segunda-feira, janeiro 29, 2007

Ética à minha maneira.

Tem havido aqui uma animada discussão sobre ética, e agradeço a todos as criticas que me têm tecido. Sem criticas não se consegue fazer nada. Mas parece-me que estamos a ficar atolados em mal-entendidos, e também está a fazer falta alternativas para comparar. Este post tenta desfazer os mal-entendidos e mostrar a quem discordar que tipo de coisas seria útil apresentarem como alternativas.

(A quem já está farto desta conversa peço que volte mais tarde, que prometo mudar de assunto).

Primeiro, valores são critérios que usamos para avaliar algo. O valor nutritivo é um critério para avaliar refeições, por exemplo. A amizade, a beleza, o preço, o conforto, e muitos outros valores para classificar diversas coisas. Todos estes valores são subjectivos, e sujeitos diferentes podem ter valores diferentes, pois estes valores são produto da nossa evolução biológica, desenvolvimento, e experiências marcantes.

Os valores éticos são diferentes porque a ética não é apenas uma expressão de gostos pessoais (para isso já temos os outros valores). Deve ser generalizável, aplicável a todos os sujeitos, e deve avaliar escolhas pelos valores de todos os afectados. Por isso um valor fundamental da ética é considerar todos os valores pelos valores e não pelos sujeitos que os têm. Uma dor forte tem o mesmo valor ético sinta-a um rico, pobre, mulher, homem, ou gorila. Ficar ofendido com os preservativos ou o trabalho ao Sábado vale o mesmo quer o ofendido seja o Zé da esquina, o bispo, ou Deus. Cada um tem as suas manias, mas a ética está acima das manias para mostrar a melhor forma de vivermos com as manias uns dos outros.

Isto leva-me a uma ética extremamente ateísta, pois mesmo que Deus exista, respeito tanto a sua opinião como qualquer outra. Por outro lado obriga-me a respeitar muitos outros seres. Não posso justificar comprar bifes só porque é uma vaca quem sofre. Sofrimento é sofrimento, seja quem for que o sofra.

Outro valor fundamental é a escolha consciente, pois só tem valor ético o que resulta de um acto intencional. Mas é um mal entendido comum pensar que só há duas possibilidades: ou algo é consequência de um acto intencional, ou não é. Na verdade, qualquer coisa é sempre resultado de muitos factores em conjunto, e a importância da escolha para a resultado depende das circunstâncias, e isto é eticamente relevante.

Roubando a sugestão do João Vasco, imaginem dois cenários. Num eu escolho se dou ou não dou uma facada ao João. No outro encontro o João a sangrar de uma facada e escolho se não faço nada ou se chamo o 112. Em ambos os casos o João morre na a primeira opção e vive se eu escolher a segunda. As consequências são idênticas e ambas resultam de uma escolha, mas eticamente os cenários são diferentes.

No primeiro cenário, se eliminássemos a minha escolha (por exemplo, eu ficava inconsciente), o João vivia. O João só morre se eu escolher dar-lhe a facada. Por isso a minha escolha tem um papel fundamental nessa consequência, e é por isso eticamente muito má. Por outro lado se eu decidir não dar a facada o João vive, o que aconteceria mesmo que eu não fosse capaz de escolher, por isso não mereço louvor só porque decidi não o esfaquear.

O segundo cenário é o inverso. Se eu não tivesse a capacidade de avaliar a situação e decidir, o João morria. Se decidir não ajudar, a minha escolha tem um papel secundário, e, eticamente, deixar o João morrer é menos mau que o matar à facada. Por outro lado ajudá-lo seria de louvar, pois seria pela minha acção voluntária que ele vivia.

Mesmo assim é uma grande maldade deixar o João esvair-se em sangue, quando a alternativa de o salvar é tão acessível. Dai outro valor ético: os futuros possíveis. A ética avalia as escolhas, e as escolhas são sempre entre futuros possíveis. Deixar o João esvair-se em sangue quando não há nada a fazer por ele é eticamente diferente de o deixar morrer se podemos salva-lo com um telefonema. O que podíamos ter escolhido é eticamente tão relevante como o que escolhemos.

Desviando um pouco a conversa, é por isto que eu acho a ética religiosa tão horrível. Por fazer parte de um plano consciente e intencional, qualquer desastre natural passa de tragédia a maldade, e é abominável a impassividade de um ser omnipotente que poderia ajudar todos sem qualquer esforço e limita-se a olhar.

Resumindo, para cada opção avaliamos as consequências pelos valores de todos os afectados e por quão responsáveis somos pelo que vai acontecer. Comparamos as alternativas, considerando as ramificações de cada uma no futuro previsível. O valor ético de uma opção é a diferença entre essa e a melhor alternativa. Se a melhor alternativa é superior, estamos a escolher mal, caso contrário estamos a escolher bem.

Finalmente, o valor de poder escolher. A liberdade de escolha é um valor ético – o primeiro – e é sempre um custo ético restringir esta liberdade. Justifica-se coagir quando a diferença ética entre o que proibimos e o que obrigamos compensa o custo ético de reduzir esta liberdade. Se não, mais vale deixar escolher mal que obrigar a escolher bem.

Em muitos casos, se uma mulher quer abortar mais vale deixá-la decidir. Talvez a nossa lei deva ser mais permissiva em algumas situações. A miséria, a vergonha, o medo, tudo isso reduz as alternativas disponíveis e a responsabilidade ética. Até a ignorância; se bem que difícil de avaliar num contexto legal, é inegável que quem não compreende o mal que faz é eticamente menos responsável que quem pratica o mal de plena consciência. Mas isto não é verdade para todos os casos de aborto por opção, e justifica-se coagir alguém que queira matar um feto só porque sim.

21 comentários:

  1. Ludwig Kippahl


    “Mas isto não é verdade para todos os casos de aborto por opção, e justifica-se coagir alguém que queira matar um feto só porque sim.”


    Esta conclusão parece permitir, mesmo do ponto de vista ético, o voto SIM no referendo. Basta apenas “provar” que o recurso ao aborto, levianamente, é levado a cabo por um número reduzido de pessoas, como aliás parece indicar a argumentação dos apoiantes de ambos os lados.

    Os seus argumentos são muitíssimo bem construídos e claros, já agora apresento uma sugestão: os problemas éticos que colocam os embriões humanos desenvolvidos no exterior do corpo humano através da fertilização in vitro.

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  2. "Por fazer parte de um plano consciente e intencional, qualquer desastre natural passa de tragédia a maldade, e é abominável a impassividade de um ser omnipotente que poderia ajudar todos sem qualquer esforço e limita-se a olhar."

    Se o tal ser omnipotente interferisse na sua ou na minha vida não seríamos seres livres. Se todos os desastres naturais fossem evitados o mundo em que viveríamos seria outro e não este. Se o tal ser omnipotente não interfere nos desastres naturais, se não dá nenhuma paulada no Ludi por não acreditar nele, então o ser omnipotente abdica do seu poder em favor da liberdade humana. E isso nem o Ludi nem eu percebemos porquê. Nem com modelos, nem com integração numérica, nem com um supercomputador IBM, nem com computação paralela, nem com programação lógica chegamos lá. É aquilo que nós, cristãos, chamamos um mistério e que o Ludi chama uma treta porque se sentre frustrado por o tal ser omnipotente não lhe dar as respostas que tanto procura e deixa-o simplesmente entretido com uns aminoácidos e umas proteínas e uns modelitos que lhe provocam tédio face ao tanto que há por descobrir por aí. Não sei se me expliquei bem mas tentei usar uma linguagem simples que um cientista entendesse.

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  3. "Se o tal ser omnipotente interferisse na sua ou na minha vida não seríamos seres livres"

    Permitir que milhares de pessoas morram afogadas num tsunami não me parece ser zelo pela liberdade alheia, parece mais negligência.

    E Deus intrefere, mas quando lhe apetece. Interferiu por exemplo na vida dos três pastorinhos quando mandou a Maria contar-lhes os segredos condenando a irmã Lúcia à clausura para o resto da vida. De que modo é que isto é zelar pela liberdade de alguém?

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  4. Se em vez de mandar a irmã lúcia rezar o terço lhe tivesse dito a cura para o cancro, aí sim, teria invadido a liberdade das pessoas.

    Preocupar-se se a Rússia tem ou deixa de ter um governo comunista, isso já é diferente. Mas quanto aos tsunamis e terramotos, é ficar indiferente e dar a liberdade às pessoas de não terem escolha senão morrer, e sofrer pelos familiares perdidos.


    A única desculpa de Deus é não existir.

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  5. Ludwig:

    Falaste no cenário que referi, mas não respondeste à questão que suscitou tal cenário.

    «Existe um recém nascido numa piscina de crianças. Notas que ele se está a afogar. Sabes que não seria difícil ir lá e salvá-lo: não envolveria qualquer risco.

    Mas não o fazes, continuas a tua vida como se nada fosse. Se calhar terias os teus motivos para achar que a criança seria infeliz ao longo da sua vida, mas isso pouco importa.

    Este teu acto é criminoso à luz do nosso direito penal, e vergonhoso à luz da nossa intuição ética.

    ----

    Tu decides não construír o robot com intelegência artificial, consciência, sentimentos, enfim, uma "pessoa", em relação ao qual recebeste o projecto.

    ----»

    Ambos os actos são igualmente condenáveis?

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  6. Magistral!

    Segundo António:
    "Deus não interfere nos destastres naturais." duh? E eu a pensar que os crentes acreditavam que deus CRIA os desastres naturais, assim como criou tudo o resto...

    e ainda:
    "... então o ser omnipotente abdica do seu poder em favor da liberdade humana."
    Qual liberdade? A que os seres humanos têm em PROVOCAR desastres naturais?

    Ou seja, a lógica é: deus cria todo o universo, estabelece todas as regras, sabendo de antemão tudo o que vai acontecer a seguir, mas depois desresponsabiliza-se das consequências, alegando que evitar ou ser vítima de um, suponhamos, tsunami, faz parte de uma liberdade na qual ele não pretende interferir.

    Começo a pensar que deus deve ser advogado...

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  7. Bom, respondamos por partes dado que parecem que não entenderam:

    Grande Kripp

    Vc tem uma noção de Deus um bocado infantilizada, perdoe-me a expressão. Vai culpar também Deus do aquecimento global, do efeito de estufa, da destruição do planeta, da subida dos impostos, do facto de não ter ganho aquele concurso de banda desenhada que o seu talento lhe dizia que merecia ganhar?

    Perca o seu tempo, lei o livro de Job (da Bíblia). Estão lá todas as interrogações sobre o mal e nenhuma explicação sobre ele.

    Sobre Fátima, deixe Deus de fora disso. Eu sou católico e não aceito revelações privadas. Para mim a conversa entre a irmã Lúcia e Nossa Senhora de Fátima é um assunto privado que respeito mas de que não sou devoto. Pode-se ser católico sem acreditar em Fátima, diz o Papa Bento XVI. E eu concordo com ele.

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  8. Jovem João Vasco

    Sobre o assunto de Fátima já respondi ao Kripp e a resposta aplica-se a si também.

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  9. António,

    Não vejo problemas éticos em criar embriões fora do útero. Só há problema ético quando ao agir sobre um ser estamos a alterar o decurso dos acontecimentos de uma forma que prejudica esse ser. Matar um feto que de outra forma ia viver uma vida longa e saudável é um desses casos.

    Mas criar um embrião que vai morrer em poucos dias não é pior para esse embrião que a alternativa de nem sequer o criar. Para o embrião tanto faz, e por isso não há problema

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  10. João,

    Deixar o miudo afogar-se, ou o esfaqueado esvair-se em sangue, é uma decisão má eticamente porque há uma alternativa muito melhor. E a diferença pode bem justificar a coacção para que se escolha a melhor.


    Mas deixar o miudo afogar-se não é tão mau, eticamente, que o atirar para a piscina com intenção de o matar. Apesar de resultarem ambos de uma decisão, e da consequência ser a mesma.

    Para a analogia da contracepção, é ainda menos grave (eticamente) consruir uma piscina sabendo que há uma 10% de probabilidade de um miudo vir a afogar-se nela. Mesmas consequências para o miudo, caso isso aconteça, mas muito menos responsabilidade ética para quem constroi a piscina (ou usa preservativo).

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  11. Caro Miguel

    Os maçons dizem que Deus é o Grande Arquitecto, portanto ele será mais seu colega do que advogado.

    Ninguém tem todas as respostas. Nem vcs nem eu.

    Será que tudo isto faz algum sentido? Penso que sim, tenho as minhas respostas, procurem as vossas.

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  12. Ludwig:

    Continuas a insistir em responder-me que atirar o míudo para a piscina é mais grave do que não o salvar, mas nõ sei a quem é que queres convencer, visto que nunca duvidei que assim fosse. Tanto que não perguntei nada disso.

    Também fazes a analogia com a contracepção, mas eu nem sequer estava a fazer essa analogia.


    O que eu te perguntei foi em relação ao bebé e ao robot. Existem duas situações diferentes em que a passividade vai resultar em que um ser não viva cerca de 70 anos de vida.
    Numa delas um bebé que já nasceu morre.
    Na outra nenhum ser morre.
    Por aquilo em que acreditas são ambas igualmente graves?

    Vou repetir, desculpa fazê-lo tantas vezes, mas realmente tu não tens respondido:

    ««Existe um recém nascido numa piscina de crianças. Notas que ele se está a afogar. Sabes que não seria difícil ir lá e salvá-lo: não envolveria qualquer risco.

    Mas não o fazes, continuas a tua vida como se nada fosse. Se calhar terias os teus motivos para achar que a criança seria infeliz ao longo da sua vida, mas isso pouco importa.

    Este teu acto é criminoso à luz do nosso direito penal, e vergonhoso à luz da nossa intuição ética.

    ----

    Tu decides não construír o robot com intelegência artificial, consciência, sentimentos, enfim, uma "pessoa", em relação ao qual recebeste o projecto.

    ----»

    Ambos os actos são igualmente condenáveis?

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  13. Portanto, o aquecimento de estufa e os terramotos e tsunamis são comparáveis.

    O primeiro é causado porque o homem liberta demasiados gases que resultam em grande parte da queima de determinados combustíveis.

    O segundo porque... porque... é culpa do homem porque... andávamos a pedi-las!

    E Deus não nos ia tirar a liberdade de nos impedir de nos livrarmos do seu castigo arbitrariamente lançado sobre meia dúzia de inocentes e respectivos familiares.

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  14. João,

    Desculpa, escapou-me o robot.

    Penso que a diferença é quantitativa. Quanto mais afastamos a decisão do efeito mais fraca a ligação e por isso menor o peso ético.

    Se estás ao pé da criança e a podes salvar, há uma ligação mais forte entre a tua escolha e a criança. Se estás a ver por binóculos e não podes salvá-la mas podes gritar para outra pessoa que está lá perto a salvar, já a ligação é mais fraca. E assim por diante até uma ténue ligação como a de saberes que a piscina é um perigo para as crianças mas construires uma à mesma.

    Nesta gama não há uma descontinuidade mas um contínuo decrescente de responsabilidade ética.

    Matar o robot ou o feto é pior que não evitar directamente que o robot ou o feto morram, e isso é pior que não conceber o feto ou não construir o robot.

    E se bem que para o robot e para o feto seja melhor que o construam/concebam, neste extremo da gama a responsabilidade ética é tão fraca que não se justifica a coacção ou a condenação ética da opção de não conceber/construir.

    Não sei se isto ajuda, mas como desconheço por completo o teu modelo não consigo saber quais são os pontos impotantes em que o teu difere do meu para os discutir adequadamente.

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  15. Acho que faz sentido o que escreves «Se estás ao pé da criança e a podes salvar, há uma ligação mais forte entre a tua escolha e a criança. Se estás a ver por binóculos e não podes salvá-la mas podes gritar para outra pessoa que está lá perto a salvar, já a ligação é mais fraca» na medida em que nestas situações ("ligação forte" são muito mais previsíveis as consequências da tua passividade, ou da tua acção, e por isso a tua escolha pode ser melor avaliada. No caso do grito, se bem que fosse obviamente melhor gritar, nunca saberias se o grito iria realmente salvar a vida ao bebé, visto que o grito poderia ser ignorado.


    Visto que estamos de acordo quanto a isto, eu relembro que a ligação com o "robot" é forte. Obviamente algo poderia sempre correr mal, e mesmo que o decidisses construír poderias não o conseguir fazer. Em relação ao bebé, também poderias tentar salvá-lo, e tropeçar a caminha da piscina e assim não o poder fazer.

    Vou supor que a tua mestria da electrónica é tal que as probabilidades são comparáveis: é tão possível não conseguires fazer o robot se te decidires a fazê-lo, como não conseguir salvar o bebé se o quiseres fazer.

    Posto isto, volto a perguntar (o teu último comentário ainda não respondeu) achas igualmente grave não salvar o bebé e não construír o robot?


    Pergunta bónus: depois de contruíres o robot, accionas um processo que vai fazer com que ele se "ligue" dentro de 2h. Quando ele se ligar, o robot ganha consciência e começa a "viver".
    Abortares esse processo, impedindo que o robot se ligue, ou destruíres o robot pouco depois de ele se ter ligado é irrelevante? É quase igual em termos éticos?

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  16. relendo o que escrevi, vejo que me exprimi mal, pelo que vou corrigir (espero que esclarecendo) a perguta de bónus:

    «Pergunta bónus: depois de contruíres o robot, accionas um processo que vai fazer com que ele se "ligue" dentro de 2h. Quando ele se ligar, o robot ganha consciência e começa a "viver".
    Abortares esse processo, impedindo que o robot se ligue, ou destruíres o robot pouco depois de ele se ter ligado é [uma escolha] irrelevante? [Ambas as opções são] quase igua[is] em termos éticos?»

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  17. António

    "Ninguém tem todas as respostas. Nem vcs nem eu."

    Não se trata aqui de ter todas as respostas, apenas de ter algumas perguntas, que, óbviamente, são incómodas para alguns.

    Eventualmente a mais incómoda será: Porquê? Porque é que querem que eu acredite em algo que vai contra todas as provas?

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  18. Caro Miguel

    Há um equívoco: eu não pretendo que o Miguel acredite em nada do que eu acredito.

    O Miguel é livre de acreditar no que quiser tal como eu o sou.

    O que eu faço aqui é conversar, debater, não pretendo evangelizar ninguém.

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  19. Caro António

    Com todo o respeito, se não pretende converter aqui nenhum herege, qual o seu contributo para a discussão?

    É que a conversa, o debate, tem que ter um objectivo. Senão transforma-se na discussão do, passo a expressão, sexo dos anjos.

    Ou será que a sua argumentação se destina a si mesmo, por eventual dúvida na sua crença, que necessita de ser reforçada?

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  20. Caro Miguel

    O meu contributo para a discussão, penso eu, é mostrar várias coisas:

    1) Que as teorias científicas do seu irmão Ludwig têm imenso mérito mas nada têm a ver com religião; aliás repare que eu só intervenho em situações desse tipo; questões que eu considero um pouco mais esotéricas, não me meto;

    2) Procurar mostrar que é possível um crente e um não crente dialogarem sem andarem à pedrada; eu sei que posso usar a ironia com o Ludwig, ele pode usá-la comigo e penso que ninguém se abespinha; todavia ainda levo com a família Krippahl em cima de vez em quando mas com o tempo seremos todos irmãos, no sentido darwiniano do termo, embora descendentes de ramos diferentes dos gorilas;

    3)Mostrar que em questões de ética há pontos comuns entre crentes e não crentes: é aquilo que o teólogo Hans Kung chama uma "ética global" em que todos se reconheçam e que é necessária para que o mundo seja mais pacífico.

    Dito isto, se o Miguel ou o próprio Ludwig entenderem que a minha presença na caixa de comentários é redundante, desnecessária, inoportuna, etc, podem afirmá-lo publicamente e eu não mais comentarei. Estejam às vontade.

    Se quiserem que eu torne os meus comentários numa forma de apostolado, também farei isso com o maior prazer. É só dizerem, sei adaptar o estilo consoante o auditório quiser.

    Quanto às minhas crenças, penso que são firmes mas muitas vezes me interrogo "Porquê?". Não encontro aqui respostas para os "porquês" porque não é esse o objectivo deste site. É uma busca pessoal e solitária fora dos blogues, no mundo, lá por fora.

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  21. Ludwig Krippahl:

    ”Mas criar um embrião que vai morrer em poucos dias não é pior para esse embrião que a alternativa de nem sequer o criar. Para o embrião tanto faz, e por isso não há problema”

    Peço desculpa mas não entendo, se poder explicar melhor agradeço-lhe. Para mim, talvez devido à minha ignorância, um embrião resultante da fecundação artificial é uma forma de vida exactamente igual ao embrião no útero da mulher.

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