quinta-feira, fevereiro 08, 2007

E as contas da Pro-Music, versão portuguesa.

Enquanto a RIAA aldraba, a sua congénere portuguesa dedica-se mais a revelar ignorância:

«A partilha de ficheiros através da Internet não pode ser equiparada à cópia de cassetes dum deck para outro em casa. Seria a mesma coisa que comparar alguém que copia manualmente uma carta a uma gráfica que imprime centenas de cópias por minuto da mesma carta - e depois disponibiliza-a absolutamente a todas as pessoas no mundo de graça.»
( ‘Música grátis?’ As respostas)

Um criminoso de 13 anos partilha ficheiros em casa. Tem uma ligação de banda larga e, assumindo que não lhe abafam o p2p com traffic shaping, transmite para outros a 10k por segundo. Um ficheiro mp3 de música tem à volta de 5MB. Demora 500 segundos para o transmitir. Quase dez minutos para uma musica de dois minutos.

Tem razão sim senhor. A partilha não pode ser equiparada à cópia de cassetes. É cinco vezes mais lenta...

E centenas de cópias gratuitas por minuto? Gostava de ter a ligação dele: 10MB/s só de upload, e de graça.

10 comentários:

  1. Ludwig,
    ao que deixa transparecer (dsc se me enganei), não considera crime a partilha de música. Isso está relacionado com a forma como é partilhado, ou acha que neste caso não se deve aplicar direitos de autor.

    ResponderEliminar
  2. Se é crime ou não, é difícil dizer, pois cá em Portugal não há precedentes claros.

    Mas sou da opinião que a partilha gratuita de arte ou cultura nunca devia ser crime. Os direitos de autor são um bom incentivo à criatividade, mas o objectivo de incentivar é o beneficio da sociedade e não do individuo que gere os direitos.

    Finalmente, sou completamente contra esta regulação de transmissões digitais, pessoais, sem fins comerciais. Ninguém é dono legítimo de sequências de numeros, e a lei de direitos de autor é um mecanismo de controlo de concorrência comercial, e não de actividades privadas.

    ResponderEliminar
  3. Olá João,
    Obrigado por deixar um comentário no meu blog. Achei interessante também o teu.
    Um grande abraço
    Adilson

    ResponderEliminar
  4. O mercado discográfico tem de mudar. Ilegal ou não, as editoras têm de satisfazer as necessidades dos clientes. A mim não interessa nada comprar um CD só por causa de uma música: não quero as outras 15 ou 16.

    ResponderEliminar
  5. Ludwig,
    "o objectivo de incentivar é o beneficio da sociedade e não do individuo que gere os direitos."

    Isso é um bocado feérico, acha que aqueles que dedicam a vida a criar arte, o deveriam fazer só nas horas livres, ou ficava apenas destinado a uma elite que não necessita-se de trabalhar para viver? O benefício para a sociedade deve ser retirado da existência da obra, e não do provento que a obra possa gerar.

    Hoje em dia tudo pode ser convertido em sequências numéricas (ou quase tudo). Se alguém utilizar a sua imagem desde que devidamente digitalizada, não deve dar-lhe qualquer satisfação sobre o assunto desde que seja para utilização privada e gratuita. Neste momento está de facto a gerar-se situações complicadas por causa desse problema porque a nível legal, as coisas não estava preparadas para o uso e abuso da imagem, como acontece actualmente. Basta ver os cartazes que estão à entrada de algumas empresas alertando para a proibição do uso de telemóveis com câmara, por exemplo.

    Na minha opinião, os valores que se cobram hoje em dia por música, filmes ou jogos, é que está fora de todos os limites aceitáveis. Os criadores devem ter direito a ganhar com aquilo que produzem, desde que não o façam à conta do estado (esta é outra). Se um álbum musical custasse ao público 5€, a maioria das pessoas não perdia tempo a sacar da Internet. É inadmissível que se peça 1€ ou quase por uma música em lojas on-line num formato diferente da gravação original.
    Enquanto este sistema continuar eu vou continuar também com as cópias e p2p. Porque desta forma estou a tramar quem ganha dinheiro à conta de quem cria.
    Cumpr.

    ResponderEliminar
  6. «Isso é um bocado feérico, acha que aqueles que dedicam a vida a criar arte, o deveriam fazer só nas horas livres, ou ficava apenas destinado a uma elite que não necessita-se de trabalhar para viver?»

    Há uma terceira possibilidade. Serem pagos como os que se dedicam a criar hipóteses científicas, teoremas matemáticos, ou mesmo roupas e receitas (nada disso é coberto por copyright).

    Ou seja: pagos como qualquer profissional pelo trabalho que fazem e não pelo que os outros fazem com os frutos do seu trabalho.

    E é esse sistema de "direitos de autor" (que nem são direitos, sáo restrições, e raramente são do autor) que trama os que criam. Como professor e investigador, sou livre de usar tudo o que eu crio. Posso trabalhar com um ordenado porque nunca me podem proibir de usar os frutos do meu trabalho. Eu não poder proibir os outros de o fazer é irrelevante.

    Um músico não pode ter um ordenado, porque quando trabalha para alguém, a lei de copyright proibe o músico de usufruir daquilo que criou. Isso passa a ser propriedade dos "gestores de direitos".

    De qualquer forma, considere que estas leis de direitos de autor datam do inicio do século XX. E até se fez arte com qualidade antes disso...

    ResponderEliminar
  7. "E centenas de cópias gratuitas por minuto? Gostava de ter a ligação dele: 10MB/s só de upload, e de graça."


    Não há, mas falta pouco:

    Fibra optica

    http://www.tvtel.pt/

    ResponderEliminar
  8. «Tem razão sim senhor. A partilha não pode ser equiparada à cópia de cassetes. É cinco vezes mais lenta...»

    Ludwig, acho que o que “lhes” mete medo, muito mais que no caso das cassetes, é a qualidade: Mesmo demorando 5 vezes mais a transmitir, é uma cópia perfeita, vendável, ao contrário das cassetes.

    ResponderEliminar
  9. Caro zarolho,

    Um ficheiro mp3 não tem a qualidade do CD -- a compressão não é lossless. Há algoritmos de compressão em que não se perde qualidade, mas são muito menos usados (e os ficheiros são maiores).

    Mas o que lhes mete medo não é isso. É os artistas poderem distribuir a sua arte sem eles, e o mercado deixar de ser dominado pela oferta (controlado pelo que eles decidem editar) e passar a ser dominado pela procura (pelo que o público quer ouvir).

    Por exemplo, acaba-se a mama de editar albuns com 1 música decente e 15 para encher chouriços.

    ResponderEliminar
  10. «Isso é um bocado feérico, acha que aqueles que dedicam a vida a criar arte, o deveriam fazer só nas horas livres, ou ficava apenas destinado a uma elite que não necessita-se de trabalhar para viver?»

    Os músicos vivem dos concertos e de merchandising e não das vendas dos discos.
    Os escritores irão viver de conferências.
    Os cineastas e actores irão viver da publicidade.

    A cultura e a arte não precisam do direito de autor para nada. A terceira maior indústria de cinema do mundo é a Nigéria, onde os filmes são distribuídos pelos vendedores ambulantes nas ruas.

    ResponderEliminar

Se quiser filtrar algum ou alguns comentadores consulte este post.