segunda-feira, dezembro 17, 2007

O respeitinho.

O Manuel Rocha recomendou que «se actue com o respeito devido a quem tem as suas razões, mesmo quando elas nos parecem pouco razoáveis» (1). É uma boa ideia, isso de respeitar as afirmações de acordo com as razões que as fundamentam. E pomos esse princípio em prática frequentemente. Quando discutimos política, futebol, ambiente ou o preço dos legumes. Mas os supersticiosos não querem o respeito de quem exige razões para ajuizar o que há de levar a sério.

O que os supersticiosos querem é respeitinho, o medo de dizer algo que o outro não goste, o receio de ofender por questionar e a relutância de dizer que se discorda. Mas isso não é respeito.

Mas agora calo-me e deixo falar quem tem mais, e melhor, para dizer acerca destas coisas. Da esquerda para a direita, Christopher Hitchens, Daniel Dennett, Richard Dawkins e Sam Harris.

Parte 1:


Parte 2:


Via Sandwalk

9 comentários:

  1. Ludwig:

    Pena que a minha ligação net não tenha velocidade para ouvir o que deixa.

    Comento apenas o que deu à estampa.

    Quando falo de respeito reporto para pressupostos de dignidade. Há diferenças dignas, mesmo quando não nos parecem razoáveis. Nem todas as sociedades conseguem esse necessário equilibrio. Mas onde e quando ele existe, acho-o preferivel ao desenraizamento cultural, que é aquela especie de terra de ninguém em que muitos vivem como autómatos segundo lógicas alheias.

    Compreendo as boas razões do seu "projecto" de uma ética universal.
    Percebo que queira chegar á terra prometida pela via mais curta, que é aquela que está isenta dos escolhos de crenças várias e fés múltiplas.
    Reconheço a bondade da utopia, mas aceito que possa haver outros caminhos e até quem simplesmente prefira outros destinos.

    Reorientar os caminhos do presente tendo nas crenças e outras fezadas o escolho de eleição, parece-me má estratégia de governança, até porque duvido ( duvido apenas ) que esteja nessa matéria o que nos impede melhores performances de sustentabilidade ambiental, equidade social e até de ética.

    E se por aí seguissemos qual seria o resultado ? Um Mundo todo igual ! Está quase e não gosto do que vejo !

    Há virtudes na diferença. Certo ?

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  2. Manuel,

    A superstição não é o maior problema. Ai estou de acordo. Mas é o mais disparatado. Há muitos problemas que surgem porque uns querem uma coisa e outros querem outra. Mas as crenças e superstições inventam problemas porque uns fingem que a realidade é de uma maneira e recusam-se a admitir que não seja.

    «E se por aí seguissemos qual seria o resultado ? Um Mundo todo igual ! Está quase e não gosto do que vejo !»

    Discordo completamente. Se deitarmos fora as fórmulas de superstição, as crenças disparatadas, o credo memorizado e papagueado ao domingo, o que vamos ter é um mundo todo diferente, em que o que difere são os individuos.

    Eu acho muito melhor uma diversidade de opiniões, atitudes e preferências que surja pela liberdade de pensar criticamente nas coisas que esta semi-diversidade que vem porque há grupos diferentes que fabricam personalidades cada um de acordo com o seu "template".

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  3. Achei piada ao facto do Christopher Hitchens fumar. Parece-me que não acreditar em deus e simultaneamente fumar é incoerente. :-)

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  4. Luís,

    Penso que é incoerente se ele fumar por acreditar que não faz mal. Mas se fôr por vício não é incoerência :)

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  5. Também não consigo ouvir à noite por falta de largura de banda e de dia porque não posso ter o som ligado. Vou tentar ouvir no fim de semana.

    Uma coisa é certa: o Daniel Dennett parece-se imenso com o Pinto da Costa (o médico, claro).

    Não estou a ver o que é que o ateísmo tem que ver com o fumar. Afinal, ateísmo não implica necessariamente racionalidade acima do nível média das águas do mar (e vice-versa). Penso eu de que.

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  6. Abobrinha:

    Apreciei em particular o " nivel médio das àguas do mar"...acho que o LK já está a contar com a subida devida ao "aquecimento global" ::)).

    Ludwig:

    Ontem troquei-o pela namorada e já não voltei para comentar.

    Deixe-me dar-lhe umas dicas sobre o meu conceito de respeitinho para ver se lhe dão jeito no projecto para uma nova ética universal.

    Então é assim:

    Dentro da minha casa gosto de viver de acordo com as minhas regras. Julgo que nehuma delas se enquadra no âmbito da criminalidade. Assim, se quem me visita não gosta delas, não volte. Se quem me visita tenta impor as suas, duvido que volte a ser convidado a entrar, poderá é ser convidado a sair.

    Quando sou eu que visito casa alheia, e equação inverte-se. Se não me sentir confortável com as regrtas da casa não volto lá, agora o que não faço é tentar impor as minhas.

    Tudo isto em geral, já se vê. Porque se da minha janela eu topar um gajo dando porrada na mulher, vou lá impor a minha regra: ou paras ou comes também !

    Portanto eu aceito de muito bom grado que se façam esforços de alguma convergência no sentido de limar as arestas que aqui ou ali remetem para situações "complicadas".

    Mas cuidado com o "como".

    Repare que no seu inicio qualquer "ismo" foi um projecto de boas intenções aglutinador e consensual...

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  7. Bom eu consigo ouvir mas de momento não posso dispensar 2 horas. Mas durante o fim de semana vou faze-lo.

    TPC Ludwig? GRRRRR!!!!

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  8. essa do respeito deve ser sarcasmo. Gostava de ver respeito pelo aborto, pela homosexualiade, pelo ateismo, pelo uso de contraceptivos, pelo ... podia ficar aqui uns bons tempos a falar da falta de respeito das religiões e os seus seguidores. Talvez quando estes problemas tivessem resolvidos podessem então vir pedir respeito pelas suas ideologias. digo eu..

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  9. Pedro

    Tenho que concordar em parte (são factos, não argumentos). Como defesa das religiões, digo que quem é intolerante para com as falhas dos outros (as "reais" ou as que o seu critério pensa como contrárias à sua religião) não pratica na verdade o que a maioria das religiões professa.

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