domingo, dezembro 09, 2007

John Stossel contra Kevin Trudeau.

Os posts sobre o Kevin Trudeau têm tido muitos comentários, e há muitas pessoas que vêm parar a este blog por pesquisas acerca do Kevin Trudeau. Não acrescenta muito ao que já mencionei em posts anteriores (1), mas penso que revela melhor a treta das curas do Kevin e pode interessar aos leitores que ainda estejam indecisos. É uma reportagem do jornalista John Stossel no programa 20/20 da ABC.



1- Kevin Trudeau: curas entre os bestsellers., Treta da Semana: Kevin Trudeau.

5 comentários:

  1. Bem, nunca tinha ouvido falar deste tal fenómeno, mas esta questão importantíssima das curas naturais recordou-me agora outro livro publicado há um par de anos: "The China Study"

    Neste estudo levado a cabo durante 20 anos, em vários países mas centrado essencialmente na China, uma equipa coordenada pelo médico (PhD) norte-americano Colin Campbell estudou uma enorme variedade de dietas tradicionais de diversos povos e etnias para chegar, no fundo, às mesmas conclusões que os proponentes das medicinais naturais sempre clamaram e está contido no princípio basilar da medicina hipocrática, afinal:

    Que o teu alimento seja o teu medicamento.

    Esta é uma verdade óbvia para o reino animal, claro está, mas nós estamos um patamar além, é evidente! Still... por que razão abandonámos algo tão simples e efectivo como a alimentação natural – e aqui não falo sequer de vegetarianismo ou dietas mais restritivas – em favor de alimentos processados e muitas vezes "roubados" dos seus elementos básicos, como no caso dos cereais e farinhas refinadas onde o essencial gérmen é positivamente deitado ao lixo, permanecendo apenas o amido e pouco mais?

    Isto já para não falar na espantosa panóplia de aditivos – são inúmeras centenas! – ainda que haja vários reconhecidamente inócuos e necessários, é certo. Não é esse o caso dos corantes, ou pelo menos da sua imensa maioria, e são justamente as crianças, organismos em desenvolvimento, as principais vítimas desse inutilidade quase absoluta que é "pintar" os alimentos para os tornar mais atraentes!

    Somos ou não, em grande parte, condicionados por aquilo que comemos? Parece-me que bastam apenas uns miligramas do tal pensamento crítico para chegar à mui simples e fácil conclusão de que "sim"... of course we are!

    Logo, de Trudeau e as suas curas naturais nada digo, é a 1ª vez que oiço falar em tal. Mas sobre o papel primordial da alimentação na nossa saúde e bem-estar, desde a mais tenra idade até a uma velhice que se quer saudável, pois bem, Campbell nada mais faz do que confirmar milhentos outros estudos e, sobretudo, a validade perene que o mais elementar bom senso nos dita, quer o escutemos ou não.

    Nem só de pão vive o Homem, é certo, mas a qualidade da sua alimentação determina a qualidade da sua saúde, nos poucos ou muitos anos que passarmos transitoriamente neste planeta...

    We know an enormous amount about
    the links between nutrition and health. But the real science has been buried beneath a clutter of irrelevant or even harmful information — junk science, fad diets and food industry propaganda.


    "The China Study", Introduction

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  2. Leprechaun,

    As doenças não se devem a um único factor. A alimentação é muitissimo importante, e foi em grande parte porque temos acesso a uma maior diversidade de alimentos, os alimentos são tratados e desinfectados, temos frigoríficos e deixámos de adubar os campos com dejectos de pessoas e animais que temos mais do dobro da esperança de vida e quase ninguém tem parasitas intestinais ou cólera no nosso país.

    Mas a perna partida, a SIDA ou a miopía não se corrigem com uma alimentação «natural».

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  3. Obviamente, ó Krippahl!!!

    Essa é uma distinção basilar que as medicinas tradicionais sempre fazem entre aquilo que é e não é da sua competência, ou seja, o que deve ser deixado ao cuidado da moderna técnica médica e da quimioterapia farmacêutica.

    Basicamente, como expliquei no outro fórum, as medicinas naturais são insuperáveis nos distúrbios funcionais e crónicos, enquanto as intervenções mais "agressivas" da medicina científica são especialmente adequadas para os distúrbios orgânicos e os agudos, sobretudo os que impliquem situações de urgência.

    Isto é inteiramente pacífico entre qualquer profissional sério de saúde, ainda que naturalmente existam lunáticos em todo o sítio e profissão. Repito que a rejeição da unidade terapêutica e da complementaridade das diversas práticas médicas nunca parte das medicinas naturais, mas sempre da intransigência daquela que se arroga de científica e pretende para si própria o monopólio e exclusividade da cura.

    Aliás, é deveras curioso observar que, numa altura em que a livre concorrência é tão amplamente apregoada, existam classes profissionais, regidas por interesses puramente corporativos, que se arrogam direitos atentatórios da liberdade de escolha dos seus concidadãos. E não me refiro aqui unicamente à classe médica, note-se, já que no fundo todas as ordens profissionais parecem ter a mesma apetência pelo proibicionismo, se de tal fossem capazes.

    Por fim, e voltando ao tema fulcral da alimentação, que é aquilo que faz o nosso corpo funcionar, é evidente que ninguém com bom senso e dois dedos de testa nega a enorme importância do progresso técnico e científico na melhor produtividade agrícola e, em certa medida, na qualidade dos alimentos, sua conservação e até comercialização, etc.

    É certo que existem temas bem controversos a este respeito, como o dos aditivos e a sua real necessidade - vide os corantes, por exemplo - ou o actual debate sobre os transgénicos e ainda a questão da agricultura biológica vs. agro-pecuária química e assim por diante.

    Mas, e trazendo a questão de novo para o campo médico e dos cuidados de saúde, a crença talvez demasiado generalizada de que a doença é algo que vem do exterior - os micróbios, a agressão do meio, etc. - e pode ser debelada por drogas milagrosas é muitíssimo deletéria, não apenas por ser obviamente contestável mas porque, acima de tudo, se traduz numa grave desresponsabilização e demissão do indivíduo perante si próprio, vitimizando-se e assumindo um papel passivo de quem tem pouca ou nenhuma influência sobre o seu próprio destino a esse nível primordial do equilíbrio somático e psíquico.

    É certo que este pode ser de facto o caso em diversos estados patológicos, para além de ser inegável a predisposição genética e de igual forma a vítima de acidentes traumáticos poder ser inteiramente alheia à causa que os originou.

    Mas, falando unicamente do papel reconhecidamente importante do equilíbrio alimentar - sem exageros radicais ou as tais "dietas da moda" - quantas pessoas levam mesmo, mesmo a sério esses cuidados consigo próprias e, sendo pais, com os filhos que devem amar e proteger?!

    Este não me parece um assunto para encarar de ânimo leve e, de facto, várias organizações oficiais se têm debruçado cada vez mais sobre ele, em especial nessa versão infantil, como as recentes controvérsias acerca da publicidade da indústria alimentar demonstram.

    Ainda assim, é bom não confundir prevenção e cuidados públicos de saúde com imposições limitativas do livre exercício de opção de cada indivíduo o que, naturalmente, também se aplica ao direito que cada um tem de escolher a terapia - científica ou não - que livremente elege de um modo consciente e informado.

    Porque no meio de tudo isto... incluindo o perigo real e efectivo de fraudes e burlões ou maus profissionais no ramo da saúde... não se deve esquecer o valor sacrossanto dessa liberdade de escolha que jamais deve ser negada a quem quer que seja que opte, da forma mais esclarecida possível, por aquilo que deseja para si próprio.

    Recordo ainda, no final, algo que já disse, ou aqui ou noutro sítio, e que é para mim um maravilhoso paradigma daquilo que deverão ser os cuidados de saúde no futuro. Em alguns hospitais ou clínicas de países europeus e americanos - no tal Primeiro Mundo que preza a liberdade da pessoa humana - existe já uma colaboração e intercâmbio efectivo entre diversos médicos e terapeutas de distintas áreas que põem o seu saber ao serviço dos pacientes que desejam ser especificamente tratados segundo aquilo em que acreditam e confiam.

    Este parece-me um maravilhoso exemplo de tolerância e são convívio, ilustrando também o tão propalado chavão do "todos diferentes, todos iguais."

    Mas, como dizia Einstein, "será necessária uma mudança radical no nosso modo de pensar se a humanidade quiser sobreviver."

    Because... "together we stand, divided we fall"...

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  4. eu aqui há dias vi na tv, o anuncio ao livro desse sr. e hoje vim pesquisar sobre ele no google.
    mete medo aquilo que o homem prega!!!eu sou estudante de medicina, e alguns dos argumentos que ele usa sao completamente empiricos e sem base cientifico-medica nenhuma!
    e caramba as teorias conspiratórias são de rir!até podem fazer algum sentido, ja que a beyer sabia que a heroina causava dependencia fisica e psicologica, e esta foi comercializada como xarope para a tosse durante decadas. mas daí a dizer que ha cura para o cancro mas que a industria farmaceutica nao quer que se saiba...é um bocado demais.
    mas ta td dito no CV do sr, ele é um vendedor, se ele estivesse tao importado com a saude dos outros e com a carteira deles dava esses conselhos de graça e ajudava a salvar as criancinhas de africa!
    nao me digam que os americanos nao sao uns loucos extremistas!
    bem haja

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  5. Acreditar que as curas dele são verdadeiras é uma coisa, mas o que ele fala sobre as indústrias farmacéuticas pode ser verdade sim. Essa indústrias é umas das empresas que possuem as ações mais valiaosas do mundo, e a casa doença nova e um remédio novo e mais dinheiro a ela. Imagine se descobrissem a cura da aids, ou se ela ja foi descoberta! As vendas de rémedios para controlar a doença acabariam! e as empresas perderiam bilhões por ano! Com certeza existe muitas curas para doenças por ai, mas não vale a pena as indústrias farmacéuticas colocarem a venda porque perderiam muito dinheiro, é mais facil colocar algo que a pessoa dependa daquilo para viver! porque um remédio não deixa de ser um droga como qualquer outra! Em excesso causa dependência e na maioria das vezes tratamentos à longo prazo uma pessoa precisa tomar um remédio até por anos e com certeza o corpo acaba adquirindo alguma dependência! Temos que pensar que para cada cura descoberta uma doença nova vai nascer para que eles sempre enriqueçam cada vez mais. A industria farmacéutica é uma empresa como qualquer outra, só o lucro interessa, quanto maior o número de doentes mais dinheiro eles terão!

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