maior parte das vezes, o castigo não se materializar, apenas ficando no ar, nos ouvidos e nos corações das crianças a ameaça do mesmo. Pior não poderia ser. Um castigo quando é sugerido deve ser cumprido. À ameaça de uma estalada deve seguir-se uma nádega avermelhada. À ameaça de um castigo deve seguir-se uma tarde (de angústia ou não depende de cada criançola) no quarto. Infelizmente, na maioria das situações, isso não acontece.

    Realmente, a terrível fase dos 2 aos 3 anos... Como dizia Brazelton, "se quando o seu filho apagar as velas do bolo do 3.º aniversário você ainda o amar, você ama-lo-á para a vida"... A minha filha vai a caminho dos 9 (e, sim, amei-a aos 3...), vale o que vale, é só uma amostra, mas é com enorme prazer que, aqui e ali, me vou dando conta de que já não sei, há muito muito tempo que não sei, o que é castigar ou mesmo bater...

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  7. "Nunca lhes batemos e eles não são violento"

    É por isso que um analista não deve estar emocionalmente envolvido com o objecto de análise. Perde a capacidade de observação imparcial.

    (A small hint: Andar com uma reprodução de uma arma durante 3 anos, 24 horas por dia,a ameaçar toda a gente que o rodeia, será uma atitude não violenta?

    Another small hint: Deixar de o fazer depois de sair da influencia quase monopolista dos pais, ou seja, quando entra para a escola, onde são aplicados métodos ditos violentos - pelos educadores e principalmente pelos colegas, poderá dizer algo sobre ese método da cenoura sem o pau?)

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  8. Miguel,

    O teste da violência não é na forma do brinquedo mas na maneira como é usado. Se ele magoa o irmão de propósito e ri-se, então é violento. Se magoa o irmão sem querer e fica todo atrapalhado a pedir desculpa, é só brincadeira mesmo.

    As influências na escola podem ser boas ou más, e ai faz-se o que se pode. No infantário deixámos bem claro que nos nossos não era para bater, nem sequer as palmadinhas na fralda. E se os outros putos na escola lhes baterem, pois que se defendam. Quanto a isso não há nada a fazer, é uma boa experiência de vida, e é bastante diferente que um adulto lhes bater para os educar.

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  9. Só não compreendo porque é que obrigar uma criança a ficar sentada cinco minutos numa cadeira é menos violento do que dar-lhe uma palmada no rabo. Parece que na nossa sociedade existe um tabu irracional, não contra a violência, mas contra as manifestações dela quando aplicadas sobre o corpo.

    Lembro-me de um caso passado há vários anos em Singapura. Um adolescente americano vandalizou vários automóveis com um spray e foi condenado pelo tribunal a seis vergastadas.

    Mobilizou-se o mundo inteiro contra tamanha barbaridade.

    Mas a verdade é que seis vergastadas, por dolorosas que sejam, depressa passam. Um adolescente coreano que vandalizasse automóveis na América seria provavelmente condenado a uma pena de prisão; aí poderia muito bem acontecer que fosse violado, viciado em drogas, infectado com SIDA, etc. - mas, como nenhuma autoridade constituída lhe teria tocado com um dedo, as consciências ficariam tranquilas.

    Isto é pura hipocrisia.

    às vezes pergunto a mim mesmo o que terá acontecido ao tal americano. Sei que regressou à América logo que recuperou das vergastadas. Hoje, se ainda é vivo, é um adulto próximo da meia-idade. Provavelmente não tem SIDA, nem hepatite B, nem hábitos de droga, e não frequenta meios criminais. Provavelmente é um cidadão respeitável e próspero, com emprego e família, e tão feliz quanto se pode esperar ser neste mundo.

    Mas o coreano que tivesse vandalizado automóveis nos EUA estaria hoje, provavelmente, numa situação bem diferente. Drogado, doente, miserável, sujeito a todas as indignidades que acompanham a marginalização social. Mas isto sem que o Estado alguma vez tivesse exercido sobre ele alguma forma de violência física.

    Como isto é maravilhoso! Como somos civilizados!

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  10. "O teste da violência não é na forma do brinquedo mas na maneira como é usado."

    WOW!
    Já pareces o Charleston Heston.

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  11. Não será mais o Foxtrot Heston...?

    Lol ;)

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  12. Miguel,

    Se o irmão mais velho fizesse pum pum com uma pistola de plástico era mais violência que nos atirar batatas à cabeça?

    Não me parece... :)

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  13. José Luiz,

    «Só não compreendo porque é que obrigar uma criança a ficar sentada cinco minutos numa cadeira é menos violento do que dar-lhe uma palmada no rabo.»

    E se for dez segundos? Com crianças pequenas chega perfeitamente para quebrar o ritmo a uma asneira que estejam a fazer.

    Mas a diferença principal é que dizer para a criança ficar sentada e ela ficar é uma interacção social que exige colaboração da criança. Sentá-la e prendê-la à força teria o mesmo problema que prender alguém ou dar-lhe vergastadas.

    É claro que com adultos que não colaborem, usa-se violência. Seja vergastadas seja prisão, concordo que a diferença é pequena.

    Mas numa relação entre pais e filhos é preferível evitar a violência e promover a colaboração. Diz-se para a criança se sentar e ela senta-se.

    E se não se senta? Possivelmente tinha que ter sido corrigido de inicio. Concordo que haverá casos em que é tarde demais.

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  14. Ludwig,

    O meu pai nunca me levantou a mão, nunca me levantou a voz, nunca me gritou e a unica vez que me abriu os olhos eu tive um ataque de asma. Apartir daquele dia, nunca mais teve sequer de abrir os olhos.
    Não é violencia, é por a criancinha (neste caso moi meme, no seu devido lugar)
    O meu cão tem muito respeito pela dona, eu nunca lhe bati, nem nunca lhe ralhei. Ele tem 60 KG eu tenho 50. O coitado vive na ilusão que eu tenho mais força que ele. hehehehe!
    Se eu o olhar de frente ele baixa a cabeça, ele sabe qual é o seu lugar.
    Como sabes os lideres no reino animal chegam à liderança pela força, e mantem essa liderança pela força ou pela ilusão da força, até serem desafiados.
    A edução de um animal deve ser feita em primeiro lugar atraves de estimulos positivos, mas volta e meia eles desafiam-te e tens de provar quem manda e para isso, algumas vezes tens de mesmo que mandar uma rosnadela. ou vira-lo ao contrario.

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  15. Joaninha,

    É mesmo isso. Quando rosnas ao cão e te impões estás a usar os mecanismos mais adequados para o cão aprender (esses da interacção social entre os membros da matilha). Se usares a dor para o ensinar não vai dar bom resultado porque esses são os mecanismos mais básicos para evitar comer ouriços, pisar brasas e coisas assim.

    O mesmo com as crianças. O ralhete, a reprovação, o elogio, o sermão usam mecanismos muito diferentes da bofetada. A dor não faz parte da interacção social saudável na nossa espécie.

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  16. Mas ludwig,

    Acho que o tabefe a que a abobrinha se refere é mais ou menos similar ao virar o cão de patas para o ar. Não tem como objectivo magoar mas sim marcar uma posição, mostrar quem manda, que é lider.
    A minha mãe só me bateu uma vez e eu tinha 17 anos (ghhhhh eu era pessima com 17 anos, daquelas adolencentes que fazem com que os pais se arrependam do dia em que tiveram filhos) foi tão bem merecido que te digo resolveu o problema, mesmo!!
    Nunca mais repeti e naquele mesmo dia pedi-lhe desculpa e disse-lhe que ela tinha toda a razão.
    foi remédio santo ;)

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  17. naõ me doeu fisicamente como deves calcular, chorei mais de arrependimento e de raiva do que de dor. Porque me senti verdaeiramente mal efica fula porque não tinha como me desculpar;)

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  18. Joaninha

    Exactly! Era mesmo esse tipo de tabefe a que eu me estava a referir.

    Agora sinto-me mal: eu era tão certinha quando era pequenina. Agora sou uma verdadeira peste! E refilona!

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  19. Mostrar força ao cão pode ser importante porque, nos cães (nos lobos, mais precisamente) esse é um factor importante na hierarquia da matilha.

    Nos primatas a coisa é mais complexa. Nos gorilas é assim, nos chimpanzés depende muito também de alianças entre os machos, ou do apoio das fémeas, e nos bonobos é determinado sobretudo por alianças (especialmente entre fémeas). Nos humanos a variação é enorme e hoje em dia não é a força que conta.

    Se queres fixar o comportamento da criança usando algo análogo, na nossa sociedade teria que ser com o dinheiro :)

    Mas o melhor é educar a criança de forma a aproveitar a capacidade humana para compreender explicitamente estes mecanismos, em vez de intuitivamente como os cães.

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  20. Claro que as coisas vão sendo mais complexas quanto mais complexo é o comportamento social da especie, no nosso caso, provavelmente o mais complexo as coisas não se podem nunca limitar à posição hierarquica dentro do grupo.
    Mas penso que o dito "tabefe" e está entre aspas por não é literal, é mais uma chamada de atenção. Um não mais rispido ou um olhar menos simpatico tem, maior parte das vezes o mesmo resultado do tabefe.
    Se calhar o melhor é chamar-lhe reprimenda. Uma chamada de atenção momentanea, no momento exacto. É a esse tipo de tabefe que me refiro.
    Estilo a criancinha a meter a mão no jarro das bolachas e leva um toque na mão. Pode ser uma palmada indolor ou um não rispido, o resultado é o mesmo. Parar de imediato aquilo que a criança esta a fazer de errado. E uma palmada na mão não é mesma coisa que um estalo dado com força. O estalo com força pode ser mau a longo prazo.
    A palmadinha indolor não causa esses efeitos, a meu ver.
    Tem é de ser no momento exacto!
    Enfim isto da educação tem muitas linhas, para mim o erro está nos extremos. Não castigar de todo, ou castigar por tudo isso é que é muitissimo perigoso e errado.

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